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A inclusão de uma cadeirante durante as aulas práticas
de Educação Física numa Escola Municipal de Ipatinga, MG:
relato de caso

La inclusión de una persona en silla de ruedas durante las clases prácticas
de Educación Física en una Escuela Municipal de Ipatinga, MG: relato de caso

 

*Pós-graduanda do programa de Especialização em Esportes e Atividades Físicas Inclusivas

para Pessoas com Deficiência, pela Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF

Docente em Educação Física, Prefeitura Municipal de Ipatinga/MG

**Mestre em Ciências Biológicas - Bioquímica Estrutural e Fisiológica – UFOP

Especialista em Docência do Ensino Superior – UCAM. Especialista em Tutoria – UFOP

Docente em Educação Física, Prefeitura Municipal de Ipatinga/MG. Orientadora de TCC

Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF

Prof. Maria Aparecida de Amorim Sousa*

cidinhaedf@bol.com.br

Prof. Ma. Wanda Maria de Faria**

fariamwanda@gmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          A inclusão escolar torna-se uma ferramenta importante em todo o processo educacional, visando à inclusão total do aluno na escola regular, onde a inclusão do aluno deficiente no âmbito escolar e nas aulas de Educação Física motiva a transformação educacional e demanda novas posturas em relação ao processo de ensino-aprendizagem (VENTURINI et al., 2010). O presente estudo teve como objetivo analisar a inclusão de uma aluna cadeirante nas aulas práticas de Educação Física numa Escola Municipal na cidade de Ipatinga/Minas Gerais. Para coleta de dados foram utilizados três questionários, sendo um questionário destinado à aluna cadeirante contendo 3 questões, um questionário para professora da turma com 6 questões e o terceiro questionário foi aplicado aos 28 colegas da classe, contendo 7 questões. O relato de caso foi realizado com uma estudante, adolescente e cadeirante com treze anos, com dignóstico de mielomeningocele. Foi observado que a aluna não demonstra interesse em participar das aulas práticas de Educação Física dificultando o trabalho da professora para sua participação ao grupo. Já os colegas alegaram que não sentiram nenhum tipo de dificuldade em ter a presença da aluna, mas também não aceitaram a ideia de executar atividades adaptadas. Portanto, o trabalho mostra que a inclusão acontece, mas, não de maneira efetiva como deveria, sendo necessária a conscientização de todos envolvidos no processo para obter um resultado mais consistente e consequentemente eficaz.

          Unitermos: Inclusão. Atividade física. Cadeirante.

 

Recepção: 02/01/2015 - Aceitação: 04/02/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 201, Febrero de 2015. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A inclusão do aluno deficiente no âmbito escolar e, principalmente, nas aulas de Educação Física motiva a transformação educacional e demanda novas posturas em relação ao processo de ensino-aprendizagem a cerca de ações e práticas avançadas, seguindo o princípio do respeito a quaisquer características e/ou diferenças. A inclusão escolar torna-se uma ferramenta importante em todo o processo inclusivo visando à inclusão total do aluno na escola regular. Cabe ao professor de Educação Física promover ações que efetive o desenvolvimento global de todos os alunos deficientes ou não, na esfera intelectual, social e afetiva. Através de atividades diferenciadas possibilita a inclusão dos mesmos aumentando sua autoconfiança e elevando sua autoestima (VENTURINI et al., 2010).

    Conforme Detzel et al. (2011), para que efetive a inclusão é necessário investir em equipamentos e formação das pessoas envolvidas e não simplesmente colocar o aluno com deficiência na sala de aula. A escola para ser considerada inclusiva promove a integração sem distinção entre os indivíduos, não rotulando ou segregando-os com referência em juízo de valores, julgando-os como indivíduos normais ou não, perfeitos ou imperfeitos. Ela promove uma educação voltada a todos independentemente se os mesmos possuem deficiência ou não, propiciando condições para ser, aprender, conhecer e viver num espaço sem preconceitos que instigue seu potencial e desenvolva uma consciência crítica.

    Diante das diversidades encontradas na humanidade e das várias deficiências apresentadas pelos indivíduos onde os mesmos estão inseridos na sala de aula, ocorre uma exigência maior dos profissionais atuantes em diversas áreas na busca de novas condutas para a identificação das necessidades especiais, levando-os a ações relevantes que proporcionem a inclusão de todos os alunos, respeitando-os como um todo (VENTURINI et al., 2010).

    Segundo Falkenbach, Ordobás, Machado (2008), a expressão corporal do professor apresentada através de sua postura e atitudes são formas importantes de linguagem, auxiliando o aluno na aquisição de aprendizagem e inclusão. Ressaltam ainda que existe resistência quanto à aceitação do aluno com deficiência pelos alunos da sala, ficando o professor com a incumbência de intermediar o trabalho com todos, não impondo a aceitação do outro, porém, enfatizando que alunos com e sem deficiência são iguais e diferentes, promovendo atividades que necessitem ser realizadas em conjunto propiciando assim o processo de aceitação entre as diferenças e esse processo resulta em aprendizado. Sendo assim, os professores procuram empenhar-se para promoção da inclusão do aluno deficiente com o grupo buscando neutralizar as diferenças apresentadas.

    Para Eidelwein e Nunes (2010), a educação física escolar abrange uma gama imensa de conteúdos que podem ser abordados e trabalhados tais como socialização, desenvolvimento motor e corporal, interação, cooperação, respeito, valores, entre outros. Cabe ao professor de Educação Física incluir os conceitos acima, além das táticas e técnicas dos esportes, provocando a consolidação da formação crítica e consciente como cidadão.

    O esporte é um grande aliado do professor, pois, chama a atenção dos alunos através de divulgação por meios de comunicação de massa, da importância de se praticar esportes, e na maioria das vezes, desperta o gosto dos alunos. Grande parte desses alunos tem o primeiro contato com o esporte na escola. Contudo, o professor pode ter em mãos elementos para ministrar uma aula dinâmica, criativa, prazerosa e eficaz. O mesmo poderá adaptá-la de acordo com sua realidade e necessidade, fazendo as intervenções quando necessário para melhor alcançar seus objetivos, podendo o professor de Educação Física ser um diferencial na vida dos alunos no âmbito escolar (EIDELWEIN e NUNES, 2010).

    Diante da importância da Educação Física em relação à inclusão, observa-se que a mesma pode contribuir para o desenvolvimento do esporte em cadeiras de rodas, objetivando trabalhar o tronco e membros superiores para maior aquisição de força, flexibilidade e resistência das pessoas deficientes, elevando também sua autoestima e preparando-as para a vida. A prática de atividades físicas e esportivas, seja em qualquer âmbito, necessita de orientação e estimulação propiciando ao indivíduo deficiente alcançar as melhorias propostas através das atividades resultando em uma ótima qualidade de vida. Os esportes adaptados promovem ao indivíduo, usuário da cadeira de rodas, a desenvolverem a autovalorização, autoimagem, autonomia e a socialização, viabilizando novas experiências explorando seu potencial e suas limitações (ROSA, RODRIGUES e FREITAS, 2009).

    Segundo Correia et al. (2013), a cadeira de rodas é vista como a extensão do corpo do indivíduo, pois ela se molda, acoplando-se ao corpo. Com essa generalização, o indivíduo que utiliza cadeira de rodas se identifica com outro cadeirante formando um grupo pela semelhança adquirida através do uso do aparelho, passando a conviver e compartilhando experiências. Salienta ainda, que a cadeira de rodas demonstra o limite e também aumenta as possibilidades do corpo potencializando-o, portanto a mesma torna-se um corpo quando atrelada ao indivíduo não tendo assim distinção entre eles.

    O presente estudo tem por objetivo analisar a inclusão de uma aluna cadeirante nas aulas práticas de Educação Física numa Escola Municipal na cidade de Ipatinga, Minas Gerais. De acordo com Gimenez (2006), as possibilidades e desafios relativos à inclusão atravessam pela própria privação do entendimento acerca das definições de integração e inclusão, sendo a integração descrita por contato mais físico enquanto a inclusão visa garantir a participação da pessoa na convivência em grupo.

Metodologia

    A pesquisa realizada é descritiva com abordagem qualitativa. A mesma foi desenvolvida numa Escola Municipal de Ipatinga/MG.

    A população do estudo foi composta por uma aluna cadeirante do oitavo ano do ensino fundamental, uma professora de Educação Física e os vinte e oito colegas dessa classe da referida escola, com idade variando entre 13 a 17 anos, sendo 14 alunos do sexo masculino e 15 do sexo feminino.

    Foi solicitada autorização do diretor da escola e da família da aluna cadeirante em questão, através da carta de apresentação fornecida pela Universidade Federal de Juiz de Fora, Minas Gerais, para realização da pesquisa.

    Para coleta de dados, o instrumento utilizado foram três questionários adaptados de acordo com Alciate (2011), um questionário destinado à aluna cadeirante contendo 3 questões (Você pratica algum tipo de atividade física?; Na escola, durante as aulas de Educação Física, você participa de alguma atividade?; Tem alguma dificuldade em participar das aulas de Educação Física com seus colegas e necessita de ajuda para locomover-se no espaço escolar?), um questionário para professora da turma com 6 questões (Qual sua visão sobre a inclusão de pessoas deficientes na escola?; Há necesssidade de capacitação de professores da Rede Pública de Ensino para ação pedagógica nas aulas de Educação Física diante da inclusão?; É possivel fazer algum trabalho diferenciado com as pessoas deficientes durante as aulas de Educação Física?; A escola fornece algum apoio humano e material para desenvolver o trabalho com aluno deficiente?; Qual sua sujestão enquanto professor para que melhore ou ocorra efetivamente a inclusão das pessoas deficientes na aulas de Educação Física?; Como você vê o compromisso das Políticas Públicas em relação a inclusão nas escolas da Rede Pública de Ensino?), e o terceiro questionário foi aplicado aos 28 colegas da classe, contendo 7 questões ( Como você vê uma pessoa deficiente na sua classe?; Tem alguma dificuldade em participar das aulas de Educação Física com sua colega que é deficiente?; Você vê a necessidade de um profissional para auxiliar sua colega deficiente durante as aulas práticas?; A presença dessa aluna deficiente dificulta sua aprendizagem durante as aulas de Educação Física?; Durante as aulas você demonstrou rejeição para com sua colega deficiente?; De que forma você trata sua colega deficiente?; Você ajuda sua colega deficiente quando necessário?). As questões são abertas e de caráter pessoal sobre a realidade vivenciada por eles em relação a inclusão da aluna nas aulas de Educação Física. Nesta pesquisa procuraremos verificar mais profundamente sobre como ou se acontece verdadeiramente a inclusão da pessoa deficiente.

    Os questionários foram respondidos de forma individual em espaço reservado dentro da própria escola, respeitando a privacidade de cada um.

    A análise dos resultados foi realizada através da leitura dos questionários e levantamento das respostas que foram descritas, respeitando a fidedignidade das respostas dos questionários aplicados e apresentados também em porcentagem em forma de tabela.

Relato de caso

    A estudante M.L., na qual baseia o presente relato de caso é uma adolescente cadeirante e tem treze anos, com dignóstico de mielomeningocele. De acordo com Martins e Ezequiel (2013), a mielomeningocele é uma má formação congênita que ocorrre durante a formação da coluna vertebral do feto na gestação, isto é, há falha no fechamento de um ou mais arcos vertebrais e acontece o extravasamento do canal medular, levando a limitação parcial ou total das funções sensoriais motoras. Essa deformidade é a mais comum e também a mais grave.

    Segundo a fala da mãe de M. L., “fiquei sabendo do possível diagnóstico através do exame de ultrassonografia tridimensional realizado por volta do quarto mês de gestação. Em relação ao grau de comprometimento, somente após o nascimento e com as avaliações médicas, conseguiria saber ao certo a gravidade do caso, por isso ela necessitaria de cuidados intensivos, como UTI Neonatal ao nascer, razão pelo qual o médico que acompanhou a gravidez indicou onde deveria ocorrer o parto. A M. L. nasceu no dia 24 de fevereiro de 2001 na cidade de Belo Horizonte/MG, pois em Ipatinga não havia UTI neonatal. Ela nasceu com mielomeningocele e nesta cidade ainda não existia suporte para realização da cirurgia. A mielomeningocele que M. L. tem é na região sacral e, por esta razão ela teve ainda hidrocefalia. Quanto à mielomeningocele, sua correção cirúrgica foi realizada dois dias após o nascimento, mas mesmo assim não impediu a paraplegia ocorrendo também o comprometimento do esfincter anal e uretral. As idas ao sanitário da M. L. são direcionadas para que não corra o risco de eliminar fezes onde quer que esteja como na escola, ao passear, igreja etc. Quanto à urina é passado sonda de 4 em 4 horas para que não perca urina onde estiver e também para que não comprometa seus rins. Para hidrocefalia foi realizada uma cirurgia e colocado uma válvula para que o líquido produzido a mais não aumentasse o tamanho encefálico. Ela passou por seis intervenções cirúrgicas para correção do pé torto e maior abertura das pernas.

    Sua locomoção é realizada através de cadeira de rodas, fazendo a transição da cadeira para o sofá, carro, poltrona do cinema, cadeira de banho, com facilidade.

    Ela começou as sessões de fisioterapia com quatro meses de vida e tem indicação para fazê-las até os dias de hoje, porém, parou a quase um ano de realizar as sessões, por não ter alguém para levá-la, mas, já está sendo providenciado o seu retorno.

    A M. L. faz aula de teclado e técnica vocal, toca violão e flauta doce, está aperfeiçoando no acordeon. Ela consegue fazer sua higiene pessoal sozinha passando da cadeira de rodas para a cadeira de banho. Participa de um grupo de adolescentes que canta na igreja. Parece muito madura para sua idade em relação a vários assuntos, mas a família não deixa passar a fase da infância que foi vivida. Sempre que possível levamos-a para passear no shopping, cinema, em outras igrejas para cantar e fazer apresentação com o sexteto. Na vida da M. L. é imposto limites pela família que todo adolescente necessita, mas, contudo ela tem todo nosso amor e carinho, sendo significamente importante nas nossas vidas”.

Resultados e discussões

    Conforme o estudo realizado, a aluna cadeirante não pratica nenhuma atividade física no momento, participando somente das atividades teóricas em sala de aula e dos jogos de mesa demonstrando dificuldade em participar das aulas práticas de Educação Física.

    Para Cardoso, Palma e Zanella (2010), o mais importante para iniciar e continuar engajado na prática de atividade ou esporte adaptados é a motivação individual, pois cada pessoa tem a sua percepção do meio em que vive, e ocorre de acordo com sua personalidade, provocando também reações diferentes em relação a uma mesma situação. A motivação é um fator de grande relevância e que influencia com muita autonomia todos os tipos de comportamento, a mesma deve ser de inciativa do próprio indivíduo com deficiência. Ressaltam também que a prática de atividades física ou desportiva para pessoa deficiente proporciona grandes benefícios como a melhora da qualidade de vida, prevenção das doenças secundárias pertinentes à deficência, promove a integração social e eleva a autoestima.

    No ambiente escolar, a aluna necessita sempre de ajuda para locomover-se no espaço interno, uma vez que a escola não possui uma adequação na estrutura física. Conforme relato da professora, as políticas públicas deveriam investir mais em relação às adaptações adequadas na estrutura física das construções promovendo a acessibilidade. De acordo Fragnan e Viana (2009), os prédios públicos e privados deveriam ser construídos ou adaptados observando a arquitetura de forma ergonômica para atender as pessoas deficientes, dessa forma facilitaria a acessibilidade destes indivíduos, contribuindo para seu bem-estar e melhora da qualidade de vida, bem como o reconhecimento dos seus direitos.

    A professora da aluna relata que “a inclusão é possível dependendo da deficiência”. Já em relação ao trabalho diferenciado com pessoa deficiente, explicou que “é possível desde que o mesmo demonstre interesse e não se exclui”. Os colegas também demonstraram pouca aceitação da aluna deficiente, pois apresentam resistência para realizarem atividades adaptadas, ficando assim evidente a exclusão da mesma. Explica ainda, que “é uma situação que necessita ser trabalhada com funcionários e alunos, havendo necessidade de capacitação para os profissionais, principalmente referente a metodologias específicas para cada tipo de deficiência, além da inserção do trabalho de profissionais como o fisioterapeuta, psicológo e outros que se fizerem necessário”.

    Para Falkenbach, Ordobás, Machado (2008), os profissionais de Educação Física demonstram grande impasse em relação a prática inclusiva, mesmo sendo sensíveis a tal proposta, percebendo fragilidade na maioria das vezes quanto a pedagogia do processo de inclusão. Os professores apresentam empenho em criar propostas que proporcione a inclusão do aluno deficiente ao grupo. Os autores explicam ainda que o processo de inclusão é gradativo e lento causando no professor uma desmotivação com relação ao aluno deficiente gerado pela dificuldade de interação entre eles.

    Venturini et al. (2010), vem corroborar com a ideia de que a inclusão para ser plena é necessário ações que promovam a inclusão gradual e contínua dos indivíduos deficientes ao sistema educacional, gerando novos desafios que necessitam ser resolvidos, exigindo a criação e o aprimoramento de novas competências e habilidades dos profissionais envolvidos nesse processo.

    De acordo com Filho et al. (2009), os indivíduos deficientes tendem a desenvolver atitudes que buscam uma convivência com outros que também são deficientes formando assim uma barreira de dificuldade de grau abrangente, e essas atitudes podem levar a uma imensa dificuldade na concretização dos planos de intervenções.

Tabela 1. Apresentação das questões feitas aos colegas de classe da aluna cadeirante

*Dados coletados analisados e apresentados em porcentagem

    A tabela acima mostra os resultados em porcentagem dos questionamentos realizados aos colegas de classe da aluna cadeirante. Observa-se que em relação de como eles veem uma pessoa deficiente na sua classe 82% dos colegas respoderam ser normal e 18% demonstraram não achar normal. Foram questionados se tem alguma dificuldade em participar das aulas de Educação Física com a colega cadeirante e 71% disseram não ter dificuldade, enquanto que 29% demonstraram dificuldade em participar das aulas. Já quanto à necessidade de um profissional para auxiliar a colega deficiente durante as aulas práticas, 36% acharam que tem necessidade desse profissional e 64% acham que não tem nenhuma necessidade. 96,5% dos colegas de classe manifestaram não ter dificuldade quanto a aprendizagem com a presença da aluna deficiente durante as aulas de Educação Física, enquanto que 3,5% disseram apresentar dificuldade. Em relação a rejeição da aluna cadeirante na turma, 100% dos colegas não apresentaram rejeição, o que demonstra uma boa aceitação da aluna deficiente e também 100% dos colegas demonstraram tratar a colega deficiente com carinho, cuidado e de forma normal. Ao serem questionados se ajudam a sua colega deficiente quando necessário, 75,5% dos colegas respoderam que sim e 24,5% responderam que não.

    O resultado deixa evidente em todos os questionamentos que a aluna é bem aceita por todos. Segundo Strapasson e Carniel (2007), além dos inúmeros benefícios e vantagens proporcionados pela Educação Física, ela ainda facilita o processo de integração, socialização, inclusão e aceitação do aluno deficiente ao grupo. Fala também que devem ser enfatizados durante as aulas o respeito, a paciência, a compreensão e a colaboração com o aluno deficiente, pois somente quando cultivados tais valores, há o desenvolvimento de atitudes dignas diante das diferenças. Construindo assim uma convivência solidária, respeitando a limitação de cada um e oportunizando a participação e desenvolvimento das potencialidades do colega deficiente. Para o autor é preciso oportunizar aos alunos sem deficiência a vivenciar os obstáculos e dificuldades enfrentadas no dia a dia pelo indivíduo deficiente consolidando assim o respeito e o valor em relação ao mesmo.

Considerações finais

    O presente estudo demonstrou que aparentemente ocorre boa aceitação da aluna cadeirante com os alunos da classe. Porém, de acordo com a pesquisa realizada, observou-se uma desmotivação e desinteresse por parte a aluna cadeirante em relação a participação durante as aulas práticas, ficando a mesma focada na realização de jogos de mesa. Isso é um dos motivos que dificulta a professora a desenvolver ações pedagógicas voltadas para o atendimento da aluna e inclui-la ao grupo.

    Observou-se que a professora esbarra com a falta de cooperação por parte dos colegas de classe, que apesar de apresentar resultado favorável de inclusão da colega cadeirante através da pesquisa, a mesma não ocorre verdadeiramente, pois os alunos apresentam resistência em participar das atividades adaptadas, deixando transparecer insatisfação quando é feita tal proposta. Portanto, observa-se também que ocorre uma incoerência entre a visão de inclusão dos alunos e da professora. Os professores de Educação Física precisam apoderar-se do conhecimento com autonomia, quebrando paradigmas, partindo do referencial do que sabem os alunos, sendo o mesmo mediador responsável pela interação entre aluno deficiente e colegas de classe.

    Há uma necessidade nítida de conscientização de todos os envolvidos para que ocorra a verdadeira inclusão dos indivíduos deficientes e quanto mais cedo iniciar o processo de conscientização, maior e melhor será o resultado, isto é, mais consistente e consequentemente mais eficaz.

Referências

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