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Doenças em gestantes atendidas
em uma unidade de saúde de Santarém, Pará

Enfermedades en embarazadas atendidas en una unidad de salud en Santarem, Pará

 

*Acadêmico de Medicina, Fisioterapeuta e Licenciado Pleno

em Educação Física, UEPA, Campus Santarém, Pará

**Especialista em Fisiologia do Exercício, FACIMAB, PA

(Brasil)

Reli José Maders*

Luiz Carlos Rabelo Vieira**

Diego Sarmento de Sousa**

relimaders@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Objetivo: verificar a incidência de doenças em gestantes atendidas, entre 2005 e 2010, no Centro de Referência Casa de Saúde da Mulher (CRCSM), Santarém, Pará. Metodologia: a pesquisa ocorreu com base na análise do livro de registro do CRCSM. Foram coletadas informações referentes a 2.446 gestantes atendidas na referida Instituição no período investigado. Os resultados foram processados através de recursos da estatística descritiva, mediante utilização do programa Excel (Microsoft para Windows – 2013). Resultados: foram verificadas distintas enfermidades em parcela minoritária das 2.446 gestantes atendidas no CRCSM, entre 2005 a 2010. Das doenças encontradas, foram analisadas especialmente as quatro mais incidentes, sendo a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), o Papilomavírus Humano (HPV), a Sífilis e a Toxoplasmose. A incidência de cada doença foi, respectivamente, de 11, 09, 07, 06 para cada mil mulheres atendidas na Instituição dentre os anos analisados. Conclusão: a HAS foi a doença mais incidente nas mulheres atendidas no CRCSM, entre 2005 a 2010.

          Unitermos: Doenças. Incidência. Gravidez.

 

Abstract

          Objective: To determine the incidence of diseases in pregnant women attended between 2005 and 2010 in the Reference Center Home Women's Health (CRCSM), Santarém, Pará. Methodology: The survey was based on the analysis of the logbook of the CRCSM. Information was collected regarding 2,446 pregnant women enrolled in that institution in the period investigated. The results were processed using descriptive statistical, by using (for Microsoft Windows - 2013) Excel program. Results: distinct diseases were observed in minor portion of the CRCSM 2,446 pregnant women between 2005 and 2010. Diseases found were analyzed especially the four most incidents, with Arterial Hypertension (HBP), Human Papillomavirus (HPV), syphilis and toxoplasmosis. The incidence of each disease was, respectively, 11, 09, 07, 06 for every thousand women attended the institution from the years analyzed. Conclusion: SAH was the most common disease in women treated at CRCSM from 2005 to 2010.

          Keywords: Disease. Incidence. Pregnancy.

 

Recepção: 23/05/2014 - Aceitação: 25/10/2014

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 202, Marzo de 2015. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    No período gravídico são inúmeras as doenças às quais estão sujeitos tanto a gestante quanto seu concepto, o que pode prejudicar o transcorrer normal da gestação e causar danos irreversíveis.

    Dentre as doenças possíveis nesse período estão as sexualmente transmissíveis (DSTs) e as crônico degenerativas não transmissíveis (DCDNT), em particular a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e a Diabetes Gestacional.

    À medida que as pesquisas sobre DSTs no período gravídico foram aumentando nas últimas décadas, o conhecimento sobre suas consequências médicas e sociais na gestação tornaram-se mais evidentes, dentre as quais se destaca: perda gestacional decorrente de gravidez ectópica, abortamento espontâneo, óbito fetal e outros, além da prematuridade e das infecções maternas puerperais e fetais congênitas e/ou perinatais (BRANDÃO; LACERDA; XIMENES, 2010).

    Complicações médicas também são decorrentes da instalação/manutenção de DCDNT na gravidez. Logo, é primordial a avaliação periódica da gestante.

    De acordo com o exposto, o objetivo do estudo foi verificar a incidência de doenças em gestantes atendidas, entre 2005 e 2010, no Centro de Referência Casa de Saúde da Mulher (CRCSM), em Santarém, Pará.

Metodologia

    O estudo foi do tipo exploratório-descritivo, com pesquisa documental e abordagem quantitativa (PEREIRA, 1995), realizado no Centro de Referência Casa de Saúde da Mulher (CRCSM), em Santarém, Pará. Foram coletados dados do livro de registro dos resultados de exames do Programa de Saúde da Mulher da referida Instituição, de janeiro de 2005 a dezembro de 2010. Neste período, 2.446 gestantes foram atendidas.

    O CRCSM é uma unidade de atendimento especializada em atenção à saúde da mulher, com equipe multiprofissional desenvolvendo ações de educação em saúde, controle, monitoramento e tratamento do câncer cérvico-uterino e de mama, planejamento familiar, pré-natal em gravidez de médio e alto risco, gravidez na adolescência etc. (SEMSA, 2011). A escolha do CRCSM para a coleta de dados da pesquisa se deu em virtude de atender a demanda urbana, a população ribeirinha e de planalto, assim como a população indígena, favorecendo uma amostragem diversificada, nos diferentes níveis de usuários do Sistema Único de Saúde.

    Os resultados foram processados por meio de recursos de estatística descritiva, mediante a utilização do programa Excel (Microsoft para Windows-2013).

Resultados e discussão

    Foram verificadas distintas enfermidades em parcela minoritária das 2.446 gestantes atendidas no CRCSM, entre 2005 a 2010. Das doenças encontradas, foram analisadas especialmente as quatro mais incidentes, sendo a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), o Papilomavírus Humano (HPV), a Sífilis e a Toxoplasmose.

    Notaram-se 28 gestantes hipertensas, configurando incidência de 11/1.000 mulheres atendidas na Instituição por ano, dentre os analisados. A infecção por HPV correspondeu a 22 casos, configurando uma incidência de 9/1.000. O número de casos positivos de Sífilis foi de 18 para o período investigado, correspondendo a uma incidência de 7/1.000 mulheres atendidas. Quanto à Toxoplasmose, o número de casos positivos foi de 15, correspondendo à menor incidência dentre as quatro doenças mais incidentes, sendo de 6/1.000 por ano (tabela 1).

    Os anos de 2009 e 2010 foram os que apresentaram os maiores números de casos das doenças, em função do maior número de atendimentos.

Tabela 1. Incidência de doenças em gestantes atendidas, entre 2005 e 2010, na URCSM. Santarém, Pará, 2011

    O distúrbio mais comum na gestação é a Doença Hipertensiva Específica da Gestação (ANGONESI; POLATO, 2007). Trata-se da maior causa de morbimortalidade, ocorre aproximadamente em 12% a 22% das gestações, sendo responsável por 35% de mortes maternas no Brasil e 17,6% nos Estados Unidos (CORDOVIL; VASCONCELOS, 2003). O quadro hipertensivo gestacional parece não ser suficiente para causar danos neurológicos ao concepto (BRIANA et al., 2005). No entanto, a investigação dos fatores de risco da doença é de sua importância, pois é útil para classificar gestantes de alto risco no desenvolvimento e consequência da enfermidade para a gestante e o concepto (CARVALHO et al., 2006). Melo e Saá (2000) reportam a monitorização ambulatorial da pressão arterial (MAPA) como útil na avaliação da variabilidade pressórica de gestantes normotensas e hipertensas, confirmando o gradual incremento da pressão arterial no decorrer da gravidez e a sua queda fisiológica noturna, independentemente dos níveis pressóricos maternos.

    Quanto à infecção por HPV, no presente estudo foi encontrada incidência de 9/1.000 casos por ano, entre 2005 e 2010.

    No período gestacional há um aumento da incidência de infecções pelo HPV (MURTA, 1998). Conforme Brandão, Lacerda e Ximenes (2010), a prevalência da infecção pelo HPV na gravidez varia entre 5,4% e 68,8%, estando as mulheres jovens sob risco mais elevado, provavelmente devido ao alto nível de atividade biológica cervical, aos níveis crescentes de estrogênio e à imaturidade cervical.

    A alta paridade é um fator consistente para o câncer cervical em mulheres que possuem DNA do HPV. O fator de risco dobra nas que tiveram quatro filhos, quando comparado com o das que tiveram um ou nenhum (BURD, 2003).

    Outros fatores de risco relacionados à contaminação por HPV são: ter vários parceiros e falta de higiene sexual, uso prolongado de contraceptivo oral, o aumento dos níveis de progesterona durante a gravidez, glicocorticóides e esteróides, que favorecem a replicação viral em cultura de tecidos (ABRÃO, 2006).

    Segundo Hinrichsen (2009), a transmissão do HPV ocorre, principalmente, através de contato sexual, seja ele vaginal, vulvar, peniano, cervical ou anal. Durante o parto vaginal de pacientes contaminadas com o HPV há possibilidade de transmissão do vírus ao concepto, que, por sua vez, poderá desenvolver lesões clínicas na genitália ou papilomatose laríngea.

    A sífilis é uma doença infectocontagiosa sistêmica de evolução com períodos de latência e surtos de agudização. Pode ser transmitida por via sexual (adquiridas) ou transplacentária (congênitas). As consequências da infecção por sífilis no período gestacional pode ser abortamento espontâneo, óbito fetal (em até 40% dos casos de sífilis na gestação poderá ocorrer morte do feto ou do neonato). A ausência de sinais clínicos em recém nascidos é frequente (65 a 70% dos casos) e que se não tratados poderão desenvolver as manifestações tardias da doença muitas vezes irreversível (NETTO, 2004; BRASIL, 2004; BRASIL, 2006).

    O número de casos positivos de sífilis verificado no presente estudo foi de 18 para o período investigado, correspondendo a uma incidência de 7/1.000 mulheres atendidas.

    Apesar de não significativo, esses dados estão inseridos dentre de uma preocupação nacional, visto que a Sífilis transmitida de forma vertical é um grande problema de saúde pública no Brasil e que possui as maiores taxas de transmissão, dentre as doenças que podem ser transmitidas durante o período gestacional (BRASIL, 2006).

    Em um estudo similar realizado com 1691 gestantes em Jacareí (SP), verificaram 26 (1,6%) casos positivos de sífilis, sendo que a estimativa do país é em torno de 3,5 a 4% (NAVAS; SILVA; JORGE, 2004).

    Quanto à infecção por toxoplasmose, Sandrin et al. (2012) verificaram o perfil epidemiológico da doença em gestantes de Chapecó e verificaram uma prevalência de infecção aguda de 0,57 para cada 1.000 gestantes, sendo obsevada prevalência de 12,7 gestantes com toxoplasmose aguda para cada 1.000 gestantes de alto risco. No presente estudo, porém, o número de casos positivos da doença foi de 15 (6/1.000 por ano), correspondendo à menor incidência dentre as quatro doenças mais incidentes nas gestantes atendidas no CRCSM, entre 2005 a 2010.

Conclusão

    Dentre as doenças encontradas na amostra da pesquisa, a mais incidente foi a HAS, seguida do HPV, da Sífilis e da Toxoplasmose, cujos índices foram, respectivamente, de 11, 09, 07, 06 para cada mil mulheres atendidas no CRCSM, entre 2005 a 2010.

    Sugere-se a realização de estudos similares, com amostragem maior, para condução de melhores conclusões a respeito do escopo investigado.

Referências

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  • BRANDÃO, B. A. R. V.; LACERDA, R. C.; XIMENES, A. A. R. Frequência de Papilomavírus humano (HPV) e Chlamydia trachomatis em gestantes. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 19, n. 1, p. 43-50, 2010.

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  • BRASIL. Ministério da Saúde. secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. HIV / Aids, hepatites e outras DST / Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde. 2006. 197 p. Il. – (Caderno de Atenção Básica. n. 18) (Série A. Normas e Manuais Técnicos).

  • BRIANA, R.; DIAS, A. M. S. G. P.; MONTENEGRO, M. A.; GUERREIRO, M. M. Desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes filhos de mães que apresentaram hipertensão arterial na gestação. Arquivos de Neuropsiquiatria, v. 63(3-A), p. 632-636, 2005.

  • BURD, E. M. Human papillomavirus and cervical cancer. Rev Clín Microbiol, n. 16, v, 01, p. 01-17, 2003.

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  • NAVAS, E. A. F, A.; SILVA, C. R. G.; JORGE, A. O. C. Soroprevalência de Sífilis em gestantes do Município de Jacareí – SP obtida através de duas técnicas diagnósticas. Rev. Biociên, v. 10, n. 1-2, p. 87-91, 2004.

  • NETTO, H. C. Obstetrícia básica. São Paulo: Editora Atheneu, 2004, pag. 511.

  • PEREIRA, M. G. Epidemiologia: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1995.

  • SANDRIN, L. N. A.; PONZI, C. C.; BIANDA, G.; NANDI, A. Perfil epidemiológico de toxoplasmose em gestantes. Revista Brasileira de Clínica Médica, v. 10, n. 06, p. 486-9, 2012.

  • SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE (SEMSA). Prefeitura de Santarém. Disponivel em: http://santarem.pa.gov.br/conteudo/?item=101&fa=75&cd=241&menu =Estrutura+Administrativa. Acesso em: 13 de out. de 2011.

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