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A Educação Física no ensino fundamental:
organização e metodologias de ensino

La Educación Física en la enseñanza primaria: organización y metodologías de enseñanza

 

*Mestrando em Educação Física, UFSM

**Licenciado em Educação Física, UFSM

***Licenciado em Educação Física, URI

(Brasil)

Cesar Vieira Marques Filho*

cesarvmf@hotmail.com

Cristina de Vargas Marconato**

criszvm@hotmail.com

Diozer Dalmolin da Silva**

diozerdalmolin@hotmail.com

Eurico Barcelos dos Santos*

euricobarcelos@gmail.com

Tamara Biasi Donadel*

tamaradonadel@yahoo.com.br

Vinicius Freire Martins***

vinicius_freiremartins@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O trabalho se caracteriza por apresentar uma discussão sobre a importância da elaboração de metodologias de ensino que abordem os conteúdos da Educação Física Escolar no ensino fundamental, para que a prática possa vir a colaborar na construção do desenvolvimento humano dos alunos. O desenvolvimento da discussão gira em torno do quanto à educação física escolar no ensino fundamental, deve ser pensada e elaborada com objetivos diversificados dentro da cultura corporal de movimento, principalmente em tempos que a urbanização e a tecnologia vem em uma alta crescente e por conseqüência deixando as atividades físicas em segundo plano no âmbito escolar. Assim, com metodologias de ensino pensadas e bem planejadas a educação física escolar no ensino fundamental, terá um sentido atribuído em suas práticas.

          Unitermos: Educação Física Escolar. Metodologias de ensino. Ensino fundamental.

 

Recepção: 01/02/2015 - Aceitação: 28/02/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 202, Marzo de 2015. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A educação básica brasileira que é dever do estado e da família, composta por três níveis distintos denominados educação infantil, ensino fundamental e ensino médio. O ensino fundamental é um dos pilares chave para o desenvolvimento humano e social dos educandos no Brasil. Por ser obrigatório e gratuito, atende crianças a partir dos seis anos de idade em toda extensão territorial do país (BRASIL, 1996). É neste ciclo que os conhecimentos considerados fundamentais são propostos e podem construir aprendizados com os alunos para o desenvolvimento da capacidade de aprender, orientando para o pleno domínio da leitura, da escrita, do cálculo e saberes corporais.

    É função dessa etapa formativa, a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade. Deve haver a preocupação com a formação que transcende apenas a aquisição de conhecimentos de âmbito cognitivo, abrangendo consonantemente o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social, desenvolvendo atitudes e valores (BRASIL, 1996).

    Na sua formatação atual, o Ensino Fundamental é dividido em Anos Iniciais e anos finais. Os anos iniciais compreende o ciclo do 1º ao 5º ano, onde a criança ingressa no 1º ano aos 6 anos de idade completos, preferencialmente após passar pelas escolinhas de educação infantil. Já nos Anos Finais, que compreende do 6º ao 9º ano o educando adentra após conseguir aproveitamento total de todos os conhecimentos e saberes dos ciclos imediatamente anteriores (BRASIL, 1996).

    Os sistemas de ensino têm autonomia para desdobrar o Ensino Fundamental em ciclos, desde que respeitem a carga horária mínima anual de 800 horas, distribuídos em, no mínimo, 200 dias letivos efetivos (BRASIL, 1996). Os ciclos, entre outros aspectos, estabelecem, pelo menos potencialmente, uma polarização com a escola seriada e, apesar das diferenças entre várias iniciativas, sua lógica dominante é a tentativa de superar o fracasso escolar, expresso particularmente pelas altas taxas de reprovação, identificando-se na seriação um fator que o favorece (ALAVARSE, 2009).

    A adoção dos ciclos produziu um acirrado debate, com destaque nos meios de comunicação e envolvimento de autoridades educacionais, com manifesta resistência de professores, que associam ciclos a queda da qualidade do ensino (MAINARDES, 2004). Conforme Souza e Barretto (2004), no ambiente acadêmico, embora também seja possível constatar opositores, os ciclos parecem gozar de maior adesão, havendo restrições quanto à maneira pela qual foram implantados.

    Neste contexto, as metodologias de ensino, as didáticas utilizadas pelos professores e o trabalho pedagógico como um todo são tema de constante debate e discussões na busca de soluções para os problemas enfrentados. Quando se fala em Educação Física escolar não é diferente, dada a descaracterização do componente curricular ocasionando a falta de uma identidade própria para a disciplina.

    Quanto aos conteúdos do componente curricular educação física, não há consenso do que é obrigatório ou optativo, o que por vezes fica indefinido, gerando uma grande dificuldade na sistematização e organização dos seus conhecimentos próprios para apropriação, por partes dos educandos, no âmbito escolar. Oliveira (2004) sugere uma base para a construção de uma identidade para a Educação Física, ao ponto que expõe um olhar sobre a sua construção histórica, demonstrando inúmeras vertentes de pensamento que situam a Educação Física como medicina, ginástica, cultura, jogo, esporte, política e ciência.

    Neste contexto de muita subjetividade, tanto na organização do ensino fundamental quanto na busca da sustentação da Educação Física enquanto área de conhecimento organizada e sistematizada no âmbito escolar, o presente estudo busca realizar uma revisão de literatura, caracterizando autores e produções que relacionem os dois temas.

Desenvolvimento

    Desde a década de oitenta até os dias atuais, é política de estado a ampliação das oportunidades de escolarização para a população. Praticamente se universalizou o acesso e a permanência no ensino fundamental, por meio de diversos mecanismos ampliando assim significativamente os índices de conclusão dos níveis escolares. Segundo o Censo Escolar do INEP, em 2002, 2,78 milhões de estudantes concluíram a oitava série, o que representa aproximadamente 80% da população na coorte etária (OLIVEIRA, 2007).

    Segundo Arelaro (2005) tal processo originou uma demanda por expansão de todo o sistema educacional brasileiro, notadamente a partir das etapas posteriores ao ensino fundamental. Ao mesmo tempo, avulta a preocupação por qualidade no ensino fundamental, problema historicamente pouco visível diante dos mais evidentes e pungentes processos de exclusão gerados pelos altos índices de reprovação e evasão observados anteriormente. Beisiegel (1986, p. 383) afirma que:

    (...) a progressiva extensão das oportunidades de acesso à escola, em todos os níveis do ensino, para setores cada vez mais amplos da coletividade – ou, em outras palavras, o denominado processo de democratização do ensino – sem dúvida alguma aparece como o elemento central nas mudanças então observadas. Sob o impacto desta democratização das oportunidades, em poucas décadas, o antigo ensino criado e organizado para atender às necessidades de minorias privilegiadas vem sendo substituído por um novo sistema de ensino, relativamente aberto no plano formal e, pelo menos tendencialmente, acessível à maioria da população.

    O Ensino Fundamental é um dos níveis da Educação Básica, obrigatório e gratuito nas escolas públicas e atende crianças a partir dos seis anos de idade. O objetivo principal dessa modalidade de ensino é a formação básica do cidadão. Desde 2006, de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação - LDB Lei 9394/96 (BRASIL, 1996) essa formação passou de 8 anos para 9 anos. Passando a ser dividido em anos iniciais, que compreende do 1º ao 5º ano, sendo que a criança ingressa no 1º ano aos 6 anos de idade e anos finais compreende do 6º ao 9º ano (IPEA, 2006). Além da LDB, o Ensino Fundamental é regrado por outros documentos, como as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental, o Plano Nacional de Educação - Lei nº 10.172/2001 (BRASIL, 2001), os pareceres e resoluções do Conselho Nacional de Educação (CNE) e as legislações de cada sistema de ensino.

    Como parte integrante do currículo do Ensino Fundamental, a Educação Física o configura-se como um componente curricular de suma importância para a formação integral do aluno e, desta maneira, deve ser tratada com muito interesse pelos profissionais da área. ZONTA et al (200) destaca que os professores necessitam estar fundamentados teoricamente a fim de justificarem perante a escola e a sociedade, o que sabem estreitando as relações entre teoria e prática pedagógica, buscando modelos e métodos para que a Educação Física siga formando o aluno integralmente.

    Segundo Betti e Zuliani (2002) a concepção de Educação Física e seus objetivos na escola devem ser repensados, com a correspondente transformação de sua prática pedagógica. A Educação Física deve assumir a responsabilidade de formar um cidadão capaz de posicionar-se criticamente diante das novas formas da cultura corporal de movimento, tais como o esporte-espetáculo dos meios de comunicação, as atividades de academia e as práticas alternativas (BETTI, 1994).

    Para muitos a pratica da educação física nas escolas é vista como mera atividade recreativa, o reflexo desse pensamento equivocado está nos alarmantes números de pessoas que desenvolvem obesidade, diabetes, hipertensão entre outras doenças relacionadas ao sedentarismo (PAES, 1996). Adotar a atividade física como parte fundamental da grade escolar cria um vínculo da criança com a atividade que dificilmente será deixado de lado na vida adulta.

    Com o surgimento da tecnologia e da urbanização, muitos pais acham mais seguro manter seus filhos em sua casa longe da prática de atividades físicas. Dado este fenômeno, essa estimulação à prática fica a cargo do período e ciclos escolares que possui caráter obrigatório na grade curricular no Brasil (DARIDO et al., 1999).

    A possibilidade da criança se exercitar apenas durante o período de aulas é mais um fator que evidencia a importância da educação física no ambiente escolar. As crianças contemporâneas cada vez mais adeptas de atividades que não envolvam movimento, como jogar videogames e acessar a internet, têm na escola a chance de entender e aprender por conseqüência tomar gosto por atividades esportivas e assim encaminhando-os para a aquisição de hábitos saudáveis para uma melhor qualidade de vida (DARIDO, 2004).

Considerações finais

    A Educação Física escolar deve ter como meta o processo dessa formação da criança, tanto em seu aspecto físico como social, onde devem ser aperfeiçoados e estimulados os movimentos naturais. Através deste contexto a educação física escolar deve ser diversificada buscando desde o início desenvolver da melhor maneira possível as aptidões físicas dos alunos.

    A prática de Educação Física com qualidade deve abranger as diferentes dimensões, tanto conceituais, procedimentais e atitudinais. Sendo assim a Educação Física tem um papel de melhorar os movimentos motores, de forma onde as crianças pratiquem atividades que lhes sejam prazerosas.

    A partir de uma coesão na forma de organização do ensino fundamental e da sistematização dos conteúdos da Educação Física, poderá se obter um trabalho pedagógico de qualidade que atuará de forma significativa na formação dos alunos. Porém, é na subjetividade dada pela autonomia de metodológica e organizacional da estruturação do ensino fundamental e na falta de uma definição dos objetivos da Educação Física enquanto componente do currículo escolar que se encontram os grandes entraves que contribuem para um fazer docente e um processo de ensino e aprendizagem mais qualificado.

Referências

  • ALAVARSE, O. M. A Organização do Ensino Fundamental em Ciclos: Algumas Questões. Revista Brasileira de Educação, v. 14, n. 40, 2009.

  • ARELARO, L. R. G. O Ensino Fundamental no Brasil: Avanços, Perplexidades e Tendências. Educ. Soc., Campinas, vol. 26, n. 92, p. 1039 - 1066, 2005.

  • BEISIEGEL, C. R. Educação e sociedade no Brasil após 1930. In: Fausto, B. (Org.). História geral da civilização brasileira. 2ª ed. São Paulo: Difel, v. 4, p. 381-416, 1986.

  • BETTI, M. O Que a Semiótica Inspira ao Ensino da Educação Física. Discorpo, n. 3, p. 25-45, 1994.

  • BETTI, M.; ZULIANI, L. R. Educação Física Escolar: Uma Proposta de Diretrizes Pedagógicas. Revista Mackenzie da educação física e esporte, v. 01, n. 01, 2002, p. 73-81.

  • DARIDO, S. C. A Educação Física na Escola e o Processo de Formação dos Não Praticantes de Atividade Física. Rev. bras. Educ. Fís. Esp., São Paulo, v.18, n.1, p.61-80, 2004.

  • INSTITUTO DE PESQUISA ECONOMICA E SOCIAL (IPEA). Brasil: o estado de uma nação. Brasília: IPEA, 2006.

  • MAINARDES, J. Moving Away From A Graded System: A Policy Analysis Of The Cycles Of Learning Project (Brazil). 2004. 235 f. Tese (Doutorado em Filosofia) – Institute of Education, University of London, London, 2004.

  • OLIVEIRA, R. P. Da Universalização do Ensino Fundamental ao Desafio da Qualidade: Uma Análise Histórica. Educ. Soc., Campinas, vol. 28, n. 100, p. 890 – 905, 2007.

  • PAES, R. R. Educação Física Escolar: o Esporte Como Conteúdo Pedagógico do Ensino Fundamental. Tese (Doutorado em Metodologia de Ensino) Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação. Campinas, 1996.

  • SOUSA, S. M. Z. L.; BARRETTO, E. S. S. (Coords.). Estado do Conhecimento – Ciclos de Progressão Escolar (1990-2002): Relatório Final. São Paulo: FEUSP, 2004.

  • OLIVEIRA, V. M. O que é Educação Física. São Paulo: Brasiliense, 2004.

  • ZONTA, A. F. Z.; BETTI, M.; LIZ, L.C. Dispensa das Aulas de Educação Física: os Motivos de Alunas do Ensino Médio. In: VIII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E CIÊNCIAS DO DESPORTO DOS PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA. Anais. Lisboa, 2000. Universidade Técnica de Lisboa.

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