Laserterapia no tratamento da
tendinopatia La terapia de láser em el tratamiento de la tendinopatía del manguito rotador. Estudio de caso |
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*Fisioterapeuta. Especialista em Fisioterapia Ortopédica e Traumatológica Mestre em Ciências do Movimento Humano – UDESC. Supervisor do Ambulatório de Disfunções Músculo-esqueléticas da Faculdade Guilherme Guimbala – Joinville – SC **Fisioterapeuta da Clínica de Ortopedia e Traumatologia Vital Saúde Especialista em Ortopedia e Traumatologia-FGG. Jaraguá do Sul/SC |
Alisson Guimbala dos Santos Araujo* Silnéia de Souza Ortiz** (Brasil) |
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Resumo O uso do laser para fins terapêuticos vem sendo vastamente usado e estudado, pois a laserterapia diminui o processo inflamatório acelerando a cicatrização de diferentes tecidos. O objetivo da presente pesquisa foi verificar se o tratamento com laser arseneto de gálio (AsGa) é eficaz na diminuição da dor em pacientes com tendinopatia do supraespinhal. As pacientes foram submetidas a uma pré e pós avaliação onde foi utilizado para mensuração da dor a escala visual analógica (EVA). Participaram da pesquisa três pacientes com idade média de 47,33 (±5,25) anos do gênero feminino. As três pacientes foram irradiadas três vezes por semana, em dias alternados com laser AsGa 904nm, densidade de energia 60 mJ e tempo de 48 segundos com a técnica pontual. Os resultados através do índice de desempenho demonstraram que as pacientes apresentaram uma melhora do quadro álgico de 63% para o ombro direito e de 43% para o ombro esquerdo, individualmente a paciente 1 apresentou melhora de 75% do quadro álgico. Conclui-se então que a irradiação laser pelo AsGa promoveu melhora significativa nas pacientes diminuindo a dor e melhorando sua qualidade de vida. Unitermos: Laserterapia. Tendinopatia do manguito rotador. DOR.
Abstract The therapeutic use of the laser has been larged used and studied, because laser therapy reduce the inflammation process and became the healing process faster in different kinds of structures. This study had the purpose to verify if the treatment with gallium-arsenide (AsGa) is effective to decrease pain in patients with supraspinatus tendinopathy. Patients was assessed before and after the treatment using AVS method (Analogical Visual Scale) for measuring the pain. Three female subjets participated, with average age of 47.33 (±5,25). The three patients had submitted for irradiation three times in a week, with AsGa 904nm laser in alternate days, with energy density 60 mJ for 48 seconds and punctual technique. Results showed a decrease in painful situation in 63% for the right shoulder and 43% in left shoulder. Individually, patient number 1 has a decrease in 75% in her painful situation. We concluded that laser irradiation with AsGa had promoted a significant improvement for patients, decreasing pain and increasing life’s quality. Keywords: Laser therapy. Rotator cuff tendinopathy. Pain.
Recepção: 29/10/2014 - Aceitação: 19/01/2015
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 202, Marzo de 2015. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
O ombro é um complexo articular de grande mobilidade, conseqüentemente pode apresentar certa instabilidade1. Já a cintura escapular é composta por três articulações verdadeiras que são a esternoclavicular, a acrômioclavicular e a glenoumeral e outras duas consideradas pseudo a escapulotorácica e a subacromial2.
A articulação glenoumeral apresenta capacidade de realizar vários movimentos isolados e de forma combinada tais como: flexão e extensão, adução e abdução e rotação interna e externa além da circundução3. Os músculos desempenham papel importante na estabilização do ombro ou em todo corpo. O supraespinhal, o infraespinhal, o subescapular e o redondo menor, são denominados manguito rotador, tem suas origens na escapula e se inserem nas tuberosidades do úmero, estabilizando assim a glenoumeral4.
Estima-se que as lesões do ombro ocasionadas no esporte representam de 8% a 13% do total e que 60% dessas lesões são diagnósticas como luxação, torção ou lesões ligamentares5. Em relação à atividade laboral, segundo dados do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), os resultados demonstram um aumento dos portadores de distúrbios osteomusculares, chegando a 80% de auxilio acidente e aposentadoria por invalidez6.
Segundo Andrade et al.7, a patologia relacionada ao manguito rotador podem ser descritas como intrínsecas (primárias) ou extrínsecas (secundárias). A intrínseca e considerada primária, pois corresponde ao processo degenerativo o qual todo ser humano irá passar, onde os tendões sofrem mudanças, diminuindo assim seu aporte sanguíneo para o manguito rotador ou ocasionado por fatores metabólicos gerados pela própria idade. Já os extrínsecos podem ser descritos como fatores de mudança morfológica do acrômio (curvos, planos e ganchosos) os quais formam esporões acromiais levando a impactação subacromial originando as lesões.
O fisioterapeuta desempenha um papel importante no âmbito do tratamento de educador, ou seja, é de suma importância que o mesmo oriente seu paciente quanto a mudanças de hábitos, obtendo melhora em seu tratamento e que ele seja bem sucedido. Um dos objetivos do tratamento é o alívio da dor, ganho de amplitude de movimento (ADM) e melhora da força muscular (FM), a fim de proporcionar funcionalidade do membro acometido resultando em uma melhor qualidade de vida para o paciente3.
O uso do laser para fins terapêuticos vem sendo vastamente usado e estudado, pois a laserterapia diminui o processo inflamatório acelerando a cicatrização de diferentes tecidos8. Este processo se da pela liberação de substancias pré-formadas como histamina, serotonina e bradicinina causando modificações enzimáticas, fazendo retardar possíveis reações. Ocorrendo essa transformação bioquímica ocorre um aumento do aporte de ATP, liberando mais sódio-potássio através da bomba causando potencial elétrico no interior e exterior celular9.
Sabendo então que a laserterapia desempenha um papel importante no alívio da dor e diminuição do edema através do estimulo a micro circulação (inibindo os esfíncter pré capilares) e ativando a Teoria da Comporta da Dor (pelo estimulo nos mecanorreceptores de grosso calibre inibindo a dor nos nociceptores de pequeno calibre). O objetivo da pesquisa foi verificar se o tratamento com laser AsGa é eficaz na diminuição da dor em pacientes com tendinopatia do supraespinhal.
Metodologia
A presente pesquisa foi classificada como do tipo descritiva - estudo de caso com delineamento longitudinal. Os sujeitos de pesquisa foram 3 pacientes do gênero feminino, com idade entre 40 e 52 anos e média de idade de 47,33 (±5,25) anos o qual realizaram tratamento na Clínica de Ortopedia e Traumatologia Vital Saúde na cidade de Jaraguá do Sul/SC.
Os critérios de inclusão seriam vir com diagnóstico médico de tendinopatia do manguito rotador, exames de ressonância magnética e RX, dor em região do ombro independente se fosse ou não bilateral. Das 5 pacientes selecionadas somente 3 enquadraram-se nos critérios de inclusão, pois as outras 2 pacientes a dor era correspondente a outra patologia não relacionada ao manguito rotador sendo esse o critério de exclusão.
Das 3 pacientes 1 exercia atividade laboral na saúde (enfermeira), 1 era zeladora da própria clinica e a outra merendeira de uma creche. Destas 2 apresentaram dor no ombro direito e 1 bilateralmente. Antes do inicio das avaliações e tratamento, que foram realizados no período de setembro à outubro de 2011, na referida clinica, cada participante assinou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, aceitando participar voluntariamente da pesquisa.
Os instrumentos utilizados foram uma ficha de avaliação já existente na clinica para a coleta da identificação da paciente com nome, data de avaliação, idade, data de nascimento, telefone e profissão. Foi mensurada a dor pela escala visual analógica (EVA) e anotada na referida ficha além de outros procedimentos avaliativos. Um aparelho Endophoton LLT.0107, laser terapêutico AsGa da marca KLD®, com caneta emissora Laser P30P904-050 de radiação laser invisível pulsada, com aplicação pontual sendo depositado 60 mJ em um tempo de 48seg por ponto para o tratamento.
Cada paciente foi pré e pós avaliado e tratado de forma individual, com horário previamente marcado através de contato telefônico. Na pré e pós avaliação e aplicação do laser o paciente deveria estar com o ombro sem vestimenta nenhuma. Isso se dá para que ocorra uma boa avaliação em relação a palpação das estruturas e boa aplicação de maneira mais perpendicular da caneta evitando assim a reflexão e refração. Primeiramente foram coletados os dados de identificação e demais questionamentos e após realizado o tratamento sendo novamente realizado a pós avaliação. Foram realizadas 10 sessões de tratamento com laser entre a pré e pós avaliação.
Após realizado a pré e pós avaliação e o tratamento, foram realizados os levantamentos estatísticos da pesquisa, onde os resultados foram digitados em planilha eletrônica do software “Microsoft Office Excel 2007”. Para a análise descritiva utilizou-se o cálculo da média, desvio padrão e índice de desempenho.
Resultados
A tabela 1 demonstra os resultados pré e pós tratamento das pacientes atendidas em relação a dor avaliadas com a escala visual analógica (EVA) pela média, desvio padrão e índice de desempenho na forma geral e individual somente pelo índice de desempenho.
Tabela 1. Média, desvio padrão e índice de desempenho do ombro direito
Ao analisar a tabela 1 vemos que as três pacientes pesquisadas apresentaram uma melhora pelo índice de desempenho de 63% em relação à dor. Já de forma individual a paciente 1 apresentou melhora de 75% do quadro álgico, porém observa-se que das 3 pacientes está foi a única que se encontrava afastada de suas atividades laborais.
A tabela 2 demonstra os resultados pré e pós tratamento da paciente atendida em relação a dor avaliada com a escala visual analógica (EVA) pelo índice de desempenho individualmente.
Tabela 2. Índice de desempenho do ombro esquerdo
Esta paciente demonstrada na tabela 2 apresentava tendinopatia do manguito rotador bilateralmente. No término das dez (10) sessões ao avalia lá novamente, a mesma relatou redução do quadro álgico de 43% pelo índice de desempenho conforme se observa na tabela acima conseguindo elevar seu braço o qual antes não era possível devido a dor.
Discussão
O presente estudo corrobora com os estudos realizados por Marcolino et al.10; Borges et al.11; Netto et al.12; Borato et al.13 e Shibata et al.14 que comentam dos efeitos analgésicos e antiinflamatórios do laser de baixa potência.
Dentre os recursos fisioterapêuticos, destaca-se a utilização do laser de baixa potência (AsGa), o qual apresenta efeitos como a diminuição do processo inflamatório, através da inibição de fatores quimiotáticos, modulação dos níveis de prostagladinas, analgesia pelo aumento das endorfinas, aumento do limiar da dor pela teoria da comporta da dor, aumento da microcirculação local do sistema linfático entre outros15;16.
Gonçalves et al.17 comenta que a fisioterapia propicia tratamento e recuperação dos tecidos orgânicos lesados por vários métodos e técnicas com o objetivo de melhorar o bem-estar físico do individuo. Quando aplicado a laserterapia as células se multiplicam fazendo com que ocorra aumento do metabolismo, isto é possível devido a radiação que vai diretamente à cadeia transportadora de elétrons, acelerando o potencial elétrico através da membrana mitocondrial, promovendo a produção de ATP e ativando a síntese de ácidos nucléicos deixando o metabolismo super acelerado.
Em um estudo de Casalechi et al.18 foi realizado uma comparação entre a laserterapia, ultrasom terapêutico e eletroestimulação. Observou-se que a laserterapia propicia intensa estimulação na formação de fibroblastos e concentração de síntese de colágeno no tecido lesado quando utilizado o laser AsGa com uma dose de 1 J/cm².
Souza et al.19 verificou os efeitos dos diferentes recursos eletrotermoterapêuticos (laser AsGa, infravermelho e cinesioterapia) na variável dor avaliada pela escala CR10 de Borg, em 103 indivíduos com Síndrome do Impacto do Ombro de ambos os sexos com idade entre 40 e 65 anos na cidade de Viçosa-MG. Os resultados demonstraram a eficácia do laser no tratamento da diminuição da dor nos portadores da síndrome em relação as outras técnicas utilizadas.
Em outro estudo realizado também por Souza et al.20 que analisou os efeitos da cinesioterapia associada à aplicação do laser AsGa para a dor, amplitude de movimento em indivíduos com síndrome do impacto. Foram avaliados 69 indivíduos de ambos os sexos de Viçosa-MG, a dor foi avaliada pela escala CR10 de Borg e a amplitude pela goniometria. A análise estatística da dor foi pelo teste de Friedman seguido pelo teste de Wilcoxon para identificar as diferenças significativas. Os resultados mostraram que houve uma melhora significativa nas variáveis de dor e amplitude de movimento quando associado a cinesioterapia e o laser.
No estudo realizado por Tricca et al.21 na Itália o qual utilizou a laserterapia (AsGa) na síndrome do impacto em 68 pacientes que apresentavam dor também avaliados pela escala visual analógica como no presente estudo se observou nos resultados melhora da sensação dolorosa referida pelos pacientes.
Porém na pesquisa realizada por Machado et al.22 o qual testou à eficácia do laser AsGa na recuperação de lesões tendineas em equinos utilizando uma dosimetria de 1,5J/cm² durante 10, 20 e 50 dias após procedimento cirúrgico não se observou avaliações significativas na análise histológica entre o membro tratado e o membro controle, o que não corrobora com a presente pesquisa que evidenciou melhora do quadro álgico.
Considerações finais
Após a realização do presente estudo se observou que as 3 pacientes tratadas com laserterapia obtiveram melhora significante do quadro álgico identificado pelo índice de desempenho. Esses resultados poderiam ser melhores se as pacientes no período de tratamento realizassem diminuição de suas atividades laborais, porém não foi possível. Este estudo apresentou limitações como o baixo número de pacientes que aderiram ao tratamento não se podendo assim generalizar os dados encontrados. Salienta-se, no entanto, que foi possível observar a correlação procurada no objetivo da pesquisa que foi verificar se o tratamento com laser AsGa é eficaz na diminuição da dor em pacientes com tendinopatia do supraespinhal. O presente estudo pode contribuir para dar suporte à evidência de que o laser AsGa foi eficaz no tratamento.
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