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Representações e práticas da fisioterapia no grupo de apoio a

mulheres do projeto educação e cidadania à saúde da mulher

Representaciones y prácticas de la fisioterapia en el grupo de ayuda a mujeres
del proyecto de educación y ciudadanía para la salud de la mujer

Representations and practices of physical therapy in a women’s support group
project and citizenship education for women's health

 

*Acadêmica do Curso de Fisioterapia das Faculdades INTA

**Professora do Curso de Fisioterapia das Faculdades INTA

(Brasil)

Maria do Patrocinio Barros Neta*

Francisca Maria Aleudinelia Monte Cunha**

aleudinelia@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher preconiza que as mulheres devem atendidas em todas as suas especialidades e ciclos de vida, de forma integral, com ênfase na prevenção dos agravos e na promoção da saúde. O objetivo deste artigo é analisar as práticas da Fisioterapia no grupo de apoio a mulheres do Projeto Educação e Cidadania à Saúde da Mulher; verificar a autoestima das mulheres participantes; identificar as patologias presentes nas mulheres e as percepções das mulheres quanto às palestras de orientações ministradas no projeto. A pesquisa é de natureza qualitativa, desenvolvida com 14 mulheres participantes do grupo, através de uma entrevista semiestruturada. As práticas realizadas no grupo promovem uma melhora da autoestima, proporcionando momentos descontração, de lazer e também de aprendizado. O estudo desenvolvido possibilitou o conhecimento da caracterização das participantes e o quanto elas são beneficiadas ao participarem do projeto.

          Unitermos: Fisioterapia. Saúde da mulher. Grupos de apoio.

 

Abstract

          The National Policy for Integral Attention to Women's Health recommends that women should catered for in all specialties and their life cycles, in full, with emphasis on prevention of diseases and promotion of health. The objective of this paper is to analyze the practice of physiotherapy in support group for women and Citizenship Education Project for Women's Health; verify the self-esteem of women participants; identify pathologies in women and women's perceptions about the lectures given in the project guidelines. The research is qualitative in nature, developed with 14 women participating in the group, through a semistructured interview. The practices carried out in the group promote an improved self-esteem, providing moments relaxation, leisure and also learning. The study developed enabled the characterization of knowledge of participants and how they are benefited by participating in the project.

          Keywords: Physiotherapy. Women's health. Support groups.

 

Recepção: 15/10/2014 - Aceitação: 12/01/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 201, Febrero de 2015. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A saúde da mulher no Brasil foi incorporada às políticas nacionais de saúde nas primeiras décadas do século XX, limitada às demandas relativas à gravidez e ao parto. Com a criação da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher, as mulheres devem ser atendidas em todas as suas especialidades e ciclos de vida (BRASIL, 2010), de forma integral, exigindo dos profissionais uma atenção especial, com ênfase na prevenção dos agravos e na promoção da saúde (FRIGO E BRAZ, 2010).

    Na atenção primária à saúde, a Fisioterapia ainda encontra-se em construção, devido principalmente a história da profissão, de caráter reabilitador, voltada apenas para uma pequena parte de seu objeto de trabalho, que é tratar a doença e suas sequelas (REGASON e et al., 2010).

    A Fisioterapia na saúde da mulher pode atuar intervindo sobre vários aspectos da função e do movimento humano, que sofrem mudanças e alterações durante o ciclo de vida da mulher, desde a adolescência até a fase adulta, passando pelo período gestacional, menopausa e terceira idade (FRIGO E BRAZ, 2010).

    Nos grupos de apoio a mulheres são realizadas várias práticas, sendo estas de caráter tanto educativos como terapêuticos. Dinâmicas de grupo, palestras interativas, exercícios corporais, exercícios respiratórios e aeróbicos são tipos de práticas realizadas com as mulheres (ARAUJO; MARTINS; BARRETO, 2008).

    A partir da participação no projeto de extensão “Educação e cidadania á saúde da mulher” obteve-se experiência e conhecimento em relação à saúde da mulher, estimulando assim a elaboração do tema voltado para a atuação do fisioterapeuta na promoção à saúde.

    Dessa forma, o presente estudo irá aprimorar o conhecimento da prática da Fisioterapia nesse nível de atuação, contribuindo para a ampliação do saber e no desenvolvimento de ações mais eficientes e eficazes, tanto dos profissionais em pleno exercício de profissão na atenção básica, quanto para os estudantes de graduação, futuros profissionais, atingindo o objetivo da promoção e prevenção da saúde, trazendo assim benefícios para a população e para as mulheres atendidas no Projeto Educação e Cidadania à Saúde da Mulher.

    Este estudo objetivou analisar as práticas da Fisioterapia no grupo de apoio a mulheres do Projeto Educação e Cidadania à Saúde da Mulher; verificar a autoestima das mulheres participantes; identificar as patologias presentes nas mulheres e as percepções das mulheres quanto às palestras de orientações ministradas no projeto.

Metodologia

Tipo de estudo

    Trata-se de uma investigação de natureza qualitativa, na perspectiva de buscar analisar as práticas da Fisioterapia no grupo de apoio a mulheres do Projeto Educação e Cidadania à Saúde da Mulher.

    Haguette (1977) e Minayo (2006) consideram que a metodologia qualitativa é fundamental nos estudos que objetivam conhecer os fenômenos humanos, os quais não podem ser abordados de forma segmentada, haja vista que consideram o “todo” das interações e dos envolvimentos do sujeito com seu ambiente. No estudo foi avaliada a autoestima das mulheres participantes do projeto, foi identificada as patologias presentes nas mulheres e também as percepções das participantes sobre as palestras de orientações ministradas pelos acadêmicos.

Local do estudo

    O estudo foi desenvolvido no Projeto Educação e Cidadania à Saúde da Mulher com as mulheres participantes desse projeto e moradoras do bairro Dom Expedito em Sobral- Ceará-Brasil.

    O Projeto de extensão Educação e Cidadania à Saúde da Mulher é um grupo de apoio criado e coordenado há 3 anos pela Fisioterapeuta Aleudinélia Monte, professora das Faculdades INTA, e tem como integrantes alunos dos cursos de Fisioterapia, Nutrição e Enfermagem que exercem as práticas a cada 15 dias com as participantes com intuito de promover saúde e prevenir doenças.

    O projeto fica localizado no bairro Dom Expedito na cidade de Sobral, situada na Região Noroeste do Ceará, possui uma área territorial de 2.123 Km2 e a população projetada para 2010 de 198.814 habitantes (IBGE, 2010).

Participantes do estudo

    Mulheres participantes do Projeto Educação e Cidadania à Saúde da mulher, com idade de 18 a 78 anos, selecionadas pelo cadastro do grupo, independentemente de raça, cor e religião, e que estavam com boas condições físicas e emocionais para responder os questionamentos. O número de participantes inicialmente foi de 40 mulheres, número total de participantes do grupo. Foi observado, no entanto, nos depoimentos as repetições das falas e divergências, fazendo-se necessário a entrevista com 14 participantes, que de forma coerente responderam ao objeto de estudo.Foram excluídas da pesquisa as mulheres que apresentaram algum déficit neurológico ou cognitivo.

Coleta de dados

    Os dados foram coletados, em 3 meses, no período de maio a julho de 2014, no turno da tarde, na residência das participantes.

    Inicialmente, foi precedida uma aproximação com os sujeitos, para explicar a pesquisa, no segundo momento, foi solicitado para as participantes assinarem um termo de consentimento da pesquisa, onde foi explicado o que será realizado, assegurando o anonimato e informando que o estudo não trará danos nem custos para o entrevistado, no último momento, foi realizada uma entrevista semiestruturada. A entrevista foi realizada em local reservado, onde a participante teve a liberdade de falar e expressar sua opinião. O tempo da entrevista se deu em consonância com a necessidade de cada participante, deixando-a a vontade para responder os questionamentos e expressar suas percepções. As conversas foram gravadas, conforme permissão da entrevistada.

Análise dos dados

    Os dados receberam tratamento sistemático de leitura, agrupamento e codificação, como orientam (BARDIN (2006); MINAYO (2006); RODRIGUES e LEOPARDI (1995), e foram organizados em temáticas por afinidade de conteúdo e de significados contidos no instrumento de coleta de dados.

Aspectos éticos

    O estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual Vale do Acaraú e seguiu as normas da Resolução nº 466/12 sobre pesquisa envolvendo seres humanos, do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 2012) e aprovado pelo protocolo 644.282 em 02/04/2014.

Resultados e discussão

    O estudo buscou analisar as práticas da Fisioterapia em um grupo de mulheres, visando avaliar a autoestima, identificar as patologias que apresentam e a percepção que estas têm das palestras de orientações que são realizadas nos encontros.

    Participaram deste estudo 14 mulheres pertencentes ao projeto Educação e Cidadania à Saúde da Mulher. Após a análise das entrevistas, foi revelado os dados de identificação das mulheres participantes do grupo.

Caracterização das mulheres

    A maioria das mulheres entrevistadas são de naturalidade das cidades vizinhas de Sobral, sendo apenas 5 Sobralenses. A faixa etária das participantes estava entre 18-78 anos, sendo (1) 18 anos (1) 34 anos (1) 35anos (1) 43 anos (1) 46 anos (1) 53 anos (1) 54 anos (1) 56 anos (1) 63 anos (1) 67 anos (2) 68 (1) 75 anos e (1) 78 anos.

    Quanto à escolaridade, duas participantes relataram ser analfabetas e apenas uma relatou ter ensino superior completo, predominando as mulheres com ensino médio completo e fundamental incompleto.

    Em relação ao estado civil, 4 são casadas, 4 são solteiras, 5 são viúvas e apenas uma é separada. A maioria mora com a família, residem com 4 a 6 pessoas e tem apenas 1 ou 2 filhos, duas moram sozinhas e 2 não tem filhos.

    Quanto à ocupação, 10 referiram ser donas de casa, e as outras ficaram distribuídas nas ocupações de técnica de enfermagem, costureira, confeiteira e comerciante. Tendo a maioria uma renda familiar e pessoal de até 1 salário mínimo.

    Sobre o que elas mais gostam de fazer no dia a dia, 9 relataram cuidar da casa, as outras gostam de dormir, ficar deitada, ler, cozinhar e costurar.

    Em relação ao lazer, 3 viajam como forma de lazer, 4 visita a família, 3 vão ao shopping, 1 vai à praia, 2 freqüentam as festas e 1 (outros) frequenta os grupos que tem no bairro.

    Quanto ao vício, apenas 1 relatou o uso do cigarro, as demais não apresentam nenhum. Sobre a religião, todas relataram ser católicas.

    Após a coleta das características do grupo estudado, foi realizada a análise temática dos depoimentos das participantes, que foi dividida em: Avaliação da autoestima, identificação de patologias e percepções das mulheres sobre as palestras de orientações.

Avaliação da autoestima das mulheres

    O conteúdo dos depoimentos esclarece que as mulheres relatam de forma generalizada que se sentem bem no grupo, podendo perceber que o projeto gera momentos de interação e alegria, proporcionando melhora no humor das mulheres.

    Os grupos funcionam como rede de apoio, mobilizando as pessoas na busca de autoestima, autonomia e sentido para a vida, trazendo uma melhora do senso de humor, facilitando a criação de vínculos, que possibilitarão o surgimento de organizações, ou seu incentivo, promovendo a inclusão social (TUBERO E CHACRA, 2002).

“Me sinto bem, me sinto alegre, acho bom, não tenho para onde ir então vou passear, ver as pessoas, me distrair”.

“Acolhida, é um grupo que tenho como momento de lazer, de descontração, é muito bom”.

“(...), meu momento de lazer, às vezes tenho problemas na família, então no projeto agente brinca, tem as amigas, é mesmo meu momento de lazer”.

“Gosto muito, é um momento que eu aprendo muita coisa, um lugar que nos ensina como cuidar da saúde”..

“(...), acho divertido, eu aprendo muita coisa, tiro minhas dúvidas, o que eu não sei eu passo a saber”.

“Acho tão bom, me sinto bem, sinto até saudades quando passa uns dias sem ter, quando vocês estão de férias”.

“Eu me sinto muito feliz, eu acho muito bom, tenho prazer em vim, converso com as meninas, me divirto, acho melhor do que tá em casa.”

“(...), dou graças a Deus quando chega o dia, melhor do que ficar em casa sozinha, é meu lazer.”

    Segundo Kernis (2005), a autoestima é um conjunto de pensamentos e sentimentos referentes a si mesmo e corresponde a um aspecto avaliativo do autoconceito. Trata-se de uma orientação positiva, a autoaprovação, ou negativa, a depreciação, de voltar-se para si mesmo, sendo assim a representação pessoal dos sentimentos gerais e comuns de autovalor.

    Ao verificar a autoestima das mulheres participantes, pode-se perceber que o grupo de apoio trás um melhora na autoestima, que as práticas realizadas proporcionam integração do grupo, promovem um ambiente de acolhida, desenvolvendo a autoestima e o amor próprio das mulheres, fazendo com que elas tenham momentos de descontração, de lazer e também de aprendizado.

    Segundo Augusto (2011), ao verificar como as representações dos usuários relacionam-se com os propósitos de grupos, esclareceu que os participantes relataram sentir um bem-estar emocional, podendo ser consequente a benefícios sociais que o grupo proporciona. Alguns usuários destacaram estes benefícios: "Eu gosto de participar do grupo porque encontro com os amigos, tenho com quem conversar, sair, divertir bastante, rir e isto é muito bom pra gente, chega em casa mais disposto.

    O trabalho em grupo nas comunidades se constitui uma importante ferramenta para a conscientização crítica dos indivíduos a respeito do seu meio social e suas condições de vida e saúde. No trabalho desenvolvido com grupos emergem possibilidades a partir do compartilhamento de conhecimento que advêm das experiências. Juntos, estes indivíduos podem perceber o potencial que o grupo tem para organizar e concretizar ações de mudanças (SOUZA, 2005).

Identificação das patologias presentes nas mulheres

    Sobre o tipo de patologias que as mulheres apresentam, os resultados mostraram que das 14 mulheres participantes da pesquisa, 7 relataram não apresentar nenhuma doença, porém 1 afirmou ter problema renal, 1 artrose, 1 gastrite e refluxo, 1 diabete, hipertensão, problema de coluna e faz uso de remédio controlado, 1 reumatismo, artrose, osteoporose e labirintite, 1 hipertensão e diabete e 1 hipertensão.

    Diante disso pode-se perceber que a maioria das mulheres não apresentam somente uma patologia e que a hipertensão, diabetes e artrose são as doenças que predominam entre elas.

    A hipertensão arterial é uma doença de alta prevalência nacional e mundial, acompanhada de elevado risco de morbidade e mortalidade que se constitui em um grave problema de saúde pública. Estudos demonstram que a idade acima dos 65 anos é uma prevalência para o desenvolvimento da doença (MALTA et al, 2009). No presente estudo esta estatística se confirma, pois as participantes que disseram ter pressão arterial elevada tinham entre 67 e 68 anos.

    Em um estudo realizado por Ferreira et al, 2009, com o objetivo de analisar a frequência de hipertensão arterial sistêmica auto-referida e fatores associados, contatou-se que esta foi mais frequente nas mulheres, devido provavelmente pela maior procura por parte delas pelos serviços de saúde, resultando em maior proporção de diagnósticos médicos neste sexo.

    Para a prevenção e o tratamento da hipertensão arterial, é necessário ensinamentos para o conhecimento da doença, de suas inter-relações, complicações e havendo, na maioria das vezes, necessidade da introdução de mudanças de hábitos de vida (V diretrizes brasileiras de hipertensão arterial (2006).

    Diabetes de mellitus é um distúrbio metabólico em decorrência da falta de insulina e/ou da incapacidade desse hormônio em exercer adequadamente seus efeitos, é uma síndrome de etiologia múltipla, estando frequentemente acompanhada por alterações no perfil lipídico, hipertensão arterial e disfunção endotelial. (MIRANZI et al, 2008).

    As mulheres que relataram ter diabetes de mellitus possuem uma faixa etária de 67 e 68 anos, e apresentam além da diabetes outras doenças associadas, entre elas a hipertensão arterial.

    Estudos epidemiológicos indicam que diabetes e hipertensão são condições comumente associadas, tendo a hipertensão arterial uma prevalência, de aproximadamente o dobro entre os diabéticos (FREITAS e GARCIA, 2012).

    A Diabetes mellitus assume grande importância no contexto dos problemas de saúde pública, apresentando uma maior prevalência com a idade, faixa etária de 60 a 69 anos (GRILLO e GORINI, 2007) e no sexo feminino, 56,8% (FREITAS e SOUSA NETO, 2010).

    O controle não adequado da doença ocasiona várias complicações agudas e crônicas que podem ser evitadas através de atividades educativas, disponibilizadas com o intuito de prevenir complicações e promover melhor adaptação do paciente à doença (GRILLO e GORINI, 2007).

    A osteoartrose ou artrose é uma doença articular crônico-degenerativa que ocorre devido o desgaste da cartilagem articular (COIMBRA et al, 2002), por ser a mais comum, é caracterizada a mais importante doença reumática, causando incapacidade e ocasionando grande impacto sócioeconômico ( AZEVÊDO; TRIBESS; CARVALHO, 2013).

    Os principais fatores que influenciam no aparecimento da artrose são: idade; sexo; hereditariedade; obesidade; alterações hormonais e metabólicas; lesões articulares prévias e uso repetitivo da articulação (FELICE et al, 2002).

    No grupo de mulheres avaliadas, as que afirmaram ter artrose possuem idade de 54 e 63 anos. Segundo Moraes, 2007, a artrose é mais incidente e frequente das doenças articulares, acometendo principalmente mulheres e idosos. A artrose começa a se desenvolver entre 50 e 60 anos (CATTELAN, PUPPO E KURA, 2005).

    A osteoartrose além de causar problemas físicos, como a dor, rigidez, incapacidade para realizar as atividades da vida diária, também provoca problemas econômicos, sociais e emocionais. Devido à perda da independência, a doença pode ocasionar o desemprego, aborrecimento, frustração e solidão na pessoa acometida (MARQUES e KONDO, 1998).

Percepções das mulheres sobre as palestras de orientações

    Quanto à percepção das mulheres em relação às palestras de orientações foram expressas as seguintes falas:

São boas, tem algumas que eu entendo, outras não, já tirei minhas duvidas em algumas palestras, acho ótimas”.

“As palestras trazem conhecimento, porque tem doença que eu nem sabia o que era, se existia, então aprendi, traz entendimento, esclarecimento”.

“Traz conhecimento do que é explicado, assim temos mais cuidado com a saúde, é um incentivo para agente melhorar a nossa saúde, a minha qualidade de vida melhorou, é muito bom e espero que melhore cada vez mais, porque já é bom, então quero que fique melhor ainda”.

“Eu gosto, cada um diz uma palestra diferente, tem umas que eu entendo, outras às vezes não consigo entender”.

    As palestras ministradas no grupo de apoio as mulheres do bairro explicam sobre as doenças e como evitá-las, tendo como objetivo a orientação quanto à prevenção, o diagnóstico precoce e o tratamento de determinadas doenças. Entretanto os alunos explicam as participantes como lidar com seus problemas, educando-as e dando apoio para superar suas dificuldades, criando oportunidades de participação, troca de conhecimentos, proporcionando momentos de informações, aprendizado e esclarecimento de dúvidas.

    Ao serem questionadas sobre a percepção que têm das palestras ministradas, as mulheres apresentaram respostas que permitiram perceber que gostam das orientações recebidas, pois esclarecem suas dúvidas, proporcionam conhecimento e dão informações, e também que reconhecem a importância das mesmas no cuidado com a saúde. Porém quatro das entrevistadas, apesar de gostarem das palestras afirmaram não compreenderem alguns assuntos, não conseguem fixar as informações, pois são muito esquecidas, isso ocorre possivelmente devido a idade (63 a 78 anos), e o grau de escolaridade (analfabeta, ensino fundamental incompleto e completo).

    A cognição descreve o funcionamento mental das habilidades cognitivas, que são influenciadas por características pessoais, como idade, nível de escolaridade, interesses, saúde, atividades que o indivíduo desenvolve, a quantidade de estímulos a que é exposto, além de aspectos psicoemocionais e socioculturais (BEZERRA, 2006).

    Estudos relacionados ao desempenho intelectual mostram que aptidões cognitivas atingem seu pico na faixa etária de 30 anos, ficando estáveis até a década de 50 e 60 anos, e após começam a diminuir (CANCELA, 2007).

    Segundo Ávila et al, 2009, indivíduos com maiores níveis de escolaridade apresentam melhor desempenho nos testes que avaliam memória, inteligência, atenção, velocidade de processamento e funções executivas.

    Segundo Morais (2008) ao entrevistar mulheres participantes de um grupo operacional quanto à percepção das reuniões, foi claramente percebido pelas falas das mulheres entrevistadas que as reuniões são muito boas, pois esclarecem suas dúvidas, explicam como proceder em situações de risco na tentativa de adequar ao tratamento havendo a possibilidade de melhorar a saúde ou de não adoecer, evitando maus maiores, proporcionando troca de conhecimentos e momentos de descontração.

    Atividades de educação em saúde são práticas educativas voltadas para o desenvolvimento de capacidades individuais e coletivas, visando não somente meios de intervenção da doença, mas também a manutenção ou recuperação do seu estado de saúde, no qual estão relacionados os fatores orgânicos, psicológicos, socioeconômicos e espirituais (PEREIRA, 2003).

Considerações finais

    As práticas realizadas pela Fisioterapia na assistência à saúde da mulher têm como objetivo o desenvolvimento de ações educativas na busca de promover saúde e prevenir doenças. O estudo desenvolvido com o grupo de mulheres possibilitou o conhecimento da caracterização das participantes e o quanto elas são beneficiadas ao participarem do projeto.

    A partir dos resultados encontrados percebe-se que a participação no grupo gera uma melhora na autoestima das mulheres, pois consideram os encontros como momentos que lhes proporcionam acolhimento, lazer, alegria, conhecimento e interação social.

    As atividades de educação em saúde realizadas através das palestras de orientações demostrou que as mulheres reconhecem a importância do saber no cuidado com a saúde, e que a maioria delas tem a percepção que as palestras proporcionam entendimento, aprendizagem, informações, troca de conhecimentos e esclarecimento de dúvidas.

    Essa pesquisa servirá como um auxílio teórico para os profissionais da saúde e acadêmicos que se interessem pela temática, na busca de orientações para realização de práticas educativas e aprimoramento na área.

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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 19 · N° 2015 | Buenos Aires, Febrero de 2015
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