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Elaboração do mapa de risco de um laboratório de análises 

clínicas de um hospital universitário: relato de experiência

Elaboración de un mapa de riesgo de un laboratorio de análisis clínico de un hospital universitario: relato de experiencia

Preparation of the risk map of the laboratory of clinical analyses of a teaching hospital: case studies

 

*Possui graduação em Bacharel em Enfermagem pela Universidade Estadual de Montes

Claros/MG. Especializando em Enfermagem do Trabalho pela Universidade Cândido Mendes

**Enfermeira. Especialista em Epidemiologia: Investigação de Surtos em Serviços de Saúde

pela UFMG. Mestrado em Saúde do Adulto pela Unifesp. Professora do Departamento

de Enfermagem da Universidade Estadual de Montes Claros, das Faculdades Integradas

Pitágoras de Montes Claros e das Faculdades Santo Agostinho
***Possui graduação em Bacharel em Enfermagem pela Universidade Estadual de Montes

Claros/MG. Residente em Saúde da Mulher no Hospital Universitário Clemente Faria

****Possui graduação em Bacharel em Enfermagem

pela Universidade Estadual de Montes Claros/MG

*****Acadêmica da graduação em Odontologia pela Universidade

Estadual de Montes Claros/MG

Débora Cristina da Silva Andrade*

Écila Campos Mota**

Bárbara Cerqueira Santos Lopes***

Bruna Rodrigues de Jesus****

Vanessa da Silva Andrade*****

debrinhakintal@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Diariamente os trabalhadores são expostos a uma serie de riscos que os predispõem a prejuízos para a sua saúde. Dessa maneira, o mapa de risco busca representar todos os riscos existentes no ambiente para então adotar medidas preventivas. O objetivo do estudo consiste em identificar os riscos nos quais os profissionais estão expostos no ambiente de trabalho e tracejar o mapa de risco do Laboratório de Análises Clínica e Patológica do Hospital Universitário Clemente de Faria. Trata-se de uma pesquisa descritiva e exploratória, tendo como representação gráfica o mapa de risco. Diante disso, observou-se que o principal risco presente nesse setor foi o biológico, seguido de ergonômicos, acidentais, físicos e químicos. O risco biológico foi classificado como moderado em quase todos os ambientes desse setor, devido aos riscos de contaminação com materiais perfurocortantes e/ou materiais biológicos infectados. A construção do mapa de risco possibilitou organizar informações acerca do perfil diagnóstico da biossegurança nesse ambiente, sendo indispensável à realização de medidas que diminuam ou eliminem os riscos de acidentes.

          Unitermos: Mapa de risco. Biossegurança. Saúde do trabalhador.

 

Abstract

          Daily workers are exposed to a range of risks that predispose them to damage to their health. This way, the risk map search represent all existing risks in the environment and then adopt preventive measures. The objective of the study is to identify the hazards to which workers are exposed in the work environment and to trace the risk map of Laboratory Analyzes of Clinical and Pathological the University Hospital Clement Faria. It is a descriptive and exploratory, having as graphical representation the risk map. Before that, it was observed that the main risk in this sector was the biological, followed by ergonomic, accidental, physical and chemical. The biohazard was classified as moderate in almost all environments of this sector, due to the risk of contamination with piercing and/or biological materials infected. The construction of the risk map made is possible to organize information about the diagnostic profile of biosafety in this environment, it is essential to the implementation of measures to reduce or eliminate the risk of accidents.

          Keywords: Risk map. Biosafety. Occupational health.

 

Recepção: 26/08/2014 - Aceitação: 11/11/2014

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 202, Marzo de 2015. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A Saúde do Trabalhador refere-se a um campo do saber que objetiva compreender as relações existentes entre o trabalho e o processo saúde/doença. O trabalhador é caracterizado como todo o indivíduo que exerça uma atividade de trabalho, estando ele inserido ou não no mercado formal ou no familiar e/ou doméstico. Além disso, deve se levar em consideração os diversos riscos ambientais e organizacionais nos quais os mesmos estão expostos. Visto isso, as ações de saúde para este grupo devem estar formalmente incluídas na agenda da rede básica de saúde. Pois esses indivíduos estão sujeitos as possíveis ocorrências de acidentes1.

    O acidente de trabalho constitui um acontecimento súbito que ocorre durante a execução das atividades laborais podendo acarretar danos imediatos ou tardios ou até mesmo a morte destes trabalhadores. Também é considerado acidente de trabalho os eventos ocorridos durante o trajeto para o serviço2.

    Os acidentes de trabalho ocorrem por causas imprevisíveis e previsíveis. As causas imprevisíveis não podem ser evitadas devido a sua imprevisibilidade de ocorrência independente das precauções adequadas. Já as causas previsíveis, podem ser evitadas através de precauções necessárias, sendo que a sua ocorrência é devido a um ambiente de trabalho inseguro ou por falhas humanas. Dessa maneira, para evitar a ocorrência de tais situações, se faz necessário que haja capacitação e treinamento dos funcionários com os equipamentos de trabalho3.

    Considerando a área da saúde, o controle dos riscos ambientais apresenta intersecções com três áreas: a biossegurança, a saúde do trabalhador e, mais recentemente, a garantia de qualidade em estabelecimentos de saúde4.

    Os autores enfatizam que a biossegurança surgiu a partir de recomendações preventivas, principalmente, voltadas para os riscos biológicos, indicadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para controle do ambiente e do processo de trabalho de laboratórios de saúde pública. Tempos mais tardes, foram incluídos, ainda, riscos físicos, químicos e ergonômicos relacionados às atividades desempenhadas em qualquer ambiente de atenção à saúde4.

    Dessa maneira, as portarias nº. 3.214 e nº. 25 afirmam que por meio da Norma Regulamentadora NR-9 foi estabelecido à obrigatoriedade de se identificar os riscos à saúde humana inseridas no ambiente de trabalho5. A partir disso foi atribuída às Comissões Internas de Prevenção de Acidentes (CIPA) a responsabilidade de estarem elaborando mapas de riscos ambientais. No entanto, para elaborá-los é necessário ter conhecimento das atividades realizadas em cada setor e a partir disso identificar os possíveis riscos de acordo com a classificação específica além de propor medidas preventivas para assegurar a saúde e segurança desses trabalhadores6-7.

    Dessa maneira, considera-se o mapa de risco como um conjunto de registros gráficos que tem por objetivo representar todos os riscos presente em um determinado ambiente. Assim, por meio do mesmo haverá informações precisas aos profissionais sobre o diagnóstico da situação de segurança e de saúde nos quais estão submetidos no seu ambiente de trabalho8.

    As avaliações de risco representam um conjunto de procedimentos com o objetivo de avaliar o potencial de danos à saúde provocados pela exposição de indivíduos a agentes ambientais. Estas avaliações auxiliam como forma de subsídio para o controle e a prevenção dessa exposição. No ambiente ocupacional, esses agentes podem ser evidenciados durante os processos de produção, produtos e resíduos9.

    A elaboração do mapa de risco consiste numa importante estratégia preventiva que contribui na qualidade e vigilância em saúde do trabalhador. Nesse sentido, o objetivo desse estudo foi realizar o mapeamento de risco do Laboratório de análises Clínica do Hospital Universitário Clemente de Faria, identificando os principais riscos além de estabelecer o diagnóstico da situação de segurança e saúde nos profissionais que atuam nesse ambiente.

Metodologia

    Trata-se de um estudo descritivo exploratório do tipo relato de experiência, em que se utilizou a observação como técnica de coleta de dados. O presente trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Universitário Clemente de Faria - HUCF, situado em Montes Claros, norte do Estado de Minas Gerais – Brasil, no dia 13 de Junho de 2012. O Laboratório de Análises Clínicas em estudo realiza exames para apoio e/ou diagnóstico dos pacientes internados no HUCF. Além disso, apresenta uma estrutura ampla, recente, com diversas áreas e atividades.

    Levando em consideração o critério de classificação no que se refere à finalidade da pesquisa, a mesma se caracteriza como exploratória, pois é realizada em ambiente no qual há pouco conhecimento sistematizado, tendo em vista ser fato recente a decretação do Sistema Integrado de Saúde Ocupacional do Servidor Público (SISOSP). Também se apresenta como descritiva ao expor as características dos riscos no ambiente de saúde em instituição que alia, em função de sua missão, as atividades de pesquisa biológica, assistência médica, produção, ensino e informação científica10.

    A partir das observações do setor, tracejou-se uma planta baixa do Laboratório, identificando todos os riscos em cada local do setor. Ressalta-se que, quanto aos preceitos éticos, o responsável pelo setor e a administração do Hospital autorizaram a entrada dos pesquisadores e a realização da observação.

Resultados e discussão

    O laboratório de análise clinica, quase sempre são fontes de contaminação, pois são estabelecimentos destinados à coleta e processamento de materiais humanos com o objetivo de realizar exames laboratoriais. Neste contexto, os profissionais deste recinto estão expostos uma serie de riscos que os predispõem a prejuízos a sua saúde11. Além disso, são constituídos por várias atividades e fatores potenciais de risco podendo apresentar alterações leves, moderadas ou graves, acarretando acidentes de trabalho aos profissionais que se encontram expostos a esse ambiente12.

    Dessa maneira, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária acrescenta que esses trabalhadores estão expostos aos riscos ocupacionais: ergonômicos, físicos, químicos e biológicos. Assim, os profissionais devem ser informados dos possíveis riscos potenciais além de serem adequadamente capacitados para efetuarem as técnicas e práticas essenciais das atividades laborais13.

    Inicialmente, os observadores percorreram cada sala do Laboratório, considerando cada item e atividades que ali eram realizadas. Após esta identificação, foram desenhadas, na planta baixa do setor, os riscos com suas respectivas cores. O quadro 1 demonstra a classificação dos principais riscos ocupacionais em grupos, de acordo com sua natureza e padronização das cores correspondentes.

Quadro 1. Classificação e descrição dos principais riscos ocupacionais

em grupos, de acordo com sua natureza e padronização das cores correspondentes

Fonte: Hokeberg et al, 2006

    Os riscos existentes em cada área do setor foram representados por meio de figuras. Ressalta-se que uma mesmo local poderia apresentar mais de um risco, assim, várias figuras foram feitas nessa área.

    Quanto à intensidade do risco (leve, moderado e grave), as figuras eram caracterizadas por tamanhos diferentes, especificando o grau da exposição.

    A partir da observação da estrutura física e dos processos de trabalho desempenhados pelos servidores de distintas categorias que atuam no laboratório, foi possível identificar os riscos classifica-los conforme a sua amplitude. Diante disso, observou-se, que o principal risco presente nesse setor foi o biológico, seguido, o ergonômico, acidentais, físicos e químicos. O risco biológico foi classificado em sua maior parte como moderado ou grave no ambiente, sendo justificado pelo intenso contanto com materiais biológicos. Dessa maneira, o quadro 2 mostra os riscos e suas respectiva classificações em cada área.

Quadro 2. Descrição dos riscos ambientais encontrados no Laboratório e sua respectiva classificação

    Depois de identificado cada risco, foi traçado o mapa de risco. Este constitui a representação gráfica, por meio de círculos de tamanhos e cores diferentes, que caracterizam o tipo e o grau de risco presentes no ambiente, devendo estar visível a todos os trabalhadores. A análise ambiental se dá por meio de um conjunto de procedimentos, que visam avaliar o grau de exposição dos trabalhadores14.

Figura 1. Mapeamento de risco do Laboratório de Análises Clínicas

do Hospital Universitário Clemente de Faria – HUCF. Montes Claros, 2012

Conclusão

    Todos os riscos e o grau de intensidade dos mesmos foram identificados no laboratório, no entanto, o mais frequente foi o biológico. A construção do mapa de risco possibilitou organizar informações acerca do perfil diagnóstico da biossegurança nesse ambiente, sendo indispensável à realização de medidas que diminuam ou eliminem os riscos de acidentes.

    O mapa de risco é importante para informar os profissionais sobre os riscos em seu ambiente de trabalho, no entanto, não evita que possíveis acidentes aconteçam. É relevante destacar a indicação de um grupo específico que trabalhem na prevenção e controle dos riscos ocupacionais, cuja atuação também poderá refletir no ensino através de programas de prevenção e controle de riscos além de promoverem a supervisão das atividades desenvolvidas.

Referências

  1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção Básica. Área Técnica de Saúde do Trabalhador Saúde do trabalhador / Ministério da Saúde, Departamento de Atenção Básica, Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas, Área Técnica de Saúde do Trabalhador. – Brasília: Ministério da Saúde; 2002.

  2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Notificação de acidentes do trabalho fatais, graves e com crianças e adolescentes / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde; 2006.

  3. Carvalho GM. Enfermagem do Trabalho. 5. ed. São Paulo: EPU; 2001.

  4. Hökerberg YHM, Santos MAB, Passos SRL, Rozemberg B, Cotias PMT, Alves L, Mattos UAO. O processo de construção de mapas de risco em um hospital público. Cien Saúde Coletiva. 2006; 11(2):503-513.

  5. Portaria nº. 3.214. Aprova as Normas Regulamentadoras (NR) do Ministério do Trabalho e Emprego. Diário Oficial da União; 1978. Disponível em: http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812BE914E6012BE96DD3225597/p_19780608_3214.pdf. Acessado em: 25 de jun 2012.

  6. Ministério do Trabalho e Emprego. Portaria nº 25. Aprova o texto da Norma Regulamentadora número 9 – Riscos Ambientais do Ministério do Trabalho e Emprego, de 29 de dezembro de 1994. Diário Oficial da União; 1994.

  7. Miranda CR, Dias CR. PPRA-PCMSO: auditoria, inspeção do trabalho e controle social. Cad. Saúde Pública; 2004.

  8. Hall J, et. al. Segurança e Saúde nas Escolas, do Aprendizado à Vivência, uma Questão de Educação. In: Encontro Nacional de Engenharia de Produção, 2000, São Paulo. Anais. São Paulo: ENEGEP; 2000.

  9. Porto MFS, Freitas CM. Análise de riscos tecnológicos ambientais: perspectivas para o campo da saúde do trabalhador. Cad. Saúde Públ; 1997.

  10. Vergara SC. Projetos e relatórios de pesquisa em Administração. São Paulo: Atlas; 2004.

  11. Zochio LB. Biossegurança em laboratórios de análises clínicas. Rev. AC & T Cientifica. São José do Rio Preto; 2009.

  12. Prade SS, Oliveira ST, Rodrigues R, Nunes FA, Félix JK, Pereira, M. “Questões Ligadas à Segurança dos Profissionais da Área da Saúde em Coleta de Sangue”. Notas Preanalíticas BD Diagnósticos; 2009.

  13. ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Biossegurança. Rev. Saúde Pública; 2005.

  14. Novello R, Nunes RS, Marques RSR. Análise de processos e a implantação do mapa de risco ocupacional em serviços de saúde: um estudo no serviço de hemoterapia de uma instituição pública federal. VII Congresso Nacional de excelência em gestão12 e 13 de agosto de 2011.

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