Prática pedagógica da ética na escola. A diversidade, o bullying e o cyberbullying na Educação Física La práctica pedagógica de la ética en la escuela. La diversidad, el bullying y el cyberbullying en la Educación Física Pedagogical practice of ethics in school. Diversity, bullying and cyberbullying in Physical Education
	Licenciatura Plena e Bacharel em Educação Física – Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Aperfeiçoamento em Proposta Curricular e Metodologias na Educação Integral – Universidade Federal de Viçosa (UFV). Pós-Graduação em Treinamento Desportivo – (UFV) Pós-Graduação em Atividades Motoras para Promoção da Saúde e Qualidade de Vida – Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Pós-Graduação em Atividade Física e Saúde – Universidade Federal do Paraná (UFPR)  Mestrado em Ciências da Educação Física, Esporte e Recreação – Universidade de Matanzas (UCCFD)	Rodrigo Mendes Costa rodrigo.m.c10@gmail.com (Brasil)
	Resumo           O presente trabalho visa relatar uma prática pedagógica sobre a ética, com ênfase na diversidade, no bullying e no cyberbullying, na Escola Estadual Maria Augusta Silva Araújo, da cidade de Muriaé - MG, particularmente desenvolvido com os alunos do 6° ao 9°ano do Ensino Fundamental, do Projeto de Educação em Tempo Integral, durante o mês de agosto de 2013. O objetivo foi relatar as principais questões éticas da convivência humana e, especificamente mostrar os fatores associados à diversidade, assim como, citar e relacionar os conhecimentos direcionados as atitudes, as condutas e aos comportamentos adequados para uma vida cidadã.           Unitermos: Ética. Diversidade. Bullying. Cyberbullying. Educação Física Escolar.   Abstract           This paper describes a pedagogical practice about ethics, with an emphasis on diversity, bullying and cyberbullying in the State School Maria Augusta Silva Araújo, in the city of Muriaé, MG, Brazil, developed with students from the 6th to the 9th year of elementary school from the Full Time Education Project (Projeto de Educação em Tempo Integral), during the month of August 2013. The objective was to report the main ethical issues of human society and, specifically, to show the factors associated with diversity, as well as name and relate the knowledge related to attitudes and appropriate behavior for a responsible citizen life.           Keywords: Ethics. Diversity. Bullying. Cyberbullying. School physical education.   Trabalho desenvolvido na oficina de formação cidadã – temas transversais do Projeto de Educação em Tempo Integral   Recepção: 02/03/2015 - Aceitação: 09/04/2015
	EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 203, Abril de 2015. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

Introdução

    Segundo Darido (2012), de forma bastante simples, os temas transversais podem ser definidos como os grandes problemas que a sociedade enfrenta e que o governo e a própria sociedade tem dificuldade em encontrar soluções e, por isso, encaminham para a escola e para outras instituições educacionais a tarefa de tematizá-lo.

    Os temas transversais citados pelos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN Brasil (1997, 1998 citado por Darido, 2012) são: ética, meio ambiente, pluralidade cultural, orientação sexual, trabalho e consumo e saúde; embora seja possível identificar outros temas de interesse, de acordo com o contexto específico de cada grupo social.

    Esses temas foram propostos para a escola toda, ou seja, devem ser tratados por todas as disciplinas escolares, inclusive pela educação física. Logo, podem ser interpretados como as principais ruas do currículo escolar, que necessitam ser atravessadas/ cruzadas por todas as disciplinas (Darido, 2012).

    Para Darido (2012), a ética questiona a legitimidade de práticas e valores consagrados pela tradição e pelo costume, abrangendo tanto a crítica das relações entre os grupos, dos grupos nas instituições e diante delas, como também a dimensão das ações pessoais.

    Discutir ética na escola trata-se de discutir o sentido ético da convivência humana em suas relações com várias dimensões da vida social: o ambiente, a cultura, o trabalho, o lazer, o consumo, a sexualidade e a saúde. Trabalhar atitudes é muito difícil e envolve, em primeiro lugar, a contradição entre aquilo que o professor bem-intencionado pretende na escola e o sistema social vivenciado pelo aluno, assim como as influências da mídia. Em segundo lugar, a dificuldade em encontrar procedimentos claramente estabelecidos para trabalhá-los, já que não temos tradição em ensinar valores de maneira explícita. De maneira indireta, consciente ou não, as aulas de educação física trabalham atitudes e valores com os alunos (Darido, 2012).

    Para os PCNs Brasil (2000 citado por Darido, 2012), a atitude de ser justo no jogo e respeitar as regras, o trabalho em equipe, o ato de contestar o resultado exercitando o respeito pelo árbitro, são possibilidades de exercer a ética durante as aulas de educação física.

    De acordo com Darido (2012), podemos definir a ética como o estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana. O caráter ético do indivíduo explicita-se para si mesmo e para o outro por meio de suas atitudes, permitindo a tomada de consciência e a reflexão sobre esses valores mais íntimos. Em contextos significativos, estabelecidos de maneira democrática entre todos os agentes constituintes da escola, o respeito mútuo, a justiça, o diálogo e a solidariedade devem estar presentes a todo instante.

    Nesse sentido, Miranda e Dusi (2011) acrescentam que é no cenário escolar que a criança é convidada a conviver com a diversidade e com a complexidade das relações, das emoções, das idéias, das crenças e dos valores individuais. A escola é o espaço privilegiado do conhecimento, do intercâmbio, da experiência, onde o educando é convidado a entrelaçar os conteúdos curriculares às vivências cotidianas.

    É nesse contexto das interações escolares e da riqueza da diversidade que surge o conhecido fenômeno bullying, um dos tipos de violência simbólicas mais recorrentes nos tempos atuais. A violência simbólica, entendida com aquela que não é necessariamente física e manifestada, pode ocorrer em qualquer espaço onde se pressuponham interações, seja na família, no trabalho, na escola e seus arredores, nos centros comerciais, nas comunidades etc. (Miranda e Dusi, 2011).

    Conforme Miranda; Dusi (2011) denominam-se comumente bullies os praticantes do bullying e, em se tratando de escola, são diversos os estudos que indicam sua atuação no início do ensino fundamental, embora já possam ser identificados também na educação infantil, de forma mais esparsa e aleatória. Ao deixarmos para intervir tardiamente, a criança poderá se tornar um bully juvenil ou um adulto com graves dificuldades sócio-emocionais e condutas sociais violentas.

    Finalizando, os autores citados acima descrevem o preconceito como uma palavra-chave para entender o bullying.

Objetivo geral

• Relatar as principais questões éticas da convivência humana com os alunos de 6° ao 9° ano do ensino fundamental.

Objetivos específicos

• Mostrar os principais fatores associados à diversidade;

• Citar e relacionar as estratégias e ações direcionadas as atitudes, as condutas e aos comportamentos adequados no dia a dia.

Desenvolvimento

    As atividades foram desenvolvidas no mês de agosto de 2013, na oficina de formação cidadã, com o tema transversal ética, na Escola Estadual Maria Augusta Silva Araújo, da cidade de Muriaé - MG, com os alunos do Projeto de Educação em Tempo Integral 6° a 9° ano, de ambos os sexos, com idades entre 11 e 14 anos, e seguindo os seguintes procedimentos metodológicos:

1°.     Apresentação teórica sobre aspectos ligados a diversidade, ao bullying e ao cyberbullying, destacando: o significado do termo, a definição, caracterização do assédio, o assédio escolar, os tipos de assédio escolar, as formas de bullying, as características dos bullies, estudos, bullying professor-aluno, locais de assédio, alcunhas ou apelidos, sinais e sintomas de bullying, legislação, vídeos, livro e imagens de bullying na escola (maledicências e fofocas, agressão física, preconceito racial, agressão verbal, preconceito religioso, roubo de material, preconceito físico, preconceito regional e exclusão do grupo).

2°.     Realização prática de diferentes tipos de atividades como, por exemplo: A diversidade numa dinâmica para saborear uma salada de frutas, a atenção ao bullying durante as práticas esportivas e recreativas e a preocupação com o cyberbullying na oficina de recreação e lazer – informática.

    Durante todas as etapas, utilizamos os seguintes instrumentos: Notebook, data-show, caixa de som, tela, slides, vídeos, imagens, textos, folhas A4, papel, DVD, computador, bolas, coletes, apito e livro.

    Já o processo avaliativo foi pautado em princípios que evidenciaram claramente a elevação dos níveis de conhecimento e de contextualização durante as aulas teóricas e práticas sobre as condutas e comportamentos para uma boa convivência. Em relação à avaliação escolar do aluno, a mesma deve contribuir para o autoconhecimento e análise das etapas já vencidas, no sentido de alcançar objetivos previamente traçados, num processo contínuo. A participação dos alunos no processo de definição dos critérios implica decisões conjuntas, cada qual assumindo sua responsabilidade no processo, sendo que, os professores devem informar aos alunos sobre suas dificuldades; além disso, destacam que os alunos podem ser avaliados de forma sistemática, por meio de observações das situações de vivência, de perguntas e respostas formuladas durante as aulas, e de forma específica, em provas, pesquisas, relatórios e apresentações. Todavia, a avaliação deverá levar em conta as dimensões conceituais, atitudinais e procedimentais (Darido e Rangel, 2005; Darido e De Souza, 2009).

    Dinâmica: Salada de frutas

    Oficina de esportes: Prática esportiva e recreativa através jogos e brincadeiras para se orientar sobre o bullying.

    Oficina de recreação e lazer - Informática: Prática educativa e recreativa sobre o uso consciente da Internet – alerta sobre o cyberbullying.

Considerações finais

    Esta prática pedagógica não teve como objetivo ensinar como dar aulas sobre ética, e sim demonstrar uma das possibilidades de se trabalhar dentro do contexto da Educação Física, ao relatar a temática da diversidade, do bullying e do cyberbullying e mostrar os principais fatores associados, procurando citar e relacionar os conhecimentos sobre a importância de se adotar atitudes, condutas e comportamentos para uma boa convivência na vida atual.

    Esta experiência permitiu observar as possibilidades que a Educação Física oferece na formação dos indivíduos, nas questões dos relacionamentos individuais e coletivos, alertando os alunos sobre os perigos de uma má conduta em relação ao outro, seja na escola, no trabalho, no lazer ou na prática esportiva.

    Com a conclusão desse trabalho, percebemos que conseguimos trazer novas aprendizagens a respeito da importância da convivência pacífica e harmônica na sociedade. Além disso, a participação dos alunos nas aulas teóricas e práticas contribuíram de certa forma com reflexões, discussões, debates, reconhecimento e valorização para adoção de sentimentos de tolerância, compreensão, respeito, comunicação, auto-estima, mediação de conflitos e educação para a paz e a cidadania.

Bibliografia

• Darido, S. C. Educação física e temas transversais na escola. Campinas, SP: Papirus, 2012.

• Darido, S.C.; Rangel, I.C.A. Educação física na escola: implicações para a prática pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.

• Darido, S. C.; De Souza Júnior, O. M. Para ensinar educação física: possibilidades de intervenção na escola. 3º ed. Campinas, SP: Papirus, 2009.

• Miranda, S. de; Dusi, M. Previna o bullying: jogos para uma cultura de paz. Campinas, SP: Papirus, 2011.

Outros artigos em Portugués

	Búsqueda personalizada
EFDeportes.com, Revista Digital · Año 20 · N° 203 | Buenos Aires, Abril de 2015 Lecturas: Educación Física y Deportes - ISSN 1514-3465 - © 1997-2015 Derechos reservados