Projeto político pedagógico da escola municipal: reflexão sobre cultura corporal. Relato de experiência Proyecto político pedagógico de la escuela municipal: reflexión sobre la cultura corporal. Relato de experiencia |
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*Discente do curso de Educação Física da Universidade Salgado de Oliveira, Campus Goiânia **Orientador. Mestre em Nutrição e Saúde. Professor da Universidade Salgado de Oliveira, Campus Goiânia (Brasil) |
Ariane Roberto Ramos da Silva* Flávio Aquino de Oliveira* Nikita Santos Mendes* Marília Martins Ribeiro da Cunha* Jovino Oliveira Ferreira** |
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Resumo O presente estudo foi realizado em uma Escola Pública Municipal (campo de estágio), na cidade de Aparecida de Goiânia/GO. Relata o processo de desenvolvimento da consciência corporal em aulas de educação física, apresentando elementos que constituem a necessidade da inclusão da cultura corporal no projeto político pedagógico. O trabalho propôs a experimentação de um programa de Educação Física objetivando a formação cidadã, privilegiando a corporeidade nas aulas. Foi sugerida a utilização de procedimentos provenientes de práticas de consciência corporal, a exemplo de atividades expressivas, ampliando o conhecimento das potencialidades e limites do próprio corpo, aprendendo a controlar e aperfeiçoar o movimento. A observação inicial demonstrou a identificação das aulas de educação física apenas como um espaço/tempo para jogar futebol e brincar, revelando falta de conhecimento ou negação por parte do professor em relação aos demais conteúdos da disciplina. Foram estabelecidos objetivos de ensino, a fim de desenvolver a percepção rítmica, a identificação de segmentos do corpo e o contato físico. Empregando uma metodologia direcionada para brincadeiras cantadas e diversas atividades que envolvam o canto e o movimento simultaneamente. A organização dos conteúdos se diferenciam do fazer tradicional do componente, respeitando as capacidades de cada criança, priorizando a ação com intencionalidade. As orientações apresentadas baseiam-se nas dimensões conceituais do Coletivo de autores (1992). Unitermos: Educação Física Escolar. Cultura Corporal. Ginástica.
Recepção: 03/12/2014 - Aceitação: 05/02/2015
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 202, Marzo de 2015. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
A partir de observações no campo de estágio foi percebido que os estudantes executam os exercícios de forma robótica, ou seja apenas reproduzem o que lhes são propostos. Os alunos não possuem um referencial teórico sobre as práticas educacionais. Executam movimentos, mas não conhecem a origem do gesto, portanto trabalharemos a ginástica geral como meio de facilitar a aprendizagem dos alunos.
A ginástica é um dos conteúdos curriculares da Educação Física Escolar que deve abordar os elementos da chamada Cultura Corporal. Essa Cultura Corporal é composta, especialmente, por: Ginásticas; Danças; Esportes; Jogos e Lutas. As atividades motoras fazem parte do cotidiano de qualquer instituição dedicada à educação, foi possível notar a urgente necessidade de organizar a prática do movimento infantil a fim de beneficiar os alunos com o enriquecimento do seu repertório de conhecimentos sobre a cultura de movimento.
A Ginástica no contexto da Educação Física escolar foi historicamente construída a partir de determinados modelos, especialmente as escolas ginásticas da Europa. (COLETIVO DE AUTORES, 1992). Isto é, a inserção da ginástica no campo pedagógico se deu desde a antiguidade, começando na Europa a fim de facilitar a compressão da educação física escolar. Aqueles que não executavam a modalidade, alegavam sua ausência á falta de materiais ou recursos pedagógicos, mas mesmo assim esse modelo ganhou uma grande repercussão a partir do momento em que alguns professores começaram basear seus conteúdos na ginástica.
Nós enquanto acadêmicos não acreditamos na justificativa que responsabiliza a extinção de materiais. Portanto nossa pretensão é facilitar a aprendizagem, mesmo que para isso seja necessário a criação de materiais recicláveis e adaptação da prática. Almejamos inserir a Ginástica no campo de estágio, tornando-a mediadora da cultura corporal, tratando de termos teóricos e práticos, dando relevância as condições financeiras e estruturais, da instituição.
Referencial teórico
È de grande relevância lembrarmos que, só existe projeto competente se pautado em teorias ou literaturas relacionadas ao objeto de estudo. Portanto, para que pudéssemos adotar conceitos metodológicos eficientes, relacionamos nossa pesquisa a opinião de diversos autores. Para embasar nossos estudos, optamos pelo livro ‘’Coletivo de autores’’. Este, foi publicado em 1992, e é um recurso literário voltado para professores de educação física que procuram oportunidades de aperfeiçoamento na aplicação dos conteúdos da disciplina. A respeito do Projeto Político Pedagógico, os autores afirmam que:
Um Projeto político-pedagógico representa uma intenção, ação deliberada, estratégia. É político porque expressa uma intervenção em determinada direção e é pedagógico porque realiza uma reflexão sobre a ação dos homens na realidade explicando suas determinações. (Coletivo de Autores, 1992, p. 15).
Algumas escolas não possuem esse documento armazenado em seus arquivos. A escola na qual realizamos o estágio não possui neste material enfoque na cultura corporal, através de modalidades esportivas (neste caso, a ginástica). Assim, a presença da ginástica no programa faz legitima na medida em que permite ao aluno a interpretação subjetiva das atividades ginásticas. (Coletivo de Autores, 1992, p. 54). Dessa maneira, é necessário proporcionar vivencias das ações corporais.
A elaboração de um programa de ginástica para as diferentes séries exige pensar na evolução que deve ter em sua abordagem, desde as formas espontâneas de solução de problemas com técnicas rústicas nas primeiras séries, a execução técnica aprimorada nas ultimas séries do ensino fundamental, bem como do ensino médio, onde se atinge a forma esportiva com ou sem aparelhos formais. (Coletivo de Autores, 1992, p. 55).
Sendo assim, as aulas devem ser planejadas com base em uma determinada abordagem, buscando solucionar os aspectos negativos que cada aluno se depara ao realizá-la, o uso de aparelhos formais não podem influenciar na conquista dos objetivos propostos.
Metodologia
A pesquisa de campo foi de cunho quantitativo, a coleta de dados só foi realizada após a autorização do corpo docente da instituição. Iniciamos á investigação observando as aulas da professora de educação física, participaram da realização dessa pesquisa os alunos da 4° série do período matutino, todos regularmente matriculados na Escola Municipal Telma Regina.
Ao observar as aulas, foi possível perceber que a professora não deu tanta ênfase ao aprofundamento teórico e prático dos conteúdos. O ensino da educação física escolar está completamente ligado á compreensão da cultura corporal, ela é a principal responsável pela criação de sentidos e significados. Sabemos que a expectativa de aprendizagem deve estar relacionada á idade dos alunos, mediante essa informação selecionamos temas que respeitem as condições dos estudantes mais que ao mesmo tempo possibilitem futuras oportunidades de enriquecimento do conhecimento. Nossa intenção é plantar uma sementinha agora, para que ao longo de sua formação essas crianças, compreendam a realidade educacional da disciplina de Educação Física
Nossa proposta é “experimentar e vivenciar” ou seja, identificar a cultura corporal através da definição da Ginástica. Buscaremos explicar não apenas aspectos técnicos ou gestos motores, mas também habilidades de compreender, relacionar, pensar e comparar. Afinal, a Ginástica é uma modalidade que está sempre presente em academias, circos, clubes e porque não ensiná-la na escola?
Partindo deste pressuposto, aproveitamos a primeira oportunidade de reger a aula para levar os alunos a compreender, o porquê da execução do gesto, assim como o significado da corporeidade através da Introdução á Ginástica Geral e á dança. Em nossos conteúdos abordamos o conceito e história do movimento, utilizando de recursos visuais (vídeos de diversos tipos de movimentos e danças). Os alunos conheceram de forma breve os tipos de ginásticas, tendo uma vivencia maior com a ginástica rítmica. Dando seqüência a nossa proposta, no encontro seguinte, estimulamos o ato de aprender brincando, desenvolvendo movimentos corporais através de Brincadeiras cantadas, estimulando a percepção das crianças afim de que elas saibam obedecer aos comandos de voz.
Fez parte da nossa intervenção, a apresentação dos principais movimentos ginásticos (abertura, avião, ponte, vela, rolamento para traz, rolamento para frente, balanço, Parada de mãos, tesoura pra frente, tesoura para traz, galope, e Giro de quadris para trás), possibilitando a execução dos mesmos, com muita cautela e adaptação necessária. Os alunos tiveram a oportunidade de Integrar uns com outros, através da realização de movimentos executados em duplas. A atividade em equipe foi entendida como resultado de um esforço conjunto. Estimulamos o desenvolvimento das habilidades motoras de cada aluno, respeitando os limites da corporeidade.
Os alunos foram desafiados a criarem uma coreografia usando os gestos, e principais movimentos da ginástica geral. As professoras se disponibilizaram a ajudá-los apresentando a eles uma proposta de coreografia, que foi adaptada de acordo com os limites corporais da turma, levando em conta que neste momento eles já haviam aprendido sobre a corporeidade e se tornaram capazes de enxergar seus limites e níveis de dificuldades individuais.
Proposta de coreografia
A coreografia deveria conter os movimentos de ginástica (giros, saltos, elementos acrobáticos, rolamentos, equilíbrios), a utilização de algum dos aparelhos tradicionais: fita, massas, corda, bola ou arco e/ou aparelhos não tradicionais: tecidos, peneiras, bambus, etc.) e passos de dança. Também poderia ser utilizados outros movimentos não citados aqui para complementar a coreografia. Música escolhida: Nas Mãos da Sorte - Sandy e Junior. Compositores: Sandy Leah / Junior Lima / Gabriel, o Pensador / Taboo.
Resultados e discussão
Tivemos uma observação abrangente no campo de estágio, a professora demonstrou desmotivação no ensino da ginástica, devido à falta de instalações e equipamentos. Fizemos uma intervenção relevante, a ponto de criar nossos próprios recursos materiais, houve um grande aumento no interesse tanto dos alunos, quanto da professora regente em relação às aulas de Educação Física.
Grande parte dos objetivos propostos pela aplicação dos conteúdos foram alcançados. Os alunos tiveram grande oportunidade de sociabilização, além de melhorar aspectos corporais como flexibilidade, resistência, força e coordenação motora, considerando também aspectos cognitivos e culturais.
Considerações finais
Tornou-se possível a compressão da importância do estágio supervisionando na formação docente, verificamos a possibilidade de resinificar os saberes, as reflexões sobre nossa conduta e a construção de identidade de cada indivíduo. Durante todo o processo de descobertas e aprendizagem, priorizamos a aplicação coerente dos conteúdos. Ao decorrer do estágio encontramos a necessidade de reflexão sobre o papel do professor no processo de mediação do conhecimento, assim reconhecendo que o aluno é o sujeito ativo no processo da aprendizagem.
Referencial bibliográfico
COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do Ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992.
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