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Fibromialgia: Relato de experiência

Fibromialgia: Relato de experiencia

 

*Fisioterapeuta e Professor

**Aluna do Curso de Fisioterapia

(Brasil)

João Rafael Sauzem Machado*

Veronica Jocasta Casarotto**

Caliandra Letiere Coelho Dias**

veronica_casarotto@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Objetivo conhecer/explorar através de um relato de experiência as técnicas fisioterapêuticas utilizadas no tratamento de uma paciente com fibromialgia. Trata-se de um estudo descritivo com abordagem qualitativa. Dos 18 pontos da fibromialgia, a paciente J.K tem os 16 pontos da fibromialgia, sendo que a principal queixa foi dor corporal e diminuição do seu desempenho das atividades de vida diária. Concluímos então que pacientes com fibromialgia devem ser tratadas com a multidisciplinaridade onde entram o médico, fisioterapeuta, psicólogo dentre outros.

          Unitermos: Fibromialgia. Técnicas fisioterapêuticas. Multidisciplinaridade.

 

Recepção: 20/10/2014 - Aceitação: 27/01/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 202, Marzo de 2015. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A fibromialgia (FM) é uma das doenças reumatológicas mais freqüentes, cuja característica principal é a dor musculoesquelética difusa e crônica e pela presença de sítios dolorosos à palpação (tender points) (HEYMANN et al., 2010; BRESSAN et al., 2008; SANTOS, 2006).

    Em um estudo realizado no Brasil, a fibromialgia foi a segunda doença reumatológica mais freqüente. A prevalência de 2,5% na população, sendo a maioria do sexo feminino, das quais 40,8% se encontravam entre 35 e 44 anos de idade (HEYMANN et al., 2010).

    Com causa desconhecida, de caráter multifatorial e com difícil tratamento, vários aspectos podem estar associados com o desencadeamento da FM. Disfunção do sistema nervoso autônomo (BELLATO et al., 2012) com alterações nos padrões basais de eixos neuroendócrinos em resposta ao estresse (MARTINEZ-LAVIN, 2002), e fatores psicossociais juntamente com aspectos familiares e outras co-morbidades parecem ser os fatores que mais contribuem para a manifestação clínica da FM (WIERWILLE, 2011).

    Além do quadro doloroso, estes pacientes costumam queixar se de fadiga, distúrbios do sono, rigidez matinal, parestesias de extremidades, sensação subjetiva de edema e distúrbios cognitivos. É freqüente a associação a outras comorbidades, que contribuem com o sofrimento e a piora da qualidade de vida destes pacientes. Dentre as comorbidades mais freqüentes podemos citar a depressão, a ansiedade, a síndrome da fadiga crônica, a síndrome miofascial, a síndrome do cólon irritável e a síndrome uretral inespecífica (HEYMANN et al., 2010; BRESSAN et al., 2008; SANTOS, 2006).

    Estudos mostram que exercícios aeróbios trazem benefícios físicos como diminuição da tensão muscular, disfunção física e dor. Os benefícios psicológicos incluem melhora da autoestima e diminuição da depressão e ansiedade. Os exercícios aeróbios incluem caminhada, bicicleta, jogos em grupo, alongamento e fortalecimento musculares sendo estes supervisionados. Devido ao caráter crônico da FM e a presença constante dos sintomas associados, é importante encontrar tratamentos efetivos, baseados em exercícios de alongamento ou condicionamento físico, que minimizem seu impacto no cotidiano dos pacientes (BRESSANN et al., 2008).

    Mosmann (2006) relata que exercícios aeróbicos de baixo impacto como a caminhada, a hidroterapia, exercícios na bicicleta ergométrica, melhoram o condicionamento muscular que podem levar a menos micro traumas, melhorando o sono restaurador e aumentando as endorfinas endógenas dentro do sistema nervoso central (SNC).

    Rocha (2006) cita vários estudos que têm sido realizados com o intuito de verificar a influência de modalidades terapêuticas não medicamentosas para o controle da sintomatologia da fibromialgia e, dentre eles, estão terapias cognitivo comportamentais, exercícios aeróbicos, técnicas de alongamentos, pompagens, exercícios de alongamento, hidroterapia e massagem, desde que sejam leves, sem pressionar demais os músculos para não agravar as dores.

    Ricci, Dias, Driusso (2010) cita como tratamento a eletrotermofototerapia como parte do programa global de reabilitação, prin­cipalmente para alívio da dor. Com a redução da dor, há, con­seqüentemente, aumento na amplitude de movimento, força muscular, mobilidade, resistência física, habilidade de andar e estado funcional. Desse modo, teoricamente, a eletrotermo­fototerapia pode trazer benefícios aos pacientes com a FM. Além disso, esses recursos oferecem muitas vantagens, pois são intervenções não invasivas e rápidas de administrar, resul­tando em poucos efeitos adversos e contraindicações.

    Além do tratamento fisioterapêutico é importante à atuação de outros profissionais na reabilitação do paciente com fibromialgia, como médicos, preparadores físicos e psicólogos. Desta forma considera-se importante ter um programa multidisciplinar para acompanhar o tratamento deste paciente para que haja assim uma melhor estratégia de reabilitação buscando uma melhoria nos resultados com satisfação do paciente e da equipe de saúde (MOSMANN, 2006).

    Este estudo consiste em conhecer/explorar através de um relato de experiência as técnicas fisioterapêuticas utilizadas no tratamento de uma paciente com fibromialgia.

Metodologia

    Trata-se de um estudo descritivo com abordagem qualitativa. O estudo caracteriza-se por ser uma pesquisa descritiva que “têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis” (GIL, 1999 p. 44). E segundo Cauduro (2004) a pesquisa qualitativa é aquela que procura explorar a fundo conceitos, atitudes, comportamentos, opiniões e atributos do universo pesquisado, avaliando aspectos emocionais e intencionais, implícitos nas opiniões dos sujeitos da pesquisa, empregando entrevistas individuais, técnicas de discussão em grupo, observações e estudo documental. O presente estudo foi desenvolvido na disciplina de Saúde do Adulto do 6°semestre do curso de Fisioterapia do Centro Universitário Franciscano na cidade de Santa Maria, RS. A disciplina é dividida em três campos de estágio onde cada um possui sete encontros que são realizados nas segundas e quartas-feiras das 15h30min até às 18h onde é atendido dois pacientes em cada dia com uma sessão de 50 minutos cada, no ano de 2013.

    O estudo deu-se inicio com uma pesquisa com base de dados no SCIELO e GOOGLE acadêmico, dando assim o inicio da procuro de artigos conforme o tema que ocorreu nos meses de março e abril de 2013, com artigos com o ano a partir 2006. Os critérios de inclusão foram diagnostico médico de fibromialgia confirmado pelo atestado médico e a avaliação do fisioterapeuta pela palpação dos pontos (tender points) e como critério de exclusão pacientes que não atendessem aos critérios de inclusão. Para a realização deste estudo a paciente participou de modo voluntário após esclarecimento verbal dando-se inicio a avaliação da dor pela escala de Escala Visual Analógica (EVA) e logo após avaliação do fisioterapeuta pela palpação dos pontos fibromiálgicos. O teste é feito pela palpação digito pressão dos 18 pontos pelo polegar aplicando uma força de 4 kg sendo que a paciente tem que apresentar 11 pontos de dor, segundo o colégio Americano de Reumatologia (LESLIE, 2010) que vão ser marcados no desenho os pontos.

Resultados e discussão

    Os nove pares de pontos dolorosos são anatomicamente dispostos conforme critérios do Colégio Americano de reumatologia:

    No desenho esta mostrando os 18 pontos FM frente e de costas, onde esta circulado mostra que a paciente J.K tem os 16 pontos da fibromialgia, sendo que a principal queixa foi dor corporal e diminuição do seu desempenho da atividades de vida diária (AVD's). Além disso, relatou que há oito anos iniciou os sintomas e vem passando por vários problemas familiares tendo sido encaminhada para a psicologia para uma avaliação e possível acompanhamento.

    Na maioria dos casos, os sintomas interferem na qualidade de vida, causando um impacto negativo e a tendência é que a pessoa fique cada vez mais afastada do convívio social (ROCHA, 2006) assim acarretando problemas sociais e psicológicos.

    A paciente realiza tratamento fisioterapêutico há dois anos no Laboratório de práticas da Fisioterapia (LEP), sendo segundo seu relato satisfatório. Este fato possibilita que a mesma realizar seu trabalho de costureira.

    Como condutas fisioterapêuticas foram adotadas com a J.K. as seguintes medidas:

Objetivos

Condutas

Manter a ADM/flexibilidade 

(SANTOS e ARAUJO, 2003)

Através de exercícios de isostretching; liberação miofascial; alongamentos da musculatura: dos músculos paravertebrais; iliopsoas, ísquios tibiais, peitoral, quadríceps, tríceps sural, quadrado lombar, oblíquos etc.

Melhorar força muscular 

(CARDOSO, CURTOLO, NATOUR, JUNIOR, 2011).

Através de exercícios isotônicos e/ou isométricos dos extensores e flexores do quadril, extensores e flexores de ombro, adutores e abdutores de ombro, abdominal, peitoral, bíceps e tríceps com auxílio do espaldar, bolas suíças, theraband, bastão, halteres.

Melhorar condicionamento cardiorrespiratório

(BATES e HANSON, 1998; WEINSTEIN; BUCKWALTER, 2000).

Através de exercícios na bicicleta ergométrica e esteira.

Melhorar o quadro álgico / Relaxamento corporal (RICCI, DIAS, DRIUSSO, 2010).

Através da eletroterapia o laser.

Relaxamento corporal 

(MAEDA et al, 2006; DANTAS e JUNIOR 2006)

Através da massoterapia, favorecer a analgesia dos tender points.

    Os exercícios objetivaram alongar os seguintes músculos: isquiotibiais, tríceps da perna, glúteos, paravertebrais, peitorais maior e menor, trapézios e músculos respiratórios. Os exercícios foram realizados com as pacientes deitadas, em pé e sentada. Os músculos peitorais e trapézio foram realizados na posição sentada. Os exercícios foram ensinados de modo gradativo e foram repetidos em média oito vezes e duração de 20 segundos, no qual paciente relatava uma pequena.

    Cardoso et al. (2011), relatou que o impacto da dor muscular crônica nas atividades diárias e importante e que a redução na forca muscular poderia contribuir para a diminuição na capacidade de realizar o trabalho. No estudo constam que pacientes com FM tem redução na forca voluntaria máxima e que a dor pode ser parcialmente a responsável por tal achado, paciente relatava que com estes exercícios ela sentia.

    O laser de baixa potência, proposto nos estudos desta revisão, é amplamente utilizado em pacientes com desordens osteomioarticulares. Dentre os principais efeitos terapêuticos desse tipo de laser, encontram-se a ação anti-inflamatória, a analgesia e a modulação da atividade celular. Para a fibromialgia, o laser é recomendado, principalmente, para o alívio da dor. Como a dor crônica está intimamente relacionada com os outros sintomas da SFM, acredita-se que sua redução causaria um efeito cascata para a melhora dos demais. Vale ressaltar que os efeitos dessa terapia são doses dependentes, e elas variam amplamente de 1 a 23 J/cm² (RICCI, DIAS, DRIUSSO, 2010). Após esta terapia a paciente relatou um grande alivio da dor.

Conclusão

    A influência do estilo de vida deste paciente é comprovada que a ansiedade e depressão vem interferindo no seu cotidiano. Sabe-se que o uso de estratégias de enfrentamento da FM é geralmente terapêutico e pode reduzir a intensi­dade dos sintomas. Entre essas estratégias, inclui-se exer­cícios, relaxamento, meditação, oração, conversas em grupos, e outras atividades acompanhadas por um psicólogo.

    Concluímos então que pacientes que tenham esta patologia devem ser tratados com a multidisciplinaridade onde entram o médico, fisioterapeuta e o psicólogo. Alguns dos tratamentos proposto trouxeram alguns benefícios à paciente, uma vez que proporcionou a melhora da qualidade de vida, diminuição dos “Tender Points” e da dor, com ganho da flexibilidade muscular, melhora da postura e do bem-estar geral da paciente.

Referencias

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