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A história da disciplina de capoeira nos cursos de Educação Física 

da Universidade do Extremo Sul de Santa Catarina, UNESC

La historia de la materia capoeira en los cursos de Educación Física de la Universidad del Extremo Sur de Santa Catarina, UNESC

 

Acadêmico da 8º fase de Educação Física Bacharelado

da Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC

(Brasil)

Luiz Edivaldo de Lima Nascimento

luix.sc@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Este estudo tem como objetivo identificar a história da disciplina capoeira nos cursos de Educação Física na Universidade do Extremo Sul de Santa Catarina – UNESC. Sendo a uma forma de pesquisa bibliográfica na Universidade UNESC. Sendo pesquisado em livros ementas, e revistas do acervo da biblioteca da UNESC. Concluindo percebe - se que a capoeira está aos longos anos ganhando espaço, reconhecimento e valor científico.

          Unitermos: Capoeira. Universidade. Currículo.

 

Recepção: 14/12/2014 - Aceitação: 29/01/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 202, Marzo de 2015. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Este trabalho apresenta uma pesquisa bibliográfica que trata da história da disciplina de capoeira nos cursos Bacharelado e Licenciatura de Educação Física da Universidade do Extremo Sul de Santa Catarina – UNESC. E processos de ensino e aprendizagem, entre acadêmicos e professores (as). Nele destaco a história da disciplina de capoeira apontada como ocorreu a inserção da disciplina de capoeira co curso de Educação Física. Por fim foram apontados alguns indícios com relação às dificuldades os apresentados na evolução, porém é uma novidade para os acadêmicos pode conhecer e compreender - uma linguagem corporal na qual, seus aspectos históricos e suas musicalidades são uma gama de conhecimento a ser apropriados pelos acadêmicos.

    Como capoeirista e acadêmico do curso de Educação Física e conhecedor da capoeira, ao longo da minha trajetória no mundo da capoeira, sempre me questionava, por que uma arte tão grandiosa com variados exercícios não poderia ser empregada/ensinada nas universidades, ou seja, ser de fato reconhecida pelo mundo acadêmico.

    A UNESC propondo novos temas inclui então, na ementa de 2000, uma disciplina específica deste tema, sendo a única no estado que trata esta disciplina como obrigatória.

    O objetivo foi analisar a evolução da disciplina de capoeira nos Cursos de Educação Física da Universidade do Extremo Sul de Santa Catarina – UNESC.

    Foram definidos os seguintes objetivos específicos:

  1. Apresentar o contexto histórico da capoeira;

  2. Apresentar como se deu o ingresso da disciplina de capoeira na Universidade;

  3. Analisar como se deu a história da disciplina capoeira no decorrer dos anos no Curso de Educação Física da UNESC;

    A metodologia foi utilizada diferentes literaturas e documentos a fim de encontrar alternativas e estudar o tema abordado, pois, sabe-se que a pesquisa é de fundamental importância para o processo de investigação que busca a transformação da realidade vivenciada.

    A classificação dessa pesquisa, quanto ao procedimento utilizado na coleta de dados, determina que ela seja uma pesquisa do tipo bibliográfica.

    “Pesquisa bibliográfica é aquela que se desenvolve tentando explicar um problema a partir das diversas teorias públicas dos diversos tipos de fonte: livro, artigo, manuais, enciclopédias, anais, meios eletrônicos, etc.”. Também foi adquiridas informações de professores e da própria diretoria da coordenação do curso de Educação Física as matrizes curriculares do curso de Educação Física para atingir o objetivo do estudo.

Contextos gerais da capoeira: algumas reflexões

    A capoeira por ser uma atividade marginalizada, foi desenvolvida na época da colonização de portugueses no Brasil, os escravos que vinham da África nos navios negreiros, se depararam num lugar estranho em todos os aspectos, os grandes senhores de engenhos, compravam os negros como escravos e eram obrigados a trabalhar a força ou morrer, não tinha distinção, se eram homens, mulheres ou crianças, a ordem era que os escravos tinham que trabalhar o dia todo, a noite voltava pras senzalas, como os escravos Africanos é povo que tem a cultura muito forte, gostavam de dançar, tocar seus tambores, as músicas eram tribais daquela região, que dançavam nas senzalas ao ritmo dos tambores acompanhados de palmas e cantos, com esse tipo de dança alguns negros começaram desenvolver alguns movimentos de animais de ataque e defesa da África.

    Essa cultura endógena impõe-se como um alimento da política dos escravos, ao longo de noites dessas práticas de movimentos e danças foi cada vez mais crescente o número de participantes e aumentando o grau de eficiência da dança rica em movimento, com o substrato cultural Africano.

    A escravidão é uma instituição muito antiga e data dos primórdios da humanidade, porém foi no século XVI que o tráfego de escravos gerou um negócio organizado, permanente e vultoso que representava enormes riquezas, permanente depois que os portugueses criaram uma rota envolvendo os continentes europeus, africano, americano e, posteriormente, o asiático, transformando então milhões de negros em lucrativa moeda de troca e fácil riqueza. (CAMPOS, 2001, p.21).

    O criador da Capoeira Regional Manuel dos Reis Machado, mais conhecido no mundo da capoeiragem como Mestre Bimba, já era convidado para ministrar aulas em universidades do Brasil nas décadas de 1920 e 1930.

A história da capoeira

    A escravidão é uma instituição muito antiga e data dos primórdios da humanidade, porém foi no século XVI que o tráfico de escravos gerou um negócio organizado, permanente e vultoso que representava enormes riquezas, principalmente depois que os portugueses criaram uma rota envolvendo os continentes europeu, africano, americano e posteriormente, o asiático, transformando então milhões de negro em lucrativa moeda de troca e fácil riqueza. Esses negros eram transportados nos porões dos chamados navios negreiros ou tumbeiros, em condições precaríssimas e sub-humanas, onde muitos sucumbiam, por agüentar os rigores de uma viagem longa, acometidos de doenças em virtude dos maus tratos (CAMPOS, 2001).

    De acordo com Campos (2001), os negros eram usados nos mais diversos tipos de serviços: Plantadores, roceiros, semeadores, moedores de cana, vaqueiros, remeiros, mineiros, artífices, pescadores, lavradores, caldeireiros, marceneiros, pedreiros, oleiros, e ferreiros; eram domésticos, pajens, guarda- costas, capangas, capatazes, feitores, capitães do mato e até carrascos de outros negros. Então os senhores de engenho proibiam os escravos de praticar qualquer tipo de luta. Logo, os escravos utilizaram o ritmo e os movimentos de suas danças que eram praticados na África, adaptando a um tipo de luta. Surgia assim à capoeira, uma arte marcial disfarçada de dança. Foi um instrumento importante da resistência cultural e física dos escravos brasileiros.

    Esta prática da capoeira ocorria em terreiros próximos às senzalas (galpões que serviam de dormitório para os escravos) e tinha como funções principais à manutenção da cultura, o alívio do estresse do trabalho e a manutenção da saúde física. Muitas vezes, as lutas ocorriam em campos com pequenos arbustos, chamados na época de capoeira ou capoeirão. Do nome deste lugar surgiu o nome desta luta. (CAMPOS, 2001).

    Portanto, capoeira como definição da palavra, segundo Campos (2003), atualmente são quase unânimes os tupinólogos em aceitarem o étimo Caá, “mato”, floresta virgem, mais pueira pretérito nominal que quer dizer “o que foi, o que não existe mais”.

    A capoeira saiu dos guetos, terrenos baldios, do quintal e conquistou a rua, a praça, a academia, o clube o teatro, a escola, e a universidade: conquistou a sociedade brasileira e, atualmente esta espalhada pelo mundo inteiro.(CAMPOS, 2009)

    Na atualidade, a Capoeira vem se modificando a cada dia, esta estruturada em grupos, dos quais são dirigidos por Mestres que é o responsável pela organização, controle e filosofia. Existem também outros órgãos públicos e privados que interferem na macro organização da Capoeira, a exemplo Federações de Capoeira e suas filiadas, as federações estaduais, Associação Brasileira de Professores de Capoeira (ABPC), a Associação Brasileira de Capoeira Angola (ABCA) e a Fundação Mestre Bimba (FUMEB), essas confederações e associações tem por finalidade: Incentivar, orientar, promover eventos como também, congregar a categoria, resgate das tradições, aprofundamento dos estudos, etc.

    Símbolo da cultura afro-brasileira, símbolo da miscigenação de etnias, símbolo de resistência à opressão, a capoeira mudou definitivamente sua imagem e se tornou fonte de orgulho para o povo brasileiro. Atualmente, é considerado patrimônio Cultural Imaterial do Brasil.

    No dia 15 de julho de 2008 a capoeira foi registrada pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) como o mais novo patrimônio cultural brasileiro.

    Após o registro do bem é possível elaborar projetos e políticas públicas que envolvam ações necessárias à preservação e continuidade da manifestação cultural.

A capoeira e o curso de Educação Física da UNESC

    A Inclusão e importância da disciplina de capoeira na Educação Física da UNESC. Dá-se pela magnitude que tem a capoeira no cenário estadual, nacional e internacional como atividade sócio- cultural- esportiva, que a cada dia ela é valorizada como um forte instrumento de pesquisa, estudo científico através da capoeira.

    Dentro do conteúdo de Educação Física a capoeira esta atrelada as lutas. Sabe-se que as lutas são esquecidas na grande maioria das escolas, já que nessa disciplina ainda se insiste em trabalhar o conhecido quadro mágico, que engloba o futebol, o voleibol, o basquete e o handebol como conteúdos essenciais. O papel da educação física por vezes parece ser esquecido e dentro do próprio jogo que o capoeirista mostra seu todo seu potencial, na sua riqueza de movimentos, a coordenação, o equilíbrio, a velocidade, a destreza, a agilidade, a flexibilidade, e a resistência, estas qualidades físicas são desenvolvidas em plena movimentação, São poucas instituições de ensino onde os professores trabalham novas modalidades esportivas. (CAMPOS, 2001).

    Existe uma boa a recepção da disciplina na universidade, em face do expressivo valor cultural, educativo e social, não vai perder suas características, lutas, danças essencialmente populares, formando ao lado dos clássicos métodos da Educação Física. Com o ingresso pedagógico e antropológico da capoeira nas universidades, como disciplina acadêmica, merece todo apoio da comunidade acadêmica em geral. (CAMPOS, 2001).

    A UNESC possui duas habilitações em Educação Física: Bacharelado e Licenciatura.

    O curso bacharelado propõe-se a habilitar os profissionais para inserção no mercado de trabalho com qualificação suficiente para atuar cientifica e tecnicamente, nas diversas areias relacionadas ao movimento corporal humano, exceto no âmbito escolar, previsto na resolução 46/02 de Conselho Regional de Educação Física. (EMENTA, UNESC. 2000)

    Já o de Licenciatura, é habilitar profissionais para atuarem como docentes na educação infantil e educação básica, socialização o conhecimento científico da cultura do movimento humano acumulado historicamente para a humanidade, produzindo novos saberes que possam que possam contribuir com a transformação social e a melhoria da qualidade de vida. Na trajetória do seu estudo e pesquisa Salvador (1990), se preocupou com a aceitação da capoeira na educação formal, nas escolas fundamentais e até nas universidades e faculdades da Bahia (UFB) onde também ele é professor da (UCSAL), onde investigou sua tese.de doutorado, origem desse estudo que escreveu o livro Capoeira na escola.

    Nas duas habilitações este presente a disciplina de capoeira com 36 h/a, analisando as ementas desde a implantação no curso de Educação Física houve uma evolução gradativamente, na metodologia de ensino dos professores responsáveis pela disciplina de capoeira.

    Entendemos que uma disciplina é legítima ou para reflexão pedagógica do estudante, e a sua ausência compromete a perspectiva de totalidade dessa reflexão. “O que se verifica é que, freqüentemente, a capoeira se coloca como preconceito, racismo, discriminação, constituindo possibilidade de ser tratada como um complexo temático capaz de contribuir no processo de contribuição de uma escola revolucionária”. Talvez esteja aí a sua maior contribuição. (FALCÃO, 2004, p.201)

    Manuel dos Reis Machado (Mestre Bimba) escreveu diversos trabalhos neste sentido podendo ser citados: Capoeira o método de ensino aprendizado (1998), capoeira um esporte Brasileiro; Capoeira na (UFBA); Capoeira e as qualidades Físicas (1994); programa curricular de Educação Física para o ensino de primeiro e segundo graus (1986); Anteprojeto de criação do curso de Licenciatura em Educação Física na UFBA (1986).

    Certo que por ser um conteúdo novo, os professores e os acadêmicos se deparam com um desafio, principalmente pela carência de publicações e pesquisa cientificas a capoeira, que vem do popular direto para a universidade é natural que haja modificações na metodologia de ensino, ora obrigatória ora optativa e até mesmo em caráter eletivo, o mais importa é que analogia entre a capoeira e a universidade foi acontecendo de maneira espontânea da iniciativa dos acadêmicos e os professores dos cursos, conforme afirma Niotti (2012) em seu Trabalho de Conclusão de Curso. Observamos que de maneira articulada, os elementos teóricos e práticos que compõem o universo desta manifestação cultural, os quais foram sistematizados na forma de seqüenciador de aulas de temáticas norteadoras: Luta localização geográfica, música, corpo, forma de organização social, fundamentos e capoeira e luta.

    A ementa foi aprovada pelo colegiado do curso de Educação Física no 2º semestre do ano de 2000, a disciplina era obrigatória.

    No ano de 2000, chama a atenção na matriz curricular os acadêmicos teriam que treinar duas crianças durante o mês de outubro e novembro para apresentar na sala de aula.

    Já nos dois cursos Bacharelado e Licenciatura, no ano de 2007, se tornava optativa, ou seja, o acadêmico tinha a opção em fazer ou não a disciplina de capoeira do curso de Educação Física. Também na ementa foi modificado o item 05 que é prática como componente curricular (avaliação). Que também foi modificado o item cinco da emente (avaliação), ao invés de os acadêmicos apresentarem na sala de aula, irão treinar cada um ou duas crianças durante o mês de outubro e novembro para apresentar na sala de aula.

    No ano de 2010 a disciplina volta a ser obrigatória tendo como conteúdo a contextualização histórica, fundamentos, regulamentação básica e processo pedagógico de ensino de capoeira do curso de Educação Física, estando assim até nos dias de hoje.

    Para finalizar corroboramos com Freitas (2007) que enfatiza que para o entendimento do processo que deu crédito à capoeira enquanto disciplina dos currículos de cursos de educação física é necessário que, inicialmente, verifiquemos todo o processo de desenvolvimento da própria educação física como curso superior e sua articulação às abordagens educacionais.

Considerações finais

    Como podemos perceber que no decorrer dos anos, desde início da ingressou da disciplina de capoeira na grade curricular do curso de Educação Física, através de pesquisas, leituras e informações eletrônicas no contexto histórico e atualidade.

    Que o ingresso da disciplina de capoeira Universidade, tive gradualmente a evolução. Podem-se perceber grandes possibilidades de ensino-aprendizado da capoeira entre acadêmicos e professores, onde a compreendendo como uma manifestação cultural composta por gestualidade, musicalidade, aspectos históricos e ritualísticos.

    Por fim, a Capoeira inserida na UNESC, pode ser ensinada, compreendia e apreendida, com base nas interações gestuais, prática e teóricas, configurando um tipo de linguagem, inserida em determinado contexto social e histórico.

    Cada jogada, cada gesto e resposta gestual ganha um diferente sentido e significado expressados por meio dos corpos que travam diálogos diferentes, próprios e singulares.

    Ou seja, num contexto amplo, com seu movimento, definida, é quando um capoeirista mostra todo seu potencial e condicionamento físico, técnico, tático, equilíbrio, velocidade, flexibilidade e destreza, são qualidades físicas e aliada aos acadêmicos com praticas e pensamento cientifico, teórico, pesquisa e reflexão, um alicerce almejado entre a prática a teoria.

Referências

  • CAMPOS, Hélio José B. Carneiro. Capoeira na Escola. Editora Presscolor, Salvador, BA, 1990.

  • CAMPOS, Hélio José B. Carneiro. Capoeira na Universidade. Editora da UFBA, BA, 2001.

  • FALCÃO, José Luiz Cirqueira. A Escolarização da Capoeira. Editora ASEFE – Royal Court. Brasília, DF. 1996.

  • FREITAS, Jorge L. de Freitas. Capoeira na Educação Física. Editora Progresso, Curitiba, 2007.

  • MOREIRA, Ramon; MOREIRA, Najara. Capoeira: sua origem e sua inserção no contexto escolar. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Buenos Aires, ano 12, n.114, p.1-4, Nov. 2007. http://www.efdeportes.com/efd114/capoeira-sua-origem-e-sua-insercao-no-contexto-escolar.htm

  • SILVA, Gladison de Oliveira Silva. Capoeira do Engenho a Universidade. 3 ed. São Paulo: CEPEUSPE, 2002.263 p.

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