Analise cinesiologica e biomecânica do espacate da ginástica Análisis kinesiológico y biomecánico del spagat de gimnasia |
|||
*Discentes do Curso de Educação Física **Orientador. Mestre e Doutor em Educação Física. Universidade Salgado de Oliveira, UNIVERSO (Brasil) |
Jéssica
Souza de Oliveira* Ademir Shmidt** |
|
|
Resumo: Este presente trabalho tem como objetivo relatar a analise cinesiológica e biomecânica do espacate da ginástica. Espacate da ginástica é um movimento ginástico que consiste em abrir as pernas de modo que estas formem um ângulo de 180º e fiquem paralelas ao solo. Este movimento está também presente nas artes marciais, na dança, na preparação para os esportes em geral e em formas de meditação e relaxamento. Para realizar um espacate, é necessário treinamento contínuo, repetitivo e gradual, diante disto mostraremos os principais ossos, articulações, ligamentos, limitadores do movimento e principais lesões. Unitermos: Espacate da ginástica. Biomecânica. Flexibilidade.
Recepção: 03/11/2014 - Aceitação: 02/02/2015
|
|||
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 202, Marzo de 2015. http://www.efdeportes.com/ |
1 / 1
Introdução
Espacate da ginástica é um movimento ginástico que consiste em abrir as pernas de modo que estas formem um ângulo de 180º e fiquem paralelas ao solo.
O movimento em si trata do alongar das pernas, algo que nem todos conseguem fazer, pois os membros inferiores possuem uma camada óssea e uma musculatura mais densa. Em decorrência disso, a prática desta abertura necessita ser diária, a fim de não perder a capacidade desta realização, em vista da eventual e natural perda da flexibilidade corporal. O espacate começa a ser ensinado desde cedo, ainda na infância, nas aulas de ginástica (quando voltado para ela), pois se trata do momento em que o corpo está em formação e por isso, tendendo a ser mais facilmente "moldável".
Este movimento está também presente nas artes marciais, na dança, na preparação para os esportes em geral e em formas de meditação e relaxamento. Para realizar um espacate, é necessário treinamento contínuo, repetitivo e gradual. Alonga-se uma perna por vez no ângulo de 90°, até chegar à abertura total ou parcial (próxima aos 180º).
Descrição cinesiológica do movimento espacate da ginástica
Sugere-se que o movimento de flexão e hiperextensão do quadril sejam denominados de espacate, sendo realizados no plano sagital eixo frontal, pois quando este movimento é realizado, os músculos psoas maior e ilíaco têm caráter agonista no movimento de flexão de quadril e os músculos bíceps femoral e glúteo máximo tem caráter antagonista. Já no movimento de hiperextensão do quadril os músculos, glúteo máximo, semitendineo, semimembranáceo e bíceps femoral têm caráter agonista e os músculos psoas maior e ilíaco de caráter antagonista. Diante disso, tem-se como articulação envolvida na mecânica deste exercício a articulação do quadril. Em anatomia, o quadril é a projeção óssea do fêmur que é conhecida como o trocânter maior, e os músculos e gorduras na região. Segundo Kisner e Colby (2006), a articulação do quadril é a articulação entre o fêmur e o acetábulo da pelve, e sua principal função é suportar o peso, equilibrar o corpo em posturas estáticas (de pé) e dinâmicas (caminhando ou correndo), proteger o sistema reprodutor e a parte inferior do sistema digestório.
A articulação do quadril é triaxial, uma diartrose (articulação sinovial), do tipo esferóide (esferoidal), ou seja, possui cápsula articular, a qual possui líquido sinovial.
Os principais ligamentos que ajudam a manter a estabilidade desta articulação são: ligamento iliofemoral, pubofemoral e isquiofemoral.
Articulação Sínfise púbica é semimóvel que une, na linha mediana, as superfícies internas das lâminas quadrilaterais do púbis.
Ossos e articulação do quadril
Citado por Barros e Paulino (2010) o osso é um tecido corporal que muda constantemente e que desempenha várias funções. O esqueleto é o conjunto de todos os ossos. O sistema musculoesquelético é formado pelo esqueleto, músculos, tendões, ligamentos e outros componentes das articulações. O esqueleto dá resistência e estabilidade ao corpo e é uma estrutura de apoio para que os músculos trabalhem e criem o movimento. Os ossos também servem de escudo para proteger os órgãos internos.
Os ossos têm duas formas principais: plana (como os ossos chatos do crânio e das vértebras) e comprida (como o fémur e os ossos do braço). Contudo, a sua estrutura interna é essencialmente a mesma. A parte rígida externa é composta, na sua maioria, por proteínas como o colágeno e por uma substância denominada hidroxiapatite, constituída por cálcio e outros minerais. Esta substância armazena parte do cálcio do organismo e é, em grande medida, a responsável pela resistência dos ossos. A medula é uma substância mole e menos densa que o resto do osso. Está alojada no centro do osso e contém células especializadas na produção de células sanguíneas. Os vasos sanguíneos passam pelo interior dos ossos, enquanto os nervos os circundam.
De acordo com Marieb e Hoehn (2009) o osso do quadril é um osso localizado na base da coluna vertebral. No ser humano, o osso do quadril é formado a partir de três ossos, o ísquio, o púbis e o ílio, que se juntam com a idade, mas no embrião são bem distinguíveis. O osso do quadril forma o esqueleto da pelve (pelve óssea), junto com os ossos sacro e cóccix.
Cada ser humano possui um par de ossos do quadril, dispostos simetricamente e ligados entre si pela sínfise púbica.
O par é chamado de pelve. O osso do quadril articula-se com o fêmur através da chamada face semilunar do acetábulo, sendo que a fossa do acetábulo serve para passagem do ligamento da cabeça do fêmur, que se liga a incisura do acetábulo. O acetábulo é dividido entre as partes do quadril, não pertencendo totalmente a nenhum deles.
Uma de suas principais funções além da sustentação é proteger o sistema reprodutor e o sistema digestório inferiormente. Comparando-se a pelve de um homem com o de uma mulher, observam-se diferenças significativas quanto ao ângulo formado pelos ossos do quadril, ângulo que costuma ser maior nas mulheres.
O ílio em sua vista lateral-posterior é formado superiormente pela borda do ílio, e anteriormente possui a espinha-antero inferior e a espinha ântero superior do ílio, e posteriormente também possui espinhas póstero inferior e superior do ílio que servem todas de estrutura ligamentar. Na asa do ílio na sua parte lateral encontra-se a fossa glútea, e em sua parte medial uma fossa ilíaca, que abrigam seus respectivos músculos. Já na sua vista medial anterior possui a face auricular, chamada assim por seu formato de orelha, que se liga a estrutura do sacro.
O ísquio possui a incisura isquiática maior, que da passagem para o nervo ciático, e mais inferiormente a incisura isquiática menor, separadas pela espinha do ísquio. Mais inferiormente encontramos a tuberosidade do ísquio e seguindo o ramo do ísquio que vai de encontro a púbis.
A púbis ou pube vista latero-posteriormente indo do ísquio para ílio vemos o ramo inferior da púbis e em seguida o tubérculo púbico. Superiormente encontramos o ramo superior da pube.
Estruturas que não estão em sua totalidade em uma determinada parte do quadril são:
Forame obturado: que se encontra entre o ísquio e a pube.
Acetábulo: que tem uma porção em cada parte do quadril. É formado pela borda do acetábulo que é interrompida na incisura do acetábulo inferiormente. Encontramos também a fossa do acetábulo e rodeando esta superiormente a face semi-lunar do acetábulo que realmente entra em contato com o fêmur. A fossa do acetábulo existe para a passagem do ligamento da cabeça do fêmur que se liga na incisura do acetábulo.
Segundo Starkey e Ryan (2001) o fêmur é o osso mais longo e mais volumoso do corpo humano, e localiza-se na coxa.
O fêmur consiste da diáfise, da epífise proximal que se prolonga, através de um pescoço, até uma cabeça (esférica) - que o articula com o osso do quadril ou osso coxal - e da epífise distal que se divide em dois côndilos, que se ligam à tíbia e à patela.
Principais acidentes ósseos:
Epífise proximal.
Cabeça do fêmur.
Fóvea da cabeça do fêmur.
Colo anatômico.
Trocanter maior.
Trocanter menor.
Linha intertrocantérica.
Crista intertrocantérica.
Fossa trocantérica.
Ligamentos do quadril
Segundo Starkey e Ryan (2001), ligamento é um feixe de tecido fibroso, formado por tecido conjuntivo denso modelado, e é mais ou menos comprido, largo e robusto, de forma aplanada ou arredondada, que une entre si duas cabeças ósseas de uma articulação (ligamento articular) ou mantém no seu local fisiológico habitual um órgão interno (ligamento suspensor). É constituído por fibras colágenas ordenadas em feixes compactos e paralelos, o que lhe constitui grande resistência mecânica.
Os ligamentos do quadril são constituídos em ligamento da cabeça do fêmur: inserido à fóvea, pequena reentrância na cabeça do fêmur, também denominado ligamento redondo. Fixa-se à fossa do acetábulo na incisura e ligamento transverso, tendo pequena contribuição na fixação da cabeça do fêmur ao acetábulo, sendo sua principal função conduzir vasos sanguíneos à cabeça do fêmur.
Ligamentos iliofemoral, pubofemural e isquiofemoral: aderem-se externamente a cápsula articular.
Movimentos e músculos da articulação do quadril
De acordo com Nordin, Frankel (2003), Lima, Pinto (2006), a pelve facilita o movimento do fêmur, posicionando o acetábulo na direção do movimento. Desta forma, os movimentos se tornam mais amplos.
Sendo uma articulação esferoidal, o quadril é capaz de realizar movimento nos três planos: Plano Sagital (flexão, extensão e hiperextensão), plano frontal (abdução e adução), plano transversal (rotação externa e rotação interna).
De acordo com Shmidt (2010) no plano sagital com eixo frontal, os movimentos possíveis são de flexão 0°- 90° extensão 0° e hiperextensão 0°- 45°.
A flexão é realizada pelos músculos posicionadas na parte anterior, sendo os principais o ilíaco, o psoas maior (que funcionalmente são designados como um conjunto devido a sua inserção comum como iliopsoas) e o reto femoral. O músculo reto femoral é o único músculo biarticular do quadríceps, atuando tanto na flexão do quadril como na extensão do joelho.
Desta forma, ele funciona mais efetivamente como flexor do quadril quando o joelho se encontra em flexão.
A extensão e conseqüentemente a hiperextensão são realizadas principalmente pelos músculos conhecidos como isquiotibiais, ou posteriores da coxa, formados pelo bíceps femoral (cabeça longa), semitendíneo e semimembranáceo e também pelo glúteo máximo. O glúteo máximo é um músculo grande e poderoso, que costuma agir somente na extensão, diminuindo sua participação durante a hiperextensão, como no ciclismo, ao levantar-se de uma cadeira, o agachamento ou durante a subida de uma escada. Os músculos isquiotibiais contribuem para a extensão do quadril, são os principais hiperextensores e contribuem também para a flexão do joelho.
No plano frontal com eixo sagital, os movimentos possíveis de serem realizados são a abdução0°- 45° e a adução 0°.
Durante a abdução, o glúteo médio e o tensor da fáscia lata são os principais agonistas, sendo auxiliados pelo glúteo mínimo. Estes músculos estabilizam a pelve durante a fase de apoio na marcha e na corrida durante o apoio unipodal, se contraindo isometricamente e excentricamente para evitar que a pelve seja tracionada inferiormente pelo lado oscilante. O glúteo médio se torna mais ativo durante os movimentos de abdução horizontal, como os realizados na cadeira abdutora, enquanto na abdução o tensor da fáscia lata aumenta sua participação.
Os adutores do quadril são os músculos que estão posicionados na parte medial da coxa, e incluem o adutor longo, o adutor curto, o adutor magno e o grácil. Os movimentos de adução não estão presentes de forma constante na realização dos movimentos naturais do cotidiano, porém são essenciais em algumas modalidades esportivas como no futebol ou no judô. O grácil é um músculo relativamente fraco e contribui também para a flexão do joelho.
No plano transversal com eixo longitudinal os movimentos possíveis de serem realizados são de rotação interna 0°- 35° e rotação externa0°- 45°.
O principal rotador interno do quadril é o glúteo mínimo, com ajuda do tensor da fáscia lata, do semitendíneo, do semimembranáceo e do glúteo médio. Em geral, a rotação interna não é um movimento resistido que requer força, sendo a capacidade de rotação interna igual a 1/3 da rotação externa.
Por outro lado, na rotação externa, vários músculos contribuem, porém seis são exclusivamente rotadores externos: o piriforme, o gêmeo superior, o gêmeo inferior, o obturador interno, o obturador externo e o quadrado femoral.
Outros movimentos possíveis de serem realizados no plano transversal são a adução horizontal 0°-140° e abdução horizontal 0°-30°. Estes movimentos ocorrem quando o quadril se encontra em 90º de flexão, com o fêmur em adução ou abdução. Estas ações exigem participação simultânea e coordenada de vários músculos. É necessária a elaboração de tensão nos flexores do quadril para que haja a elevação do fêmur. A seguir, os abdutores produzem a abdução horizontal e os adutores a adução horizontal.
Limitadores
Segundo Starkey e Ryan (2001), iliofemoral é o mais importante, pois reforça a cápsula anteriormente, conhecida como ligamento Bigelow (“Y” invertido) limita a hiperextensão.
Isquiofemoral reforça a cápsula posteriormente Limita a hiperextensão e rotação interna.
Pubofemoral reforça a cápsula medial e inferiormente limita hiperextensão e abdução.
Redondo Pequeno Ligamento intracapsular e possui a função de nutrição, pois contém um vaso sanguíneo que supre a cabeça do fêmur. Tenciona-se na adução e rotação externa tensos na hiperextensão e frouxos no movimento de flexão.
Alavancas
Segundo SANTOS e OLIVEIRA (2011) dá-se o nome de alavanca a um sistema composto por um corpo que tem um ponto de fixação ou eixo e nesse corpo atua uma força a certa distância desse eixo.
No corpo humano, podemos encontrar muitas alavancas formadas pelos ossos do esqueleto Nesses casos quem proporciona a força para o uso das alavancas são os músculos. O ponto de fixação geralmente é a articulação.
As alavancas podem ser divididas em três classes. Nas alavancas da primeira classe (alavancas interfixas), o ponto de apoio está entre o ponto de aplicação da força de ação e o da força de resistência.
Nas da segunda classe, o ponto de aplicação da força de resistência (alavancas inter-resistentes) está entre o da força de ação e o ponto de apoio. Nas da terceira classe (alavancas interpotentes), a força de ação está aplicada entre a de resistência e o ponto de apoio.
No movimento de flexão e hiperextensão do quadril possui na alavanca de terceira classe como seu tipo de alavanca, e no movimento de abdução e adução do quadril possui na alavanca de terceira classe como seu tipo de alavanca.
Bibliografia
BARROS, C., PAULINO, W. Ciências o Corpo Humano 8º Ano. 4ª edição, Ática, Santa Catarina, 2010.
KISNER, C.; COLBY, L. A. Exercício Terapêutico: fundamentos e técnicas. 4° edição, Manole, São Paulo 2006.
LIMA, Cláudia Silveira; PINTO, Ronei Silveira. Cinesiologia e Musculação. Artmed, Porto Alegre, 2006.
MARIEB, E. N.; HOEHN, K. Anatomia e fisiologia. 3ª edição, Artmed, Porto Alegre, 2009.
NORDIN, M., FRANKEL, V. H. Biomecânica básica do sistema musculoesquelético. 3° edição, Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 2003.
SANTOS, Fernando Teixeira; OLIVEIRA, Douglas Abrahão. Análise cinesiológica da Rosca Direta e Rosca Scott: uma abordagem comparativa. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, 2011. http://www.efdeportes.com/efd163/analise-cinesiologica-da-rosca-direta-e-rosca-scott.htm
SHMIDT, Ademir, Caderno de estudos cinesiologia e biomecânica, Goiânia, 2010.
STARKEY, C.; RYAN, J. Avaliação de lesões ortopédicas e esportivas, Manole, São Paulo 2001.
Outros artigos em Portugués
Búsqueda personalizada
|
|
EFDeportes.com, Revista
Digital · Año 19 · N° 202 | Buenos Aires,
Marzo de 2015 |