A prática pedagógica da professora de Educação Física na APAE de Jacinto Machado, SC La práctica pedagógica de la
profesora de Educación Física |
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*Acadêmica do Curso de Educação Física Licenciatura Universidade do Extremo Sul de Santa Catarina (UNESC) **Professor do Curso de Educação Física (UNESC). Doutor em Ciências do Movimento Humano (UFRGS). Líder do Grupo de Estudos e Pesquisa em Desenvolvimento Docente o Mundo do Trabalho em Educação Física (GPOM / UNESC) ***Professora de Educação Física. Especialista em de Educação Física Escolar com ênfase em Jogos Cooperativos e Psicomotricidade. Mestranda em Educação - Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC). Pesquisadora do Grupo de Estudos e Pesquisa em Desenvolvimento Docente e o Mundo do Trabalho em Educação Física (GPOM / UNESC) |
Brenda Just* Victor Julierme Santos da Conceição** Viviani Dias Cardoso*** (Brasil) |
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Resumo O presente artigo teve como objetivo identificar os elementos que emergem na prática pedagógica de uma professora de Educação Física que atua na APAE de Jacinto Machado/SC. Participou desta pesquisa uma professora de Educação Física vinculada a APAE, com a qual realizamos uma entrevista semiestruturada. Os resultados nos mostraram os elementos que emergem da prática pedagógica dessa professora foram: a importância que a disciplina de Educação Especial na graduação; as convergências e divergências existentes na Educação Especial e no Ensino Regular; o objetivo das aulas de Educação Física na Educação Especial desenvolvido para a autogestão e autonomia dos alunos em situações cotidianas; as dificuldades com as singularidades dos alunos e com o conhecimento específico das deficiências e por fim, que o planejamento seja o norteador da prática pedagógica. Unitermos: Educação Especial. Educação Física. Prática pedagógica.
Recepção: 14/12/2014 - Aceitação: 28/01/2015
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 202, Marzo de 2015. http://www.efdeportes.com/ |
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1. Introdução
O presente texto apresenta os achados de uma pesquisa de conclusão de curso realizada no segundo semestre de 2014, a qual investigou a prática pedagógica de Educação Física na Educação Especial em uma APAE de Jacinto Machado/SC.
O debate acerca do direito a educação de portadores de necessidades especiais é muito recente. De acordo com Mazzotta (2005), a Educação Especial no Brasil foi marcada por dois períodos importantes na história, o primeiro por volta de 1854 a 1956 quando surgiram às primeiras iniciativas de brasileiros perante a organização de serviços para o atendimento a cegos, surdos, deficientes mentais e físicos, inspiradas na Europa e nos Estados Unidos da América do Norte.
Ainda nesse sentido Mazzotta (2005, p. 27) ressalta que “durante um século, tais providencias caracterizaram-se como iniciativas oficiais e particulares isoladas, refletindo o interesse de alguns educadores pelo atendimento educacional dos portadores de deficiências”.
Ainda em 1954 surge a primeira Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE, no Rio de Janeiro. Conforme Mazzotta (2005) foi por meio de manifestações do movimento apaeano, que as autoridades do executivo e legislativo foram induzidas a tratarem do excepcional. Assim, alguns governos passaram a conceder ajuda as APAES que vinham se instalando.
No cenário histórico da educação, podemos mencionar que a Educação Física realizou grandes passos em direção ao olhar do sujeito numa perspectiva integral. Foi por volta da década de 80 que a Educação Física começava a interferir de modo benéfico na sociedade e em pessoas com necessidades especiais, com a intenção de mudar hábitos, pensamento e ideias e o respeito às capacidades individuais, morais e éticas (FERREIRA, 2006, apud SOUZA, 2013).
A Educação Física adaptada neste período no Brasil era praticada por pessoas com deficiências através de atividades diversificadas desenvolvimentistas como por exemplos jogos, esportes e ritmos tudo vinculado aos interesses, às capacidades e limitações de cada aluno. (WINNIK, 2004, apud MELO e FREITAS, 2009).
Segundo Rosadas (1994, p.30)
O objetivo da Educação Física, enquanto processo educacional, não é a simples aquisição de habilidades, mas sim contribuir para o desenvolvimento das potencialidades humanas. No aspecto social, ajudar a criança a estabelecer relações com as pessoas e com o mundo; no aspecto filosófico, ajudar a criança a questionar e compreender o mundo; no aspecto biológico, conhecer, utilizar e dominar o seu corpo; no aspecto intelectual, auxiliar no seu desenvolvimento cognitivo.
Partindo disso, Gorgatti e Costa (2005) complementam que a prática pedagógica do professor Educação Física na Educação Especial, tem como objetivos o estudo e a intervenção profissional dentro do universo das pessoas que apresentam diferentes condições para a prática das atividades físicas. Sendo que seu foco deve englobar o desenvolvimento da cultura corporal de movimento. Atividades como ginástica, dança, jogos e esportes, conteúdos da Educação Física, devem ser considerados, tendo em vista o potencial de desenvolvimento pessoal e não da deficiência.
Segundo a Federação Nacional das APAES de São Paulo (2006/2008) ao tratarmos da prática pedagógica, a Educação Física possui disciplinas e fundamentos que estão relacionadas ao “corpo e movimento” e as suas bases biológicas, psicológicas e sociais. Por meio do desporto, o aluno tem a oportunidade de vencer seus limites.
As reflexões referidas até aqui alimentaram a construção deste estudo, gerando o objetivo de identificar os elementos que emergem na prática pedagógica de uma professora de Educação Física que atua na APAE de Jacinto Machado/SC.
Decisões metodológicas
Escolhemos por um estudo descritivo de campo, com abordagem qualitativa entendendo que neste tipo de estudo não podemos demonstrar numericamente as relações entre a realidade e o sujeito. De acordo com Negrine (2010) a base dessa investigação se centra na descrição, análise e interpretação das informações obtidas no processo de investigação, onde se procura entende-las de forma contextualizada.
O trabalho de campo foi realizado de Agosto a Novembro de 2014 em uma APAE localizada no município de Jacinto Machado, SC. Esta foi escolhida em função de ser a única instituição na cidade, e também pelo fato da colaboradora do estudo se dispor em participar nesta pesquisa, disponibilizando tempo e interesse o que para a pesquisa é de extrema importância. A instituição atende em média 70 alunos (entre 4 e 60 anos) da cidade de Jacinto Machado, SC, incluindo alunos de uma cidade vizinha, que não possuem este tipo de atendimento.
O nome da colaboradora do estudo foi substituído por um fictício que será Margarida, de modo a preservar a identidade da mesma. A colaborada foi uma professora de Educação Física contratada como Admitido em Caráter Temporário (ACT)1,que trabalha a 3 anos consecutivos na Educação Especial, entrou na instituição ao se deparar com esta vaga em aberto e então começou a se inscrever anualmente. Já trabalhou no ensino regular, porém atualmente trabalha 30 horas semanais na APAE.
No quadro abaixo, apresentamos uma síntese das informações acerca de nossa colaboradora.
Quadro 1. Síntese das informações acerca de nossa colaboradora (JUST, 2014)
Foi utilizada como instrumento de coleta de dados a entrevista semiestruturada, que de acordo com Negrine (2010) possibilita explorar informações, dando liberdade ao entrevistado e visando garantir determinadas informações que para o estudo são importantes.
Apresentamos a colaboradora os objetivos do estudo e a metodologia que nos nortearia. Foi entregue a colaboradora o termo de consentimento livre antes de iniciar o estudo. Então, combinamos dias, horários e espaços para realizar a entrevista. Com esse instrumento, elaboramos um roteiro norteador da entrevista. Após a gravação, transcrevemos a entrevista e devolvemos para a colaboradora permitindo ajustes para a validação das informações.
Após a coleta de dados, iniciamos as análises das informações embasadas pelo referencial teórico. Ao longo da discussão, buscamos estabelecer argumentos e interpretações que possibilitassem responder ao objetivo do estudo.
Perspectivas da professora de Educação Física sobre a sua prática pedagógica na Educação Especial
No primeiro momento foram tratadas questões que deram início a escolha da Professora Margarida, dentro da Educação Física. Não deixando de lado os motivos que a levaram a escolher esta profissão, tentamos entender também de que forma ocorreu sua formação dentro da Universidade, como era abordada a Educação Especial dentro do curso de Educação Física e quais os elementos que constituem a prática pedagógica da Margarida.
Quando tratamos da escolha da profissão, Margarida comenta que:
“Sempre gostei de esporte e a toda vida treinava e estava envolvida no município dentro do esporte, participava nas aulas na escola e das competições”.
A professora Margarida deixa claro que sua escolha profissional, se deu pelo fato dela gostar e ter como hábito de praticar esporte em sua vida. Tardif (2004) nos diz que parte do que os professores sabem a respeito do ensino, dos papéis do professor e como ensinar, vem de sua história de vida, da sua socialização enquanto alunos. O interesse pelo conhecimento passa por um processo longo de vida, acompanhado de saberes anteriores, crenças e atuações que acontecem na sua vida pessoal e como aluno.
Ao questionar sobre as disciplinas voltadas para a Educação Especial ainda na sua formação e as contribuições que as mesmas tiveram para sua prática pedagógica, Margarida conta que:
[...] As disciplinas me ajudaram bastante, eu tinha disciplina de Educação Especial (...) era uma realidade totalmente diferente, nunca tinha encontrado nenhum caso de pessoa com deficiência pra atuar, não tendo noção nenhuma[...] A gente tinha uma professora que fazia a aula teórica e aula prática, então, ela se baseava em alguns autores que discutiam sobre as deficiências, depois íamos pra prática pra poder adaptar os materiais esportivos, e entender de que forma a gente podia trabalhar, integrando e incluindo todos numa aula que possuem deficientes e não deficientes. Foi muito bom, as aulas dela ajudaram bastante, foi um apoio, um suporte pra gente trabalhar na Educação Especial.”
O relato da Margarida nos mostra a importância de se ter disciplinas que possam dar embasamento para os futuros professores, que normalmente começam a atuar nos primeiros anos da graduação. O que ela nos mostrou é que a disciplina de Educação Especial foi à base para iniciar enquanto profissional dentro da Educação Especial.
Questionamos sobre a forma que entrou na instituição e porque a escolha na Educação Especial, e a mesma relatou:
Comecei a trabalhar como voluntaria nas festas da APAE (...) Quando me informei,mostrei interesse em trabalhar na instituição, foi quando me chamaram para a vaga que ainda não havia sido preenchida em 2011. Nos outros anos fiz concurso pra ACT, e comecei no Ensino Especial.
O fato da Margarida já ter um contato prévio com a instituição, facilitou seu ingresso enquanto docente, devido à convivência com os envolvidos, o que de certa forma fez com que a instituição oportuniza-se a vaga, já que esta não havia sido preenchida, devido à falta de professor. Nesse sentido, Gorgatti e Costa (2005) refletem que no Encontro de Planejamento do CENESP em 1985, já havia sido alertado o pequeno número de professores de Educação Física para atuarem na Educação Especial. Pois, a falta nos cursos de ensino superior não possibilitavam uma qualificação nesta área de atuação, bem como, a ausência de cursos de atualização, entre outros.
Margarida relatou que já trabalhou no ensino regular, mas que atualmente trabalhava apenas na APAE, então, pedi a ela que nos apontasse algumas das diferenças entre a Educação Especial e o Ensino Regular, no que tange a prática pedagógica da Educação Física.
“[...] A diferença do ensino regular é assim: tu vai ensinar o esporte,consegue ensinar a teoria e depois fazer a pratica (...) na Educação Especial não funciona tanto a parte da teoria é mais na prática, porque até então, eles não conseguem assimilar e entender muito bem a teoria”.
Margarida complementa, ainda:
“Na pratica tudo é adaptado, porque os graus de dificuldades são bem diferentes de um aluno para outro, adaptamos tudo o que podemos [...] as atividades são mais voltadas pra vida diária deles, incentivando a autogestão (...) para que eles possam se virar sozinhos, possam comer sozinhos, se vestir”.
De acordo com o autor a Educação Física Adaptada dá ao educando a compreensão de suas limitações e capacidades, podendo auxiliar na busca de uma melhor adaptação ao meio em que ele vive. (GORGATTI E COSTA, 2005).
Barbanti (1994, apud DUARTE E LIMA, 2003, p. 92) complementa que:
A Educação Física Adaptada também pode ser conceituada como a Educação que envolve modificações ou ajustamentos das atividades tradicionais da Educação Física para permitir às crianças com deficiências participar com segurança de acordo com suas capacidades funcionais.
Partindo, então, da prática pedagógica da Margarida na Educação Especial, solicitamos que a mesma relatasse como são suas aulas. Margarida nos conta que durante suas aulas desenvolve os conteúdos de esportes, jogos e brincadeiras, danças e ginástica, como podemos identificar em sua fala abaixo:
“[...] Os alunos gostam muito de jogos e brincadeiras, dança, ginástica, tento trabalhar os esportes também, como: atletismo, handebol, futebol e um pouco do vôlei, entre outros, mas o grau de dificuldade dos alunos é bastante comprometido [...] Eu explico as regras oficiais, mas adaptamos as regras para conseguir desenvolver com eles as atividades”.
Sua fala aqui reforça a ideia de que a Educação Física dentro na Educação Especial deve sim, manter os mesmo conteúdos que teriam que ser trabalhados no ensino regular, e que ela enquanto professora demonstra dar oportunidade aos alunos de conhecerem outros esportes, sempre trabalhando de forma compreensível a cada limitação especifica destes alunos. Conforme Gorgatti e Costa (2005), a Educação Física Adaptada para aluno com necessidades educativas especiais não se diferenciam da Educação Física quando se trata dos conteúdos, mas compreende técnicas, métodos e formas de organização que podem ser apresentados e aplicados ao indivíduo deficiente.
Ao lhe questionar sobre a contribuição de suas aulas na vida dos alunos, Margarida diz acreditar que pelo fato de estarem desenvolvendo durante as aulas a coordenação motora ampla, coordenação motora fina, aspectos psicomotores, lateralidade, flexibilidade, e espaço temporal a Educação Física contribuirá para a autonomia, autoestima, autoconfiança de seus alunos em sua vida diária.
“[...] Desenvolvemos nos alunos todas as dificuldades que eles possuem em relação à aptidão física. A cada ano que passa percebemos a evolução deles, o aluno que não conseguia segurar a bola, agora já segura, aluno que não quicava a bola, agora quica, aluno que não conseguia caminhar direito, já está caminhando um pouco mais firme, então, dentro dos conteúdos da aula, existe o desenvolvimento das atividades diárias”.
Margarida reforça a importância da Educação Física no desenvolvimento global dos alunos, tanto nos alunos de deficiência física como intelectual. A Educação Física dentro da Educação Especial deve considerar os alunos sem desigualdades, aumentando sua autoestima e a autoconfiança por meio da execução das atividades. Assim, como no ensino regular, dentro da APAE a Educação Física tem que ser apreciada como uma das condições para o desenvolvimento motor, intelectual, social e afetivo, realizadas através de atividades adaptadas às capacidades e habilidades de cada aluno, sempre respeitando suas diferenças e limitações, e proporcionando aos alunos com necessidades educativas especiais uma melhor qualidade de vida (STRAPASSON e CARNIEL, 2007).
Quando perguntado quais as dificuldades encontradas na atuação com a Educação Física na Educação Especial, Margarida nos diz que sua única dificuldade é em relação às diversas deficiências que ela se depara em cada turma. Ela explica que:
“Cada turma é diferente da outra, havendo alunos com dificuldades diferentes do outro (...) existe aluno que depende muito de mim para caminhar, para se segurar, pra tudo, ao mesmo tempo tenho um cadeirante que também precisa, o que é bem complicado. A dificuldade que eu sinto é isso, são muito diversificadas as deficiências dentro de uma sala e preciso conhecer cada uma delas(...)não consigo atender a todos ao mesmo tempo, por isso que a maioria das vezes é desenvolvido um trabalho mais individual”.
Em relação à dificuldade encontrada pela professora Margarida, fica nítido a importância do conhecimento na prática pedagógica, pois os professores não só da Educação Especial, mas também aquele que atua no ensino regular, deve ter o embasamento necessário para atuar perante os problemas que se colocam em suas aulas.
Leite (2011) apud Brum e Fandila (1983) menciona que se faz necessário que o professor tenha os conhecimentos básicos sobre seus alunos como: tipo de deficiência, idade em que apareceu a deficiência, se foi inesperada ou gradativa; se é temporária ou permanente; se fisicamente suas funções tanto sensoriais como físicas foram prejudicadas, para que possa exercer um bom papel. Inclusive, esse professor deve estar sempre buscando compreender as diversas áreas do desenvolvimento humano, sejam estes, aspectos biológicos (características físicas, sensórias e neurológicas); aspectos cognitivos, aspectos motores, de interação social ou afetivo-emocional.
Como uma das formas para sanar essas dificuldades Margarida nos revela que,
“O que conseguimos trabalhar mais no coletivo a gente faz, porém, quando trabalhamos a coordenação dos alunos, temos que realizar atividades mais individuais (...) Facilitaria se tivessem mais professores de Educação Física em cada turma”.
Em relação ao planejamento das suas aulas, a professora Margarida diz que:
“[...] planejo todas as minhas aulas, mas nem sempre sigo a risca, porque tenho que adaptar a aula de acordo com realidade dentro da sala. Todos realizam as atividades, (...) eu não deixo ninguém sem fazer nada. Alguns alunos eu consigo trabalhar graus de dificuldades maiores e outros fazem atividades mais fáceis (...) faço um planejamento para o coletivo e um individual para cada aluno.”
Mesmo planejando as aulas, ainda assim muitas vezes Margarida não consegue seguir totalmente o planejamento, devido às inúmeras situações que estão expostas.
Após Margarida falar sobre o planejamento das suas aulas, perguntei a ela onde se baseava para a preparação das suas aulas. Ela me respondeu:
“Me baseio no que eu estudei na faculdade, e no livro Coletivo de Autores,e no PPP da APAE, que segue a proposta histórico cultural (...) eu tento entender o histórico do aluno ver sua realidade”.
O fato de a professora ter em suas aulas uma proposta para se basear, é de extrema importância. Simplesmente por saber que durante suas aulas ela deve levar em consideração fatores internos e externos da vida de cada aluno, e que ela enquanto educadora deve tornar estes cidadãos mais críticos diante das suas realidades.
Considerações transitórias
No processo de construção das considerações finais deste estudo, resgatamos o objetivo geral: identificar os elementos que emergem na prática pedagógica de uma professora de Educação Física que atua na APAE de Jacinto Machado/SC.
Dentro das questões que emergem referente à prática pedagógica da professora, podemos iniciar como primeiro elemento as disciplinas de Educação Especial que completaram a grade curricular da graduação desta professora. A partir da entrevista, fica fácil a compreensão do quanto à base teórica e prática que temos enquanto acadêmicos, nos dará suporte enquanto professores atuantes.
Outro fator emergente dentro da prática pedagógica são as divergências e convergências entre o Ensino Regular e a Educação Especial. A convergência no que tange o desenvolvimento dos conteúdos da Educação Física tanto na Educação Especial como Regular é o trato pedagógico, havendo mais adaptações devido às diversas deficiências.
Um elemento que surge dessa prática e esta muito presente neste estudo é a ênfase dada à questão biológica nas aulas de Educação Física, sempre voltadas para uma melhor qualidade de vida desses alunos. Visando sempre a autogestão e maior autonomia do aluno em situações básicas do seu dia a dia.
Um aspecto relevante neste estudo foi à dificuldade que a professora encontra em suas aulas, perante as turmas com diversos tipos de deficiências, propondo que tenham mais profissionais da área para atuarem juntos, possibilitando um trabalho de maior qualidade com os alunos tanto de forma individual como coletivamente. Além disso, ficou visível que o professor de Educação Física na Educação Especial deve estar sempre em busca de conhecimento, buscando entender seus alunos em seus mais diferentes aspectos: biológicos (características físicas, sensórias e neurológicas); aspectos cognitivos, aspectos motores, de interação social ou afetivo-emocional.
O último elemento emergente na prática pedagógica é o planejamento, que no contexto tanto da Educação Especial serve como um norteador da prática pedagógica docente, não sendo considerado algo engessado, mas aberto para mudança que aconteça no contexto escolar.
Desse modo, entendemos que a prática pedagógica da Educação Física, como todo profissional não só na Educação Especial, encontrará muitas dificuldades em seu trabalho diário, seja em relação ao espaço físico, alunos, diferenças, faixa etária entre outras, no entanto, o professor que compreender os fatores emergentes de sua pedagógica terá mais subsídios para uma reflexão a cerca de sua docência, possibilitando um ensino de qualidade.
Nota
ACT: Forma de vinculo empregatício utilizada pelo Estado de Santa Catarina na área da Educação
Referências
BARBANTI, V. J. Dicionário de educação física e do esporte. São Paulo, Manole, 1994.
BRASIL, Planejamento da Federação Nacional da APAE de São Paulo, São Paulo, Gestão 2006/2008.
DUARTE, E; LIMA, S. T. Atividade Física para Pessoas com Necessidades Especiais. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.
MITTLER, P. Educação inclusiva, contexto sociais. Porto Alegre: Artmed, 2003.
FERREIRA, Vanja. Educação Física, Interdisciplinaridade, Aprendizagem e Inclusão. Rio de Janeiro: Sprint, 2006.
GORGATTI, M. G; COSTA, R.F. Atividade Física Adaptada. Barueri - SP: Manole, 2005.
MAZZOTTA, M. J. S. Educação Especial no Brasil : história e políticas públicas. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2005
LEITE, Francinaldo Freitas. Educação Física Adaptada em Saúde Mental. Disponível em www.netsaber.com.br/artigos_sobre_educaçãofísica. Acesso em 11/11/11.
NEGRINE, A. Instrumentos da coleta de informações na pesquisa qualitativa. In: Molina Neto, V.; Triviños, A. N. S. A pesquisa qualitativa na Educação Física: alternativas metodológicas. 3º ed. Porto Alegre: Sulina, p 61 – 93, 2010.
ROSADAS, S. C. de. Atividade Física Adaptada e Jogos Esportivos para o Deficiente. Eu posso. Vocês duvidam? Rio de Janeiro / São Paulo: Atheneu,1989.
STRAPASSON, A.M; CARNIEL. F. A Educação Física na Educação Especial. EFDeportes.com, Revista Digital. N° 104, 2007. http://www.efdeportes.com/efd104/educacao-fisica-especial.htm
TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. 4. ed. Petrópolis:Vozes, 2004.
WINNICK, J. P. Educação Física e Esportes Adaptados. 3ª ed. Barueri: Manole, 2004.
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