A capoeira e suas origens La capoeira y sus orígenes Capoeira and its origins |
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Núcleo de Pesquisa em Aptidão Física e Olimpismo de Sergipe Universidade Federal de Sergipe – NUPAFISE, UFS Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Alagoas Campus Santana do Ipanema (Brasil) |
Claudemir Barbosa Lima Jorge Rollemberg dos Santos Arley Santos Leão |
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Resumo Praticada em todo território nacional, a capoeira virou produto de exportação e hoje em dia há mestres nessa arte desenvolvendo-a em vários países do mundo. Porém, ainda existem controvérsias a respeito das origens da capoeira, seria ela realmente oriunda de algum país do continente africano e se disseminado no Brasil, ou é uma arte que nasceu por aqui? Após pesquisas como vasto material bibliográfico em livros e artigos científicos, podemos afirmar que a capoeira é legitimamente brasileira, não existindo nenhuma outra luta ou dança semelhante em países africanos ou mesmo em outras partes do mundo. A capoeira é também classificada de forma distinta, para algumas pessoas é arte, dança, luta, esporte, tradição, ou simplesmente algo de riqueza tão grande que abrange toda essa temática. Pesquisamos também a respeito da sua inserção como disciplina na universidade, e sobre quais foram os fatores que contribuíram para que a capoeira chegasse ao ambiente acadêmico. Unitermos: Capoeira. Origens. Universidade.
Abstract Practiced nationwide, capoeira became export and nowadays there are masters of this art in the developing countries around the world. However, there is still controversy about the origins of capoeira, would she really come from any country and the African continent is widespread in Brazil, and is an art that was born here? After extensive research and bibliographic material in books and scientific articles, we can say that capoeira is legitimately Brazilian, and no other fight or similar dance in African countries or even in other parts of the world. Capoeira is also classified differently, for some people it's art, dancing, fighting, sport, tradition, or just something so great wealth that covers this whole topic. Also researched about its placement as a discipline at the university, and on which were the fators that contributed to that capoeira came to the academic environment. Keywords: Capoeira. Origins. University.
Recepção: 23/02/2015 - Aceitação: 28/03/2015
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 203, Abril de 2015. http://www.efdeportes.com/ |
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1. Introdução
O trabalho de desenvolvimento da Capoeira dentro da universidade tem uma ideologia diferente da que é desenvolvida fora dela, pois em outros locais há a formação do ser através da inserção do indivíduo nos grupos de Capoeira. Em contra partida, na universidade, há a formação de um profissional, para que este seja capaz de trabalhar essa arte com outros alunos, disseminando assim essa cultura.
Colaço (2007) realizou uma pesquisa intitulada: “Análise da produção cientifica sobre capoeira nas Universidades Públicas do Estado de Santa Catarina”, realizada no período compreendido entre os anos de 1996 a 2007, quantitativamente, aplicou-se aos dados análise descritiva para cada classificação, e concluiu-se que, do total das monografias analisadas, quatorze (53,9%) foram consideradas dentro da dimensão pedagógica; seis (23,1%) se encaixam na político-social e cultural; três (11,5%) delas enfocam aspectos históricos e três (11,5%) estão dentro da dimensão fisiológica. Concluiu-se que a produção sobre a Capoeira nas universidades investigadas tem se direcionado majoritariamente para a dimensão pedagógica, sendo que, nesta dimensão, a ênfase foi dada aos estudos que abordam a Capoeira dentro da escola.
O presente artigo tem por objetivo apresentar a capoeira pelo seu prisma histórico, porém, apresentando-a também com sua abordagem dentro das universidades, como disciplina ou conteúdo das disciplinas de lutas, analisando as suas origens por meio de existência de relatos sobre esse tema ainda pouco explorado por parte dos alunos que utilizam a capoeira para elaboração de trabalhos. Para tanto é importante o conhecimento sobre as várias diretrizes relacionadas à capoeira segundo alguns conceitos teóricos, como o conhecimento do seu surgimento em outros aspectos.
O estudo verificou que a Capoeira está presente na sociedade como esporte, como atividade física em escolas e como disciplina nas universidades servindo de instrumento facilitador de aprendizagem de adolescentes e adultos.
Acredita-se que o trabalho terá uma boa contribuição para os envolvidos no tema. Assim especula-se a introdução, as origens e a importância da Capoeira como disciplina nas instituições de ensino superior, como forma de enriquecimento dos conhecimentos por parte dos alunos dessa arte marcial tão brasileira. Nesse aspecto, vale observar a grandiosa importância ao relatar fatos históricos e a forma como é trabalhada a capoeira dentro das universidades.
Para realização de tal estudo adotou-se como procedimento metodológico a revisão bibliográfica em publicações diversas, como livros, artigos científicos e citações. Tal revisão foi desenvolvida no período compreendido entre Janeiro e Abril de 2014.
2. Um breve histórico sobre a capoeira
Difundida nos Estados Unidos e na Europa a partir de meados da década de 1970, a capoeira ganhou o mundo. Segundo dados do Ministério da Cultura do Brasil, o jogo já alcança mais de 150 países. Os motivos que levaram a essa difusão internacional são muitos e, na maioria das vezes, estão ligados ao contexto das culturas locais em que sua prática é desenvolvida. No entanto, não havia um projeto de emigração por parte dos capoeiristas. De maneira geral, eles narram a saída do Brasil como uma aventura, uma viagem em busca de terras distantes. De fato, foram os mestres e os professores de capoeira que, em suas errâncias, levaram a arte para os países estrangeiros. O mesmo ocorreu com Mestre João Grande, baiano do interior de Itagi, nascido em 1933 e radicado desde 1990 nos Estados Unidos, mais precisamente em Manhattan, coração da cosmopolita e multicultural cidade de Nova Iorque. (Castro, 2008).
O único consenso que parece existir sobre os estudiosos da Capoeira, é que sua origem é bastante controversa, Araújo; Jaqueira (2008, p.90) afirmam que:
“No que se refere ao estudo das primeiras influências e condições que contribuíram para o aparecimento da capoeira no Brasil, inicialmente sob o aspecto de arte guerreira, por certo, somente o período colonial contenha elementos que clarifiquem esta questão e, por conseguinte, a origem da capoeira em território nacional. Indubitavelmente, é nesse período histórico referido que ocorrem fatores determinantes para que se promovam interpretações sobre a origem da expressão foco desse estudo, visto ocorrer um significativo fluxo do tráfico negreiro das mais distintas regiões africanas, o registro da presença de outros contingentes populacionais europeus e não europeus, e as primeiras evidências da presença da luta da capoeira em várias cidades do Brasil colonial, e não exclusivamente nos estados da Bahia e do Rio de Janeiro.”
Mas afinal, o que é Capoeira? Para uma melhor explanação do trabalho, serão apresentadas algumas definições atualmente utilizadas para a palavra em questão.
Segundo Silva (2003, p 34), poderíamos compreender Capoeira como: “gaiola grande ou casinhola onde se criam e alojam capões e outras aves domesticas [...] espécie de cesto para resguardo da cabeça dos defensores de uma fortaleza”, ou ainda outra interpretação como “[...] terreno em que o mato foi roçado e/ou queimado para cultivo da terra para outro fim”, ou ainda “[...] jogo atlético, constituído por um sistema de ataque e defesa, de caráter individual e origem folclórica genuinamente brasileira, surgido entre os escravos bantos procedentes de Angola no Brasil Colônia [...]”
O mesmo autor fala que Capoeira é dança é luta, brincadeira e combate, mandingueira e objetiva, malandra e vadia: a Capoeira é resistência de um povo integrado a massa, é cultura, é raça, enfim, é o fenômeno do inacabado.
Na história oficial, a prioridade sempre foi dos acontecimentos vistos pelo lado dos dominantes, resultando na falta de informações a respeito da cultura dos oprimidos, principalmente dos índios e negros (Fontoura; Guimarães, 2002).
Segundo Assunção (2008), A história ocupa um lugar importante na prática da capoeira do século XX. Muitas letras cantadas nas rodas – ladainhas, louvações, corridos e quadras – referem-se a capoeiras eminentes do passado, personagens históricos ou guerras de que o Brasil participou. Até os próprios gestos da arte incorporam, segundo muitos praticantes e alguns estudiosos, a resistência contra a escravidão (Tavares, 1984).
Não é de se estranhar, portanto, que a história da capoeira também tenha virado um palco de embates entre várias correntes interpretativas, ou “narrativas-mestre”. Essas disposições fundamentais quanto às origens e ao desenvolvimento da capoeira permeiam a maioria dos discursos sobre a capoeira, desde as aulas e rodas dos praticantes aos artigos na imprensa e nos livros acadêmicos. Como já assinalou Pires (1996, p. 227) em relação à capoeira, “a origem de uma tradição cultural é sempre uma construção que obedece a manipulações ideológicas”. Muitas vezes essas narrativas se utilizam de mitos e meias verdades, que, à força de repetição, acabam sendo aceitos como verdades (Vieira; Assunção, 1998).
Baseado em Holloway (1989); Karasch (1987); Soares (1994), o autor Obi (2008) afirma que “Embora associado na imaginação popular à Bahia, o jogo de capoeira, na verdade, parece ter tido como seu epicentro brasileiro o Rio de Janeiro”. Ainda segundo o autor, a primeira documentação detalhada do final do século XVIII revela que essas práticas estavam associadas a homens escravizados, que trabalhavam como domésticos ou por salários na cidade. Fontes do século XIX fornecem um quadro mais claro das práticas relacionadas à capoeira. É muito importante distinguir entre três práticas sociais ligadas entre si, mas distintas umas das outras. A primeira eram as sociedades de iniciação dos capoeiras chamadas de maltas, badernas e ranchos ou simplesmente grupos de capoeira. Essas maltas frequentemente se engajavam em brigas sangrentas de rua, umas contra as outras, e, por vezes, contra a polícia e a Guarda Nacional, que batalhavam constantemente para ultrapassar essa ameaça incessante à dominação simbólica da elite da cidade.
Pode-se dizer que muito se comprime o conhecimento de tudo que ocorrera no passado da humanidade. Sabe-se que em 15 de dezembro de 1890, o então ministro da fazenda Rui Barbosa, um dos mais renomados políticos, mandou queimar todos os documentos à escravidão negra no Brasil, não existindo esses documentos, com o passar do tempo, fatos ocorridos na historia da capoeira podem ter caído no esquecimento ou, eventualmente, terem sido distorcidos, pois grande parte do que hoje se sabe sobre a capoeira praticada pelos escravos foi transmitida, através das gerações, de forma verbal. No entanto, elementos de expressão corporal, como ginga, acrobacias e floreios, e de comunicação, como o canto e a música, a capoeira permaneceu viva na cultura popular brasileira e assim se manteve desde os primórdios, porque cativou muitos que a ela se dedicaram de corpo e alma (Fontoura; Guimarães, 2002).
Estes autores ainda afirmam que atualmente a capoeira esta bastante difundida por todo o país, porém há uma enorme dificuldade em encontrar documentos a respeito de suas raízes.
Quando os europeus aqui chegaram, necessitaram encontrar mão de obra barata para a exploração das terras. Os indígenas, de imediato capturados, reagiram à escravidão então suportaram os maus tratos a que foram submetidos. Daí seria necessária nova mão de obra escrava, e para isso trouxeram os negros da África (op. cit, 2002).
Os negros eram tirados de seu hábitat, colocados nos porões dos navios, e levados para os novos horizontes recém-descobertos pelas grandes potências da época (Areias, [s.d] apud. Fontoura; Guimarães, 2002)
Quando aqui chegavam eram separados para que um senhor não ficasse com negros que falassem o mesmo dialeto, a fim de evitar que se comunicassem e armassem rebeliões (Oliveira, [s.d] apud. Fontoura; Guimarães, 2002).
Para Areias ([s.d] apud. Fontoura; Guimarães, 2002), como os escravos não possuíam armas para se defender dos inimigos – os feitores, os senhores de engenho – movidos pelo instinto natural de preservação da vida, descobriram em si mesmos a sua arma, a arte de bater com o corpo [...]. Aproveitaram ainda suas manifestações culturais trazidas da África, suas danças, cantigas e movimentos. Dessa forma nasceu o que hoje chamamos de capoeira.
Segundo Câmara Cascudo, na África eram praticadas danças litúrgicas ao som de instrumentos de percussão, transformadas em luta aqui no Brasil. Por essas considerações e por não haver nada parecido no continente africano pode-se concluir que ela foi criada em solo brasileiro, pelos negros africanos. ([s.d] apud. SILVA, 1995).
A capoeira sofreu perseguição por parte do sistema governamental, que naquela época atuava com repressão decisiva. Isso contribuiu de maneira significativa para a discriminação que a capoeira sofre até hoje por uma parcela da nossa sociedade (Santos, 1990).
Segundo Marinho (1945), no século XVII, quando aconteceram as invasões holandesas aqui no Brasil, os negros escravos aproveitaram as confusões para fugirem, agrupando-se no topo da Serra da Barriga, no Estado de Alagoas. Sabe-se que os negros fugitivos formaram vários quilombos, sendo que entre eles o mais poderoso era o Quilombo dos Palmares, cujo chefe era Zumbi, que passou a ser considerado como primeiro mestre de capoeira, pelas suas qualidades físicas (Santos, 1990).
Ainda em Marinho (1945), foi possível verificar que após a extinção dos quilombos existentes e principalmente o de Palmares, a capoeira já era conhecida como meio de ataque e defesa pessoal, mais precisamente nos Estados da Bahia, Alagoas, Pernambuco, Rio de Janeiro, entre outros locais onde havia escravos lutando pelo dia da sua libertação ([s.d] apud Santos, 1990).
Com a guerra do Paraguai, o Império viu-se na contingência de formar batalhões especificamente de negros, em sua grande maioria capoeiristas. Sendo assim, entre 1865 e 1886, os grandes provinciais fizeram seguir para frente de batalha, grande número de capoeiristas, em batalhões denominados Zuavos. Se por um lado o objetivo era reduzir sensivelmente o número de capoeiristas, por outro conseguiram tornar a modalidade uma Arte Marcial, posto ser este um título que usualmente é conquistado por alguma forma de luta que tenha passado por uma experiência de guerra. (Silva, 1995).
Segundo o mesmo autor, nas cidades, principalmente no Rio de Janeiro, no Recife e em Salvador, os adeptos da capoeira se tornaram notáveis por suas façanhas, criando assim uma comparação nem sempre positiva. Iniciando assim o desvirtuamento da capoeira.
Proclamada a Republica, iniciou-se uma nova fase de perseguição à capoeira decorrente do sistema político da época. O decreto nº 487 do Código Penal Brasileiro de 11 de Outubro de 1890 estabelecia, que trata dos “Vadios e Capoeiras”.
Art. 399 – Deixar de exercitar profissão, ofício ou qualquer mistério em que ganhe a vida, não possuindo meio de subsistência e domicilio certo em que habite prover a subsistência por meio de ocupação proibida por lei, ou manifesta ofensiva da moral e dos bons costumes;
Pena de prisão celular por quinze a trinta dias.
Art. 402 – Fazer nas ruas e praças públicas exercícios de agilidade e destreza corporal, conhecidos pela denominação de capoeiragem, andar em correrias, com armas ou instrumentos capazes e produzir uma lesão corporal, provocando tumulto ou desordens, ameaçando pessoa certa ou incerta, ou incluindo temor ou algum mal;
Pena de prisão celular de dois a seis meses (Op. cit., 1995, p. 17).
Nesta época havia assumido a Presidência da República, o Marechal Deodoro da Fonseca, convidara Sampaio Ferraz para chefe de Segurança Pública, dando-lhe totais poderes para perseguir a capoeira através dos praticantes da mesma. Isso fez com que acontecessem vários combates entre capoeiristas e Sampaio Ferraz resultando na prisão de vários capoeiristas que foram enviados a Ilha de Fernando de Noronha (Santos, 1990).
Sampaio Ferraz conseguiu que a capoeira fosse removida das ruas e praças e passasse a ser praticada nos terreiros e morros onde viveu camufladamente por muito tempo; reapareceu tempos depois com algumas transformações, tendo se tornado mais civilizada na percepção das classes dominantes. (Santos, 1990, p. 21).
Ainda segundo Silva (1995), é assim que se compreende a questão: a Capoeira surgiu no Brasil como luta de resistência de uma comunidade que trazia uma imensa bagagem cultural de sua terra de origem, e que precisou desenvolver um conjunto de técnicas de ataque e defesa em virtude da situação de opressão em que vivia durante a escravidão, aliás, deve-se considerar que a capoeira faz parte de todo um processo de resistência dos negros no Brasil, que também se expressou na religião, na arte, na culinária etc.
3. A capoeira na universidade
Proclamada a Independência do Brasil, havia a necessidade de nacionalizar a educação, de diminuir a espantosa quantidade de analfabetos, de melhorar as condições culturais do povo. (Silva, 1995).
Segundo o mesmo autor, em 1907, surge a primeira tentativa de instituição de uma ginástica brasileira. Alguns mestres organizaram pequenas academias, principalmente no Rio e em Salvador, tentando divulgar a capoeiragem.
Segundo Vieira (2013), por volta de 1932, Manoel dos Reis Machado, conhecido como Mestre Bimba, no Engenho Velho de Brotas, foi o grande pioneiro da oficialização, pelo governo da primeira academia de capoeira. Posteriormente em 1937, pela então Secretaria da Educação foi dado o registro oficial que qualificava seu curso de capoeira em Curso de Educação Física. Manoel dos Reis Machado estava disposto a metodizar e aperfeiçoar a “Capoeira de Angola”, surgindo assim a Capoeira Regional (Silva, 1995).
Segundo Santana (1985) apud (Silva, 1995), são dois os estilos de Capoeira, a primeira é a Capoeira Angola: a prática da capoeira exerceu na personalidade de Vicente Ferreira Pastinha (Mestre Pastinha) um irresistível fascínio que o transformou num verdadeiro predestinado para o ensino desta modalidade que praticada em obediência a seus ensinamentos pode contribuir para o equilíbrio físico-técnico do homem. O autor afirma que Pastinha é o mais expressivo nesse estilo. A Capoeira Angola é considerada a capoeira mãe. Esse nome surgiu logo após o surgimento da Regional criada por Bimba, já que antes eram apenas conhecidos como capoeira ou capoeiragem e com o surgimento de outro estilo foi necessário dar nome a outra já existente. Estilo mais lento, com a presença marcante da ginga, golpes baixos tendo assim mais contato com o solo.
A Capoeira Regional foi desenvolvida por Manoel dos Reis Machado (Mestre Bimba), com a introdução de golpes ligados e cinturados da luta grego-romano, que ele aprendeu nas docas do cais da Bahia, por achar a Capoeira Angola sem muita criatividade.
Para Silva (1995), a capoeira vem sendo incluída nos currículos de várias escolas de Educação Física do Brasil, Com essa inclusão da Capoeira enquanto manifestação popular afro-brasileira, o Ministério da Educação, pela SEED/ME pretende introduzi-la nas escolas de 1º e 2º graus, através do chamado Programa Nacional de Capoeira.
È possível afirmar que o tratamento da capoeira como disciplina curricular surge como uma possibilidade de aproximação da universidade com as chamadas manifestações culturais. Ao ser inserido no currículo como disciplina propomos que a capoeira deva ser concebida como práxis (capoeirana) e tratada como complexo temático essencial interdisciplinar. (Falcão, 2004).
Ainda segundo o mesmo autor, é possível afirmar que a capoeira, como complexo temático inserido no currículo de formação profissional, deve ser levada em consideração a necessária articulação de sua “didática” especifica com “didática” geral. A negação de estreitas relações entre conteúdos específicos e processos metodológicos e organizacionais mais amplos contribui para a desarticulação da teoria pedagógica geral.
A disciplina capoeira, na perspectiva de um complexo temático, deve ser mediada por conhecimento útil, construído em função da transformação da realidade social, com vistas à promoção do homem. E ela somente será útil, se for capaz de contribuir para a formação de profissionais com aguda consciência da realidade em que vão atuar com adequada fundamentação teóricas e com uma satisfatória instrumentalização técnica que lhes possibilitem ações eficazes (Falcão, 2004).
A Capoeira, mesmo dentro das Universidades, locais de grande difusão do conhecimento científico, nunca deixará de existir com seu prisma da simplicidade e do popularismo, pois, na integra, é do que é feita a capoeira, uma arte simples e popular.
4. Considerações finais
É possível concluir que o vasto leque de caminhos sobre a capoeira já foi aberto, porém ainda é bastante conflituosa, densa, dinâmica e contraditória sua origem, e o único consenso entre os autores e estudiosos da capoeira, é que mais provável é que ela tenha realmente nascido no Brasil, através da necessidade dos negros então escravos, de terem algum meio de defesa frente à escravidão total e superioridade de poder daqueles que os cativavam. Ao longo dos séculos a cultura capoeirana vem aumentando e se transformado consideravelmente pelas diversas formas de expressão e criatividade humana em reflexão voltada para o aspecto pedagógico. Contudo, através da análise do material e de toda a bibliografia pesquisada, é possível afirmar que a capoeira é genuinamente brasileira, não existindo registros que atestem a sua origem em outros países.
Foi possível verificar que dos inúmeros trabalhos de conclusão de curso entregues as universidades relatam em sua grande maioria o cunho pedagógico, deixando a desejar sobre a sua introdução nas universidades. É muito escasso também relatos sobre esses fatos de forma geral é possível encontrar esse tema apenas de forma isolada.
O estudo da Capoeira é bastante amplo, segue linhas de raciocínio diferentes, e sempre merecerá ser melhor aprofundado, tanto no intuito de criar novos conceitos, quanto no de debater sobre os já existentes.
Referências
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Assunção, M.R. (2008). Da “destreza do mestiço” à “ginástica nacional”. Narrativas nacionalistas sobre a capoeira. Revista Contemporânea de Antropologia. Niterói, n. 24, p. 19-40, 1. sem.
Boaventura, E.M. (2007). Hélio Campos e a capoeira como disciplina acadêmica, disponível em: http://books.scielo.org/id/4r/pdf/boaventura-9788523208936-16.pdf, acessado em 10 de Abril de 2014.
Castro, M.B. de. (2008). A memória do corpo na narrativa de mestre João Grande. Revista Contemporânea de Antropologia. Niterói, n. 24, p. 41-62, 1. sem.
Falcão, J.L.C. (2004). Para além das metodologias prescritas na educação física: a possibilidade da capoeira como complexo temático no currículo de formação profissional. Revista Pensar a Prática, v. 7, n. 2.
Fontoura, A.R.R.; Guimarães, A.C. de A. (2002). História Da Capoeira. disponível em: http://issuu.com/pardalcapoeira/docs/namefc7e04, acessado em 10 de Fevereiro de 2014.
Freitas, J.L. de. (1997). Capoeira Infantil, a arte de brincar com o próprio corpo. Curitiba: Editora Gráfica Expoente.
Iório, L.S. (2005). Educação física, capoeira e educação física escolar: possíveis relações. Disponível em http://www3.mackenzie.com.br/editora/index.php/remef/article/view/1314. Acessado em 16 de março de 2014.
Obi, M.T.J.D. (2008). Angola e o Jogo de Capoeira, Revista Contemporânea de Antropologia. Niterói, n. 24, p. 103-124, 1. sem.
Silva, G. de O. (1995). Capoeira do engenho a universidade. São Paulo: Cepeusp, 2ª edição;
Silva, G. de O. (2008). Capoeira um instrumento psicomotor para a cidadania. São Paulo: Phorte.
Silva, J.N.F. da (2003). A linguagem do corpo na Capoeira. Rio de Janeiro: Sprint.
Souza, S.S. de. (2013). Gingando com a história, disponível em: http://www.fcdrj.com.br/documents/gingandocomahistoria.pdf, acessado em 10/04/2014.
Vieira, L.R. (1998). O jogo da Capoeira. Rio de Janeiro: Sprint, 2ª edição
Vieira, M.M. (2013). Origem da Capoeira, disponível em http://www.passeidireto.com/arquivo/2215903/origem-da-capoeira, acessado em 10/04/2014
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