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Refletindo sobre alguns sentidos atribuídos à inclusão 

em educação no espaço da disciplina Educação Física

Reflexionando sobre algunos sentidos atribuidos a la inclusión en educación en el ámbito de la disciplina Educación Física

 

*Colégio Pedro II. Faculdade de Ciências Médicas (UERJ)

**Colégio Pedro II /Programa de Pós-Graduação em Educação (UERJ)

***Colégio Pedro II

(Brasil)

Kátia Regina Xavier da Silva*

katiarxsilva@globo.com

Leandro Teófilo de Brito**

teofilo.leandro@gmail.com

Marcio Nogueira de Sá***

marciorican@gmail.com

Bruno Rafael Soares***

rafa_edf@yahoo.com.br

Priscilla Christina Oliveira***

prischris3@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O presente trabalho tem como objetivo compartilhar algumas reflexões sobre os sentidos atribuídos à inclusão em educação no espaço da disciplina Educação Física, por parte de alunos do oitavo e nono anos do ensino fundamental. Iniciamos apresentando as bases teóricas que fundamentam nossas reflexões a respeito do conceito de inclusão em educação e sobre o papel da Educação Física escolar para promovê-la. Em seguida, relatamos uma experiência pedagógica desenvolvida no contexto das aulas de Educação Física do Campus Engenho Novo II do Colégio Pedro II (CENII-CPII), que fez uso da metodologia Webquest como meio para incentivar a discussão e o registro das reflexões dos estudantes sobre um dilema típico do cotidiano das aulas no componente curricular em questão: a escolha dos grupos para a prática dos esportes coletivos. Observamos que, apesar dos esforços para desenvolver práticas pedagógicas inclusivas durante as aulas do CENII-CPII, ainda há muito o que se fazer, tendo em vista a inexistência de reflexões ou alternativas divergentes que pudessem superar a iminente situação de exclusão presente no dilema apresentado. De certa forma, as soluções propostas apontam para a aceitação de um tipo de atitude peculiar à condição social vivenciada na sociedade contemporânea: a exclusão de quem ameaça o bom andamento dos processos e dificulta sucesso dos indivíduos e grupos. Finalizamos o texto destacando a possibilidade de desenvolver os conteúdos da Educação Física numa perspectiva transdisciplinar, recorrendo aos temas transversais como eixo norteador assim como os jogos, os esportes, as danças, as lutas, as ginásticas e os conhecimentos sobre o corpo como meio para atingir finalidades mais amplas que coadunam com a formação do cidadão, a partir dos preceitos que defendemos sobre inclusão.

          Unitermos: Educação Física escolar. Inclusão em educação. Webquest.

 

Recepção: 14/12/2014 - Aceitação: 23/01/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 201, Febrero de 2015. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O presente trabalho tem como objetivo compartilhar algumas reflexões sobre os sentidos atribuídos à inclusão em educação no espaço da disciplina Educação Física por parte de alunos do oitavo e nono anos do ensino fundamental. Este trabalho se apoia no conceito de inclusão como um processo, em relação dialética com a exclusão e que reconhece as diferenças e a diversidade no espaço escolar.

    Iniciamos apresentando as bases teóricas que fundamentam nossas reflexões a respeito deste conceito de inclusão em educação e sobre o papel da Educação Física escolar para promovê-la. Em seguida, relatamos uma experiência pedagógica desenvolvida no contexto das aulas de Educação Física do Campus Engenho Novo II do Colégio Pedro II (CENII-CPII), que fez uso da metodologia Webquest (WQ) como meio para incentivar a discussão e o registro das reflexões dos estudantes sobre um dilema típico do cotidiano das aulas no componente curricular em questão: a escolha dos grupos para a prática dos esportes coletivos.

    Finalizamos o texto destacando a possibilidade de desenvolver os conteúdos da Educação Física numa perspectiva transdisciplinar, recorrendo aos temas transversais como eixo norteador, assim como os jogos, os esportes, as danças, as lutas, as ginásticas e os conhecimentos sobre o corpo como meio para atingir finalidades mais amplas que coadunam com a formação do cidadão, a partir dos preceitos que defendemos sobre inclusão.

A inclusão e suas relações com a Educação Física escolar

    Reconhecemos o conceito de inclusão como um movimento social, histórico e político, um processo, que abarca características amplas ao associar-se a questões relacionadas à diversidade, tais como deficiência, gênero, raça, etnia, dentre outros marcadores sociais de diferenças que colocam os sujeitos em possíves situações de exclusão. Neste contexto, um dos maiores desafios da escola no nosso presente é a busca por uma educação básica de qualidade através da inclusão escolar, com a qual o respeito e o reconhecimento das diferenças devem ser garantidos e colocados em prática em suas ações.

    Santos (2011) afirma que os termos inclusão/exclusão1, diversidade e diferença, tão presentes na literatura científica e em nosso cotidiano estão intimamente ligados. Diversidade, como a autora aponta, pode ser considerado um termo-irmão da inclusão, pois encontra-se presente em nossa sociedade como um todo, fazendo com que, a partir da dinâmica da vida, nossas subjetividades e ambiguidades se mostrem como constituintes de nossas identificações e significações próprias, nos tornando diferentes e desta forma nos colocando suscetíveis a processos de exclusão.

    Pelo viés da desigualdade, a exclusão é provocada quando nos relacionamos com o Outro (o diverso, o diferente) a partir do que este Outro tem para oferecer à sociedade dentro de padrões produtivistas, tão somente, e não pelo que se é (SANTOS, 2012, p.36).

    Ao trazer a Educação Física escolar para o debate da inclusão, se faz necessário superar a questão histórica que permeia a área: a ênfase na aptidão física, ainda muito presente nos currículos, planejamentos e projetos específicos da área. Fonseca & Silva (2010) apontam que:

    Podemos observar que pelo menos ao nível do discurso, há uma passagem da valorização do biológico para o sócio-cultural, embora as nossas práticas permaneçam praticamente inalteradas. No entanto, é necessário superar a ênfase na aptidão física e do rendimento padronizado decorrente em referenciais pautados em conceitos biológico, higiênico e militarista que caracterizaram a Educação Física como atividade física (p.1).

    Em pesquisa sobre as questões de gênero nas aulas de Educação Fisica escolar e os processos de inclusão/exclusão, apresentando situações de exclusões que perpassam apenas o campo da deficiência, Brito & Santos (2013) constataram que a habilidade motora para a prática dos esportes se mostrou como o fator predominante de exclusão nas aulas, corroborando com a premissa de que os meninos mais habilidosos são sempre exaltados no contexto da disciplina no espaço escolar. Silva (2006), também nesta discussão, afirma que:

    [..] a inclusão nas aulas de Educação Física tem como objetivo atentar primeiramente sobre o próprio papel da Educação Física, que não é da seleção de novos talentos atléticos, é de garantir a real participação de todos sem discriminação de nenhum tipo, na aquisição ou na produção de determinado conhecimento. A vivência é a consciência das diferenças (p.76).

    Levando-se em conta estas afirmações, refletir sobre as possiblidades de promover a inclusão nas aulas de Educação Física se torna uma tarefa de tamanha importância no contexto escolar, foco que este artigo busca apresentar, a partir do relato de práticas pedagógicas que visam à conscietização dos estudantes sobre o tema, construindo novos olhares e perspectivas na busca por uma aprendizagem que faça sentido na vida dos estudantes.

Reflexões sobre um dilema típico do cotidiano das aulas de educação física: a escolha dos grupos para a prática dos esportes coletivos

    O artigo a seguir reflete sobre um trabalho desenvolvido no CENII-CPII, no ano de 2014, em uma aula de Educação Física do segundo segmento do ensino fundamental para estudantes do oitavo e nono anos. O tema gerador abordado no planejamento anual foi nomeado Educação Física: sentidos e significados e teve como objeto central as reflexões sobre as diferentes possibilidades e contribuições da Educação Física para a formação do cidadão, no contexto das relações entre os sujeitos e a sociedade.

    Para articular essa temática no decorrer do ano letivo, foram definidas três unidades didáticas (UD), sendo uma para cada trimestre: Educação Física, sociedade e diversidade, Os megaeventos esportivos e as relações sociais e A linguagem fisiológica do corpo. Em cada trimestre foram traçados objetivos específicos voltados para o desenvolvimento das dimensões conceituais, procedimentais e atitudinais dos conteúdos de ensino. O Quadro 1 apresenta os objetivos específicos traçados em cada uma das UD, nos respectivos trimestres:

Quadro 1. Unidades didáticas para o desenvolvimento dos conteúdos nas aulas

de Educação Física do 8º e 9º anos do Ensino Fundamental no CENII-CPII

    O presente artigo reflete sobre o processo de aplicação de uma atividade realizada no contexto da primeira UD, bem como sobre os seus resultados. A atividade em tela foi intitulada “Inclusão nas aulas de Educação Física” e utilizou como ferramenta o recurso denominado Webquest, “criado em 1995 por Bernie Dodge, professor estadual da Califórnia (EUA) tendo como proposta metodológica o uso da Internet de forma criativa” (BRASIL, 2014). O Webquest é caracterizado por Costa & Moita (2011) como

    (...) uma metodologia de pesquisa na internet, por meio do qual são desenvolvidas atividades voltadas para o processo educacional. Trata-se de uma nova forma de ensinar e de aprender usando-se a criatividade, de acordo com o objetivo que cada curso que o utiliza deseja atingir (p.160).

    A Webquest apresenta uma estrutura específica que permite ao professor organizar as tarefas de aprendizagem a partir de uma sequência de ações que o estudante deverá seguir para alcançar os objetivos propostos. Em geral, essa sequência de ações é estruturada em sete seções: introdução, tarefa, fonte de informação, avaliação, conclusão e créditos (BRASIL, 2014). No caso da atividade proposta, a Webquest foi planejada para ser realizada em uma aula (WQ curta), com o objetivo de integrar o conhecimento desenvolvido nas atividades em quadra e favorecer a reflexão sistemática e o registro dessa reflexão sobre os conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais referentes ao planejamento do primeiro trimestre. De maneira específica, a atividade objetivou promover a discussão sobre o conceito de inclusão e como este pode ser desenvolvido nas aulas de Educação Física do CENII-CPII. Tal objetivo foi apresentado aos alunos na seção introdução do WQ.

    O Webquest foi produzido gratuitamente pelo Google sites. A tarefa foi postada no blog da equipe de Educação Física do CENII-CPII (efen2@blogspot.com.br) e os alunos acessaram a atividade no laboratório de informática da instituição. Foram propostas duas situações problema que enunciavam dilemas passíveis de ocorrer nas aulas de Educação Física. Tendo em vista os limites deste artigo, discutiremos somente os resultados da situação 1, cujo foco foi o processo de escolha dos integrantes de uma equipe fictícia de futebol, no contexto de uma aula de Educação Física. A tarefa (seção 2 da WQ) a ser realizada pelos alunos foi descrita nos seguintes termos: 1. Na fase seguinte – PROCESSO: você encontrará três vídeos. 2. Assista-os com atenção e formule respostas para as duas situações problema abaixo. 3. Organize-se em grupos de três pessoas. Escreva a resposta do grupo no formulário.

    Na seção 3 (processo), foram disponibilizados: três vídeos, de curta duração, disponíveis no youtube; três links que continham informações sobre o conceito de inclusão e um formulário para que os alunos pudessem postar as suas respostas. O formulário foi elaborado gratuitamente através do Google docs e os resultados das postagens foram armazenados em ambiente digital (Google Drive) para posterior análise e discussão junto aos estudantes e à equipe de professores.

    O primeiro vídeo, intitulado Convivência (http://youtu.be/u5651tdwyXo) é uma animação, produzida pela Pixar, que retrata uma situação de exclusão no contexto de aves que possuem características diferentes. O segundo, denominado Atitude é tudo (http://youtu.be/qxDmFsSiHLQ) , é uma produção indiana que demonstra a atitude de liderança de uma criança frente a um problema de ordem pública e o impacto dessa atitude no envolvimento da coletividade para resolver o problema instalado. O último vídeo, também uma animação, chama-se Trabalho em equipe (http://youtu.be/4We7SNkSYTk) e retrata três situações onde a ação coletiva gera consequências positivas para a solução de problemas práticos.

    Dentre as informações sobre o conceito de inclusão, foram fornecidos dois textos e um recurso multimídia: o primeiro texto intitula-se Educação física como um meio para a inclusão social e qualidade de vida e aborda a importância da Educação Física escolar para o desenvolvimento da aprendizagem e o aumento da participação de todos os estudantes. O segundo texto tem o título: Inclusão promove a justiça e aborda o respeito às diferenças como forma de promover uma sociedade mais justa. A multimídia intitula-se Por que as aulas de Educação Física são importantes? e apresenta, de forma objetiva, 26 motivos para praticar atividades físicas.

    Em seguida, solicitou-se que os estudantes respondessem as questões propostas, no formulário, levando em conta os conteúdos dos vídeos e as informações disponíveis nos links fornecidos no Webquest. A situação problema 1 foi descrita nos seguintes termos:

    Você foi escolhido como capitão (ã) de uma equipe para disputar um torneio de Futebol no Colégio Pedro II. Falta apenas uma vaga para completar o time titular e você deverá escolher entre três novos alunos (as) que acabaram de chegar a sua turma. O primeiro se chama Wilson, um aluno alto e forte que possui 5% da visão, ou seja, é um D.V. (deficiente visual). O segundo é Amaral, um excelente jogador de futebol e tem um grande espírito de equipe, mas tira péssimas notas na escola, tem fama de bagunceiro e vive na sala da disciplina. A terceira é Carmem, uma menina negra, esperta, ágil, e muito competitiva. Carmem não aceita bem as regras e sempre prende a bola para si, na tentativa resolver tudo sozinha. Tendo como base as suas experiências vividas nas aulas de Educação Física do Colégio Pedro II, faça o que se pede. 1. Escolha um aluno, dentre os três novatos apresentados, para compor a sua equipe e diga: por que você escolheu esse aluno? Explique os motivos que o levaram a excluir os outros dois alunos de sua equipe. Obs: Não há uma escolha certa ou errada quanto ao jogador (a). Contudo, é fundamental que você explique os motivos que o levaram a fazer as suas escolhas.

    Além do posicionamento em relação às duas situações-problema, os estudantes foram convidados a opinar e apresentar uma lista de sugestões sobre como tornar as aulas de Educação Física um espaço que promove a inclusão. A análise sobre os resultados desta experiência indicam algumas possibilidades de reflexão sobre a percepção dos estudantes acerca da dialética inclusão/exclusão e dos sentidos atribuídos por eles à prática dos esportes no contexto das aulas de Educação Física, nesta instituição de ensino. Organizamos essas reflexões em dois blocos: o primeiro, problematiza os critérios e motivos que justificam a escolha do novo integrante da equipe e o segundo analisa as sugestões dos alunos para tornar as aulas de Educação Física mais inclusivas.

    Em relação ao primeiro bloco, observamos que a escolha do aluno Amaral foi quase unanimidade entre os alunos do oitavo e nono anos. O argumento que mais se destacou para justificar a escolha foi o bom desempenho atribuído a esse novato, tendo em vista que, na visão dos alunos, essa é uma condição determinante para obter sucesso nos jogos. Os estudantes também ressaltaram que o fato do novato eleito não possuir boas notas não o impediria de se destacar nos jogos e que a indisciplina na sala de aula também não afetaria sua contribuição nas atividades desenvolvidas durante a Educação Física. A capacidade de trabalhar em equipe foi, depois do bom desempenho, o segundo argumento que justificou a alta frequência da escolha de Amaral. Como diz Silva (2006), a Educação física ainda carrega uma marca histórica excludente, na qual os mais aptos e mais habilidosos terão sempre vez nas atividades.

    Por outro lado, os argumentos que justificam a exclusão da aluna Carmem, diferente do que se possa pensar, no senso comum, não estão relacionados a questões de gênero, isto é, ela não foi excluída por “ser menina”. Os estudantes concentraram suas justificativas no fato de que Carmem é “fominha”, não aceita as regras e “não sabe trabalhar em equipe”. Embora Carmem tenha sido eleita por dois grupos, foi creditada ao próprio grupo a responsabilidade de persuadi-la a trabalhar em equipe, em nome do sucesso de todos. Para Brito & Santos (2013) a problematização de questões de gênero nas aulas de Educação Física, contribui para a desmistificação das exclusões advindas do tema, promovendo possibilidades de uma participação efetiva entre meninos e meninas em aulas conjuntas.

    Apenas três grupos escolheram o aluno Wilson, sob os argumentos de que ele sabia jogar e possuía características físicas adequadas à prática do esporte. Porém, a maioria dos grupos o excluiu alegando que a deficiência visual poderia oferecer riscos para o próprio Wilson. Além disso, também argumentaram que tanto a “deficiência visual” de Wilson quanto a “falta de espírito de equipe” de Carmem poderiam “atrapalhar” o bom andamento do jogo.

    Quando questionados sobre como tornar as aulas de Educação Física um espaço que promove a inclusão, sugeriram, entre outros aspectos: fazer times mistos/separar meninos e meninas; promover atividades em grupo/esportes em equipe; treinar os alunos menos providos de talento; pedir sugestões à turma/fazer atividades que todos gostam; não obrigar os alunos a praticar atividades das quais não gostam; ter paciência com quem não sabe jogar; conversar com os alunos que excluem; equilibrar as equipes em relação ao desempenho/balancear os times. Apenas uma fala dos alunos fez menção à questão da deficiência:

    Na nossa escola, os professores não excluem nenhum aluno por conta de deficiências mentais/físicas, então os alunos deferiam fazer o mesmo. Mas isso muitas vezes não acontece, a exclusão desse tipo de aluno ocorre constantemente. Isso poderia ser evitado se as atividades fossem adaptadas para todo tipo de alunos.

    É interessante notar que nenhum dos grupos buscou reflexões ou alternativas divergentes que pudessem superar a iminente situação de exclusão presente no dilema apresentado. De certa forma, as soluções propostas apontam para a aceitação de um tipo de atitude peculiar à condição social vivenciada na sociedade contemporânea: a exclusão de quem ameaça o bom andamento dos processos e dificulta sucesso dos indivíduos e grupos. De acordo com Sawaia (2011) a exclusão é um processo complexo, multifacetado, sutil e dialético, que envolve os sujeitos por inteiro em suas relações com o outro. É uma configuração de dimensões materiais, políticas, relacionais e subjetivas, como pudemos constatar nas análises realizadas.

Considerações finais

    Dentre as inúmeras reflexões suscitadas a partir dessa experiência, gostaríamos de sugerir a possibilidade de desenvolver os conteúdos da Educação Física numa perspectiva transdisciplinar, recorrendo aos temas transversais como eixo norteador, em conjunto com os jogos, os esportes, as danças, as lutas, as ginásticas e os conhecimentos sobre o corpo, como meio para atingir finalidades mais amplas que coadunam com a formação do cidadão e a inclusão. No campo da Educação Física escolar existem questões sociais mais amplas que levam à exclusão dos alunos e que não são somente do campo da “prática”, mas também do campo “simbólico” e, por extensão, das próprias representações sociais (SILVA, 2008). Essas questões merecem ser problematizadas, principalmente aquelas que dizem respeito ao valor atribuído ao desempenho e às formas de cooperação utilizadas para proteger alguns membros do grupo e excluir outros, através do ocultamento dos critérios de exclusão e da aplicação desses critérios somente para parte do grupo, sob o argumento da “escolha democrática” ou da “proteção dos mais fracos”.

Nota

  1.  Os termos inclusão/exclusão são compreendidos através de uma relação dialética, pois de acordo com Sawaia (2011) a sociedade exclui para incluir, sendo esta uma condição da ordem social vigente em que estamos submetidos. Desta forma têm-se a dialética inclusão/exclusão.

Referências bibliográficas

  • BRASIL, Ministério da Educação. Recursos da Internet para Educação - Webquest. Disponível em: http://webeduc.mec.gov.br/Webquest/ Acesso em: 15/04/2014.

  • BRITO, Leandro Teofilo de; SANTOS, Mônica Pereira dos. Masculinidades na Educação Física escolar: um estudo sobre os processos de inclusão/exclusão. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, v.27, n.2, p. 235-246, 2013.

  • COSTA, Ana Lígia Passos de Oliveira & MOITA, Filomena Mª Gonçalves da Silva Cordeiro. Moodle no curso de ciências biológicas a distância: análise das contribuições no processo de ensino e aprendizagem. In: SOUSA, Robson Pequeno de, MOITA, Filomena Mª Gonçalves da Silva Cordeiro & CARVALHO, Ana Beatriz Gomes (Organizadores). Tecnologias digitais na educação. Campina Grande: EDUEPB, 2011, p.155-175.

  • FONSECA, Michele Pereira de Souza; SILVA, Ana Patrícia da. O que é inclusão? Reflexões de professores acerca desse tema. Lecturas Educación Física y Deportes (Buenos Aires), v. Año 14, p. Enero de 2010, 2010.

  • MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Inclusão promove a justiça. Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/formacao/maria-teresa-egler-mantoan-424431.shtml

  • Por que as aulas de Educação Física são importantes? Disponível em: http://educarparacrescer.abril.com.br/educacao-fisica/

  • SANTOS, Mônica Pereira dos. Inclusão, diversidade e diferença. In: RANGEL, Mary. (Org.). Diversidade, diferença e multiculturalismo. Niterói: Intertexto, 2011, p. 23-42.

  • SAWAIA, Bader. (Org). As Artimanhas da exclusão: análise psicossocial e ética da desigualdade social. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001.

  • SILVA, Ana Patrícia. O professor de Educação Física como agente do processo inclusivo. In: SANTOS, Mônica Pereira dos; PAULINO, Marcos Moreira. (Org.). Inclusão em Educação: culturas, políticas e práticas. São Paulo: Cortez, 2006, p. 69-81.

  • SILVA, Kátia Regina Xavier da. Criatividade e inclusão na formação de professores: Representações e Práticas Sociais. Rio de Janeiro, 2008. Tese (Doutorado em Educação). Faculdade de Educação, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2008.

  • STEINHILBER, Jorge. Educação física como um meio para a inclusão social e qualidade de vida. Disponível em: http://diversa.org.br/artigos/artigos.php?id=2864

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