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Fatores positivos e negativos do treinamento 

concorrente em relação ao treinamento de força

Factores positivos y negativos del entrenamiento concurrente en relación con el entrenamiento de fuerza

 

*Discente da Faculdade de educação Física

do Centro Universitário Ítalo Brasileiro – UNIÍTALO

**Mestre em Biodinâmica do movimento Humano pela USP

Docente no Centro Universitário Ítalo brasileiro

Centro Universitário Ítalo brasileiro

(Brasil)

Alexandre Camargo Schwinsky*

João José Bastos Junior*

Leandro Freitas da Silva*

Raphael Silva Machado*

Vagner Rodrigues Novaes*

Caio Graco Simoni da Silva**

leandrof.13@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo deste estudo foi determinar se a ordem de execução dos exercícios de força e aeróbio no treinamento concorrente afeta as respostas neuromusculares, funcionais e cardiovasculares. O treinamento concorrente se caracteriza pela associação do treinamento de força ao treinamento aeróbio em uma mesma sessão. Para tanto, procura-se investigar os fatores positivos e negativos do treinamento concorrente. Descreve-se também a influência do treinamento concorrente de acordo com a intensidade dos exercícios de força e aeróbios, e se esta intensidade pode ser um fator determinante para aumentar ou diminuir as interferências do treinamento concorrente. Ao tornar-se evidente que essas duas metodologias de treinamento são algumas das mais praticadas na atualidade. Visando seus benefícios, relatou-se o que interfere na combinação desses dois tipos de treinamentos sendo executados na mesma sessão, e foi constatado que o treinamento aeróbio sendo executado em uma mesma sessão de treino de força acaba sendo prejudicial para o ganho de força, potência muscular e hipertrofia.

          Unitermos: Treinamento concorrente. Treinamento de força. Treinamento aeróbico.

 

Abstract

          This study aimed to determine if the execution order of strength and aerobic exercises in the concurrent training (CT), affects the neuromuscular, functional and cardiovascular response. The concurrent training is characterized by the association of strength and aerobic training in the same session. Therefore, this study investigates the positive and negative aspects of the concurrent training. It also describes the influence of the concurrent training according to the intensity in the strength and aerobic exercises, and if this intensity can be decisive to increase or decrease the interference of concurrent training. One it becomes tangible both methodologies are some of the most practiced nowadays. Aiming benefits, was reported what interferes in theses both types of training combination running in the same session, and it has been found that the aerobic training running the same session as strength training is detrimental to the strength gain, muscle power and hypertrophy.

          Keywords: Concurrent training. Strength training. Aerobic training.

 

Recepção: 17/11/2014 - Aceitação: 29/01/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 202, Marzo de 2015. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Atualmente é denominado como treinamento concorrente (TC) para se referir aos programas que combinam treinamento de força (TF) e de resistência aeróbia (TRA) num mesmo período de tempo. Por esse motivo o objetivo deste estudo é analisar o efeito do treinamento aeróbico sobre o subseqüente desempenho da força. “Apesar de muitos atletas utilizarem esse tipo de treinamento, há indícios de que essa combinação possa ocasionar prejuízo no desenvolvimento força” (PANISSA, 2012, p.05).

    Segundo Bucci et al. (2005), o treinamento de força intenso aumenta a síntese protéica, resultando em aumento de proteínas contráteis e hipertrofia muscular. Baseado no princípio da especificidade, o TF provoca adaptações específicas e diferenciadas quando comparadas às adaptações do TRA. Em geral, as adaptações resultantes de um programa de TF incluem aumento da massa corporal magra, aumento da massa óssea e aumento da área de secção transversal das fibras musculares do tipo I, IIa e IIb.

    Um fator importante na adaptação à hipertrofia passa pelo processo de requisição dos tipos de fibras durante o processo, as fibras seriam divididas em fibras lentas ou tipo I, fibras rápidas tipo II, as fibras de contração lentas têm característica predominante aeróbia enquanto as fibras de contração rápidas que são subdivididas em IIa e IIb sendo as IIa com característica energética eficiente tanto aeróbia quanto anaeróbia, e as fibras IIb possuem um potencial energético anaeróbio maior e mais desenvolvido, por isso são chamadas também de fibras rápidas glicolíticas (MCARDLE; KATCH; KATCH, 1998).

    O treinamento de exercícios contra resistência faz com que ocorra aumento de força e hipertrofia muscular, e esta é semelhante em indivíduos de diferentes faixas etárias. Já o treinamento de resistência aeróbia consiste na realização de exercícios que predominantemente necessitam do oxigênio para a produção de energia, tais como corrida e ciclismo. Estes exercícios são fundamentais para aprimorar as capacidades pulmonar e cardiovascular (BUCCI et al., 2005).

    Sendo assim, a combinação desses dois protocolos pode produzir um estresse maior no mesmo tipo de fibra, não lhe dando um tempo adequado para adaptar-se ao aumento de força e da resistência aeróbia. Conseqüentemente, o estímulo para o desenvolvimento de força seria menor, quando comparado com a sessão de força não precedida por atividade de caráter aeróbio. A queda na produção de força tem sido atribuída a muitos fatores, desde a falta de tempo para musculatura se recuperar até a diminuição na sua ativação (PAULO et al., 2005).

    Segundo Bucci et al. (2005), é sugerido que o treinamento concomitante, aeróbio e força, alteram o padrão de recrutamento de unidades motoras relacionadas à contração máxima voluntária. É possível que esta interferência prejudique o desenvolvimento da força, afetando a capacidade do sistema neuromuscular de se adaptar na organização dos padrões de recrutamento das unidades motoras, associadas ao treinamento de força isoladamente. “Treinamento concorrente de força e de resistência parece inibir o desenvolvimento da força quando comparado com o treinamento de força realizado isoladamente” (ANDRADE et al., 2008, p. 17).

    Com base nesses fatores este projeto tem como objetivo investigar os fatores positivos e negativos do treinamento concorrente e analisar a influência da ordem de execução dos exercícios de força e aeróbios nas adaptações neuromusculares.

Treinamento de força e hipertrofia muscular

    Atualmente a prática de exercícios que visem o treinamento da força (TF) está em alta, sendo mais comum à musculação. O TF tem muitos benefícios, por este motivo ele é muito comum na sociedade, provocando adaptações como o aumento da força muscular, a hipertrofia muscular, a diminuição da gordura corporal, alterações fisiológicas, neuromusculares, além do aumento da densidade mineral óssea e até mudanças nos aspectos sociais e comportamentais. O treinamento de força usando cargas altas e baixa velocidade na fase concêntrica leva a uma melhora na força máxima, porém com ganhos reduzidos em outros padrões de velocidade (FLECK; KRAEMER, 1999).

    Farinatti (2000) coloca que para se gerar força, é necessário se extrapolar o limiar de despolarização das células musculares através de uma estimulação suficiente. A chegada constante de novos estímulos (somação), de modo a diminuir o período disparo-reação (período de latência) seria a conseqüência do desenvolvimento da força.

    Para Leighton (1987) os ganhos de massa muscular proveniente do treinamento, diferem de indivíduo para indivíduo devido ao potencial individual para o desenvolvimento, estrutura física e composição corporal.

    Os resultados provenientes do treinamento resistido vêm exclusivamente nos segmentos trabalhados e quando se utiliza principalmente os movimentos em sua total amplitude, com ritmo lento ou moderado e com respiração continuada (POLLOCK et al., 1986).

    Os ganhos de força são devido à capacidade dos músculos desenvolverem tensão e a do sistema nervoso ativá-los (POLLOCK et al., 1986), dentre os mecanismos para aumentar a força, os principais são o maior número de miofibrilas, a melhor coordenação neuromuscular e a maior solicitação de unidades motoras (SANTAREM, 1995).

    O aumento de força está na dependência do maior esforço voluntário, boa função do sistema nervoso central e melhor função simpática e da placa motora (CAILLIET, 1974).

    Quando nos referimos à hipertrofia muscular, queremos dizer que é o aumento da massa muscular, que provoca o crescimento visível da musculatura. Seu conceito técnico e fisiológico está ligado ao aumento na secção transversa do músculo, no aumento do tamanho e no número de filamentos de actina e miosina e na adição de sarcômeros dentro das fibras musculares já existentes (MINAMOTO; SALVINI, 2001).

    Weineck (1999) define a hipertrofia muscular como o resultado da hipertrofia das fibras musculares por meio do aumento da área de secção transversa das mesmas. O mesmo considera a hipertrofia como uma importante adaptação ao treinamento de força e a definem como um aumento do tamanho muscular decorrente de um treinamento de força durante um período de longa duração. Essas adaptações de acordo com o mesmo estariam ligadas a mudanças estruturais musculares decorrentes do aumento do número de fibras musculares (hiperplasia) ou devido ao aumento do tamanho das fibras musculares já existentes (hipertrofia).

    Segundo Zilio (2005) pode se definir hipertrofia muscular como o aumento do volume da massa do músculo provocado por um trabalho de força, este aumento de massa muscular depende de vários fatores, como resposta individual ao treinamento, intensidade e duração do programa de treino. Esse treinamento deve ser resistido, ou seja, deve gerar um alto nível de tensão para as fibras musculares a fim de causar uma adaptação vinculada a degradação muscular.

    Quando se estimula uma musculatura, ocorre uma quebra das ligações internas desse local, com isso gerará uma inflamação (micro lesão) no local. O tecido muscular só é ativado quando se aplica tensão sobre suas fibras, caso isso não ocorra ele não se beneficia com o treinamento (SANTAREM, 1995). Essa tensão deve ser de pelo menos 2/3 da força total do músculo (SHARKEY, 1999), ou que seja superior a normalmente suportada (POLLOCK et al., 1986). Existem várias hipóteses que norteiam o processo de hipertrofia muscular, uma das principais é o aumento da síntese protéica muscular induzida por uma diminuição na degradação protéica, mas ainda existem questões a serem comprovadas acerca do papel da hiperplasia e hipertrofia das fibras no processo do aumento do volume muscular durante o treinamento de força.

Treinamento aeróbio

    Segundo Melo et al. (2007) o primeiro tipo de treinamento prescrito para indivíduos com objetivos de redução de gordura é sempre baseado em exercícios aeróbios. Para que se consigam resultados significativos com a rotina de treinamento aeróbico torna-se necessário estabelecer combinação entre componentes básicos: freqüência, duração e intensidade dos esforços físicos.

    A eficácia da prescrição e da orientação das rotinas de exercícios físicos depende da combinação adequada desses componentes, em que o domínio das informações relacionadas á produção de energia para o trabalho muscular é fundamental. Lopes (1987), afirma que a intensidade, a freqüência semanal, a duração das sessões e o tipo de programa influenciam diretamente o efeito do treinamento aeróbico.

    O gasto calórico durante a pratica de atividades físicas varia com a relação entre intensidade e duração do esforço do indivíduo e as suas individualidades biológicas. Pessoas mais pesadas gastam mais calorias do que as pessoas leves para realizar um mesmo trabalho que envolva qualquer tipo de deslocamento. A recomendação atual para o controle do peso corporal é de três sessões por semana que represente pelo menos 1000 Kcal/semana com atividades moderadas. O ideal para atingir seus objetivos e não correr riscos é que o praticante acumule um gasto semanal em atividades físicas que varia aproximadamente em torno de 2000 Kcal/semana, podendo chegar até 3500 kcal/semana. A partir deste ponto os ricos de lesão são maiores do que os benefícios. (NAHAS, 2001).

    Lopes (1987), afirma que a intensidade, a freqüência semanal, a duração das sessões e o tipo de programa influenciam diretamente o efeito do treinamento aeróbico, sendo assim de acordo com o objetivo do indivíduo é que estabelecemos a relação entre esses fatores, analisando também as individualidades biológicas dos indivíduos.

Treinamento concorrente

    Visando os vários benefícios do treinamento de força com pesos e do treinamento aeróbio a combinação desses dois tipos de treinamento em uma mesma sessão é denominada treinamento concorrente (TC). Porém o treinamento concorrente de força e de resistência aeróbica parece inibir o desenvolvimento da força quando comparado com o treinamento de força realizado isoladamente. Os mecanismos responsáveis por esta inibição parecem ser limitados. Isto se deve às dificuldades associadas com os resultados de estudos que diferem em alguns fatores como modo, freqüência, intensidade de treinamento e duração de treinamento. O fenômeno da inibição do desenvolvimento de força durante o treinamento concorrente tem sido explicado pelas hipóteses denominadas crônica e aguda (ANDRADE et al., 2008).

    Segundo Brunetti et al. (2008), outros estudos sugerem que o TC pode prejudicar o desenvolvimento da força, hipertrofia e potência muscular devido ao tempo insuficiente de recuperação assim causando uma depleção crônica das reservas de glicogênio podendo levar a hipótese de overtraining. Esse aconteceria quando o organismo não assimilaria um grande volume de treinamento para as duas capacidades motoras. Assim definido como um fator fisiológico e/ou psicológico que causaria estagnação, ou até mesmo decréscimo na performance de uma determinada atividade.

    De acordo com Paulo et al. (2005) uma sessão de TRA poderia diminuir o estoque de glicogênio e alterar as propriedades mecânicas do músculo, prejudicando o rendimento durante o treino de força. Além disso, a somatória das cargas resultaria num volume de treinamento elevado gerando um estado de fadiga. Nesse sentido a falta de recuperação adequada pode gerar o efeito da concorrência. Segundo Panissa (2012) é possível que indivíduos com diferentes históricos de treinamento apresentem diferentes respostas na duração da interferência aguda realizada após uma sessão de exercício aeróbico. Assim, seria conveniente a definição de um tempo de intervalo ótimo entre as atividades para minimizar ou anular o efeito da interferência no treinamento de força.

    Paulo et al. (2005) acreditam que na hipótese crônica dependendo da intensidade do TRA, as adaptações podem ser mais centrais ou periféricas. Ou seja, em intensidades mais baixas de treinamento de 60 a 80% do VO2max, as adaptações fisiológicas parecem ocorrer mais no componente central (adaptação cardiovascular). Já as adaptações periféricas predominariam quando o organismo entrasse em um estado de hipóxia muscular durante o exercício aeróbio de alta intensidade maior que 90% do VO2max. Há evidencias que o TF pode causar decréscimo na densidade capilar e na densidade mitocondrial. Esses são fatores que poderiam prejudicar o desempenho da resistência aeróbia. Por outro lado, demonstraram que o TRA causaria uma atenuação da hipertrofia muscular, sendo esse um fator que poderia prejudicar o aumento da força. Na hipótese crônica do TC, acredita-se que as adaptações ocasionadas pelo treinamento dessas duas capacidades motoras de forma isolada é que causariam o efeito de diminuição na força ou no rendimento aeróbio uma vez que algumas dessas adaptações podem ser consideradas como antagônicas para o rendimento dessas capacidades.

    De acordo com Panissa (2012) esse modelo preconiza que a intensidade do exercício é um fator determinante para potencializar ou diminuir a interferência, ou seja, uma atividade aeróbia de intensidade moderada (abaixo do limiar anaeróbio), as adaptações ocorreriam mais no componente central, Já em exercícios de alta intensidade as adaptações periféricas predominariam.

    Existem subdivisões denominadas resistência aeróbia e anaeróbia, sendo que na resistência aeróbia existe oxigênio suficiente para a queima oxidativa de substâncias energéticas e na anaeróbia ocorre sob estímulos de alta intensidade ou freqüência e não há oxigênio suficiente para a mobilização aeróbia de energia, que é realizada principalmente por mecanismos anaeróbios. Alguns estudos acreditam que o comprometimento no desenvolvimento da força durante o TC tenha como origem a fadiga aguda causada pelo treinamento aeróbio. Alguns autores verificaram uma redução no número máximo de repetições a 75% de 1RM até oito horas depois de dois tipos de atividade aeróbia (intervalado com alta intensidade e contínuo com intensidade moderada). O efeito agudo do exercício aeróbio prejudicaria o grau de tensão desenvolvido durante a sessão de TF. Conseqüentemente, o estímulo para o desenvolvimento de força seria menor, quando comparado com a sessão de força não precedida por atividade de caráter aeróbio (PAULO et al., 2005).

    “A hipótese aguda é fundamentada na existência de uma fadiga residual gerada pela atividade precedente, a qual causaria prejuízo no desempenho da atividade subseqüente” (PANISSA, 2012, p. 18).

    Diante dessa hipótese aguda, a ordem da sessão do TF e do TRA dentro do treinamento concorrente poderia afetar o desenvolvimento de uma capacidade ou de outra. “Os efeitos benéficos do treinamento concorrente ainda parecem um pouco obscuros, principalmente com relação ao desenvolvimento da força, hipertrofia e potência muscular” (VIANA et al., 2007, p. 138).

    Segundo Gomes e Aoki (2005, p. 132,) “atualmente, o dado mais consistente sobre o treinamento concorrente indica que essa estratégia atenua o ganho de força e potência em comparação com o treino de força isolado”.

    “Portanto conclui- se que a intensidade do exercício aeróbio é uma variável que pode ser determinante na resposta da força” (PANISSA, 2012, p. 28,).

    “O que todos os artigos parecem concordar é que o treinamento concorrente não prejudica o desenvolvimento de endurance, podendo até potencializar seus resultados” (VIANA et al., 2007, p. 139).

    A questão do gênero também deve ser levada em consideração quando protocolos de TC são usados, pois o nível de cortisol se apresenta mais elevado nas mulheres quando comparado com os homens submetidos ao mesmo protocolo de treinamento (BELL et al., 2000). 

    Sale et al. (1990) realizaram um estudo que tinha como objetivo analisar o desempenho de força dos sujeitos quando eles realizavam o TC intercalando os dias entre TRA e TF comparando quando o treinamento das duas capacidades era realizado no mesmo dia. O resultado encontrado foi que quando as capacidades eram treinadas em dias alternados, o desempenho de força dos indivíduos foi superior em relação ao treinamento das duas capacidades no mesmo dia.

    “Após os intervalos de 4, 8 e 24 horas não foi verificado o efeito da interferência aguda, indicando que um período de 4 horas após a realização de uma atividade aeróbia de alta intensidade foi suficiente para suprimir o efeito da interferência” (PANISSA, 2012, p. 64).

    Quanto às fibras musculares, Putman et al. (2004) demonstraram que o TC resultou em uma maior transição de fibras rápidas para lentas. Além disso, houve uma atenuação da hipertrofia das fibras musculares do tipo I quando comparado ao TF isolado. Green et al. (1999) demonstraram haver uma conversão mais evidenciada no contínuo das fibras musculares para o tipo IIa e uma redução mais acentuada nas fibras tipo IIb quando comparado às adaptações do TRA isolado. Também é observável no início do treinamento de força um aumento do desempenho de força devido às adaptações neurais existentes nos três tipos de fibras, com maior ênfase nas fibras do tipo.

    As fibras musculares do tipo IIa possuem característica intermediária, podendo se adaptar a uma característica energética predominante aeróbia ou anaeróbia. Porém o treinamento concorrente comprometeria essa adaptação. Essas fibras quando solicitadas durante o treinamento de força e durante o treinamento aeróbio não se adaptariam metabolicamente e neurologicamente aos dois tipos de treinamento, pelo fato dos treinamentos gerarem adaptações opostas (LEVERITT et al., 1999).

    O treinamento concorrente possibilita o aumento na proporção das fibras musculares do tipo I, justamente ao contrário das adaptações percebidas durante protocolos de treinamento de força isolados voltados a hipertrofia muscular. Já o treinamento aeróbio realizado no treinamento concorrente ativaria proteínas que atuam dentro dos músculos que promoveriam à inibição do processo da síntese protéica, diretamente ligada a hipertrofia muscular (COFFEY; HAWLEY, 2007). Essa atenuação da hipertrofia das fibras lentas poderia estar ligada ao recrutamento dessas fibras ativadas tanto no TF, como no TRA. Durante o TF existe uma ativação de unidades motoras lentas e rápidas, entretanto no TRA existe uma maior ativação das unidades motoras lentas. Assim pode-se observar que as unidades motoras lentas, compostas primordialmente pelas fibras tipo I são ativadas durante o TF e o TRA (KRAEMER et al., 1995).

Conclusão

    Este trabalho teve como objetivo descobrir as interferências do treinamento de força e do treinamento aeróbio em uma mesma sessão, determinado de treinamento concorrente, também de acordo com a intensidade de execução dos exercícios, por meio de pesquisas teóricas. A partir de pesquisas feitas a referenciais teóricos para conhecer as interferências do treinamento concorrente, foi possível verificar que o treinamento concorrente de força e resistência aeróbia inibe o ganho de força, quando comparado ao treinamento de força executado isoladamente, prejudicando também o desenvolvimento da hipertrofia e da potência muscular, podendo levar até a uma hipótese de over training, as interferências podem ser potencializadas ou diminuídas de acordo com as intensidades de cada atividade.

    Acerca das perguntas norteadoras deste trabalho, foi confirmado que o treinamento concorrente prejudica o ganho de força, hipertrofia e potência muscular devido ao tempo insuficiente de recuperação, causando uma depleção crônica das reservas de glicogênio, desta maneira, alterando as propriedades mecânicas do músculo, uma das hipóteses é fundamentada na existência de uma fadiga gerada pela atividade precedente, prejudicando assim a atividade posterior, podendo afetar o desenvolvimento de uma atividade ou de outra.

    Em consonância com as teorias estudadas, ratificamos a nossa hipótese, onde a maioria dos autores afirma que o treinamento aeróbio quando executado na mesma sessão que o treinamento de força, prejudica tanto no desenvolvimento da mesma, quanto prejudica também o desenvolvimento de potência muscular e hipertrofia.

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Agradecimentos

    Gratidão, esta é a palavra-chave, o centro, a melhor das melhores para se começar o dia. Gratidão a Deus pela vida, pela oportunidade do novo, pela força que ele nos oferece, pela confiança que ele nos oferece, pela confiança que ele coloca em nossas mãos de viver o hoje. Não acordamos porque somos o máximo, mas porque houve uma permissão, e a quem nos permitiu devemos sim, nossa eterna gratidão.

    Agradecemos a todos familiares e amigos que nos apoiaram e ajudaram nessa etapa de nossas vidas. Em especial agradecemos a Sabrina dos Santos Tessi pela colaboração neste trabalho e a nosso orientador Prof. Me. Caio Graco Simoni da Silva.

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