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Necessidades de formação dos treinadores para o voleibol atual

Las necesidades de formación de los entrenadores en el voleibol actual

 

*Especialista. Colégio Militar, Belo Horizonte, MG.

**Especialista. Colégio Santo Agostinho, Belo Horizonte, MG.

*** Mestre. Colégio Militar, Belo Horizonte, MG.

*****Doutor. Faculdade de Motricidade Humana, Lisboa, PT

(Brasil)

Weberson Martins de Oliveira*

Alexandre Silva de Oliveira**

Maria Elisa Guimarães Rocha de Oliveira***

Flávio Márcio Marinho***

Carlos Alberto Serrão dos Santos Januário****

marinhofm@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O presente estudo teve como objetivos identificar as necessidades de formação percebidas pelos treinadores de voleibol, em relação as áreas de formação e suas competências, alem identificar as ações de formação que os treinadores de voleibol vêm buscando para seu desenvolvimento profissional. A amostra foi composta por 38 treinadores de voleibol, sendo 7 das categorias de base das seleções brasileiras e de 31 treinadores que atuam nas regiões Sudeste e Sul do país. A coleta de dados ocorreu em duas fases: a primeira através de questionário sobre as necessidades de formação e a segunda através de entrevista de aprofundamento. Como resultados indentificamos que todas as áreas de formação são consideradas necessárias ou muito necessárias e as competências de Conhecimento do Conteúdo estão relacionadas a rápida evolução do Voleibol.

          Unitermos: Educação Física. Voleibol. Treinadores. Necessidades de formação.

 

Recepção: 30/07/2014 - Aceitação: 15/11/2014

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 202, Marzo de 2015. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Segundo Durrwachter (1984), o jogo de voleibol apresenta volumosas exigências táticas e técnicas, verificadas por rápidas trocas de situação de jogo.

    Tais exigências repercutiram em novas necessidades na formação dos treinadores em relação às mudanças e inovações nos campos técnico, tático, físico e psicológico. Isso nos remete a Marcelo (1992), que diz que um bom domínio do conhecimento didático do conteúdo pode facilitar a aprendizagem através de explicações, demonstrações e planejamento do conteúdo. Buchmann (s/d, cit. in Marcelo, 1992) relata que devemos ter um conhecimento do conteudo com a profundidade que nos permita conseguir organizá-lo mentalmente, a ponto de poder ensiná-lo.

    Essas necessidades são individuais e/ou coletivas, o que permite dirigir a formação dos treinadores face às novas demandas da prática profissional. Segundo Ramalho e Nuñez (2001), uma formação sem direção e sem conhecimento das suas necessidades reais não se ajusta às mudanças, que exigem cada vez mais uma ação criadora na sua preparação, de acordo com a perspectiva do desenvolvimento da profissionalidade. As necessidades têm sua origem na prática do profissional, neste caso, o treinador, o que, como categoria norteadora, remete à necessidade de pesquisar seu cotidiano profissional e pessoal.

    Diante disso, o objetivo do presente estudo foi identificar as necessidades de formação percebidas pelos treinadores de voleibol e suas respectivas ações de formação para desenvolvimento profissional.

Metodologia

    A determinação das necessidades constitui uma pesquisa orientada para identificar junto aos treinadores as competências, as habilidades reais e as desejadas, com o intuito de se construir modelos de desenvolvimento profissional e de melhorar a prestação esportiva. A técnica de análise de necessidades de formação mais utilizada tem sido o questionário (Silva, 2000), por abranger, em pouco tempo, um número considerável de pessoas e o tratamento dos dados recolhidos não oferecer grandes dificuldades. Participaram do estudo 38 treinadores, distribuídos em dois grupos:

  1. 31 treinadores de Voleibol competitivo, atuando em clubes ou escolas, da região sul e sudeste do Brasil (14 com especialização em treinamento, 14 com graduação em Educação Física, 2 com mestrado e 1 com doutorado);

  2. 7 treinadores das comissões técnicas das categorias de base infanto-juvenil e juvenil da seleção brasileira de voleibol (3 com especialização em treinamento, 1 com graduação em Educação Física e 3 com mestrado; um dos entrevistados não completou a graduação em Educação Física, mas é graduado em Administração e possui mestrado na área de Finanças).

    O estudo apresentou duas fases. Na primeira utilizou-se o questionário, adaptado de Ferro (2005). Neste questionário os voluntários responderam a perguntas sobre áreas de formação profissional, dentro do conteúdo Voleibol e as Funções/Competências do treinador seguindo a seguinte escala: Para as áreas de formação profissional dentro do conteúdo voleibol assinalaram como área – (1) Não necessária, (2) Pouco necessária, (3) Necessária, (4) Muito necessária. Para as Funções/Competências do treinador assinalaram como - (1) Necessidade não sentida, (2) Necessidade pouco sentida, (3) Necessidade sentida, (4) Necessidade muito sentida. Na segunda fase realizou-se a entrevista de aprofundamento aos treinadores das categorias de base da seleção brasileira de voleibol, por julgar que estes têm melhores condições de opnar sobre o voleibol nacional, já que para montar as seleções nacionais devem garimpar atletas em várias regiões do país conhecendo as várias possibilidades e necessidades do voleibol nacional. As questões foram tratadas por análise de conteúdo pela técnica de análise temática, buscando aprofundar o universo das necessidades de formação, tornando possível uma análise crítica e compreensiva. O guião foi elaborado a partir do questionário, com o objetivo de elucidar questões menos claras sobre as necessidades dos treinadores e aprofundar aspectos mais complexos no contexto em que atuam, fundamentadas nos objetivos do estudo e na revisão de literatura. Para Triviños (1987), a coleta de dados por meio desse tipo de entrevista, parte de certos questionamentos básicos, fundamentados em teorias, que interessam à pesquisa e que possibilitam um amplo campo de interrogativas.

Análise estatística

    Utilizou-se a estatística descritiva básica para descrever e analisar a distribuição de freqüência das variáveis. Para verificar-se a relação existente entre as variáveis de estudo em questão, foi utilizado o teste de qui-quadrado, o qual verifica a dependência ou associação entre as variáveis categóricas. Os testes foram realizados ao nível de 5% de significância.

Resultados

    Os resultados do questionário foram apresentados em frequência, apontando dados que foram confrontados entre si e, posteriormente, com a análise das entrevistas.

    A tabela 1 apresenta a frequência de ações de formação na área técnica de voleibol. De acordo com a análise dos questionários, 98% das respostas mostrou que os treinadores tiveram, no mínimo, uma ação de formação nos últimos três anos na área técnica de Voleibol.

Tabela 1. Modalidades de ações de formação na área técnica de voleibol

    Em relação aos entrevistados, mais de 85% deles acreditam que apenas a formação inicial não é um pré-requisito para uma boa atuação como treinador de voleibol. É possível perceber que a maioria dos treinadores buscou ações complementares, a fim de obterem uma melhora em sua atuação. Na tabela 2 são apresentadas as modalidades que segundo os resultados dos questionários apresentaram maior aquisição de conhecimento.

Tabela 2. Modalidades que forneceram maior aquisição de conhecimento e de competências

    Dentre as ações complementares, foi possível destacar as de menor duração como palestras, seminários e atualizações, além de acompanhamentos e estágios com profissionais experientes ou de renome na área do Voleibol.

    A tabela 3 apresenta as modalidades de formação na área de treinamento não diretamente ligadas ao voleibol.

Tabela 3. Modalidades de ações de formação na área de treinamento

    Foi possível perceber que a maioria dos treinadores buscou uma formação fora da especificidade do Voleibol tais como, psicologia do esporte, nutrição, treinamento desportivo e fisiologia do esporte, a fim de complementar e ampliar sua intervenção, principalmente na iniciação e com jovens.

Cruzamento das áreas de formação profissional dentro do conteúdo voleibol e funções do treinador/competências profissionais

    Com relação às Áreas de Formação Profissional e às Funções/Competências dos treinadores de voleibol observamos através da estatística do qui-quadrado, que algumas competências necessárias ao treinador de Voleibol estão diretamente associadas a áreas de formação. Para facilitar o entendimento essas Funções/Competências foram nomeadas de F1 a F47. Abaixo se encontram os resultados dessas variáveis tomadas como dependentes.

    Para a relação entre a função profissional de Identificar elementos críticos das habilidades motoras e combinar progressões pedagógicas que promovam aprendizagens (F1) e o Conhecimento de Conteúdo se apresentou da seguinte maneira: Aqueles que perceberam a área como “muito necessária” sentiram F1 como uma “necessidade sentida” ou “muito sentida”.

    A área Comunicação apresentou dependência com a Competência de descrever e implementar estratégias para aumentar a interação de comunicação entre os alunos/atletas (F18). As percepções da área de Comunicação tidas como “pouco necessária”, “necessária” ou “muito necessária” se relacionaram com F18, apresentando maior concentração como necessidade “sentida” ou muito sentida”.

    Observou-se que quando a área de Planejamento e Instrução é vista como “necessária” ou “muito necessária”, há uma concentração maior em F20 (Planejamento a curto e longo prazo) como necessidade “sentida” ou “muito sentida”. Vale ressaltar que, mesmo aqueles que têm o Planejamento e Instrução como área “pouco necessária” consideraram F20 como necessidade sentida.

    Na área de Planejamento e Instrução, tida como área “necessária”, viu-se uma concentração em relação a F26 (Utilização de demonstração e instrução que liguem conceitos e efeitos da atividade física, em experiências de aprendizagem adequadas ao Voleibol), como necessidade “sentida” e “pouco sentida”. No entanto para “muito necessária” ocorre uma maior concentração em necessidade “sentida” e “muito sentida”.

    Ainda na área de Planejamento e Instrução, vimos uma maior concentração daqueles que a viram como necessária em F27 (Utilização de um repertório diversificado de instruções pertinentes, diretas e indiretas, que promovam a aprendizagem do Voleibol) como necessidade “sentida” e “muito sentida”.

    Em relação à área Avaliação dos Alunos e a competência profissional F30 (Interpretar e usar dados da aprendizagem e desempenho, na tomada de decisões durante as aulas, treinos, jogos e planejamento futuro), para aqueles que consideraram a área como “necessária” ou “muito necessária” houve maior concentração de F30, em necessidade “muito sentida” ou “sentida”.

    Foi encontrada uma relação entre Reflexão e a competência F31 (Refletir sobre as concepções de ensino do voleibol, justificar e analisar os resultados, metas de ensino e implementação de inovações). Quando a Reflexão é tida como necessária, F31 apresentou uma concentração maior em necessidade “sentida”, seguida de necessidade “pouco sentida”. Já a coluna em que a área Reflexão foi considerada “muito necessária” F31 concentra-se em “necessidade sentida” e “muito sentida”.

    A área Tecnologia está relacionada com a competência F34 (Demonstrar conhecimentos atualizados de aplicações informáticas para o treinamento de Voleibol). Quando a Tecnologia foi vista como uma área “necessária/muito necessária”, a competência F34 apresentou uma concentração em necessidade “sentida” e “muito sentida” para esses treinadores.

    Foi encontrada também uma relação de dependência entre a área de formação ligada ao Trabalho Colaborativo e a competência F38 (Identificar e procurar recursos na comunidade que aumentem as oportunidades de promoção do voleibol). Os treinadores que consideraram o Trabalho Colaborativo “muito necessário” houve uma maior concentração em necessidade “muito sentida”.

    A partir do conteúdo das entrevistas realizadas aos 7 treinadores das categorias de base das seleções brasileiras de Voleibol, se apresenta os dados mais relevantes. As entrevistas foram divididas em temas, sendo estes categorizados para facilitar sua análise e entendimento.

    No quadro 1 observamos a forma de ingresso no voleibol dos entrevistados. Podemos perceber que 5 dos 7 entrevistados foram ex-atletas da modalidade, o que, segundo os resultados dos questionários, é uma facilidade para o acesso a treinadores mais experientes nos estágios e acompanhamentos.

Quadro 1. Ingresso no Voleibol

    No quadro 2 temos as ações de formação complementar procuradas pelos entrevistados, sendo os cursos, acompanhamentos e estágios as mais procuradas.

Quadro 2. Complementação da formação acadêmica

    Para o quadro 3 temos a importância dada a essas ações complementares de formação, com destaque para os acompanhamentos e estágios.

Quadro 3. Percepção da importância das ações complementares de formação

    Assim como no quadro 3, onde a importância dada aos acompanhamentos e estágios foi destacada, no quadro 4 estas ações estão evidenciadas como as mais proveitosas.

Quadro 4. Ações complementares de formação de maior proveito

    A relevância do conhecimento dos conteúdos e dos conceitos aplicados ao voleibol com jovens apresentou em destaque duas categorias que são apresentadas no quadro 5.

Quadro 5. Relevância do conhecimento dos conteúdos e dos conceitos aplicados ao voleibol com jovens

    O planejamento e avaliação foram subdivididos em quatro categorias, não havendo maior destaque para nenhuma delas e sua distribuição está apresentada no quadro 6.

Quadro 6. Avaliação e planejamento

    Quanto aos aspecos relevantes para o treinamento com jovens apresentados no quadro 7, subdividiu-se em oito categorias com destaque para conhecimento das habilidades motoras, progressões didático-pedagógicas, clareza nas Instruções, estratégias de motivação como ferramenta para melhorar o desempenho e feedback contínuo que foram citadas por três entrevistados.

Quadro 7. Aspectos relevantes para o treinamento com jovens

Discussão de resultados

    Para Bompa (2002), a teoria e a metodologia do treinamento são áreas extensas, cabendo ao treinador distinguir dentre as informações disponíveis em cada ciência, as mais pertinentes à organização do seu trabalho, cujos fundamentos são os princípios do treinamento desportivo. Portanto, para acompanhar a evolução do Voleibol, os treinadores buscam formações, além da modalidade específica.

    Dentre as áreas de formação profissional e as funções/competências dos treinadores listadas no questionário, percebeu-se que todas são essenciais para o desenvolvimento do treinador. Porém, foram analisadas com maior ênfase aquelas sentidas pelos treinadores como necessárias/muito necessárias, em associação com as categorias apresentadas nas entrevistas, para assim se destacar os pontos importantes que poderão ser reforçados nos cursos de formação inicial e continuada.

    Na sociedade do conhecimento é necessário que o treinador reformule suas concepções e entenda como diz Nóvoa (2002), que ter domínio de seu conteúdo e habilidade para comunicação com seus alunos não é suficiente, é preciso desenvolver outras competências em favor da melhoria do ensino/aprendizagem dentro de áreas da formação, que vão desde o conhecimento do conteúdo até ao conhecimento tecnológico e ao trabalho colaborativo.

    Com base nos resultados encontrados percebeu-se que os treinadores de Voleibol estão buscando ações de formação (seminários, palestras e especializações, entre outros), procurando um conhecimento específico atualizado, proporcionando mudanças conceituais, novas abordagens e propostas para o ensino do Voleibol. As ações de formação buscadas pelos treinadores se caracterizam como de curta duração. Tais ações, geralmente, têm um custo mais baixo, sendo mais acessível para a maioria dos treinadores: considerando uma agenda de jogos intensa, a curta duração favorece a participação dos treinadores. Segundo Ramalho e Nuñez (2001), de acordo com a perspectiva do desenvolvimento da profissionalidade, que exigem cada vez mais uma ação criadora na sua preparação uma formação sem direção e sem conhecimento das suas necessidades reais não se ajusta às mudanças. Corroborando com estes autores, os resultados encontrados apontaram que as competências do Conhecimento do Conteúdo, área de formação percebida como necessária/muito necessária, relacionam-se com a rápida evolução do Voleibol nos últimos anos, dentro do contexto tático, físico e em suas regras. Por isso, os treinadores têm que passar por constantes atualizações do conteúdo, principalmente os que estão atuando há mais tempo.

    Outra área da formação considerada como necessária ou muito necessária é a de Desenvolvimento e Diversidade que se relacionou com identificar, selecionar e implementar atividades adaptadas ao desenvolvimento do atleta, instruções adequadas à experiência anterior, características pessoais e necessidades específicas de cada atleta dentro do Voleibol e ainda, a utilização de estratégias e recursos adequados a diferentes necessidades que promovam situações de aprendizagem no Voleibol. Percebeu-se também uma preocupação dos treinadores em relação à dosagem das cargas de trabalho, relacionando-as com a faixa etária dos atletas. Isso nos remete a Marcelo (1992), que diz que o professor deve possuir um domínio do conhecimento didático do conteúdo para facilitar a aprendizagem por intermédio de explicações, demonstrações e formulação do conteúdo. Estes fatores devem ser observados, concomitantemente, ao conhecimento acerca dos alunos e do contexto onde estão inseridos.

    Segundo Durrwachter (1984), o jogo de voleibol apresenta volumosas exigências táticas e técnicas, verificadas por rápidas trocas de situação de jogo. Percebe-se, assim, a necessidade de um bom trabalho de comunicação. Os voluntários do presente trabalho destacaram como necessidade sentida ou muito sentida a competência de descrever e implementar estratégias para aumentar a interação de comunicação entre os atletas. Essa competência pode estar em evidência devido às características coletivas da modalidade.

    Planejar e implementar estratégias adaptadas ao desenvolvimento técnico e físico dos atletas no voleibol relacionou-se com o conhecimento do conteúdo. Destaca-se nessa área a competência de planejar a curto e a longo prazo, tendo em conta as necessidades dos atletas, os programas e as metas a atingir. Buchmann (s/d, cit. in Marcelo, 1992) relata que o conhecimento aprofundado do conteúdo nos permite organizá-lo mentalmente, nos preparando para ensiná-lo.

    A Reflexão sobre sua prática pedagógica e a avaliação dos efeitos da sua ação, procurando oportunidades para seu desenvolvimento profissional, é outra área de formação percebida como necessária/muito necessária. Relacionou-se também com o planejamento e avaliação, proporcionando uma constante construção e reconstrução das situações e propostas, a fim de alcançar melhores resultados de desenvolvimento dos atletas e do grupo.

    A Tecnologia foi outra área da formação percebida como necessária/muito necessária pelos inquiridos. Dentro do planejamento percebeu-se a utilização da tecnologia, ao criar planilhas para controle das sessões de treinamento, seu volume e intensidade. Dentro das avaliações percebeu-se o surgimento de novas tecnologias informáticas, permitindo a realização de testes, cada vez mais específicos e aplicáveis ao Voleibol.

    Por fim, o Trabalho Colaborativo também foi uma área de formação percebida como necessária/muito necessária. Relacionar-se positivamente com colegas, pais e instituições ligadas ao voleibol, no apoio ao desenvolvimento dos atletas, para que estes tenham tranquilidade para a prática do esporte e, consequentemente, poderem alcançar suas metas individuais e coletivas. Gimeno Sacristán e Pérez Goméz (1998) observam que o professor intervém num meio ecológico complexo, delimitado pela escola/clube/instituição e pela sala de aula/ginásio.

Conclusões

    Os treinadores de Voleibol percebem necessidades de formação para sua atuação, mas nem a graduação em Educação Física, nem os cursos de nivelamento da CBV (Confederação Brasileira de Voleibol) são capazes, por si só, de suprir essas necessidades, o que vem realçar o papel e a necessidade de um sistema de formação continuada ao longo da vida profissional.

    Então, a fim de suprir tais necessidades, os treinadores buscam ações complementares de formação (seminários, palestras, oficinas, pós-graduações, estágios, acompanhamentos, entre outras). São preferidas pelos treinadores as ações de curto prazo de duração, de menor custo e de maior acessibilidade (como os cursos de nivelamento da CBV, as palestras e os seminários).

    É possível entender que se deva ter o foco em programas de formação inicial e continuada que possibilitem o trabalho da troca de experiências com outros treinadores. As ações relacionadas com a troca de experiência com outros profissionais foram mais valorizadas do que aquelas voltadas a conteúdos apenas teóricos.

    De acordo com os dados dos questionários e das entrevistas, foi possível perceber que a maioria dos treinadores buscou formação fora da especificidade do Voleibol, a fim de complementar e ampliar suas intervenções, principalmente, na iniciação e com jovens.

    Os treinadores acreditam que o bom conhecimento das áreas de formação dentro do conteúdo Voleibol, pode ampliar sua capacidade de intervenção no treinamento. Logo, essas áreas de formação podem ser melhor trabalhadas na formação inicial, a fim de minimizar as lacunas encontradas pelos treinadores na sua atuação.

    É importante ressaltar que as necessidades sentidas, muitas vezes foram comuns, independente do nível de atuação, não havendo diferença entre os treinadores que atuam na seleção brasileira e os treinadores que atuam na região Sudeste e Sul do Brasil.

Referências

  • Bompa, T. Periodização: Teoria e metodologia do treinamento. São Paulo: Phorte Editora, 2002.

  • Durrwachter, G. Voleibol: treinar jogando. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1984.

  • Fernandes, D. Avaliação na Escola Básica Obrigatória: Fundamentos para uma Mudança de Práticas. In: Pedro da Cunha (org.), Educação em Debate, pp. 275-294. Lisboa: Universidade Católica Portuguesa, 1997.

  • Ferro, F. A percepção da importância da formação contínua como factor de desenvolvimento curricular na superação das necessidades de formação dos professores de Educação Física. 2005. 108 f. Dissertação de mestrado. Faculdade de Motricidade Humana, Universidade Técnica de Lisboa, 2005.

  • Kaufman, R. A. Planificación de Sistemas Educativos. Ideas básicas concretas. México: Editorial Trillas, 1973.

  • Marcelo, C. Como conocen los profesores la materia que enseñan. Algunas contribuciones de la investigación sobre conocimiento didáctico del contenido. In: Congresso ‘Las didácticas específicas en la formación del profesorado’, Santiago de Compostela, 6-10 julio, 1992.

  • Novoa, A. O espaço público da Educação: imagens, narrativas e dilemas. In: AAVV, Espaços de Educação, tempos de formação. Lisboa. Fundação Calouste Gulbenkian, p. 237-263, 2002.

  • Ramalho, B. L. ; Nuñez, I. B. Relatório Consultoria ao Centro Federal de Educação Tecnológica do RN (CEFET/RN). Mimeo. Natal, 2001.

  • Rodrigues, A. ; Esteves, M.. A análise das necessidades na formação de professores. Lisboa: Porto Editora, 1993.

  • Gimeno Sacristán, J.; Pérez Gómez, A. Compreender e Transformar o Ensino. 4ª ed. Porto Alegre: ArtMed, 1998.

  • Silva, M. O. E. A Análise de Necessidades de Formação na Formação Contínua de Professores: Um Caminho para a Integração Escolar. 2000. 286 f. Tese (Doutorado)- Faculdade de Educação, USP. São Paulo, 2000.

  • Triviños, A. Introdução à pesquisa em ciências sociais: A pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987.

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