Atividade circense na Educação Física escolar La actividad circense en la Educación Física escolar |
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*Mestre em Educação nas Ciências **Licenciada em Educação Física pela FAHESA (Brasil) |
Leandro Ferraz* professorleandroferraz@gmail.com Núbia Moreira Duarte** |
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Resumo Este trabalho tem como objetivo, mostrar a importância da atividade circense. A atividade circense pode ser trabalhada como lazer, arte e esporte. Em todas essas áreas é necessário que o profissional seja qualificado para poder transmitir de forma clara a arte do circo. O educador físico e o pedagogo são profissionais que mais se identificam para trabalhar a atividade em circo, porque eles são preparados para atender as necessidades exigidas para trabalhar o circo. O circo e as artes circenses são expressões humanas que apresentam uma relação com o ato esportivo. E o circo é o lugar que expressa essas artes, lugar que encontramos a lona e todos os materiais que nele há e assim também pode ser a escola, com a intenção de obter o encantamento do público e dos alunos. A arte do circo, em diversos países e no Brasil, tem se consolidado como aliadas da Educação Física e das outras disciplinas, pois são atividades que promovem atitudes com um potencial educativo, não se limitando somente ao simples controle do corpo, mas prezam pela interação interpessoal, pois os alunos desenvolvem diferentes aspectos pessoais, como a sensibilidade na expressão corporal, a cooperação, o desenvolvimento da criatividade, a melhora da auto-superação, autoestima, autocontrole e a percepção do outro, no circo nunca se trabalha sozinho, seja na montagem do espetáculo ou mesmo na execução dos movimentos na apresentação Unitermos: Educação Física. Artes circenses. Escola.
Recepção: 19/02/2015 - Aceitação: 13/3/2015
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 202, Marzo de 2015. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
O show vai começar
Senhoras e senhores!
Orgulhosamente apresentamos um dos maiores espetáculos da escola!
Com vocês as atividades circenses!
No presente trabalho, dissertaremos sobre as atividades circenses, buscando compreendê-las como possível conteúdo do componente curricular da Educação Física Escolar, uma vez que a tematização de atividades particulares ao circo para este ambiente pode oportunizar diversos saberes da cultura corporal.
As atividades circenses são consideradas uma especialidade das artes, onde o corpo é o protagonista, nas quais os artistas se expressam através de suas ações, falas e gestos ensaiados. Essas atividades podem ser utilizadas nas aulas de educação física escolar desenvolvendo a atenção, motricidade, concentração, coordenação motora, entre outros. Malabares, perna-de-pau, bolinhas, acrobacias e palhaços cada vez mais fazem parte do cotidiano das crianças em escolas brasileiras. Por meio das técnicas milenares, circos e companhias circenses divertem e ensinam estudantes.
O presente estudo trata desde os primórdios das artes circenses, enquanto espetáculos apresentados em locais livres, com artistas que aprendiam dentro da família e comunidade indo até os dias de hoje, onde no mundo inteiro existem escolas especializadas para o ensino da arte circense.
Estará em foco ainda, a importância da introdução deste conteúdo nas grades escolares, como forma de despertar no homem o artista nato que existe dentro dele, provocando-o a interagir em grupo e criando umas sociedades mais voltadas às artes como um todo.
As atividades circenses na escola, com certeza irão levar a cada criança, a magia dos contos de fábulas, às interpretações de cada ator, ao despertar da imaginação criadora e por que não dizer, ao despertador da consciência individual, dando firmeza nas suas ações e consciência de uma saber cada vez mais inovador.
Atividades circenses como conteúdo de ensino da Educação Física escolar
Ao falamos de atividade circense, temos que lembrar o seu contexto histórico e como foi inserida nas atividades escolares.
Desde os primórdios das sociedades antigas a artes do entretimento vem sendo desenvolvido, retratada e permeando a vida dos mais diferentes povos. Uma arte repleta de mitos, crença e fantasias, especialmente inspirados no desconhecimento (BORTOLETO; DUPRAT, 2007,p.173).
As atividades circenses surgiram em sociedades diferentes, muitas das vezes em atividades que desafiavam os limites do corpo, mas ao mesmo tempo realizava um encontro com a comunidade. O continente Europeu foi o que mais recebeu essas culturas, principalmente artista de rua e espetáculos e com isso envolvia várias classes sociais e em alguns casos gerava até meio de sustento. Em muitos espetáculos não havia lugares adequados para apresentações ao livre, assim surgiram os locais cobertos com tenda que depois foram sendo modificados e a atividade circense se espalhando pelo mundo com os circos móveis.
Nos séculos XVIII e XIX surgia o circo, essa modalidade foi se estruturando e apropriando com o tempo, embora boa parte desses saberes tenha sido elaborada há muitos anos (BARTOLETO; DUPRAT, 2007).
Na década de 30 os circos são ameaçados por um tipo novo de espetáculo, conhecido como Music Hall, nesses lugares não havia lugar para o palhaço, sendo o cantor o artista principal, os espetáculos apresentavam características teatrais e podiam até conter elementos circenses. Com a constante ameaça desse novo modelo de espetáculo a cultura circense passou grandes mudanças, novos elementos como a música, dança, teatro, mímicas entre outros,essas mudanças possibilitaram a transmissão dos conhecimentos em escolas especializadas. A partir de então, houve vários professores aprofundando-se nos estudos da atividade circense, e com vários estudos possibilitando o conteúdo a desenvolvido na escola. (BARTOLETO; DUPRAT, 2007).
No início do século XX as primeiras escolas de circo foram criadas a partir da década de 1970 que esse processo se expande verdadeiramente. Na França a Escola Nacional de Circo Annie Fratellini foi o primeiro centro de formação, criada em 1974. Já em 1984 as atividades do Centre National des Arts du Cirque (CNAC), tiveram início, escola essa que na época foi inspirada no modelo soviético (BORTOLETO; DUPRAT, 2007).
Com o incremento das escolas de circo, a arte deixa de ser um saber apenas transmitido de pai pra filho, e passa a ser um conhecimento a ser tratado e desenvolvido nas escolas especializadas, deixa assim de ter um caráter restritivo e dá abertura a um maior número de interessados, assim o número de artistas cresce e com isso a arte do circo valoriza-se cada vez mais (BORTOLETO; DUPRAT, 2007).
A escola de circo Piolin, instalou-se no Brasil em São Paulo, no estádio do Pacaembu em 1977. Somente em 1982, surgia a Escola Nacional de Circo no Rio de Janeiro, a criação da escola Nacional cumpriu a função de democratizar as atividades circenses e houve a partir de então uma popularização muito maior em torno dessa arte tão especifica, com uma valorização da multidisciplinaridade essas atividades foram cada vez ganhando mais espaço (BORTOLETO; DUPRAT, 2007).
Não é de hoje que a prática da atividade circense vem ganhando espaço e se consolidando como uma ferramenta importante na formação de uma consciência corporal em crianças e adolescente possui um grande valor sócio-cultural e está vivendo um aumento expressivo do interesse da população nos últimos tempos. Dentro do ensino da educação física trás em si o que muitas outras práticas trazem com menor freqüência: uma educação artística, corporal, estética e de criação, que incentive a criatividade e a interação plena com o corpo e com todas as suas funcionalidades, trata-se de uma possibilidade expressiva e comunicativa que se bem conduzida pode ser um referencial na vida social daqueles que buscam uma vida artística ou não (DUPRAT 2007).
A atividade circense é um tema relativamente novo no meio escolar, de acordo com Dias (2009) no ano de 2008 o livro Pedagogia das atividades circenses foi lançado, o mesmo apresenta possibilidades de aprendizado de varias modalidades circenses e campos de atuação do profissional na escola, o livro trás em seu contexto uma direção sobre a atuação do profissional nesse contexto tão diferente da realidade de muitas crianças e adolescentes. Duprat (2007) propõe em seu trabalho uma classificação que julgamos pertinente apresentar aqui, pois a mesma apresenta de forma clara, a classificação didático-pedagógica das atividades circenses.
Duprat (2007) propõe em seu trabalho uma classificação que julgamos pertinente apresentar aqui, pois a mesma apresenta de forma clara, a classificação didático-pedagógica das atividades circenses.
Quadro 1. Classificação das modalidades circenses por unidades didático- pedagógicas
Fonte: adaptado de Duprat (2007)
Os estudos sobre o circo e suas múltiplas facetas podem ter uma variação muito grande, uma vez que este tema é relativamente novo no meio acadêmico. Como já aconteceu com outras atividades, tais como o esporte, a pintura, teatro e a dança, o circo deixou de ser uma atividade unicamente profissional. Atualmente observamos muitas pessoas estudando a sua história, suas formas de expressão, suas relações sociais e culturais, além de praticar as atividades circenses como forma de lazer e recreação, com fins educativos e sociais (BORTOLETO; MACHADO, 2003).
O circo é considerado um fenômeno que engloba várias matérias do currículo escolar, essa multidisciplinaridade ocorre quando muitos profissionais observam e analisam a atividade circense a partir de pontos de vista bem diferentes. O artista busca melhorar seu desempenho. Os princípios físicos são analisados pela biomecânica. As melhores estratégias são observadas pelos técnico/treinador e tenta observar as diferentes formas para dominar as habilidades. O professor tem a capacidade observar quais as manifestações são adequadas a inserção do meio escolar, criando metodologias adequadas a cada um dos diferentes contextos escolares (CARAMÊS et al., 2012).
Espaço escolar e a inclusão da atividade circense nas escolas
Pérez Gallardo (2002) propôs uma postura do profissional que deve ser adquirida pelo professor para visualizar as trocas da cultura corporal, assim entendida pelo professor e pelo aluno. Sendo que o fundamental é contar com as experiências e vivencias, diante dos aspectos apresentados para obter mais conhecimentos de cultura de forma contextualizada.
As principais formas de trabalhar as atividades circenses na escola é vivenciar e praticar, já que cada atividade envolve interesses diferentes. Com isso a escola fica responsável em vivenciaras atividades e obter a facilidade de colocar os alunos em contato com a cultura corporal (BORTOLETO, 2006).
O interesse do professor não deve ser centralizar somente nos conteúdos, mas na forma que os alunos reagem, dentro de um espaço de convivência, onde possam ser vividos os valores humanos que aumenta os graus de confiança e de respeito dos alunos com a escola e o professor e também entre os alunos (ONTAÑÓN; DUPRAT; BORTOLETO, 2012).
Na escola a atividade extra, trabalha na prática a organização dos alunos, e onde eles possam expressar suas culturas corporais que foram vistos nas vivências nas aulas de educação física, e que despertam o maior interesse dos alunos.
A intenção do professor de educação física e fazer que o aluno domine e se interesse pelo conteúdo escolhido. Cabe lembrar que em todos os âmbitos de atuação o profissional de educação física, a preocupação maior é a formação humana, independente do nível de conhecimento, sempre capacitando seus alunos. E permitindo a oportunidade de interação dos seus amigos, garantindo que esses alunos possam se sentir importantes e integrados em um grupo possam sentir-se participantes de uma equipe e o circo proporciona isso, pois como arte fundamentada em famílias circenses, onde o saber é passado de geração em geração, esses valores constituem um legado (PÉREZ GALLARDO, 2002).
A transmissão da cultura corporal é atividade particular ao professor de educação física, assim a arte circense com todas as suas demandas tem sua inclusão assegurada nas atividades escolares, visto que a escola é um lugar adequado à transmissão da cultura corporal, assim sendo o professor de educação física responsável por essa transmissão.
De acordo com Pérez Gallardo (2002) a educação física tem como conteúdos clássicos da cultura corporal o jogo, o esporte, as lutas, as danças e a ginástica, a arte do circo ajudará a enriquecer ainda mais esse legado cultural a ser ensinado e a formação humana de forma global.
Sobre o processo de ensino-aprendizagem, Pérez Gallardo (2002) propõe uma postura didática do profissional, que deve ser adotada pelo professor para viabilizar as trocas entre a cultura corporal entendida por ele e a cultura corporal própria do aluno, sendo fundamental considerar as experiências e vivências anteriores. Segundo o autor um posicionamento que abrirá as portas para o conhecimento de outras culturas, sempre de forma contextualizada para enriquecer o processo de ensino.
Pérez Gallardo (2002) relata a existência de três formas de aplicação dos conteúdos da educação física (vivência, prática e treinamento), sendo que cada um deles envolve interesses diferentes, sendo que na escola o trabalho está focado sobre os dois primeiros, não e função da escola tratar do terceiro afirma o autor.
Assim, a educação física escolar é responsável, não de forma exclusiva, pelo espaço de vivência, cujo objetivo principal é colocar os alunos em contato com a cultura corporal, atividade inerente ao profissional educador físico. O interessante nesse contexto não é o domínio técnico dos conteúdos, mas o domínio conceitual deles. Em um espaço humano de convivência, no qual possam ser vivenciados aqueles valores humanos que aumentem os graus de confiança e de respeito entre os integrantes do grupo e esse lugar é a escola, onde nas atividades extracurriculares, pode-se realizar com uma primazia maior no trato do conhecimento, dessa forma o professor estará realizando um trabalho pratico, onde os alunos escolhem os conteúdos e/ou elementos da cultura corporal que foram vistos na aula de educação física e que despertaram maior interesse neles, e agora passam a reproduzir, pois suas particularidades individuais foram respeitadas (SIMÕES; GOMES; OLIVEIRA, 2008).
Nesse contexto o objetivo do professor de educação física nesse espaço é fazer com que os alunos aprendam a dominem as técnicas de execução dos conteúdos escolhidos. Nesse caso a arte do circo, a intenção é aumenta o tempo de experimentação, onde exista uma maior preocupação com a técnica o modo de execução (SIMÕES; GOMES; OLIVEIRA, 2008).
Cabe ressaltar que em todos os âmbitos de atuação o profissional de educação física deve estar preocupado com a formação humana, independente do nível de aprofundamento, capacitando seus alunos numa ampla esfera de conhecimento, e permitindo a todos aumentar suas possibilidades de interação com seus companheiros, assim como fazendo deles pessoas importantes para seu grupo social.
De acordo com Bortoleto (2006), o circo vem revelando-se um grande aliado da educação física no que diz respeito a sua contribuição como conhecimento a ser tratado no âmbito escolar. Um excelente veículo condutor para uma educação física mais artística, mais dedicada às atividades de expressão corporal.
De forma generalizada, educação visa o desenvolvimento das múltiplas potencialidades humanas, em sua riqueza e diversidade, para o acesso as condições de produção do conhecimento e da cultura. A educação física mais diretamente contempla múltiplos conhecimentos produzidos e usufruídos pela sociedade sobre o corpo e suas múltiplas formas de movimento, essas atividades culturais com finalidades de lazer, expressão de sentimentos, afetos e emoções e com possibilidades de promoção, recuperação e manutenção da saúde. Dessa forma, pretende-se que o circo seja incorporado pela programação da educação física significa comparar e pôr em evidência se este conteúdo corresponde aos objetivos em nível institucional (DUPRAT, 2007).
As escolas devam estabelecer como norteadores de suas ações pedagógicas: os princípios éticos da autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e do respeito ao bem comum; os princípios dos direitos e deveres de cidadania do exercício da criticidade e do respeito à ordem democrática; os princípios estéticos da sensibilidade, da criatividade e da diversidade de manifestações artísticas e culturais (COSTA et al., 2008).
O circo configura-se como parte integrante da produção cultural e artística e agora educacional. Ao longo de diversos séculos, o circo influenciou modos de produzir, modos de agir e modos de fazer arte, caracterizando-se como um fenômeno sociocultural. Por isso, sua inclusão no meio educacional se faz necessária, se por algum motivo isso ainda não aconteceu em algum âmbito na educação física, cabe aos educadores, atentarmos para este conhecimento e inseri-lo de maneira geral que o mesmo se encaixe no princípio de integração, sendo legitimado a fazer parte dos projetos político-pedagógicos das escolas (DUPRAT, 2007).
Ao se deparar com estes conceitos culturais que o circo trás, a arte e encanta os espectadores, e pode ser apresentado num espetáculo de circo, em uma arte milenar são inúmeras as modalidades apresentadas que podem e devem ser inventadas e transformadas. Essas mudaram e se reinventaram ao longo do tempo ao atender a demanda da sociedade. Os artistas circenses vivem em uma constante mutação e transformação dos movimentos de características não convencionais e habituais das atividades do circo. Neste sentido, as práticas circenses podem ser as mais variadas possíveis, das quais serão destacadas as de características aéreas, acrobáticas, malabarísticas e de equilíbrio, e são essas características que fazem essa arte tão especial, cada educador pode adequar-se as suas necessidades de momento, de sua turma de alunos e de acordo com as vivencia de cada um, adequar as facetas do circo ao ambiente que esta sendo explorado, em uma roda viva de formas, que com criatividade podem ter suas potencialidades infinitamente exploradas (SACCO; BRAZ, 2010).
Uma abordagem multidisciplinar sobre a arte circense
O objetivo é oferecer reflexões a partir da realidade vivenciada acerca do papel das técnicas circenses na atuação dos professores, observando como um componente curricular capaz de estabelecer conexão entre as disciplinas, rompendo as diferenças entre mente e corpo. Assim, contribuir para a integração do conhecimento de educadores e futuros educadores sobre a possibilidade das técnicas circenses serem inseridas no universo escolar, numa perspectiva interdisciplinar (COSTA et al., 2008).
A interdisciplinaridade ou multidisciplinaridade é uma prática escolar que busca a interação entre varias áreas do conhecimento, essa prática torna possível à resolução de problemas e através dela uma real compreensão da realidade. Essa compreensão só é possível através da interação dos conteúdos e da visão integral que o professor adquire quando percebe uma ligação entre os conteúdos das diversas disciplinas do currículo da criança ou adolescente (BORTOLETO; MACHADO, 2003).
O circo não foi contemplado como conteúdo programático no currículo das escolas, no entanto estudo realizado em todo o mundo tem demonstrado o caráter interdisciplinar na atuação dos professores de varias áreas, inclusive de Educação Física, onde é possível estabelecer um contato constante com as outras áreas dos saberes escolar. A arte do circo, em diversos países e no Brasil, tem se consolidado como aliadas da Educação Física e das outras disciplinas, pois são atividades que promovem atitudes com um potencial educativo, não se limitando somente ao simples controle do corpo, mas prezam pela interação interpessoal, pois os alunos desenvolvem diferentes aspectos pessoais, como a sensibilidade na expressão corporal, a cooperação, o desenvolvimento da criatividade, a melhora da autosuperação, autoestima, autocontrole e a percepção do outro, no circo nunca se trabalha sozinho, seja na montagem do espetáculo ou mesmo na execução dos movimentos na apresentação (COSTA et al., 2008).
A arte circense pode ser considerada uma saída para desmistificar o ensino fragmentado e recortado em sala de aula.Projeto desenvolvido por Costa et al. (2008) ocorreu sob a forma de grupo de estudos e de realização de atividades práticas de técnicas circenses, teve como objetivo oferecer ao professor instrumentos a fim de que percebesse e articulasse as técnicas circenses numa perspectiva interdisciplinar em sala de aula, favorecendo a difusão das técnicas e das relações que se estabeleceram entre o circo e o conteúdo escolar, e trás ferramentas para a construção de uma educação baseada na integração dos saberes em torno do circo, sem duvidas um belo exemplo que deve ser seguido.
Anteriormente com outras atividades como o esporte, a pintura, teatro e a dança, o circo deixou de ser uma atividade unicamente profissional e familiar. Bortoleto e Machado (2003) mostram que o circo tem sido o foco de muitos estudos, que enfatizam sua história, seu modo teatral, suas relações sociais e culturais, além do enfoque prático das atividades circenses como forma de lazer e recreação, com fins educativos e sociais. Desde seu princípio na era moderna, até os dias de hoje, o circo vem disputando o público com outras formas de entretenimento como o teatro, os music-halls e, mais recentemente, com a televisão e o cinema e os atrativos da internet.
Porém diante de tantos atrativos, o circo tornou-se um conhecimento crescente em nossa sociedade. Isso quer dizer que as atividades ligadas ao circo surgem em diferentes ambientes uma prática que assume diferentes características: esportivas, em academias; social, em ONGs e entidades assistenciais como asilo e creches; terapêutica, em hospitais e clinicas; e educativa, em nossas escolas (COSTA et al., 2008).
A dimensão interdisciplinar das práticas circenses está em propostas que valorizam a criatividade, a sensibilidade, proporcionando, experiências corporais que se utilizam da ação, do pensamento e da linguagem, tendo no jogo, na brincadeira e na fantasia, sua fonte de inspiração. Para isso o professor deve ter claro o que é interdisciplinar, não reduzindo o conceito ao acumulo, as técnicas circenses podem ser utilizadas com eficácia no âmbito escolar, contribuindo para a melhoria da qualidade do trabalho educativo. Por meio de atividades que estimulam o desafio, essas técnicas propiciam o rompimento com a estrutura de um ensino conservador e evidenciam o forte fator cultural e inclusivo que tais atividades possuem (BORTOLETO, 2006).
De acordo com Costa et al. (2008) em seu estudo ficou evidenciado que a introdução das técnicas circenses no meio escolar pode ser considerada como um caminho para a realização do processo de interdisciplinaridade pode funcionar como um recurso de inclusão, demonstrando a importância da atividade física como fator preventivo e curativo em relação à saúde humana, destaca ainda que as atividades circenses, além de promover as práticas interdisciplinares, despertam sensações que favorecem o desenvolvimento de vários aspectos do ser humano, ajudando na formação de cidadãos mais conscientes.
Segundo Costa et al. (2008) Existem muitas barreiras para o desenvolvimento de um trabalho pedagógico que tenha na interdisciplinaridade suas bases, vários fatores podem ser destacados: a falta de conhecimentos dos professores, falta de material adequado, falta de interesse de alguns professores em alterar suas práticas únicas.
De acordo com Caramês et al. (2012) o rompimento com a metodologia tradicional de ensino, nos diz que é possível buscar uma nova alternativa para se trabalhar em aula, que possam obter bons resultados no que diz respeito à aprendizagem do aluno. O papel do professor de educação física nesse contexto é essencial, pois deve ser colocado centro do processo ensino-aprendizagem, como forma de encarar as limitações da escola como: falta de espaço ou equipamentos e tornar-se um modificador do ambiente em que vive, assim é possível acreditar que o circo seja avaliado como uma nova alternativa para a Educação Física escolar.
Diante do exposto, ficam claras as vantagens que a atividade circense oferece e seus vários aspectos, favorece a integração entre os alunos, auxilia na sua conduta como ser humano, promove bem-estar social e cultural. O circo apresenta várias potencialidades que podem ser exploradas não só pela Educação Física, mas em todas as matérias, essa multidisciplinaridade destacada pelos autores é uma das maiores contribuições que a atividade circense pode oferecer.
Considerações finais
Conforme se foi debatido ao longo da temática foi visto que existem muitos alunos que não conhece atividade circense, e muitos professores que não sabe o quanto a atividade circense é importante para o desenvolvimento dos alunos.
O presente estudo identificou que a atividade circense é muito importante na educação física escolar, pois ajuda no desenvolvimento de crianças e jovens, pois os alunos desenvolvem diferentes aspectos pessoais, como a sensibilidade na expressão corporal, a cooperação, o desenvolvimento da criatividade, a melhora da auto-superação, autoestima, autocontrole e a percepção do outro.
A atividade circense pode ser trabalhada como forma de lazer, arte e esporte desde que o profissional seja qualificado e saiba passar a arte do circo de forma clara.
Acreditamos que o professor de educação física e o pedagogo são profissionais que mais se identificam para trabalhar a atividade em circo, porque são preparados para atender as necessidades exigidas para trabalhar esta modalidade na escola.
A maior dificuldade encontrada nas pesquisas foi a falta de conhecimento de profissionais e a falta de estrutura das escolas e de materiais. Mas, os profissionais que trabalham a atividade circense obteve um ótimo resultado tanto na participação quanto na satisfação do aluno.
Portanto percebemos fundamental uma melhor formação dos profissionais de educação física nas graduações voltada para a arte do circo para não deixar lacunas com relação atividades circenses. E sua contribuição na formação dos educandos nas escolas, esperamos que com essa pesquisa seja refletida a arte do circo na área da educação física em nossa região.
Referências
BORTOLETO, M. A. C.; MACHADO, G. A. Reflexões sobre o Circo e a Educação Física. In: Revista Corpo consciência, Santo André, n.12, p. 41-69, 2003.
BORTOLETO, M. A. C. Circo y Educación Física: los juegos circenses como recurso pedagógico. Revista Stadium, Buenos Aires, n. 195, p. 5-15, 2006.
BORTOLETO, M. A. C; DUPRAT, R.M. Educação física escolar: pedagogia e didática das atividades circenses. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Campinas, vol.28, n.2, p.171-189, 2007
CARAMÊS, A. S.; CORAZZA, S. T.; SILVA, D. O. Atividades circenses: um programa para melhoria do repertório motor de escolares. Revista Brasileira de Ciências da Saúde, vol.10, n.p. 1-732, 2012
COSTA, A. C. P.; TIAEN, M. S.; SAMBUGARI, M. R. N. Arte circense na escola: possibilidade de um enfoque curricular interdisciplinar. Revista Olhar de professor, Ponta Grossa, vol.11, n.1, p. 197-217, 2008.
DUPRAT, R. M. Atividades circenses: possibilidades e perspectivas para a Educação Física escolar. 2007. 122f. Dissertação (Mestrado em Educação Física). Faculdade de Educação Física. Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2007
SIMÕES, M. C.; GOMES, R. F.; OLIVEIRA, R. C. S.S. Atividades circenses: limites e possibilidades nas aulas de educação física escolar. 32f. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura Plena em Educação Física). Escola Superior São Francisco de Assis, Santa Teresa, 2008
PÉREZ GALLARDO, J. S. Discussões preliminares sobre os objetivos de formação humana e de capacitação para a Educação Física Escolar, do berçário até a quarta série do ensino fundamental. Tese (Livre-Docência) – Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2002.
DIAS, L. C. Arte circense no ensino infantil: reflexões sobre uma proposta. 2009. 104 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura em Educação Física). Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2009.
ONTAÑON, T. Atividades circenses na educação física escolar: equilíbrios e desequilíbrios pedagógicos. 2012. 143f. Dissertação (Mestrado em Educação Física), Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2012
SACCO, R. B.; BRAZ, T. V. Atividades circenses: caracterização das modalidades, capacidades bimotoras, metabolismo energético e implicações práticas. Conexões: Revista da Faculdade de Educação Física da UNICAMP, Campinas, v. 8, n. 1, p. 130-164, 2010.
TAKAMORI, F. S.; BORTOLETO, M. A. C.; PIPORONI, M. O.; PALMEN, M. J. H. CAVALLOTTI, T. Abrindo as portas para as atividades circenses na educação física escolar: um relato de experiência. Revista Pensar a Prática, Goiânia, vol. 13, n.1, 2010.
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