Obesidade infantil: uma revisão sistemática Obesidad infantil: una revisión sistemática |
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*Graduada em Nutrição pelo UNICESUMAR Mestre em Promoção da Saúde pelo UNICESUMAR **Graduado em Educação Física e Fisioterapia pelo UNICESUMAR Mestre em Promoção da Saúde pelo UNICESUMAR (Brasil) |
Suelen Dayane Pereira Cadamuro* Daniel Vicentini de Oliveira** |
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Resumo A obesidade infantil é definida, como nos adultos, por um acúmulo excessivo de massa corporal. Entre os transtornos nutricionais infantis, é um dos problemas mais freqüentes de saúde; é considerado um grave problema de saúde publica. O objetivo do deste estudo é, através de uma revisão sistemática, estudar alguns artigos científicos sobre a obesidade infantil. A metodologia empregada foi a revisão sistemática de 11 artigos nacionais dos anos entre 2000 a 2013. O termo usado para a busca foi obesidade infantil. Os critérios de inclusão dos artigos foram: descreverem dados epidemiológicos da obesidade, associações entre nutrição - obesidade, e exercício físico - obesidade. A base de dados analisada foi a Scielo. Dos 11 artigos encontrados, 4 artigos são revisão bibliográficas onde o objetivo dos estudos estavam relacionados a obesidade em si; síndrome metabólica; alterações do aparelho locomotor; e relação entre a obesidade e fatores emocionais respectivamente. Apena um artigo internacional de pesquisa de campo com objetivo de analisar a relação entre o autoconhecimento e a obesidade infantil é de Portugal. A prevenção através de uma boa alimentação e da prática de atividade física é a melhor estratégia para o controle dessa doença, assim como para o tratamento, quando já instalada. Unitermos: Promoção da saúde. Qualidade de vida. Sobrepeso.
Recepção: 15/07/2014 - Aceitação: 10/10/2014
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 201, Febrero de 2015. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
A Organização Mundial da Saúde (OMS) descreve a ocorrência da obesidade como refletindo a interação entre fatores dietéticos e ambientais com uma predisposição genética. Mudanças no cotidiano durante as ultimas décadas, como a estrutura social e econômica da sociedade, os processos de modernização urbanização e todas as inovações tecnológicas, também contribuíram para o aumento da obesidade (Spence; Lee, 2003).
São poucas evidências de que algumas populações são mais suscetíveis à obesidade devido a genética, reforçando a influência dos fatores alimentares e a atividade física; que são responsáveis pela diferença na prevalência da obesidade em diferentes grupos populacionais (Who, 1990).
Nas ultimas décadas, vem-se observando um aumento relevante do número de indivíduos obesos no mundo inclusive as crianças (Abrantes, Lamounier, Colosimo, 2002; Speiser, 2005).
A obesidade infantil é definida, como nos adultos, por um acúmulo excessivo de massa corporal (Frelut; Navarro, 2000). Entre os transtornos nutricionais infantis, é um dos problemas mais freqüentes de saúde; é considerado um grave problema de saúde publica (Battaglini; Zarzalejo; Alvarez, 1999; Cintra, 1999).
Ela é uma doença universal de prevalência crescente e que vem adquirindo proporções epidêmicas alarmantes, sendo um dos principais problemas de saúde publica da sociedade moderna (Junior e colaboradores, 2006).
A obesidade pode ser definida também como o acúmulo excessivo de gordura no corpo, levando ao aumento da massa corporal, que pode ultrapassar 10 a 20% da faixa normal de peso para a idade, o sexo e a altura do indivíduo. Ela é geralmente, resultante de balanço energético positivo, ou seja, o ganho excede a perda (Waitzberg, 1997; Shills e colaboradores, 2003).
O Brasil é considerado um país em transição nutricional, pela substituição da desnutrição – decorrente da escassez de alimentos – pela obesidade, devido ao excesso e à inadequação do consumo alimentar. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2010), através da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) referente aos anos 2008-2009, divulgou que o peso dos brasileiros, nos últimos anos, vem aumentando, o que tem como resultado a diminuição da desnutrição e o aumento da obesidade em crianças (Faria, 2010).
A prevalência da obesidade infantil vem crescendo devido a diminuição das praticas esportivas (as crianças passam mais tempo assistindo televisão e brincando de jogos virtuais pelo computador, diminuindo o gasto calórico das brincadeiras) e a introdução de hábitos alimentares com maior teor de carboidratos, gorduras e calorias e ao menor custo de produtos de panificação (Mello, Luft e Meyer, 2004).
O tratamento para a obesidade pode ser através de restrição alimentar, exercícios físicos, drogas reguladoras de apetite e até mesmo cirurgias (Mackenzie e Neinstein, 1996). A obesidade é motivo de preocupação, tendo em vista que haja um consenso por parte dos profissionais da saúde de que a obesidade é um importante determinante para o surgimento de várias complicações e agravos à saúde ainda na infância e também na vida adulta (Mello, Luft e Meyer, 2004; Soares, Petroski, 2003; Kopelman, 2000).
O objetivo deste estudo é, através de uma revisão sistemática, estudar alguns artigos científicos sobre a obesidade infantil.
Materiais e métodos
A metodologia empregada foi a revisão sistemática, que se baseia em estudos originais, utilizando métodos previamente definidos e explícitos para identificar, selecionar e avaliar criticamente pesquisas consideradas relevantes, contribuindo como suporte teórico-prático, através de pesquisa bibliográfica classificatória (Liberali, 2008).
Foi realizada uma revisão de 10 artigos nacionais e 01 internacional, publicados entre os anos de 2000 a 2013. O termo usado para a busca foi obesidade infantil.
Os critérios de inclusão dos artigos foram: descreverem dados epidemiológicos da obesidade, associações entre nutrição - obesidade, e exercício físico - obesidade. A base de dados analisada foi a Scielo.
Resultados
Foram encontrados 11 artigos com a palavra-chave “obesidade infantil”, destes; 4 artigos são revisão bibliográficas (Luiz e colaboradores, 2005; Brandalize e Leite, 2010; Pergher, 2010; Azevedo e Brito, 2012) onde o objetivo dos estudos estavam relacionados a obesidade em si; síndrome metabólica; alterações do aparelho locomotor; e relação entre a obesidade e fatores emocionais respectivamente. Apena um artigo internacional de pesquisa de campo com objetivo de analisar a relação entre o autoconhecimento e a obesidade infantil é de Portugal (Simões; Meneses, 2007).
Os outros 6 artigos tem objetivo de diagnóstico nutricional (Soares e Colaboradores, 2000; Fernandes, 2012); comparar a percepção materna e da própria criança do seu estado nutricional (Boa Sorte e Colaboradores, 2007); a compreensão das relações familiares de filhos únicos obesos (Santos; Rabinovich, 2011); percepção do professor com relação ao problema enfrentado pelos alunos obesos (Costa e colaboradores, 2012); e compreender os elementos presentes na historia familiar de crianças com obesidade (Moraes; Dias, 2013).
Existem correlações entre os artigos de que existe uma relação entre a obesidade infantil e aspectos psicológicos (Moraes; Dias, 2013; (Santos; Rabinovich, 2011; Simões; Meneses, 2007; Luiz e Colaboradores, 2005) e apenas um artigo descreve a importância em realizar mais estudos sobre o bullying (Costa e colaboradores, 2012). Ações preventivas foram descritas como estratégias em 4 artigos (Soares e Colaboradores, 2000; Boa Sorte e Colaboradores, 2007; Pergher, 2010; Azevedo; Brito, 2012). Apenas 2 artigos concluíram sobre a importância da identificação precoce das consequências da obesidade (Brandalize; Leite, 2010; Fernandes, 2012) – Tabela 01.
Discussão
Pergher (2010) conclui que as crianças e adolescentes estão sendo vitimas de uma epidemia da obesidade, onde suas complicações serão catastróficas se não houver medidas preventivas, ressalta também a importância da identificação precoce dos fatores de riscos nas crianças no caso uma definição para os critérios de Sindrome metabólica em crianças e adolescentes.
Para Santos e Rabinovich (2011), uma dinâmica familiar contemporânea de filho único, com ênfase no individualismo e a uma cultura do consumo interfere no modo de alimentação, de ludicidade e de sociabilidade infantil, assim como o estreitamento das possibilidades vinculares, intrapessoais, inter-pessoais, transpessoais, acresce-se ao fato de não ter irmãos.
Os indivíduos obesos são mais predispostos a apresentar problemas ortopédicos, como os problemas posturais que inclui a hiperlordose lombar, joelhos valgos, joelhos hiperestendidos e os pés planos. Ainda não há consenso sobre as causas dessas desordens. Como esses problemas podem acontecer em idade precoce é imprescindível o acompanhamento multidisciplinar das crianças. Poucos artigos originais que tratam sobre este assunto foram encontrados, mostrando a necessidade de elaborar mais estudos sobre a alteração do aparelho motor em crianças obesas (Brandalize e Leite, 2010).
De acordo com Azevedo e Brito (2012), é necessário que os profissionais de saúde estejam sempre atualizados para desenvolver estratégias de prevenção que sejam eficazes e uma abordagem as necessidades especificas da população no que diz respeito as variáveis nutricionais e a obesidade sobre a saúde e o metabolismo.
Segundo Fernandes, Penha e Braga (2012) a descrição da situação atual da saúde infantil em uma parte da região de Formiga, estado de Minas Gerais, em 2012, faz necessário o diagnóstico precoce e acompanhamento das crianças obesas para evitarem que virem um adulto obeso, pois sabem das complicações que esta obesidade causa na vida adulta. Ressalta também a importância dos profissionais de saúde, educadores em relação a participação na orientação dos bons hábitos alimentares para as crianças.
Para Costa, Souza e Oliveira, que estudaram o bullying nas escolas com crianças obesas, indicam a possibilidade de considerar o professor como um mero espectador destas situações. Descrevem também uma necessidade de mais estudos sobre o papel do professor em situações de bullying, para desenvolvimento de ações que visem promover a diversidade cultural nas escolas.
Para Moraes e Dias, os conflitos entre pais e filhos a obesidade em seus filhos venha ser uma forma de mascarar tais dificuldades ao focalizarem-se na doença da criança. A dificuldade relatada pela família em relação a alimentação devido a mudança da rotina familiar em função do tratamento, os impasses para compreender a necessidade de impor limites.
Conclusão
Grande parte dos estudos em obesidade infantil concluem que a mesma é uma doença crônica, que se não tratada e controlada na infância, teremos um alto número de adultos obesos, porém não definem e comprovam qual o melhor tratamento e meios de prevenção para a doença.
Os estudos pesquisados e analisados sugerem uma maior quantidade de pesquisas na área.
Referências
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