A satisfação profissional da
equipe de enfermagem: La satisfacción profesional del equipo de enfermería: una revisión de la literatura Professional satisfaction nursing team: a review of literature |
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*Acadêmica de Enfermagem. Faculdades Unidas do Norte de Minas-MG **Enfermeira, Especialista em Saúde da Família. Docente das Faculdades Unidas do Norte de Minas e da Universidade Estadual de Montes Claros -MG ***Enfermeira. Mestre em Ciências da Saúde. Docente da Universidade Estadual de Montes Claros-MG ****Médico, Mestre em Ciências da Saúde. Docente da Universidade Estadual de Montes Claros-MG |
Bruna Michelle Pereira Evangelista* Brunna Letícia Ferreira* Jucimere Fagundes Durães Rocha** Fernanda Marques da Costa*** Jair Almeida Carneiro**** (Brasil) |
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Resumo Trabalho e satisfação profissional nem sempre estiveram correlacionados, apesar de o interesse pela satisfação não ser um assunto recente e de nunca ter deixado de interferir na qualidade do trabalho. Este estudo teve objetivo analisar através de estudo bibliográfico a satisfação profissional da equipe de enfermagem. Para tal foi efetuada revisão integrativa de literatura com trabalhos publicados entre os anos de 2003 e 2013 na Biblioteca Virtual da Saúde. Foram encontrados 27 artigos que abordaram o tema de satisfação profissional da equipe de enfermagem sendo selecionados 11 artigos, destes sete são de abordagem quantitativa e quatro são de abordagem qualitativa. A literatura evidenciou que a satisfação profissional está essencialmente relacionada aos seguintes componentes, tais como: Autonomia; Interação; Status Profissional; Requisitos do Trabalho; Normas Organizacionais e Remuneração. Conclui-se a partir deste estudo que são vários os fatores que podem influenciar a satisfação profissional da equipe de enfermagem. Neste sentido, é fundamental considerá-los, uma vez que, para que a equipe de enfermagem possa desempenhar sua função com motivação e eficiência é necessário priorizar os principais fatores que geram satisfação no trabalho, pois quaisquer variações nesses aspectos podem acarretar uma insatisfação no profissional, a qual poderá influenciar negativamente a qualidade do serviço prestado. Unitermos: Satisfação no emprego. Enfermagem. Equipe de enfermagem. Trabalho. Satisfação. Autonomia profissional.
Abstract Work and job satisfaction were not always correlated, despite the interest in satisfaction is not a recent issue and has never failed to interfere with the quality of the work. This study had the objective of analyzing the study seeks job satisfaction of nursing staff. For this was made integrative review of literature published between the years 2003 and 2013 in the Virtual Library of Health were found 27 articles that focused on job satisfaction of the nursing staff of these were selected 11 articles, of which seven are in approach four are quantitative and qualitative approach. The literature showed that job satisfaction is primarily related to the following components, such as Autonomy, Interaction, Professional Status, Job Requirements, Standards and Organizational Compensation. It is concluded from this study that there are several factors that can influence the job satisfaction of the nursing staff. In this sense, it is essential to consider them, since for the nursing staff can perform their function with motivation and efficiency is necessary to prioritize the main factors that cause job satisfaction, for any variations in these aspects can lead to dissatisfaction in the profession, which can negatively influence the quality of service. Keywords: Job satisfaction. Nursing. Nursing staff. Work. Satisfaction. Professional autonomy.
Recepção: 02/06/2014 - Aceitação: 07/10/2014
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 202, Marzo de 2015. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
A partir do século XVIII com as mudanças que repercutiram no processo produtivo e conseqüentemente no trabalho, surgiram os primeiros estudos que, embora indiretamente, foram centralizados na satisfação profissional, associado ao desgaste físico e retorno financeiro (SIQUEIRA; KURCGANT, 2012). Com o passar do tempo, vieram mudanças sociais e econômicas decorrentes da globalização, modificando ritmos e cargas de trabalho, maximizando a produtividade e minimizando custos, não passando a importar a satisfação dos trabalhadores diante das atividades que realizam, comprometendo assim sua satisfação profissional e conseqüentemente, o resultado do trabalho desenvolvido (RODRIGUES, 2011).
Diversos fatores que interferem diretamente nas condições e relações de trabalho, como a inserção de novas tecnologias acrescentadas a inovações organizacionais. Essas transformações podem repercutir na saúde dos trabalhadores, desencadeando desarmonia entre o homem e o trabalho, exigindo dos mesmos uma exaustiva aplicação de energia física e mental (SILVA; FERREIRA, 2011).
Na enfermagem, uma profissão que exige dedicação, a equipe precisa realizar seu trabalho com satisfação e motivação, identificando e atendendo as necessidades dos pacientes (SIQUEIRA; KURCGANT, 2012). Entretanto, muitas vezes, essa satisfação pode ser difícil pois o fazer da enfermagem é caracterizado como um trabalho desgastante, imprevisível, com impactos e resultados imediatos (SILVA; FERREIRA, 2011). Assim é possível encontrar relação entre a satisfação do cliente e a satisfação profissional, visto que, a qualidade da assistência está relacionada ao estado psíquico e físico do trabalhador. A satisfação da equipe de enfermagem torna-se indispensável para que a assistência seja efetuada com qualidade e eficiência (SIQUEIRA; KURCGANT, 2012).
Diante do exposto, o presente estudo teve como objetivo analisar a satisfação profissional da equipe de enfermagem a luz da literatura científica. O estudo poderá contribuir para a identificação de problemas nos serviços de saúde, auxiliando no planejamento de possíveis soluções e conseqüentes melhorias no ambiente de trabalho e na qualidade dos serviços prestados.
Metodologia
Trata-se de uma Revisão Integrativa da Literatura acerca da satisfação profissional da equipe de enfermagem. Para proceder à busca baseou-se no seguinte questionamento: Segundo a literatura científica quais os fatores relacionados à satisfação dos profissionais de enfermagem?
Foi desenvolvida a busca eletrônica, com base em material já elaborado, em fontes secundárias de bancos de dados eletrônicos, a partir da base de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). A coleta de dados ocorreu em de maio de 2014.
Em virtude das características específicas para o acesso à base de dados selecionados, as estratégias utilizadas para localizar os artigos foram definidas tendo como eixo norteador a pergunta e os critérios de inclusão da revisão integrativa, previamente estabelecidos para manter a coerência na busca dos artigos e evitar possíveis vieses. Os descritores utilizados foram: “Satisfação no emprego” e “Enfermagem”. Foram encontrados 57 artigos destes 27 artigos eram relacionados ao tema, dos quais 11 foram selecionados para compor a amostra. Foram excluídos 16 artigos que se repetiram.
Os critérios de inclusão foram: trabalhos disponíveis em língua portuguesa, publicados entre os anos de 2003 a 2014, oriundos de pesquisa original que analisassem a satisfação profissional da equipe de enfermagem. Foram excluídos os artigos que não se adequavam ao tema proposto e artigos de revisão de literatura.
A análise dos dados foi realizada através da categorização dos dados o que proporcionou o conhecimento das características marcantes e sua importância em cada trabalho.
Resultados
Entre os trabalhos pesquisados observa-se que 07 (70%) utilizaram a pesquisa quantitativa como método, enquanto 03 (30%) utilizaram a pesquisa qualitativa. Entre as pesquisas quantitativas 04 (40%) utilizaram questionário validado como instrumento de coleta de dados.
Tabela 1. Fatores relacionados à satisfação profissional e respectivas fontes e percentual de freqüência
Fonte: Artigos selecionados para revisão de literatura maio de 2013
Discussão
A Análise dos estudos selecionados revelou que a satisfação profissional está intrinsecamente relacionada aos seguintes temas: Autonomia; Interação; Status Profissional; Requisitos do Trabalho; Normas Organizacionais e Remuneração.
Autonomia e a satisfação profissional na enfermagem
De acordo com Siqueira e Kurcgant (2012), a autonomia é definida, como a responsabilidade individual pelo trabalho ou o controle sobre as decisões profissionais. Segundo Paiva; Rocha e Cardoso (2011) a autonomia confere maior profissionalização e prestígio ao trabalho, suprindo a necessidade individual de inserção social. Quanto aos componentes de satisfação profissional nos estudos analisados, pode-se inferir que à autonomia é considerado um dos fatores que mais interferem na satisfação profissional. Nos estudos de Siqueira e Kurcgant (2012), Paiva; Rocha e Cardoso (2011), Souza et al. (2011); Schimidt e Dantas (2006) e Jeony e Kurcgant (2010), a autonomia foi considerada o principal componente de satisfação profissional da enfermagem.
Na pesquisa realizada por Paiva; Rocha e Cardoso (2011) a maioria dos profissionais de enfermagem apresentavam-se satisfeitos com este componente, o que leva a inferir que estes profissionais têm se apropriado de uma maior independência em suas ações, através do seu conhecimento. Esta mesma autora reforça que a falta de autonomia gera insatisfação, pois o profissional não estará satisfeito enquanto não puder praticar sua profissão usando conhecimentos e julgamentos independentes para benefício dos pacientes.
De acordo com Carvalho e Lopes (2006) a ausência da autonomia emerge como fator negativo no trabalho. Esses autores apontam ainda que para que a equipe de enfermagem se sinta mais valorizados é necessário maior autonomia nas condutas terapêuticas.
Para Jeong e Kurcgant (2010) a privação da autonomia e o fato de sentir insegura também são fatores de insatisfação. Em um estudo sobre indicadores para avaliação da qualidade de gerenciamento de recursos humanos em enfermagem, ressaltou-se a importância da participação coletiva no processo decisório como ferramenta gerencial tanto para a qualidade do resultado da decisão tomada como para a satisfação dos profissionais pela participação no planejamento, monitoramento e transformação do seu processo de trabalho.
Remuneração e a satisfação profissional na enfermagem
Quanto ao componente de remuneração em relação à satisfação profissional nos estudos analisados, pode-se inferir que à remuneração foi considerado o principal fator de insatisfação profissional. Nos estudos de Siqueira e Kurcgant (2012); Paiva; Rocha; Cardoso, (2011) Souza et al. (2011); Schimidt e Dantas (2006); Jeong e Kurcgant (2010); Batista et al. (2005) e Carvalho e Lopes (2006), a remuneração foi citada pelos profissionais de enfermagem como fonte de geração de insatisfação profissional.
Segundo Jeong e Kurcgant (2006) o salário é considerado o maior fator gerador de insatisfação por parte dos profissionais de enfermagem, por não ser coerente com a responsabilidade e funções desempenhadas por esses profissionais. Para estas autoras há um consenso quanto à opinião de que o enfermeiro é um trabalhador mal remunerado.
É notório que o salário em si não representa um fator total de motivação, pois é preciso levar em conta outros fatores, tais como: a carga horária, as condições oferecidas, entre outros. Entretanto, o fator remuneração normalmente é apontado como sendo o de maior insatisfação no trabalho da equipe de enfermagem, uma vez que o salário, em comparação com a responsabilidade e dedicação da equipe de enfermagem, é muito inferior e se faz necessário adequá-lo às habilidades e ao conhecimento desses profissionais, pois estes fatores podem influenciar na permanência ou abandono da profissão (BATISTA et al. 2005).
Carvalho e Lopes (2006) ao analisar os benefícios compensadores no trabalho afirmam que o funcionário de enfermagem não é recompensado pelo esforço despendido ao desenvolver suas funções, e que a má remuneração é mais um fator de insatisfação, sobretudo por ser a enfermagem uma profissão que exige grande responsabilidade. De acordo com estas autoras20% dos enfermeiros abandonam a profissão devido à baixa remuneração, e 58,8% estão insatisfeitos financeiramente, mas continuam exercendo a profissão. Estas autoras destacam ainda que essa frustração econômica leva o profissional a assumir mais de um emprego para manter condições dignas de vida, ou então gera alta rotatividade e desligamento do emprego.
Em virtude dos baixos salários, a maioria dos trabalhadores de enfermagem é obrigada a optar por mais de um emprego, o que leva essas categorias a permanecerem no ambiente dos serviços de saúde a maior parte do tempo de suas vidas produtivas. Essa situação leva ao aumento do período de exposição aos riscos existentes nesses locais, podendo haver prejuízo para a sua qualidade de vida no trabalho (SOUZA et al. 2011). Schimidt e Dantas (2006) corroboram afirmando que outro aspecto importante é a diminuição de tempo para atividades de lazer e recreação, necessárias para a manutenção da saúde física e mental dos profissionais. Batista et al. (2005) afirmam que a remuneração justa proporciona melhores condições de vida ao profissional de enfermagem e a possibilidade de fixação em um único trabalho, aumentando conseqüentemente a qualidade de serviço prestado.
Interação e a satisfação profissional na enfermagem
Outro componente relacionado à satisfação profissional diz respeito ao relacionamento interpessoal no trabalho. Também conhecido como interação tal qual é definida pela oportunidade de contato social e profissional tanto formal como informal durante o horário de trabalho (SIQUEIRA; KURCGANT, 2012).
Por meio da análise dos estudos Siqueira e Kurcgant (2012); Paiva; Rocha; Cardoso, (2011) Souza et al. (2011); Schimidt e Dantas (2006); Garcia et al. (2012); Batista et al. (2005) e Jeong e Kurcgant (2010), foi possível perceber que uma boa interação e um bom trabalho em equipe pode ser entendido como fonte geradora de satisfação e crescimento profissional mútuo, mas também a dificuldade de relação interpessoal no trabalho pode ser gerador de estresse e falta de harmonia em torno dos objetivos do trabalho e da assistência prestada à clientela.
Para Garcia et al. (2012) o trabalho em equipe emerge como resultado de um processo complexo, onde há necessidade de agregar os trabalhadores de diferentes áreas da saúde, formando assim, “teias de ações” realizadas por uma diversidade de profissionais que necessitam de articulação. O trabalho visto pela óptica das determinações macros sociais, considerando o próprio sujeito do trabalho, pode ser entendido como ação produtiva e interação social. Este estudo confirma o fato de que o trabalho em saúde requer uma boa interação entre os membros da equipe e não pode estar dissociado de uma inevitável interação social. Isso também é afirmado no que diz respeito à motivação no trabalho, sendo o relacionamento interpessoal um fator que contribui para a motivação no trabalho da equipe de enfermagem.
Regis e Porto (2011) relatam que apesar da interação ser imprescindível na realização do trabalho da enfermagem, há uma ausência de participação, principalmente na tomada de decisão, na comunicação entre os profissionais que exercem cargos de chefia e na comunicação com a equipe médica.
Paiva, Rocha e Cardoso (2011) destacam uma certa interação conflituosa entre médicos e a equipe de enfermagem encontrando uma percepção de subestimação e falta de respeito pelas suas habilidades e competências, ainda em conseqüência do modelo de saúde Biomédico presente ainda nos dias atuais. Jeong e Kurcgant (2010) também descrevem que a equipe de enfermagem encontra dificuldades em se relacionar com a equipe médica e faz uma proporção direta entre insatisfação e relacionamento interpessoal, bem como intersetorial.
Dessa forma, de acordo com Souza et al. (2011) a interação é fonte geradora de satisfação e crescimento profissional em conjunto, entretanto também pode ser geradora de estresse e falta de harmonia acerca dos objetivos do trabalho e da assistência prestada ao paciente.
Normas organizacionais e a satisfação profissional na enfermagem
De acordo, com Siqueira e Kurcgant (2012) as normas organizacionais são normas administrativas e procedimentos propostos pela instituição e administração do serviço de enfermagem.
Para Paiva; Rocha e Cardoso (2011); Garcia et al. (2012); Abraão et al. (2010), as normas organizacionais também são fatores que induzem a satisfação profissional da equipe de enfermagem. Além disso, os processos gerenciais adotados em nível hospitalar influenciam diretamente as condições de saúde da equipe de enfermagem, transformando-se em determinantes de danos à saúde se forem considerados autoritários ou potencializadores da saúde se forem considerados mais flexíveis e democráticos. As atividades executadas pelo pessoal de enfermagem que atuam em hospitais são permeadas de desgaste físico e psíquico com prejuízo da qualidade de vida desses profissionais.
Como lembra Garcia et al. (2012), é importante que o ambiente de trabalho seja um lugar de prazer, levando em consideração os aspectos subjetivos, buscando influenciar positivamente a qualidade do ambiente e do próprio trabalho, havendo a necessidade de adotar estratégias e comportamentos para cuidar deste ambiente, garantindo saúde emocional para os trabalhadores e, conseqüentemente, qualidade na assistência. Logo, devem-se considerar tais aspectos de igual importância quando comparados mesmo aos maiores avanços em tecnologias palpáveis.
A qualidade do trabalho organizacional é influenciada pelas características de seus profissionais. O processo de seleção deve ser permeado por políticas e práticas de recursos humanos que valorizem as pessoas para o alcance da eficácia da organização. Os profissionais contratados, cujas habilidades não correspondem ao perfil que a organização deseja e valoriza, poderão influenciar negativamente na qualidade do serviço, independente dos esforços dos gestores. Portanto, ter pessoas com características compatíveis ao perfil do trabalho organizacional resulta em maior probabilidade de se obter qualidade na assistência prestada (ABRAÃO et al. 2010).
Requisitos do trabalho e a satisfação profissional na enfermagem
Com relação a Requisitos do trabalho Siqueira e Kurcgant (2012) definem que os mesmos envolvem as atividades executadas regularmente no trabalho.
De acordo com Siqueira e Kurcgant (2012) atualmente, nota-se que a competitividade entre as instituições tem aumentado consideravelmente, levando as instituições que centralizam o foco nos procedimentos a desviá-los para os resultados. Nesse sentido, várias vezes, os profissionais são desafiados a executar tarefas dos quais não foram treinados, passando assim por constantes adaptações. Essas mudanças, até de paradigmas, tornam-se desafios capazes de influenciar na execução de atividades diárias, podendo gerar satisfação em alguns profissionais de enfermagem e, em outros, insatisfação. Diante essa nova realidade, os profissionais vêm passando grandes mudanças nas relações de trabalho, visto que a expectativa em relação ao perfil do trabalhador tem se tornado perceptível, havendo necessidade de treinamento constante e aperfeiçoamento, objetivando torná-lo mais capacitado para que possa colaborar de modo mais eficiente com a visão global e corresponder às necessidades do cliente e da instituição.
Segundo Souza et al. (2011), as mudanças no modelo de trabalho, que ocorrem ao longo dos tempos e que caracterizam o movimento de reestruturação produtiva, criam novos cenários do mercado de trabalho, que exigem determinadas características dos profissionais que neles se inserem e desejam permanecer produtivos.
No entanto, de acordo com Paiva, Rocha e Cardoso (2011) em pesquisa realizada a predominância das atividades assistenciais no cotidiano dos profissionais de enfermagem e o trabalho diurno contribuíram a um nível maior de satisfação no trabalho, visto que a quantidade de atividades burocráticas e administrativas, também a escala de plantões noturnos foram considerados pelos profissionais como alguns dos causadores de insatisfação no trabalho da equipe de enfermagem.
Em estudo realizado por Jeong e Kurcgant (2010), trabalhar nos finais de semana, feriados e plantões noturnos foram considerados também como fatores de insatisfação profissional e apontados como fatores que podem afetar o convívio social. Em relação aos plantões noturnos, podem ocasionar também distúrbios psicossomáticos. Ademais, um estudo tocante a turno de trabalho expressa que 58,3% das enfermeiras declararam que o melhor horário para trabalhar é no turno matutino, 41,6% escolheram pelo turno vespertino, enquanto nenhuma preferiu pelo período noturno.
Para Souza et al. (2011) a precarização das condições de trabalho referida pela equipe de enfermagem como o caos na saúde, faz parte do campo da assistência, caracterizando-se como fator de sofrimento psíquico para esses profissionais. Deste modo, as ineficazes condições de trabalho configuram um grande obstáculo tanto para o profissional, que se vê impedido de realizar seu trabalho de forma absoluta, integral e efetiva, como também para os usuários, que não usufrui o seu direito a uma assistência à saúde digna e integral.
De acordo com Carvalho e Lopes (2006), o trabalho da enfermagem exige uma atenção especial, visto que o cuidar do outro em sua integralidade significa não somente resolver seus problemas fisiológicos, mas também reconhecer todas as suas necessidades e buscar formas de atendê-las.
Em conformidade com Ruviaro e Bardagi (2010), as operações peculiares assistenciais demandam da equipe de enfermagem altos níveis de deveres e envolvimento emocional, visto que nesse tipo de ocupações esses profissionais devem cuidar dos clientes, conhecer seus problemas e promover vários cuidados. O hospital apresenta possível risco à saúde ocupacional, pois o trabalho desenvolvido neste ambiente necessita que todos os profissionais tenham considerável experiência clínica e maturidade que possibilitam enfrentar e tomar decisões complexas, freqüentemente com encadeamentos éticos e morais.
Status profissional e a satisfação profissional na enfermagem
Em relação ao Status Profissional, Siqueira e Kurcgant (2012) definem tal como a importância ou significado acerca do trabalho, tanto no seu ponto de vista profissional como de outros. Assim, os profissionais de enfermagem segundo estudo de Regis e Porto (2011) se sentem desvalorizados por eles mesmos e pelas instituições. Outros autores como Siqueira e Kurcgant (2012); Garcia et al. (2012); Paiva; Rocha; Cardoso (2011); Souza et al. (2011); Schimidt e Dantas (2006); Jeong e Kurcgant (2006) e Ruviaro e Bardagi (2006), também encontraram resultados similares.
De acordo com Paiva; Rocha e Cardoso, (2011) o componente Status Profissional, tal qual foi atribuído pouca importância, é descrito na atuação da equipe de enfermagem como sendo desvalorizado e pouco reconhecido no seu trabalho, provado na baixa remuneração, sobrecarga de trabalho e poucas expectativas de promoção na profissão.
Como recordam Garcia et al. (2012), o reconhecimento do trabalho seja ele pelo próprio sujeito que o executa, pelo paciente ou pela sociedade. Foram abordados como fatores que proporcionam prazer e satisfação no trabalho da equipe de enfermagem. É notório que os sentimentos de prazer e gratificação estão presentes quando o profissional de enfermagem percebe a melhora do estado de saúde do cliente como resultado das ações de enfermagem. Ou melhor, surgem sentimentos positivos quando o próprio profissional consegue discernir o resultado do seu trabalho durante este processo, o que é provado também em outros estudos.
Dessa forma, Garcia et al. (2012) consideram que o reconhecimento citado anteriormente mostra também sentimentos de recompensa e aproxima o profissional do resultado de seu trabalho, tornando esta relação positiva. Esta aproximação certifica a necessidade de valorizar o reconhecimento profissional pelo esforço realizado, já que a qualidade de vida, e conseqüentemente a satisfação profissional é muito influenciada pelo sentimento de produção de um trabalho digno de admiração e do respeito público.
Considerações finais
A partir deste estudo percebe-se que a satisfação profissional é um fenômeno complexo e subjetivo resultante de múltiplos aspectos do trabalho, podendo ser influenciada por diversos fatores, tais como: Autonomia; Interação; Status Profissional; Requisitos do Trabalho; Normas Organizacionais e Remuneração. Em conseqüência disso, pode ocasionar várias alterações, incluindo a qualidade de vida, relacionamentos interpessoais, cansaço físico e psicológico, dentre outros.
Diante do exposto, tornam-se necessários estudos mais aprofundados em relação à satisfação profissional da equipe de enfermagem no desenvolvimento dos processos de trabalho como uma variável que interfere na vida do profissional possa desenvolver seu trabalho com motivação, o que conseqüentemente, no seu bem estar e produtividade. Sugere-se que as organizações avaliem os fatores de insatisfação no trabalho da equipe de enfermagem para que este profissional possa desenvolver seu trabalho com motivação, o que conseqüentemente contribuirá para uma assistência de melhor qualidade e para o sucesso da instituição.
Referências
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GARCIA, A. B. et al. Prazer no trabalho de técnicos de enfermagem do pronto-socorro de um hospital universitário público. Revista Gaúcha de Enfermagem, UFRGS, v. 33, n. 2, p.153-159, 2012.
JEONG, D. J. Y.; KURCGANT, P. Fatores de insatisfação no trabalho segundo a percepção de enfermeiros de um Hospital Universitário. Revista Gaúcha de Enfermagem, UFGRS, v. 31, n. 4, p.655-661, 2010.
PAIVA, F. F. S; ROCHA, A. M.; CARDOSO, L. D. F. Satisfação profissional entre enfermeiros que atuam na assistência domiciliar. Revista da Escola de Enfermagem, USP, v.45, n.6, p. 1452-1458, 2011.
REGIS, L.F. L.V.; PORTO, I. S. Necessidades humanas básicas dos profissionais de enfermagem: situações de (in) satisfação no trabalho. Revista da Escola de Enfermagem, USP, v.45, n.2, p. 334-341, 2011.
RODRIGUES, M.N.G. Nível de Satisfação Profissional Entre Trabalhadores de Enfermagem da Estratégia Saúde da Família. 2011.82 p. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO. 2011.
RUVIARO, M.F.S; BARDAGI, M.P. Síndrome de burnout e satisfação no trabalho em profissionais da área de enfermagem do interior do RS. Barbarói. Santa Cruz do Sul. 2010. n, 33.
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