efdeportes.com

Lesões com maiores incidência em corredores
de rua amadores da cidade de Bauru, SP

Lesiones con mayor incidencia en corredores de calle aficionados de la ciudad de Bauru, SP

Incidence of injuries in runners street amateur in Bauru, SP

 

Educadora Física e Fisioterapeuta 
Mestranda Saúde Coletiva, Unesp Botucatu (Bolsista Capes)

Docente Faculdade Anhanguera Bauru

Equipe School Health

Maira Cury

mairacm@hotmail.com
(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Com o aumento da prática de corridas de rua e a falta de orientação e acompanhamento de um profissional especializado, pode contribuir para o aumento do número de lesões esportivas. Assim, é importante avaliar proporção de ocorrência de lesões entre corredores de rua. Este estudo tem por objetivo verificar as principais lesões em corredores de rua amadores da cidade de Bauru, SP. Estudo transversal descritivo, com 32 corredores de rua amadores, 22 homens (68,75%) e 10 mulheres (31,25%), com idade mediana de 40 anos e IMC de 26,54 kg/m². Os voluntários foram selecionados por conveniência, no dia anterior a corrida, por meio de um inquérito de morbidade referida, aplicado no mês de novembro de 2013. Calcularam-se as ocorrências absolutas e relativas de lesões, de fatores de risco associados e das lesões acometidas. Dos 32 corredores avaliados, 22 (68,75%) relataram terem sofrido lesão associada à corrida. Foi encontrada associação entre a ocorrência de lesão, IMC e as variáveis volume de treinamento e tempo de prática. As lesões com maior incidência foram a inflamação no joelho, com 16 (61,5%), seguido da Tendinite no tendão de Aquiles e estiramento muscular na coxa, com 4 (15,4%) e Canelite com 2 (7,7%). O tempo de recuperação em decorrência da lesão foi de 90 dias. Foram identificados altas proporções de lesões músculo-esqueléticas em corredores de rua de Bauru, onde foi observada uma diferença de proporção significativa nas variáveis “IMC”, “volume de treinamento semanal” e “tempo de prática de corrida”.

          Unitermos: Corrida. Transtornos traumáticos cumulativos. Exercício.

 

Abstract

          With the increasing practice of street racing and lack of direction and guidance of a skilled professional, may contribute to the increase in the number of sports injuries. Thus, it is important to assess the proportion of occurrence of injuries among street racers. This study aim to determine the main injuries in runners amateur street of the city of Bauru, SP. A descriptive cross-sectional study with 32 runners amateur street, 22 men (68.75 %) and 10 women (31.25 %) with a median age of 40 years and BMI of 26.54 kg/m². The volunteers were selected for convenience, the day before the race, through a survey of morbidity, implemented in November 2013. Were calculated absolute and relative occurrences of injury, associated risk factors and affected lesions. Of the 32 corridors evaluated, 22 (68.75 %) reported having suffered injury associated with race. Association was found between the occurrence of injury, and BMI variables volume training and practice time. Lesions with higher incidence were inflammation in the knee, with 16 (61.5 %), followed by tendinitis in the Achilles tendon and muscular thigh strain, 4 (15.4%) and shin splints with 2 (7.7%). The recovery time due to injury was 90 days. High rates of musculoskeletal injuries in runners Street Bauru , where a significant difference in the proportion in the variable "BMI" , "weekly training volume "and" practice time race "was observed were identified.

          Keywords: Running. Cumulative trauma disorders. Exercise.

 

Recepção: 22/10/2014 - Aceitação: 03/02/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 202, Marzo de 2015. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

Introdução

    A corrida de rua surgiu na Inglaterra no século XVIII, onde se popularizou e expandiu pelo restante da Europa e Estados Unidos¹. Segundo estudo sobre produção cientifica acerca da corrida de rua no Brasil, a prática teve início na década de 1970, juntamente com a massificação do desporto2.

    A Federação Internacional das Associações de Atletismo (IAAF) define as corridas de rua como provas de pedestrianismo disputadas em circuitos de rua, avenidas e estradas com distâncias oficiais variando entre 5 km a 100 km.3

    Atualmente a prática de exercícios de corrida de rua tem ocupado um espaço significativo dentro dos programas de atividade física, usualmente associado ao bem-estar dos seus praticantes, a corrida apresenta-se com uma das modalidades com grande número de adeptos, devido à facilidade da prática, benefícios para a saúde, altamente versátil e do baixo custo para o praticante, pois não é necessário material específico muito sofisticado4. Segundo a FPA (Federação Paulista de Atletismo), em 2004 havia aproximadamente 146 mil corredores no estado de São Paulo. Em 2010 atingiu a marca de 416 mil corredores no estado. Um dado curioso é que entre corredores da capital esse crescimento é mais contido com 4% entre 2008 e 2010 em comparação com o crescimento no interior paulista em aproximadamente 24% no mesmo período. Com isso é claro, vem aumentando o número de provas no estado também. Enquanto em todo ano de 2001 foram realizados apenas 11 corridas oficiais em São Paulo, em 2010 esse número passou para 374 provas só na capital5.

    Por essas e outras razões, a corrida de rua tem-se tornado popular, sendo praticadas na sua maioria por atletas amadores que buscam melhor qualidade de vida por meio da prática esportiva, no entanto, apesar de todos os efeitos benéficos da prática de corrida, seja no âmbito competitivo ou recreativo, estão expostos aos eventuais riscos associado. A falta de orientação profissional para a prática e a falta de acompanhamento de um profissional especializado, pode contribuir para o aumento do número de lesões esportivas onde se tem observado uma elevada incidência de lesões no aparelho locomotor, principalmente em membros inferiores6,7.

    A caracterização de lesão é qualquer descontinuidade traumática ou patológica do tecido, ou perda de função de uma parte, e lesão esportiva é um tipo de lesão que é acidental em muitos esportes e mais incidentes em outros, como esportes de alto contato, individuais ou coletivos8. Porem outros autores a conceituam como sendo um dano causado por traumatismo físico sofrido pelos tecidos do corpo9.

    O aumento das lesões esportivas esta ligado a fatores intrínsecos e extrínsecos. Os fatores extrínsecos têm relação com as condições ambientais e a maneira como as atividades são administradas, são o treinamento, o tipo de atividade e as condições climáticas, calçados, solo, entre outras. Os fatores intrínsecos são características pessoais físicas e psicológicas que distinguem os indivíduos entre si, destaca-se a idade, o gênero, a experiência, a aptidão, além de outros aspectos10.

    Os fatores de risco para o desenvolvimento de lesões variam nos estudos epidemiológicos, mas elas podem ser classificadas em três grandes categorias: treinamento, anatômico e biomecânico11. Os fatores de treinamento destacam-se o volume de treino exacerbado e alta intensidade do treinamento. Os fatores anatômicos destacam-se as diferenças no comprimento de membros e excessiva pronação, supinação do pé, pés varos, valgos ou planos12. Os fatores biomecânicos envolvem a força muscular, movimento corporal e o controle neuromuscular e um treinador poderá através da observação destas variáveis, executar um plano de trabalho bem efetivo e preventivo13.

    São evidentes os altos índices de lesões em corredores de rua e cabe ao profissional de educação física estar preparado para administrar as atividades com conhecimento e segurança os principais fatores que predispõe a lesão, traçar medidas preventivas a fim de proporcionar um modo de vida saudável aos praticantes de corrida de rua. Portanto, uma pesquisa acerca do tema pode esclarecer os perfis e as lesões comuns a que os corredores de rua amadores estão expostos. Com tal conhecimento, corredores compreenderão a importância de se ter o acompanhamento de um profissional de educação física para evitar lesões através de uma prática esportiva adequada. A presente pesquisa não apresenta qualquer tipo de conflito de interesse financeiros ou de qualquer outra natureza.

    Portanto, o objetivo deste estudo é verificar as principais lesões em corredores de rua amadores de Bauru, SP.

Métodos

    Procedeu-se a um estudo transversal descritivo, após aprovação do comitê de ética em pesquisa com parecer número 463.424, onde corredores de rua amadores foram submetidos a um inquérito de morbidade referida (IMR), construído pelo próprio pesquisador.

Procedimentos metodológicos

    A coleta de dados foi realizada às vésperas da corrida de rua, por ocasião da entrega dos kits da competição. Ao serem abordados, os voluntários foram convidados a participarem da pesquisa mediante prévia explanação das características da mesma e ao concordarem assinaram o termo de consentimento livre esclarecido.

    Após o consentimento, os participantes responderam o questionário e contaram com a supervisão do pesquisador para esclarecimento em caso de dúvidas.

    Foi utilizado um inquérito de morbidade referida (IRM) para a aquisição dos dados, esse método nos proporciona informações sobre a freqüência de agravos à saúde e seus fatores de risco. Utilizou-se o IRM para obter informações sócio-demográficas e antropométricas (sexo, idade, escolaridade e IMC), tal qual informações sobre o treinamento da corrida (km e freqüência semanais, orientação sobre treinamento, tempo de prática, prática de outra atividade e média de participação de provas por ano) e à descrição da ocorrência e características de lesões (quantidade e local anatômico).

    Pode-se observar que o número total de indivíduos lesionados foi diferente do número total de lesões, este fato se confere porque o IMR utilizado possibilitou o relato de mais de uma lesão por individuo.

    Para efetivação das análises, o IMC foi dividido em apenas duas categorias: normal/baixo peso (IMC < 24,9 Kg/m²) e sobrepeso/obesidade (IMC >25,0 Kg/m²). As idades dos participantes foram subdivididas em duas categorias: corredores até 40 anos e acima de 40 anos (valor mediano e extremo).

    A lesão foi definida como sendo aquela que tenha levado à interrupção do treinamento por comprometimento muscular ou osteoarticular, por no mínimo dois dias.

Resultados

    A amostra foi constituída por 32 corredores de rua amadores, sendo 68,75% do sexo masculino (22) e 31,25 do sexo feminino (10). Em relação à escolaridade, 6,25% (2) possuíam ensino fundamental; 31,25% (10) cursaram até o ensino médio e 62,5% (20) relataram possuir escolaridade em nível superior. A idade mediana (extremos) da amostra foi de 40 anos (25 – 56) e o índice de massa corporal (IMC) foi de 26,54 (23,32 – 32,25) Kg/m².

    Entre os 32 atletas amadores de rua, 22 (68,75) relataram ter sofrido alguma lesão músculo-esquelética ligada à prática da corrida, enquanto 10 (31,25) não relataram qualquer episódio associado à corrida.

    Entre os voluntários que atestaram terem sofrido alguma lesão, 18 (81,8%) relataram apenas uma lesão durante o período regular da prática da corrida, 4 (18,2%) informaram duas lesões, totalizando 26 lesões relatadas pelos voluntários.

    No gráfico 1, a lesão mais citada pelos participantes foi a inflamação no joelho, com 16 (61,5%), seguido pela tendinite no tendão de Aquiles, estiramento muscular na coxa com 4 (15,4%) e a canelite com 2 (7,7%).

Gráfico 1. Porcentagens de lesões mais citadas por corredores de rua amadores

    Buscou-se observar fatores associados com a proporção de lesões ligada à prática da corrida. Para tanto, na Tabela 1 são demonstrados os resultados dos valores de associação entre as variáveis de estudo e a proporção de lesões. Não foi encontrada diferença de proporção de ocorrência de lesão entre subgrupos por idade, sexo e praticantes ou não de musculação.

Tabela 1. Descrição das lesões por subgrupos de variáveis sócio-demográficos, 

antropométricas e relacionadas ao treinamento, em 32 corredores de rua

    Dos 32 participantes entrevistados, 50% obtinham orientação de profissional de educação física sobre treinamento (16) e os outros 50% (16) treinavam por conta própria. Do total de voluntários, 68,75% (22) declararam realizar outro tipo de atividade física sincronicamente à prática de corrida de rua e 31,25% (10) não praticam outro tipo de atividade. Dos que responderam realizar outro tipo de atividade física em conjunto com a corrida de rua, a musculação foi a única mencionada nos relatos. Setenta e cinco por cento asseguraram correr menos de 30 km por semana e 25% alegaram correr acima de 30 km.

Discussão

    No dado estudo, o qual foi realizado com 32 corredores de rua em Bauru-SP, foi diagnosticada uma alta proporção de lesões. A maioria dos amadores declarou já ter sofrido alguma lesão ligada à prática da corrida (68,75%). Este resultado corrobora os achados de outros estudos, que têm demonstrado haver lesões relacionadas à corrida e queixas comuns em corredores não profissionais e a prevalência encontrada é de um caso por ano, variando entre 14 e 50% e 19,4 a 79,3%14. No entanto, as lesões parecem estar relacionadas a um tempo insuficiente de adaptação à corrida15,16.

    A articulação de joelho é muito propensa à lesão, por causa de sua mobilidade e da variedade de tensões a que submetemos. O tipo mais comum de lesão traumática do joelho é a torção, que acontece mais freqüentemente quando ele está dobrado, sustentando o peso do corpo, e é inesperada ou desastrosamente deslocado17.

    A Tendinite do tendão de Aquiles ocorre geralmente nos praticantes de atividades repetitivas, é uma lesão de estrutura contrátil, a dor geralmente aumenta com a dorsiflexão passiva e a flexão plantar contra a resistência18.

    O termo “dor na canela” tem sido utilizado para descrever a dor no compartimento anterior ou medial da tíbia (Canelite), autores verificaram que os corredores com uma história de dor na canela mostraram uma pronação e/ou velocidade de pronação maior, se comparados com os grupos de controle19.

    No que diz respeito aos fatores associados com a ocorrência de lesão, o volume de treinamento semanal dos corredores de rua apresentou uma diferença significativa de proporção de lesões. Existe aumento do risco de lesão musculoesquelética entre corredores conforme o incremento do volume semanal de treinamento20. Estudo demonstrou que os corredores que treinavam mais de 3,75 horas/semana possuíam maior probabilidade de sofrer lesões quando comparados com os indivíduos que treinavam menos que 1,25 hora/semana. No dado estudo, os corredores que treinavam menos de 30 km/semana expressaram maior proporção de lesões quando confrontados aos indivíduos que treinavam mais de 30 km/semana21. Autores confirmam ainda que corredores com distâncias semanais de 25 km ou mais faziam mais visitas a consultórios médicos (por queixas), do que aqueles com distâncias inferiores22.

    Quanto ao IMC, pesquisa confirma uma elevada freqüência de lesões em indivíduos com IMC < 24,9 Kg/m² . Paradoxalmente, IMC acima de 26Kg/m² como fator protetor contra lesões em homens21. No entanto, no presente estudo, mostrou-se o inverso, 72,7% (16) das lesões ocorreram em corredores do subgrupo sobrepeso/obesidade (IMC > 25,0 Kg/m²). O IMC consiste no prognóstico em relação ao somatotipo para o risco de ocorrência de lesões. Todo o peso corporal é suportado alternadamente por cada perna e pé durante um ciclo de passadas. Conforme a velocidade aumenta, os músculos dos membros inferiores devem se contrair com mais força com o propósito de propulsionar o corpo23.

    No que tange a relação da proporção de lesão com a idade, não foi diagnosticada diferença significativa entre os subgrupos de corredores até 40 anos e indivíduos acima de 40 anos. Estudo com 2.886 corredores, concluiu que os corredores com mais de 40 anos apresentaram significativamente mais lesões em relação aos mais jovens. A divergência em relação as possíveis conclusões da idade pode estar relacionada a outros fatores, como o tempo de treinamento e a carga semanal24. Outro fator pode ser a possível redução na freqüência e intensidade da atividade física com o decorrer do envelhecimento21.

    A variável sexo, também não apresentou diferença de proporção significativa nas proporções de lesão. Corroborando com o achado do presente estudo, o autor afirma que homem e mulher tem a mesma probabilidade de ter lesão relacionada à prática da corrida25.

    Não foi diagnosticada associação entre a prática ou não da musculação com a ocorrência de lesão. Sabe-se que estudos de natureza transversal, como o presente, não permitem avaliar relações de causa-efeito.

    Quanto à definição da lesão e sua gravidade são aspectos importantes no registro das lesões esportivas. Têm sido debatidos por muitos autores que certificam que a definição de lesão deve ser baseada na proporção da queixa apropriada ao esporte e que a gravidade não seja determinada apenas pela duração dos sintomas, mas também pelo dano tecidual26. Nesse quesito, um achado de grande destaque do dado estudo foi o elevado tempo absoluto de afastamento. Esse dado/fato preocupa, uma vez que a promoção da atividade física possui como premissa o desenvolvimento de um estilo de vida mais saudável21. Além da alta proporção de indivíduos que relataram lesão pregressa associada à corrida, é digno de nota o fato de que, em boa parte, essas lesões levaram a um grande afastamento, com tempo mediano de 90 dias. Sabe-se que praticantes regulares, especialmente da corrida, tendem a não faltar aos treinos e que, quando o fazem, é porque existe um real impedimento. De acordo com estudos, alguns corredores apresentam sintomas de abstinência tais como irritabilidade, ansiedade, depressão e sentimentos de culpa, quando são impedidos de participar de suas rotinas de corridas regulares27. Nesse aspecto, apesar da ausência de confirmação do diagnóstico, esse elevado tempo de afastamento demonstra, muito provavelmente, o agravamento das lesões, especialmente por ser em amostra bem caracterizada como de corredores de rua amadores.

    Na corrida os músculos dos membros inferiores são os que mais trabalham, assim como as articulações desse segmento corporal são muito envolvidas. Sendo assim, é esperado um maior número de lesões nessa parte do corpo28. Notou-se no presente estudo a inflamação no joelho como a lesão com maior prevalência seguido, da tendinite no tendão de Aquiles e estiramento muscular da coxa e da canelite. Dentre os que obtiveram alguma lesão, 63,6% (14) teve um acompanhamento de um especialista no tratamento. Dentre os estudos pesquisados25, analisaram 2000 pacientes, cerca de 42% das lesões ocorreram na articulação do joelho. Em geral, 70 a 80% das lesões provenientes da corrida ocorrem abaixo da linha do joelho e a reincidência de lesões é relatada em 20 a 70% dos casos26. Observa-se que os resultados do presente estudo estão de acordo com a literatura consultada.

    Quanto ao tipo de terreno, a maior parte dos voluntários utiliza do asfalto com 62,5% (20), seguido da esteira da academia com 31,25% (10) e calçamento com 6,25% (2).

    Merece ainda destaque o nível de escolaridade da amostra estudada. No plano piloto, onde foi realizada a coleta de dados, há uma maior concentração de riquezas do que no entorno. Partindo do principio de que onde há mais pessoas de elevado nível de escolaridade, há mais chances de pessoas com maior rendimento, talvez isso reflita o alto percentual de voluntários que declararam ter nível superior. Esse dado se destaca quando se trata da corrida de rua, usualmente tida como uma das modalidades esportivas mais populares e democráticas.

    Tendo em vista que a maioria dos corredores possuía nível superior, infere-se que estes têm mais acesso à informação, o que levou a uma considerável procura por orientação profissional. Dos 32 voluntários entrevistados, 50% informaram receber orientação de profissional de educação física sobre treinamento. Achados semelhantes, confirmam que a maioria (58,1%) dos corredores entrevistados treinavam com profissional21. No entanto, outra pesquisa encontrou, em um grupo de 115 corredores, que a maioria (59,1%) não possuía orientação especializada29. No presente estudo observou-se ao nível de significância estatísticas, que a orientação profissional não interfere na prevalência de lesão.

    Os resultados deste estudo devem ser observados com cautela em função das limitações que o trabalho apresenta. A elevada prevalência diagnosticada demonstra que há uma necessidade de que novos estudos sejam realizados, com um maior número de sujeitos e com a investigação de outras variáveis, como tipo de calçado, detalhar a progressão do treino, destreino e histórico de lesões. Conclui-se que uma alta proporção de lesões musculoesqueléticas em corredores de rua de Bauru. Não foi encontrada diferença de proporção de ocorrência de lesão entre subgrupos de idade, sexo e praticantes de musculação. No entanto, observou-se maior proporção de lesão entre os corredores com menos de 30 quilômetros de treinamento por semana, IMC >25 kg/m² e entre aqueles que corriam há mais de 3 anos de forma regular. Observou-se ainda que a inflamação no joelho foi a lesão mais acometida, que e a maioria das lesões relatadas houve elevado tempo de tratamento para recuperação. Os achados são alarmantes quando observados sob a ótica da prática regular de atividades físicas como elemento essencial à saúde.

Referências

  1. Runner’s World (1999). Corredor de rua. Disponível em: http://www.corredores.com.br. Acesso em: 28 out. 2013.

  2. Bastos FDC, Pedro MAD, Palhares JM. Corrida de rua: análise da produção científica em universidade paulista. Rev Min Educ Fís Viçosa. 2009; 17(2): 78-86.

  3. Salgado JVV, Chacon-Mikahil MPT. Corrida de rua: análise do crescimento do número de provas e de praticantes. CONEXÕES, Revista da Faculdade de Educação Física da Unicamp. 2006; 4(1): 90-8.

  4. Fuziki MK. Corrida de rua: Fisiologia, treinamentos e lesões. São Paulo: Phorte, 2012.

  5. Federação Paulista de Atletismo. http://www.atletismofpa.org.br. Acesso em 28 out. 2013.

  6. Bennell KJ, Crossley K. Musculoskeletal injuries in track and field: incidence, distribution and risk factors. Aust J Sci Med Sport. 1996; 28(3): 69-75.

  7. Pileggi P, Gualano B, Souza M, Caparbo VF, Pereira RMR, Pinto ALS, et al. Incidência e fatores de risco de lesões osteomioarticulares em corredores: em estudo de coorte prospectivo. Rev bras educ fís esporte. 2010; 24(4): 453-62.

  8. Barbanti VJ. Dicionário de educação física e do esporte. São Paulo: Manole, 1994.

  9. Andreoli CV, Wajchenberg M, Perroni MG. Basquete. In, Cohen M & Abdalla RJ. Lesões nos esportes - diagnóstico, prevenção e tratamento. São Paulo: Revinter, 2003.

  10. Ferreira AC, Dias JMC, Fernandes RM, Sabino, GS, Anjos MTS, Felício DC. Prevalência e fatores associados a lesões em corredores amadores de rua do município de Belo Horizonte, MG. Centro Universitário Newton Paiva – Belo Horizonte. Faculdade Pitagoras – Betim. Ver Bras Med Esporte. 2012, 18(4):252-5.

  11. Hreljac A. Impact and overuse injuries in runners. Med Sci Sports Exerc. 2004;36(5):845-9.

  12. Taunton JE, Ryan MB, Clement DB, Mckenzie DC, Lloyd-Smith DR, Zumbo BD. A prospective study of running injuries: the Vancouver Sun Run “in training” clinics. British Journal of Sports Medicine. 2003; 37(3): 239-44.

  13. Ryan MB, Maclean CL, Taunton JE. A review of anthropometric, biomechanical, neuromuscular and training related factors miociated with injury in runners. International Sport Med Journal. 2006; 7(2): 120-37.

  14. Gent VRN, Siem D, Middelkoop VM, Van Osag, Bierma-Zeinstra SM, Koes BW. Incidence and determinants of lower extremity running injuries in long distance runners: a systematic review. Br. J. Sports Med. 2007;41(8):469-80.

  15. Marti B, Knobloch M, Riesen WF, Howard H. Fifteen years changes in exercise, aerobic power, abdominal fat, and serum lipids in runners and controls. Med. Sci. Sports Exerc. 1991;23(1):115-22.

  16. Middelkoop M, Kolkman J, Ochten J, Bierna Zeinstra SM, Koes BW. Course and predicting factors of lower - extremity injuries after running a marathon. Clin J Sport Med 2007; 17 (1):25-30.

  17. Grisogono V. Lesões no esporte. 2º Ed. São Paulo: Martins Fontes; 2000. p.4-136.

  18. Evangelista A. Reabilitação Acelerada - Mitos e Verdades: Fisioterapia aplicada ao esporte, traumatologia e ortopedia. Editora Phorte. São Paulo. 2011.

  19. Messier SP, Pittala KA. Etiologic factors associated with selected running injuries. Medicine and Science in Sports and Exercise 1988;20:501-5.

  20. Hootman JM, Macera CA, Ainsworth BE, Martin M, Addy CL, Blair SN. Association among physical activity level, cardiorespiratory fitness, and risk of musculoskeletal injury. American Journal of Epidemiology. 2001; 154(3):251-8.

  21. Hino AAF, Reis RS, Rodriguez-Añez CR, Fermino RC. Prevalência de lesões em corredores de rua e fatores associados. Revista Brasileira Medicina do Esporte. 2009; 15(1).

  22. Marti B, Knobloch M, Tschopp A, Howard H. Is excessive running predictive of degenerative hip disease? Controlled study of former elite athletes. Brit Med. J. 1989;299(8):91-3.

  23. Neely FG. Fatores de risco intrínsecos as lesões nos membros inferiores relacionados ao exercício físico. Revista Sprint Magazine. 2001;113:4-15.

  24. Mckean KA, Manson NA, Stanish WD. Musculoskeletal injury in the master’s runners. Clinical Journal Sport Medicine 2006; 16(2):149-54.

  25. Taunton JE, Ryan MB, Clement DB, Mckenzie DC, Lloyd-Smith DR, Zumbo BD. A retrospective case-control analysis of 2002 running injuries. British Medical Journal. 2002;36(2):95-101.

  26. Van MW, Hlobil H, Kemper HCG. Incidence, severity, an etiology and prevention of sports injuries. A review of concepts. Sports Medicine 1992;10:88-99.

  27. Morris M, Steinberg H, Sykes EA, Salmon P. Effects of temporary withdrawal from regular running. Journal of Psychosomatic Research 1990;34:493-500.

  28. Feitoza JE, Júnior JM. Lesões desportivas decorrentes da prática do atletismo. Revista da Educação Física/UEM Maringá. 2000; 11(1): 139-47.

  29. Pazin J, Duarte MFS, Poeta LS, Gomes MA. Corredores de rua: características demográficas, treinamento e prevalência de lesões. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano. 2008; 10(3): 277-82.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 19 · N° 202 | Buenos Aires, Marzo de 2015
Lecturas: Educación Física y Deportes - ISSN 1514-3465 - © 1997-2015 Derechos reservados