efdeportes.com

Percepção da imagem corporal em um grupo
de estudantes de Educação Física

Percepción de la imagen corporal de un grupo de estudiantes de Educación Física

 

*Graduanda em Educação Física

pela Faculdade de Minas (FAMINAS), Muriaé, (MG)

**Mestre em Educação. Professora

do Instituto Federal do Espírito Santo (IFES)

Débora Dornelas Gomes Pereira*

Priscila Gonçalves Soares**

deboradornelasp@yahoo.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Diante da grande preocupação com a estética corporal demonstrada atualmente, o presente estudo tem por objetivo analisar a percepção da imagem corporal de um grupo de 22 estudantes com idade entre 18 a 38 anos, alunos do curso de Educação Física da Faculdade de Minas (Faminas). A imagem corporal foi avaliada através da Escala de Desenhos de Silhuetas de Stunkard et al. (1983), onde foram analisadas a escolha da silhueta considerando o tamanho ideal (corpo desejado) e o real (como percebe o seu corpo). Como resultado em relação à satisfação com a auto-imagem, a maioria dos participantes (64%) encontram-se insatisfeitos enquanto 36% estão satisfeitos com sua imagem corporal. A escolha de silhueta apontada como ideal pelas mulheres foi a de número 3 e 4, enquanto a dos homens foi a de número 5. Conclui-se que elevados níveis de insatisfação com a imagem corporal são observados em indivíduos que mantêm relação direta com o corpo (estudantes de educação física) e que têm informações sobre como alcançar o corpo desejado.

          Unitermos: Autoimagem. Estudantes. Atividade física. Satisfação corporal.

 

Abstract

          Taking into consideration the great concern with body nowadays, this study aims to analyze the perception of body image of a group of 22 students aged between 18 and 38 years old, students of Physical Education from Faculdade de Minas (Faminas). Body image was assessed by Scale Drawings of Silhouettes according to Stunkard et al. (1983), when the choice of the silhouettes considering the real and the ideal size were analyzed. As a result, concerning satisfaction with self-image, the majority of participants (64%) are dissatisfied while 36% are satisfied with their body image. The choice of silhouette chosen as ideal for women was the number 3 and 4, while the men’s one was a number 5. In conclusion, high levels of dissatisfaction with body image are also noticed in individuals who maintain a direct relationship with body and that has information on how to achieve the body desired.

          Keywords: Self-image. Students. Physical activity. Corporal satisfaction.

 

Recepção: 05/11/2014 - Aceitação: 28/01/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 202, Marzo de 2015. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

Introdução

    Nos dias atuais há uma crescente preocupação com o corpo. As pessoas estão suscetíveis a todos os tipos de tabus e padrões impostos pela sociedade e difundidos pela mídia (AMARAL et al., 2007). Assim, homens e mulheres estão cada vez mais preocupados com sua estética corporal. A mídia, principalmente televisão e internet, mostram homens e mulheres cada vez mais magros, com modelos de “corpo perfeito”. Nos diferentes veículos de comunicação pode-se perceber o grande número de propostas para transformação do corpo, desde exercícios físicos até as cirurgias. Logo, a busca pelo corpo ideal vem fazendo com que os mesmos se tornem escravos da beleza e cada vez mais tentem se encaixar em tais exigências.

    A imagem corporal é constituída pelo que o indivíduo enxerga no espelho, em que o mesmo estrutura uma figuração mental para si. Esse corpo constituído pelos sentidos da audição, visão, olfato e tato, percebe-se de modo singular e pode assimilar sua imagem corporal de maneira positiva ou negativa tornando-se dependente da aprovação do outro para sentir-se dentro dos “padrões estéticos” (Guimarães, 2007; Mataruna, 2004).

    Conforme Tavares (2003), o desenvolvimento da imagem corporal encontra-se paralelo ao desenvolvimento da identidade do próprio corpo, tendo relações com os aspectos fisiológicos, afetivos e sociais. É um processo que ocorre durante toda a vida. A constituição da identidade corporal é sempre um processo em construção. As primeiras experiências infantis são fundamentais no desenvolvimento da imagem corporal, mas as experiências e o explorar o corpo nunca param. Assim, a insatisfação com a auto-imagem faz parte de um componente da imagem corporal que está relacionada com as atitudes e avaliações do próprio corpo (GRABE e HYDE, 2006; CAMPANA e TAVARES, 2009).

    Dessa forma, a insatisfação corporal pode ser definida como a avaliação negativa em relação à própria aparência, insatisfação esta que se relaciona diretamente com a exposição de corpos bonitos pela mídia e tem determinado, nas últimas décadas, uma compulsão a buscar atividades físicas de cunho estético, com o intuito de se atingir uma morfologia ideal (DAMASCENO et al., 2005).

    Em estudo, Assunção (2002) concluiu que, para os homens, o corpo perfeito seria aquele que é forte e musculoso, o que representa o ideal de imagem corporal masculina. Para Andrade e Bosi (2003) para o sexo feminino, o ideal de corpo seria esguio, como o de modelos e atrizes, que estão cada vez mais magras. Assim, indivíduos que não se encontram nesse ideal de corpo tendem a adotar comportamentos inadequados para o controle de peso, como a procura exacerbada por exercícios físicos, cirurgias plásticas e atitudes alimentares inadequadas (TIMERMAN et al., 2010).

    A prática de exercício físico bem orientado e organizado poderá ser um fator positivo na satisfação com a imagem corporal, devido à ação representativa do movimento (TAVARES, 2003). Além dos benefícios psicológicos, a atividade física pode trazer inúmeros benefícios à vida de todas as pessoas nas esferas física, social e emocional (PINZON e NOGUEIRA, 2004). Pode-se dizer que a atividade física pode contribuir para que as pessoas tenham uma melhor avaliação da imagem corporal.

    Neste contexto, o presente estudo tem como objetivo avaliar a percepção corporal de estudantes do curso de educação física através da Escala de Desenhos de Silhuetas de Stunkard et al. (1983).

I.     Metodologia

    Este estudo contou com a participação de 22 estudantes de Educação Física da Faminas - Faculdade de Minas, localizada em Muriaé - Minas Gerais, os quais se encontravam fisicamente ativos. Os mesmos tinham idade entre 18 e 38 anos. O grupo constituiu-se de indivíduos tanto do sexo feminino (13 mulheres), como masculino (9 homens), onde os dados foram coletados após consentimento dos sujeitos, sendo-lhes assegurado o sigilo sobre as informações individuais.

    No contexto nacional, a Escala de Silhuetas de Stunkard é a mais utilizada nos estudos acerca da Imagem Corporal (MORGADO et al., 2009). Como mostra a figura 1, ela possui uma série de nove desenhos de silhueta feminina e nove masculinas, que representam figuras humanas e que aumentam as formas corporais em termo de gordura corporal. Para identificar a percepção com a auto-imagem, foi realizado o seguinte procedimento:

    Um formulário contendo a escala de Stunkard foi entregue aos entrevistados, os quais deveriam marcar a figura correspondente ao corpo por eles considerado ideal (corpo desejado) e conseqüentemente a figura do corpo real (como consideram o seu corpo). Se a silhueta escolhida como real for a mesma que a ideal, a pessoa está satisfeita com sua imagem corporal; se o número da silhueta escolhida como o tamanho real for menor que o número da silhueta escolhida como ideal, o participante está insatisfeito devido à magreza e se o tamanho real for maior que o considerado ideal, a insatisfação se dá devido o excesso de peso.

II.     Resultados e discussão

    A análise da satisfação com a imagem corporal calculada através da subtração da silhueta considerada real pela ideal revelou que dos 22 estudantes que colaboraram com este estudo 64% encontram-se insatisfeitos com sua imagem corporal. Dos participantes insatisfeitos 7 são homens e 7 mulheres. Dos 36% satisfeitos com sua imagem corporal, 2 são homens e 6 são mulheres.

    Sobre a escolha de silhueta considerada como ideal pelas mulheres prevaleceram a de número 3 e 4 (46,2%), enquanto a silhueta considerada ideal pela maioria dos homens foi a de número 5 (55,6%).

    Os dados obtidos através da análise feita revelam que os estudantes do curso de Educação Física, quando analisados de uma maneira geral, ou seja, sem distinção de sexo, apresentam uma grande insatisfação com o corpo real (64%). Para Rech, Araújo e Vanat (2010), a insatisfação corporal atingir acadêmicos do curso de Educação Física é interessante, já que os mesmos atuam com práticas corporais.

    Quando analisamos os dados levando em consideração o sexo percebe-se que as mulheres obtêm um equilíbrio maior quando questionadas se possuem o corpo ideal, sendo apenas 46% de insatisfação contra 54% de satisfação. Já na análise feita com os homens, percebe-se a grande insatisfação relatada pela maioria dos participantes, o que equivale a 78%%. Essa insatisfação se deve possivelmente por se tratar de alunos do curso de Educação Física, que por muitas vezes são cobrados para terem o corpo como seu “cartão de visita”.

    Para Assunção (2002), o desejo por um corpo dentro dos padrões por parte dos homens pode demonstrar uma dismorfia muscular, pois muitos apesar de serem hipertrofiados muscularmente, sentem-se fracos e pequenos, o que equivale em mulheres a uma percepção inadequada de seu peso corporal. Russo (2005), ao analisar a percepção corporal de estudantes de Educação Física concluiu que há diferenças em relação à insatisfação corporal entre os sexos. Não é somente o sexo feminino que apresenta distúrbios estimulados pela cultura, os homens também estão apresentando preocupação excessiva em ficar “forte” a todo custo. Isso explica os resultados encontrados no presente estudo, já que os homens em relação às mulheres apresentaram estar mais insatisfeitos.

    Damasceno et al. (2005) corrobora com este estudo à medida que, ao analisarem indivíduos fisicamente ativos encontraram maior insatisfação com a imagem corporal em homens, sendo 82%, do que em mulheres, equivalente a 76%.

    Pode-se observar através dos estudos citados que com o passar do tempo os homens vêm se preocupando cada vez mais com a aparência, grande parte por influência da mídia. Porém, ao contrário das mulheres que desejam tornarem-se magras, os homens preocupam-se em se tornarem fortes e musculosos. No estudo de Damasceno et al (2005) não somente as mulheres buscam o corpo perfeito (mais magro e menos volumoso), mas também os homens, que desejam um corpo mais forte e volumoso.

    Em estudo Rech, Araújo e Vanat (2010) observaram que a silhueta considerada ideal para a maioria das mulheres que participaram do estudo foi a de número 2 (57%) enquanto os homens escolheram a de número 3 ou 4 como ideais (79,7%). No presente estudo, prevaleceu como escolha para a silhueta considerada como ideal pelas mulheres a de número 3 e 4 (46,2%), enquanto que para os homens foi a de número 5 (55,6%). Segundo Russo (2005) a insatisfação dos universitários com a sua imagem corporal é um fenômeno que atinge ambos os sexos, já que todos sofrem influências, especialmente da mídia que dita o padrão de beleza.

III.     Considerações finais

    Com os dados obtidos pelo estudo, foi possível concluir que elevados níveis de insatisfação com a imagem corporal também são observados em indivíduos que mantêm relação direta com o corpo (estudantes do curso de educação física) e que tem informações sobre como alcançar o corpo desejado.

    A prevalência de insatisfação com a imagem corporal em estudantes de Educação Física oscilou em relação ao sexo, já que os homens demonstraram maior insatisfação com o corpo quando comparados às mulheres. Os achados do presente estudo reforçam a idéia de que estes universitários também desejam atingir os padrões de beleza impostos pela mídia, corpos sempre definidos e com o mínimo de gorduras, pois se preocupam com a imagem do seu corpo que está diretamente relacionado ao seu trabalho e acabam dando menos importância ao corpo ideal que deveria estar atrelado a questões de saúde e não necessariamente de estética, proveniente de alimentação saudável, atividades físicas regulares de forma que o resultado seja obtido sem causar danos.

Referencias bibliográficas

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 19 · N° 202 | Buenos Aires, Marzo de 2015
Lecturas: Educación Física y Deportes - ISSN 1514-3465 - © 1997-2015 Derechos reservados