A inclusão escolar nas aulas de
Educação Física: La inclusión escolar en las clases de Educación Física: las dificultades de los profesores |
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Acadêmica do curso de Educação Física – Licenciatura Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC (Brasil) |
Beatriz Spricigo Salvador |
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Resumo A pesquisa tem como título: a inclusão escolar nas aulas de educação física: dificuldades dos professores, na qual teve como objetivo principal analisar as principais dificuldades dos professores de educação física sobre a participação do aluno com deficiências especiais em aulas de educação física. A metodologia utilizada foi abordagem qualitativa, tendo como objeto de pesquisa uma entrevista semi-estruturada realizadas com 03 professores que atuam nas escolas do município de Treviso-SC. Para que haja a inclusão escolar, não basta apenas a vontade dos professores, mais sim de todo um conjunto, desde a direção da escola até do espaço físico. Esse processo exige muito cuidado, pois devemos incluir o aluno ao máximo adaptando nossas aulas para que se sintam valorizados. Todos os alunos têm direito e precisam das aulas de Educação Física, com isso, os professores precisam estar preparados para atuar com alunos deficientes, adaptando as atividades de acordo com a capacidade e limitações de cada aluno. Unitermos: Educação Física. Escola. Inclusão escolar.
Abstract The survey is titled: School Inclusion in physical education classes: problems of teachers, which aimed to analyze the main difficulties of the physical education teachers about the participation of students with disabilities in special physical education classes. The methodology was qualitative approach, with the object of research a semi-structured interview conducted with 03 teachers working in schools in the city of Treviso-SC. So there is a school inclusion, not just simply the willingness of teachers, but more of a range, from the school board to the physical space. This process requires very careful because we must include the student to the fullest adapting our classes so that they feel valued. All students have the right and need of physical education classes, with this, teachers need to be prepared to work with disabled students, adjusting activities according to the capabilities and limitations of each student. Keywords: Physical Education. School. School inclusion.
Recepção: 15/12/2014 - Aceitação: 10/02/2015
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 202, Marzo de 2015. http://www.efdeportes.com/ |
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1. Introdução
A origem do problema desta pesquisa deu-se por curiosidade pessoal de saber o que terei que enfrentar enquanto docente com alunos com deficiências. Nesse sentido, observou-se a relevância em elaborar uma pesquisa de campo, que envolvesse os professores de Educação Física que atuam com alunos deficientes inclusos no ensino regular.
Muitos professores se deparam com essa realidade, pois a maioria das vezes não estão preparados para lidar com esses alunos, muitas vezes deixando-os de lado em algumas atividades, ou seja, não conseguem trabalhar a inclusão escolar.
A partir disso, foi elaborado uma pesquisa de campo, na qual foi envolvido os professores que trabalham com alunos deficientes nas escolas do município de Treviso-SC.
Para a realização da pesquisa foram entrevistadas 03 (três) professores de Educação Física da cidade de Treviso-SC, sendo dois da rede pública municipal e um da estadual.
O presente estudo intitulou-se como: A inclusão escolar nas aulas de Educação Física: dificuldades dos professores.
Com isso, apontou-se como problema: Quais a principais dificuldades encontradas pelos professores de Educação Física ao incluir os alunos com deficiência no ensino regular?
Para responder o respectivo problema, temos como objetivo geral: Analisar a percepção dos professores de Educação Física com relação às dificuldades encontradas para incluir alunos com deficiência.
Tendo assim como objetivos específicos: Identificar as principais dificuldades encontradas pelos professores de Educação Física ao incluir os alunos deficientes. Perceber como os professores entendem a educação inclusiva no seu espaço escolar. Verificar se os professores de Educação Física recebem orientação para trabalhar com alunos com deficiência nas aulas de Educação Física e se a escola oferece cursos de formação continuada. Identificar se o professor de Educação Física planeja suas aulas com um olhar para os alunos com deficiências. Perceber se o segundo professor/auxiliar acompanha o aluno com deficiência nas aulas de Educação Física. Identificar quais deficiências tem na escola.
As questões que nortearam o presente estudo são: Quais as principais dificuldades que os professores encontram ao incluir os alunos deficientes nas aulas de Educação Física? Qual o entendimento dos professores de Educação Física sobre a educação inclusiva? Os professores recebem apoio pedagógico e a escola oferece cursos de formação continuada? Os professores planejam suas aulas com um olhar para o aluno deficiente? O segundo professor/auxiliar acompanha os alunos deficientes nas aulas de Educação Física? Quais as deficiências que possuem na escola?
O presente estudo aconteceu dentro da linha de pesquisa Educação Física Escolar, na qual tem seu referencial teórico estruturado como: Educação Física: Trajetória Histórica (COLETIVO DE AUTORES, 1992), (KUNZ, 2006), (SOARES, 2007). Educação Física Escolar (COLETIVO DE AUTORES, 1992), (KUNZ, 2006), (DARIDO, 2008). Inclusão Escolar (STAINBACK e STAINBACK, 1999), (CIDADE e FREITAS, 2009), (BUENO E RESA, 1995, apud CIDADE E FREITAS, 2009), (LDB Nº 9394/96), (MANTOAN, 2006), Metodologia (GIL, 1999), (MINAYO, 2009).
Na sequencia do estudo irei apresentar a fundamentação teórica, metodologia, análise da coleta de dados, conclusão e referencias.
2. Educação Física: trajetória histórica
A Educação Física escolar surge na Europa no final do século XVIII e início do século XIX para suprir necessidades sociais. Nesse período, constituiu-se a construção de uma nova sociedade, ou seja, a sociedade capitalista, na qual o exercício físico passou a ter um papel fundamental.
A sociedade precisava do homem mais forte, mais ágil e mais empregador. A força física que os trabalhadores possuíam, era transformada em trabalho, mão-de-obra, e era vendida para o mercado, gerando assim lucro para a classe dominante. Com isso, o exercício físico passou a ser entendido como remédio, pois com ele o homem passava a ter um corpo mais ágil, disciplinado e saudável exigido pela sociedade capitalista.
No século XIX, a Educação Física constituía-se a partir de um conceito de corpo e dos movimentos em que o mesmo consegue realizar.
Desta forma, torna-se indispensável frisar que o espaço dado a Educação Física, se, por um lado, representa um avanço para a Educação, constituindo mais um elemento laico na sua estruturação, por outro, representa atraso, significando disciplinarização de movimentos, domesticação, pois se configura como mais um canal, absolutamente dominado pela burguesia, para veicular o seu modelo de corpo, de atividade física, de saúde... a sua visão de mundo. (SOARES, 2007, p. 49)
Foi nesse período que a Educação Física no Brasil passou a ser oficializada na escola. Na década de 1930, o que dominava nas aulas era a concepção higienista, na qual a principal preocupação era a partir do exercício ter hábitos de higiene e saúde.
Após o fim da ditadura militar, a Educação Física foi separada em duas tendências pedagógicas sendo elas: liberais, que se distribui em Desenvolvimentista, Psicomotricidade, Interacionismo-contrutivismo, Saúde Renovada e Esportivizada, e tendência progressista, distribuída em Crítico Superadora e Crítico-Emancipatória.
2.1. Educação Física Escolar
A Educação Física é responsável pela cultura corporal do movimento que visa desenvolver o ser humano em todos os aspectos, sejam eles, cognitivos, afetivos, social e motor.
Segundo o Coletivo de Autores (1992, p. 29), “a expressão corporal é uma linguagem, um conhecimento universal, patrimônio da humanidade que igualmente precisa ser transmitido e assimilado pelos alunos na escola”.
O ensino da Educação Física também deve ter um sentido lúdico, na qual proporcionará ao indivíduo, elaborar pensamentos de formas criativas, tanto em seu lazer como também em seu meio de trabalho. (COLETIVO DE AUTORES, 1992).
O homem se apropria da cultura corporal dispondo sua intencionalidade para o lúdico, o artístico, o agonístico, o estético ou outros, que são representações, idéias, conceitos produzidos pela consciência social e que chamaremos de "significações objetivas". Em face delas, ele desenvolve um "sentido pessoal" que exprime sua subjetividade e relaciona as significações objetivas com a realidade da sua própria vida, do seu mundo e das suas motivações. (COLETIVOS DE AUTORES, 1992, p. 41)
A Educação Física deve formar seres humanos emancipados, capazes de elaborar um pensamento crítico sobre a sociedade que nela está inserido.
Pedagogicamente, deve-se levar em consideração que oportunizar à criança e ao adolescente a chance de vivenciar experiências bem-sucedidas de vida, que escapam do sentido cotidiano das atividades obrigatórias, é contribuir com a possibilidade da formação de indivíduos críticos e emancipados. (KUNZ, 2006, p. 52).
A Educação Física escolar não pode ser vista somente como prática, mas também deve ser estudada a realidade dos esportes, fazendo assim uma análise crítica de como eles podem ser discutidos.
Segundo Coletivo de Autores (1992), quando escolhido um conteúdo a ser transmitido, o professor deve ter competência para adequar o conteúdo à capacidade cognitiva e à prática social do aluno, ao seu próprio conhecimento e às suas possibilidades enquanto sujeito histórico.
A Educação Física deve levar o aluno a descobrir motivos e sentidos nas práticas corporais, levando conhecimentos para a compreensão dos dados científicos relacionados a cultura corporal de movimento.
A Educação Física enquanto disciplina obrigatória no currículo escolar, através dos esportes, jogos e brincadeiras cooperativas, proporciona ao aluno o direito de socialização com os colegas, dando a liberdade de relação.
Segundo Darido (2008), “a educação física é entendida como uma disciplina curricular que introduz e integra o aluno na cultura corporal, formando o cidadão que vai produzi-la, reproduzi-la e transformá-la”.
As aulas de Educação Física, visam desenvolver no aluno não somente a parte física de seu corpo como tempos passados, mas em todos os seus aspectos, ou seja, afetivo, mental, social e motor, com isso integra o aluno na cultura corporal com o intuito de formar cidadãos que vão reproduzi-la e transformá-la, contribuindo com o melhor desenvolvimento do aluno nas outras disciplinas, além de possibilitar ao aluno desenvolver valores como respeito, confiança e outras características fundamentais para o desenvolvimento de sua vida social.
3. Inclusão escolar
A inclusão escolar em escolas regulares começou a ser adotada no final da década de 1970 e início da década de 1980, na qual, os alunos com deficiência começaram a freqüentar a escola regular pelo menos em um período por dia.
A Educação inclusiva surge para construir modelos que rejeitam a exclusão, trabalhando assim para que haja uma aprendizagem na qual incluam todos os alunos da mesma maneira.
O ensino inclusivo proporciona às pessoas com deficiência a oportunidade de adquirir habilidades para o trabalho e para vida em comunidade. Os alunos com deficiência aprendem como atuar e interagir com seus pares no mundo “real”. Igualmente importante, seus pares e também professores aprendem como agir e interagir com eles. (STAINBACK e STAINBACK, 1999, p. 25)
A inclusão escolar não proporciona benefícios somente para os alunos, mas também para os professores, pois adquirem melhorias nas suas habilidades profissionais, além de estar sempre informados sobre as mudanças que ocorrem nessa área.
De acordo com a Legislação - LDB Nº 9394/96 de 20 de dezembro de 1996 sobre educação inclusiva:
Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais.
1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender as peculiaridades da clientela de educação especial.
2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns do ensino regular.
3º A oferta da educação especial, dever constitucional do Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil.
Quando se fala em educação inclusiva, devemos analisar vários fatores, pois não se refere em apenas incluir um aluno com deficiência em uma escola regular de ensino, mas sim, reorganizar todo o conjunto escolar, desde a direção da escola, estrutura, organização, até a didática em sala de aula.
Devemos levar em conta, que cada aluno possui uma maneira diferente de aprendizagem, alguns aprendem com mais facilidades, outros são mais lentos, por isso, devemos atender nossos de uma forma que ele consiga absorver o conhecimento repassado, respeitando suas capacidades e limitações.
A educação física adaptada para pessoas com deficiência não se diferencia da Educação Física em seus conteúdos, mas compreende técnicas, métodos e formas de organização que podem ser aplicados ao indivíduo deficiente. É um processo de atuação docente com planejamento, visando atender as necessidades de seus educandos. (BUENO E RESA, 1995, apud CIDADE E FREITAS, 2009, p.9)
Quando trabalhamos com a Educação Física adaptada, damos a oportunidade para os alunos testar suas habilidades através de atividades motoras, jogos, entre outros, com o intuito de desenvolver suas capacidades o máximo possível, proporcionando assim que a criança com necessidades especiais se sinta integrada no mesmo mundo das demais crianças, ao mesmo tempo o aluno consegue descobrir seus limites e capacidades. (CIDADE e FREITAS, 2009).
Quando trabalhamos com crianças especiais, devemos identificar quais suas capacidades, adaptando assim as ações dos movimentos nas atividades, facilitando o processo de inclusão. Com isso, a criança passa a praticar as mesmas atividades físicas das demais, porém adequadas as possibilidades de sua deficiência.
Não podemos confundir integração com inclusão. O termo integração quer dizer inserir um aluno ou um grupo de alunos que já foram excluídos anteriormente, já inclusão é não deixar ninguém de fora do ensino regular desde os primeiros anos da vida escolar. Mantoan (2006, p. 19) nos diz que: “as escolas inclusivas propõem um modo de organização do sistema educacional que considera as necessidades de todos os alunos e que é estruturado em função dessas necessidades”.
Segundo Cidade e Freitas (2009, p. 15):
É importante que o professor tenha os conhecimentos básicos relativos ao seu aluno como: tipo de deficiência, idade em que apareceu a deficiência, se foi repentina ou gradativa, se é transitória ou permanente, as funções e estruturas que estão prejudicadas.
Com base nisso, o professor é capaz de adequar a metodologia a ser adotada, de acordo com a especificidade de cada aluno deficiente, permitindo assim que o aluno realize as mesmas atividades que os demais, porém com algumas adaptações e ao mesmo tempo se sinta incluindo em todas nas aulas.
4. Metodologia
O presente trabalho de pesquisa visa apresentar as principais dificuldades que os professores encontram ao incluir o aluno com deficiência nas aulas de Educação Física na rede regular de ensino.
Para a coleta de dados foi envolvido 3 (três) professores das escolas do município de Treviso-SC. Para cada professor foi entregue um termo de consentimento informando sobre o objetivo da pesquisa, na qual todos assinaram concordando com a pesquisa.
Para a realização do presente estudo, foi entrado em contado com a direção de três escolas do município de Treviso-SC, sendo duas municipais e uma estadual, porém o estudo foi realizado somente em duas escolas, uma municipal e uma estadual, pois em uma das escolas municipais não possui nenhum aluno com deficiência.
O presente estudo foi a pesquisa de campo que segundo Minayo (2009, p.61), permite a “aproximação do pesquisador da realidade sobre a qual formulou uma pergunta, mas também estabelecer uma interação com os “atores” que confrontam a realidade e, assim, constrói um conhecimento empírico importantíssimo para quem faz pesquisa social”.
O instrumento utilizado para coletar os dados foi uma entrevista semiestruturada, que para Gil (1999, p. 117): é uma “forma de interação social. Mais especificamente, é uma forma de diálogo assimétrico, em que uma das partes busca coletar dados e a outra se apresenta como fonte de informação”.
Na referida pesquisa foi utilizada uma abordagem qualitativa. Minayo (2009, p. 21), nos diz que a pesquisa qualitativa [...] “se ocupa, nas Ciências Sociais, com um nível de realidade que não pode ou não deveria ser quantificado”. [...] “trabalha com o universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes”.
Sendo assim as entrevistas foram gravadas, transcritas e em seguidas os dados foram analisados frente ao referencial teórico.
5. Análise dos dados: o olhar dos professores
A entrevista foi realizada com (03) professores de Educação Física de duas escolas da cidade de Treviso-SC, sendo uma estadual e uma municipal, no segundo semestre de 2014.
Primeiramente foi conversado com os professores para saber se seria ou não um incômodo fazer a entrevista, os mesmos aceitaram sem problemas algum. Em seguida foi esclarecido à direção das escolas, entregando um oficio, informando o objetivo da referida pesquisa.
Para coletar os dados foi feito uma entrevista semi-estruturada com os professores. No dia da entrevista foi entregue um termo de consentimento para que os professores abdicassem de direitos autorais.
As entrevistas foram gravadas e transcritas, em seguidas analisadas para conseguir obter o objetivo do presente estudo.
Os professores foram identificados neste estudo como: Professor 1 (P/1), Professor 2 (P/2) e Professor 3 (P/3).
Todos os professores possuem formação na área de Educação Física e todos possuem especialização, sendo 01 (um) em Educação Física e saúde e 02 (dois) em Educação Física escolar.
A experiência na área varia de 20 anos a 1 ano e meio. Os professores citam que a escola não oferece cursos de formação continuada para a área da deficiência e que nunca foram atrás por conta própria, porém apontam que seria bastante importante, para que pudessem entender mais especifico cada deficiência.
A LDB 9394/96 em seu Art. 62, §1, nos diz que:
Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nos 5 (cinco) primeiros anos do ensino fundamental, a oferecida em nível médio na modalidade normal. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)
1º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios, em regime de colaboração, deverão promover a formação inicial, a continuada e a capacitação dos profissionais de magistério. (Incluído pela Lei nº 12.056, de 2009).
Com base nisso, para sermos docentes, é preciso que façamos um curso de licenciatura, nos possibilitando a trabalhar em todos os níveis de ensino da educação básica. Após a formação, é dever da União, Distrito Federal, Estado e Municípios, colaborar conosco e oferecer cursos de capacitação para que os professores estejam sempre atualizando suas metodologias.
A tabela 2 apresenta o número de alunos que os professores de Educação Física atuam na educação básica
O P1 atua com 05 alunos com deficiência, sendo eles: autista, intelectual, auditivo, físico e síndrome de Down.
O P2 atua com 01 aludo deficiente, sendo síndrome de Down.
Já o P3 atua com 04 alunos que possuem deficiência, 02 com deficiência física e 02 com deficiência mental.
Segundo Stainback e Stainback (1999, p. 23), “os alunos aprendem a ser sensíveis, a compreender, a respeitar e a crescer confortavelmente com as diferenças e semelhanças individuais entre seus pares”.
Ao questionar os professores, sobre o que pensam sobre a educação inclusiva, os mesmos responderam que:
é possível de trabalhar (P1)”.“Em minha opinião ela é positiva, mas depende muito do grau de deficiência da criança. Na Educação Física
“Para mim, a educação inclusiva é uma história de desafio e conquistas. [...] nós professores devemos estar cientes de que não é uma tarefa somente nossa e da escola [...]”. (P2)
“Quando é falado em educação inclusiva, não podemos pensar somente nos deficientes, mas sim incluir todos os alunos que possuem algum tipo de dificuldade, [...]” (P3).
Diante das falas dos professores percebemos que o P1 cita que dependendo do grau de deficiência a inclusão pode ser positiva, porém na disciplina de Educação Física a pode-se incluir normalmente. Para o P2, a inclusão é uma história de desafio e conquista, porém pensa que para acontecer a inclusão não depende somente dos professores, já para o P3, quando se trata de educação inclusiva não pode-se pensar somente nos deficientes, e sim em todos que possuem algum tipo de dificuldade em realizar algo.
Segundo Figueiredo (2008, apud CIDADE e FREITAS, 2009, p. 46): “Na perspectiva inclusiva, suprime-se a subdivisão dos sistemas escolares em modalidades de ensino especial e regular, as escolas atendem às diferenças sem discriminar ou trabalhar a partes com alunos”.
Portanto, quando se fala em inclusão escolar, a escola regular não pode separar os alunos deficientes dos alunos “ditos normais”, mas sim trabalhar em um conjunto atendendo as diferenças de cada um.
Analisando as respostas dos professores, percebe-se que no geral, todos apontam que a educação inclusiva é possível nas aulas de Educação Física, porém, ao fazer a pergunta se os mesmos se sentem preparados para atuar com os alunos deficientes, somente 01 (um) professor aponta que sim.
Acredito que sim, pois precisamos estar prontos para trabalhar com todos os alunos. [...] estaria preparada para atuar com qualquer deficiência mesmo não tendo nenhum curso específico, eu procuro buscar conhecimentos por meio de livros, internet e outros recursos. (P2).
Havendo assim contradições nas falas do P1 e P3, pois, se dizem que a inclusão é possível nas aulas de Educação Física, porque não estão preparados para atuar com deficientes?
Ao questioná-los se o espaço físico atende a todos, os professores apontam que as escolas não são acessíveis para todos, principalmente para os deficientes, porém, quando se fala em educação inclusiva, a escola deve passar por uma reorganização, desde o corpo diretivo da escola, até o espaço físico.
Segundo Cidade e Freitas, (2009, p. 46), “a inclusão implica esforço de modernização e reestruturação das condições atuais da maioria de nossas escolas, especialmente de nível básico [...]”.
De acordo com Stainback e Stainback (1999, p. 243), “os professores também precisam modificar as atividades em que um determinado aluno participa, ou a maneira como ele atinge o objetivo”.
A inclusão na escola regular de ensino surge pelo fato da interação não ser suficiente para a pessoa deficiente ser incluída totalmente na sociedade. A partir disso, a inclusão escolar fez com que a escola passasse por varias modificações, tendo que modernizar o modelo de ensino, bem como reestruturar o espaço físico.
Ao perguntar quais as principais dificuldades que os professores encontram ao incluir os alunos com deficiências, os mesmos citam em fazer os alunos entenderem as atividades, o espaço físico inadequado, falta de materiais, e também em entender o próprio aluno.
É preciso que o professor tenha os conhecimentos básicos relativos ao seu aluno como: tipo de deficiência, idade em que apareceu a deficiência, se foi repentina ou gradativa, se é transitória ou permanente, as funções e estruturas que estão prejudicadas. (CIDADE e FREITAS, 2009, p. 15).
Ao indagar os professores se elaboram suas aulas, pensando nas especificidades dos alunos todos os professores se preocupam em incluir os alunos deficientes nas atividades de acordo com a capacidade de cada um, adaptando as atividades propostas.
Segundo Cidade e Freitas (2009), adaptar as aulas atendendo as necessidades de cada aluno permite ao mesmo descobrir e compreender suas limitações e capacidades, bem como faz com que se sinta valorizado e integrado no mesmo mundo que os demais.
Quando o professor realiza alguma atividade com seus alunos, precisa levar em conta que cada um tem um jeito diferente de aprender, com isso, deve conhecer as potencialidades e limitações de cada aluno, principalmente dos deficientes, a partir disso, o professor precisa observar os alunos, verificar suas necessidades e dificuldades, avaliando assim seu processo de aprendizagem, tendo em mente o que precisa fazer para que seu aluno aprenda.
Com base nisso, ao questioná-los sobre o processo de avaliação com os alunos no geral:
“Eu avalio de uma forma geral, bastante participação, faço prova teórica, tudo o que falo, faço na teoria [...]” (P2)
“A minha avaliação é feita através de relatos diários, nesse relato é apresentado às dificuldades dos alunos, os avanços e entregue no final do semestre [...]” (P2)
“Avalio pela participação e comportamento dos alunos [...]” (P3)
Diante das falas, os alunos deficientes, são avaliados na mesma lógica, porém com menos cobrança.
Percebe-se que os professores não diferenciam a maneira de avaliação dos alunos deficientes, somente exigem menos, talvez por até mesmo não estarem preparados para lidar com os mesmos, não conseguindo assim elaborar uma forma diferente de avaliar seus alunos deficientes.
Segundo o Coletivo de Autores (1992), avaliar o processo ensino-aprendizagem, não é apenas aplicar teste ou selecionar alunos, mas sim, ter uma compreensão de que devemos avaliar de acordo com que está relacionado no projeto pedagógico da escola.
Ao indagá-los sobre se há o segundo professor para auxiliar nas aulas de Educação Física, os professores citam ser muito importante e que ajudam bastante no desenvolvimento das aulas, porém, o segundo professor não é apto para trabalhar com uma deficiência específica.
Um dos professores cita que quando é aula de Educação Física o segundo professor some, e outro professor fala que não é específico para deficiência do aluno. Porque será que o segundo professor não é específico para cada deficiência?
É importante que o segundo professor conheça e domine a deficiência de cada aluno, pois assim consegue entender melhor as necessidades de cada um, auxiliando o professor regente na prática pedagógica. É muito importante também que permaneça em todas as aulas, incluindo as de Educação Física, pois assim, os dois professores conseguem juntos criar técnicas de ensino para facilitar no processo de ensino aprendizado, propondo assim adaptações para as todas as atividades.
6. Considerações finais
Ao término do presente trabalho, pode-se perceber que para incluir um aluno com deficiência na rede regular de ensino, não basta apenas a vontade dos professores, mas sim de todo um conjunto, pois precisa acontecer mudanças na escola em todos os aspectos, desde a direção até o espaço físico.
O processo de inclusão exige bastante “cuidado” e respeito, pois devemos fazer o máximo para que o aluno deficiente não se sinta excluído ao invés de incluído, com isso devemos adaptar as atividades atendendo as necessidades de cada um, para valorizar a participação do aluno.
Incluir um aluno deficiente na rede regular de ensino é uma tarefa que muitas vezes se torna desafio, pois os professores não podem separar os alunos deficientes dos ditos “normais”, e sim devem incluir nas mesmas atividades, porém deve adaptar as atividades de acordo com as capacidades e limitações de cada deficiente.
Analisando as entrevistas, percebe-se que todos os professores relatam que a educação inclusiva é possível nas aulas de Educação Física, porém só um diz estar preparado para atuar com alunos deficientes.
Percebe-se também, que as escolas ainda estão precárias frente ao espaço físico, pois todos os professores citam que as escolas não conseguiriam atender, por exemplo, um cadeirante. Cita também como dificuldade entender os alunos e fazer com que eles entendam as atividades, nesse modo, o segundo professor específico para cada deficiência iria auxiliar e muito o professor regente nas aulas.
Ao questioná-los sobre elaboração de aulas e avaliação, todos os professores dizem usar a mesma metodologia, porém adaptam as atividades de acordo com a capacidade de cada um, da mesma maneira a avaliação, utilizam a mesma, porém tem uma cobrança diferenciada.
Os professores apontam como principais dificuldades em incluir o aluno deficiente nas aulas, o espaço físico inadequado, na qual não é acessível para todos, o fato de conseguir entender os alunos ou fazer com que eles entendam certas atividades, o processo de avaliação da aprendizagem e a falta de materiais didáticos, e por muitas vezes a inexistência do segundo professor nas aulas de Educação Física, ou o segundo professor não ser específico para cada deficiência.
Todos os alunos têm direito de ter aula de educação física, então, as mesmas precisam ser elaboradas a fim de atender á todos, contribuindo para sua vida social e particular.
Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases Da Educação Nacional, Lei nº 9394, 1996.
CIDADE, Ruth Eugênia Amarante et al. Introdução a Educação Física adaptada para pessoas com deficiência. Curitiba: Ed. da UFPR, 2009.
COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992.
DARIDO, Suraya Cristina. Educação Física na Escola, Questões e Reflexões. Rio de Janeiro-RJ, Guanabara Koogan S.A, 2003.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 1999.
KUNZ, Elenor. Transformação Didático-Pedagógica do Esporte. 7ª ed. Rio Grande do Sul: Unijuí, 2006.
MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Inclusão Escolar: o que é? Por quê? Como fazer? 2ª ed. São Paulo: Moderna, 2008.
MINAYO, Maria Cecília de Souza. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 28ª ed. Petrópolis: Vozes. 2009.
SOARES, Carmen Lúcia et al. Educação Física: raízes européias e Brasil, 4ª ed. Campinas, SC. Autores Associados, 2007.
STAINBACK, Susan et al. Inclusão: um guia para educadores. Magda França Lopes – Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999.
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