efdeportes.com

Síndrome de burnout: revisão integrativa

El síndrome de burnout: revisión integradora

 

*Acadêmicas do curso de Enfermagem

das Faculdades Integradas do Norte de Minas, Funorte

**Professor-orientador do Centro de Pesquisa

das Faculdades Integradas do Norte de Minas, Funorte

(Brasil)

Ana Marcia de Souza Almeida*

Edvane Pereira Leite*

Igor Raineh Durães Cruz**

igor.raineh@funorte.edu.br

 

 

 

 

Resumo

          A Síndrome de Burnout, como fenômeno, tem sido observável nas expressões de trabalhadores no decorrer dos tempos. Atualmente, seu acréscimo em função das alterações tecnológicas ou de organização do trabalho tem se revelado. Esse estudo objetiva discutir acerca das características implicações e repercussões da Síndrome de Burnout para os profissionais da enfermagem através de uma revisão integrativa da literatura. A metodologia utilizada foi uma revisão integrativa a partir das produções científicas nas principais bases de dados indexadas, como Medline, Pubmed, Bireme. Os descritores utilizados foram “Síndrome de Burnout”; “Síndrome de Burnout em profissionais de saúde” e “Síndrome de Burnout em outros profissionais” cadastrados nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS). A Síndrome de Burnout acarretando conseqüências tão importantes para o profissional, cliente e estrutura organizacional, deve ser estudada mais intensamente, em variadas abordagens objetivando o alcance da saúde e do bem-estar nos ambientes de trabalho.

          Unitermos: Sindrome de Burnout. Enfermagem. Profissionais da saúde.

 

Abstract

          The Burnout Syndrome, a phenomenon has been observed in the expressions of workers throughout the ages. Currently, its growth due to technological or organizational changes work has revealed. This study aims to discuss features of the implications and repercussions of Burnout Syndrome nursing professionals through an integrative literature review. The methodology used was from an integrative review of scientific production in the main indexed databases such as Medline, Pubmed, Bireme. The descriptors used were "Burnout Syndrome"; "Burnout syndrome in health professional 'and' Burnout Syndrome in other professional" registered Descriptors in Health Sciences (DeHS). The Burnout Syndrome causing such important consequences for the professional, client and organizational structure should be studied more intensively in various approaches aiming to achieve health and wellness in the workplace.

          Keywords: Burnout syndrome. Nursing. Healthcare professionals.

 

Recepção: 14/09/2014 - Aceitação: 03/12/2014

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 200, Enero de 2015. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

Introdução

    O desenvolvimento tecnológico, sócio-cultural e os resultados da globalização originam benefícios ao mundo moderno e, em compensação, acarretam profundas alterações no comportamento bio-psico-social do indivíduo interferindo diretamente na qualidade de vida da sociedade (JODAS; HADDAD, 2009).

    Atualmente, em uma sociedade norteada por valores capitalistas, estar dentro do mercado de trabalho significa fazer parte de uma classe privilegiada. Entretanto, o que era para ser fonte de prazer, realização pessoal e independência, pode transgredir-se numa causa de estresse, de desmotivação, perturbações e em muitos casos acarretar desenvolvimento de patologias (FERRARI et al., 2012). Entende-se o estresse como um conjunto de sintomas psicobiológicos que afetam drasticamente o ajustamento humano de sua homeostase, interferindo, dessa forma, na vida pessoal e profissional do indivíduo (OLIVEIRA et al., 2013).

    A utilização freqüente de maneiras de defesas indesejáveis e a persistência da disparidade saúde bem-estar resultam em distúrbios psicossociais. Dessa forma, enfermidades novas se originam decorrentes das mudanças introduzidas no mundo do trabalho (JODAS; HADDAD, 2009). A alteração no entendimento do que é a saúde não se deu de forma repentina; desde a década de 1970 tem existido um movimento gradual em torno da com­preensão do que é, de fato, a saúde e de sua atuação na qualidade de vida e o que trabalho representa para sua manutenção (BARROSO; GUERRA, 2013).

    A Síndrome de Burnout, como fenômeno, tem sido observável nas expressões de trabalhadores no decorrer dos tempos. Atualmente, seu acréscimo em função das alterações tecnológicas ou de organização do trabalho tem se revelado. Isso também decorrente dos estudos na área, de alguma maneira, traz à tona a chance de reflexão sobre a existência de um fenômeno definido e que pode ser mensurado (CARLOTTO; CÂMARA, 2008).

    O avanço da tecnologia acarreta mudanças no ambiente de trabalho que têm conseqüências no bem-estar físico e mental dos profissionais, e, por isso, a síndrome de Burnout precisa ser encarada como um problema de saúde pública (RISSARDO; GASPARINO, 2013).

    Referente à incidência ou prevalência dos sintomas de Burnout, observa-se que as ocupações assistenciais são as mais atingidas, porque estão baseadas na filosofia humanística, e a incongruência entre as expectativas e a realidade auxilia para o nível de estresse desses trabalhadores (TELES; PIMENTA, 2009). Os estudos mostram, em diversas populações, uma parcela de profissionais com alto desgaste emocional e despersonalização e baixa Realização Profissional (GUIDO et al., 2012). Afeta, principalmente, trabalhadores do campo de serviços ou cuidadores, quando em contato direto com os clientes. Nesta direção, salienta-se o trabalho dos profissionais da enfermagem (FRANÇA; FERRARI, 2012).

    A síndrome de Burnout destaca-se entre as doenças ocupacionais desenvolvidas em qualquer atividade laboral, entretanto, a enfermagem está entre as profissões mais afetadas, pelo fato das próprias atividades/situações peculiares da profissão (OLIVEIRA et al., 2013).

    Destaca-se a relevância de se avaliar a síndrome dentre as diversas categorias de profissionais de enfermagem objetivando que as instituições possam adotar estratégias que auxiliar para melhorias no contexto de trabalho, tornando-o menos estressante, já que os custos do desenvolvimento e manifestação do Burnout são impactantes não apenas para os profissionais, também para os pacientes, instituições e sociedade (RISSARDO; GASPARINO, 2013).

    É primordial aproximar-se à interação entre elementos dos contextos de trabalho, percepções e atitudes dos trabalhadores, visando a auxiliar para aumentar a qualidade do trabalho sem reduzir a qualidade de vida do profissional. Logo, na prevenção do Burnout, é essencial frisar às transformações requeridas pelos aspectos situacionais inerentes dos contextos laborais (LIMA et al., 2013).

    Diante desta problemática, apresente necessário que as instituições possuam um planejamento, com o objetivo de combater o Burnout, fazendo com que os trabalhadores se sintam valorizados, motivados e, sobretudo, trabalhem em um ambiente harmonioso e com recursos técnicos e humanos que auxiliem no desenvolvimento de suas atribuições (GUIDO et al., 2012; RISSARDO; GASPARINO, 2013).

    Desse modo esse trabalho tem como objetivo discutir acerca das características implicações e repercussões da Síndrome de Burnout para os profissionais da enfermagem.

Materiais e métodos

    A metodologia utilizada foi uma revisão integrativa. Para melhor delimitação da busca pelos artigos que abordaram a temática, foram revisados e publicados entre os anos de 2001 e 2013. Pesquisadas as produções científicas nas principais bases de dados indexadas, como MEDLINE, PUBMED, BIREME. Os descritores utilizados foram “Síndrome de Burnout; “Síndrome de Burnout em profissionais de saúde” e “Síndrome de Burnout em outros profissionais” cadastrados nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS). Foram encontrados 49 artigos e o critério de exclusão utilizado foi: publicações inferiores há cinco anos (n = 33), restaram então 16 artigos que foram lidos integralmente e incluídos no desenvolvimento do estudo.

Discussão

Caracterizações da Síndrome de Burnout

    O estresse se faz presente, na vida das pessoas e também em seu ambiente laboral. Em caso do estresse ser crônico e relacionado ao trabalho, é definido como Síndrome de Burnout, refletida pelo desgaste emocional, despersonalização e sentimento de ausência de competência (TRINDADE et al., 2010).

    Um agravo ocupacional de caráter psicossocial, na sociedade contemporânea que atinge o mundo do trabalho, é a Síndrome de Burnout. Conceituada como uma resposta emocional, que surge das circunstâncias de estresse crônico, decorrente de relações interpessoais intensas no ambiente de trabalho, acarreta graves problemas psicológicos e físicos ao trabalhador (FERRARI et al., 2012). Estressores no trabalho, se constantes, podem acarretar ao trabalhador o desenvolvimento da Síndrome de Burnout (SILVA; CARLOTTO, 2008).

    O Ministério da Saúde do Brasil (2001) reconhece a Síndrome de Burnout, também definida de Síndrome do Esgotamento Profissional, como uma forma de resposta alongada a estressores emocionais e interpessoais crônicos no ambiente de trabalho que atinge, especialmente e profissionais da área de serviços ou cuidadores, quando em contato próximo e freqüente com os usuários. Existe predomino da Síndrome de Burnout dentre os trabalhadores com idade inferior a 40 anos (TRINDADE et al., 2010).

    No ano de 1974, em um trabalho intitulado Staff Burnout, o psiquiatra Herbert J. Freudenberger utilizou a expressão Burnout para conceituar os sentimentos de fracasso, exaustão e incapacidade observados em voluntários jovens e idealistas que trabalhavam numa clínica para pacientes dependentes de substâncias psicoativas em Nova Iorque (FREUDENBERGER, 1974). Embora o termo já houvesse sido utilizado para caracterizar achados parecidos a esses, foi a partir de tal publicação que o neologismo conquistou proporções no campo científico. A expressão, em inglês, é construída pela justaposição de duas expressões: burn, associada ao verbo “queimar”; e out, compreendida como “totalmente”, “até o fim”. A “erosão psicológica” natureza do que veio a ser mais bem conceituado como uma síndrome é relacionada à imagem de uma chama que termina em às cinzas (MASLACH, 2009).

    Três dimensões definem a Síndrome de Burnout: Exaustão Emocional, Despersonalização e reduzida Realização Profissional. A Exaustão Emocional se relaciona ao sentimento de esgotamento físico e mental, resultado de um intenso contato cotidiano com problemas de outrem, dessa forma, os indivíduos sentem a energia da qual dispõem se dizimar. A despersonalização caracteriza-se pela dissimulação afetiva, desenvolvimento de atitudes não positivas, falta de sensibilidade, tratamento impessoal e gélido, norteadas aos receptores do serviço prestado. Por conseguinte, a minimizada Realização Profissional é caracterizada pela sensação de insuficiência, baixa autoestima, insatisfação com suas tarefas e desmotivação, acarretando em muitos casos a vontade de abandonar a profissão (FERRARI et al., 2012). A síndrome forma-se num processo multicausal, com reflexões pessoais, sociais e organizacionais (EZAIAS et al., 2010).

Contexto dos Serviços de Saúde e Síndrome de Burnout

    Tendo como base que o ser humano representa uma dualidade funcionando numa unidade, o corpo realiza alterações na mente e esta atua no corpo. Atualmente, a vida carregada de estresse, agitação e preocupações é fonte freqüente de perturbações e doenças psicossomáticas (JODAS; HADDAD, 2009).

    No decorrer da história, houve uma gradual preocupação com as circunstâncias de trabalho, a satisfação individual do profissional, seu bem-estar e também a interferência do trabalho na saúde do trabalhador. Nasce então um modelo novo de políticas de saúde que acarretaram consigo a discussão referente à Saúde do Trabalhador, requerendo a introdução de novas práticas (FRANÇA; FERRARI, 2012).

    Na atividade laboral, as situações que induzem o estresse, são cada vez mais em ascensão. Tal preocupação é advinda da inserção do indivíduo nessa realidade, pois o trabalho além de permitir crescimento, transformação, reconhecimento e independência pessoal, também pode gerar problemas, insatisfação e desinteresse (FRANÇA; FERRARI, 2012).

    Em razão de toda a demanda requerida nos serviços de assistência à saúde, e também pela procura em equacionar preceitos éticos e racionalidade técnica, os trabalhadores acabam expostos cotidianamente a estressores que podem provocar a Síndrome de Burnout (FERRARI et al., 2012).

    No âmbito hospitalar, os pacientes possuem dificuldades para cuidar-se, apresentam-se inseguros e tensos. E então, a relação formada entre o profissional e paciente é, na maioria dos casos, carregada de fortes emoções. A freqüência deste tipo de experiências pode acarretar ao profissional a criação de exaustão emocional, a adaptar atitudes de afastamento e a sentir-se menos competente na sua atividade laboral. Tais sentimentos formam as três dimensões que desenham a Síndrome de Burnout (SB): Exaustão Emocional, Despersonalização e Baixa Realização Profissional (CARLOTTO, 2009).

Repercussões da Síndrome de Burnout

    A Síndrome de Burnout tem sido considerada um grave problema e de extrema importância, visto que está relacionada a grandiosos custos organizacionais, advindo do alto absenteísmo, também da queda na produtividade e na qualidade dos serviços prestados (FERRARI et al., 2012).

    Enquanto o mau atendimento pode refletir na saúde psíquica do paciente, os erros, quaisquer que se apresentem, podem acarretar resultados ainda mais sérios. Ao se discorrer sobre assistência à saúde e erro médico, a temática ganha destaque adicional (MAIA et al., 2011). Já as alterações no comportamento biopsicossocial do indivíduo acarretam implicações em sua saúde e conseqüentemente na sua atividade laboral, trazendo grandiosos custos organizacionais (FERRARI et al., 2012).

    A Síndrome de Burnout tem sido considerada um problema social de grande importância e vem sendo investigada em muitos países, pois se encontra associada a custos organizacionais grandiosos. Alguns destes são motivos da rotatividade de pessoal, absenteísmo, problemas de produtividade e qualidade e também por relacionar-se a diversos tipos de disfunções pessoais, como o nascimento de graves problemas psicológicos e físicos podendo acarretar ao trabalhador a incapacidade completa para o trabalho (CARLOTTO; CÂMARA, 2008b).

    O interesse da sociedade científica pelos estudos de Burnout e suas implicações tem-se maximizado nos últimos anos, principalmente em trabalhadores da área da saúde advindo das graves conseqüências que podem acarretar na qualidade dos cuidados dispensados aos pacientes, sendo esta uma problemática habitual em contextos culturais diferentes (DIAS et al., 2010).

    Referente à ótica organizacional, o trabalhador em estado de Burnout pode apresentar repercussões ao processo de trabalho, atingindo a qualidade de assistência de enfermagem dispensada (JODAS; HADDAD, 2009).

A Enfermagem e a Síndrome de Burnout

    O ser humano está exposto a diversas ocasiões de estresse que podem surgir no decorrer da vida. A equipe de enfermagem cotidianamente é exposta à sobrecarga física e mental nas exigências de seu trabalho, como ocorrências de emergência que impõem atividades que sobrecarregam o trabalhador. Também esta situação é intensificada com a jornada de trabalho, habitualmente, extensa, duplicada e, em algumas vezes, acompanhada de plantões. A equipe de enfermagem, força maior de trabalho no âmbito hospitalar, passa por momentos estressantes que levam a assegurar a precisão de se propor transformações organizacionais no ambiente de trabalho objetivando reduzir estes fatores que acabam por refletir na saúde do trabalhador. O trabalho não pode formar um fardo pesado ou fator de infortúnio ou desprazer. Inversamente, deve possibilitar aos indivíduos meios de desenvolvimento de suas potencialidades e de auto realização (FRANÇA; FERRARI, 2012).

    O processo de desgaste emocional, propulsado pela utilização constante da estratégia de afastamento, vai, gradualmente, fazendo com que o indivíduo perca o interesse pela relação com outras pessoas. A exaustão vai acarretando um foco exclusivamente emocional e, assim, pessoal, que atinge, inclusive, na interpretação que o indivíduo faz das reações dos outros. Vai-se construindo um processo circular de exaustão e afastamento, chegando à ocasião em que as relações interpessoais são tidas como um estressor somado (CARLOTTO; CÂMARA, 2008a).

    São variados os aspectos relacionados ao trabalho do profissional de saúde que originam uma sobrecarga de tensão, ansiedade e estresse e os tornam suscetíveis em maior grau a transtornos mentais, aumentando dessa forma o nível de morbidade em trabalhadores desse campo. Os estudos remetem a vertentes que têm assumido papel especial como fatores de risco psicossociais na saúde laboral (FERRARI et al., 2012).

    As diferenças dentre os contextos de trabalho, considerando-se uma mesma profissão, responsabilizam-se, em grande proporção, pela maneira como se forma a síndrome de Burnout e as estratégias de enfrentamento. É impossível avaliar a questão separando-se contexto, estratégias de enfrentamento e adoecimento, já que essas áreas são dependentes entre si e, de alguma maneira, se retroalimentam (CARLOTTO; CÂMARA, 2008b).

    Conforme a constância, a intensidade, as características e o período de exposição às circunstâncias estressantes, a avaliação cognitiva da ocorrência estressante agrava-se, as estratégias de adaptação esgotam-se, tem início a exaustão psíquica, física e emocional, marcas da Síndrome de Burnout que acomete a equipe de trabalhadores esgotados (TRINDADE et al., 2010).

    Em estudo com 64 profissionais da enfermagem, 8,2% apresentaram sinais e sintomas de Burnout. Os outros, 54,1% possuíam alto risco para manifestação de Burnout e 37,7% baixo risco de manifestação da doença. Referente à sintomatologia advinda do processo de trabalho, verificou-se que a nível mais elevado é o sentimento de pouco tempo para si (47,5%), de dores nos ombros e nuca (31%), sentimento de cansaço mental (26,2%), dificuldades com o sono (21,5%) e estado de aceleração constante (21,4%) (JODAS; HADDAD, 2009). Em outra investigação com 160 profissionais de foi encontrado que entre os trabalhadores relacionados diretamente com a assistência ao paciente, foram os da enfermagem que demonstraram os índices mais elevados de exaustão emocional, despersonalização e baixo nível de realização profissional; lembrando que estes representam maioria na instituição (EZAIAS et al., 2010).

    Em outro estudo com 131 sujeitos atuantes em uma instituição de grande porte foi evidenciado que a exaustão emocional eleva-se na medida em que se reduz a satisfação com as relações hierárquicas, a satisfação intrínseca com o trabalho e oportunidades de crescimento, a carga horária e o número de dias por licença-pessoal. Em relação às causas de estresse, verificou-se que quanto maior a percepção de que a profissão é estressante assim como a carga horária, a escala, o tipo de paciente atendido, as circunstâncias de trabalho e a dificuldade em conciliar trabalho e família, maior é o sentimento de exaustão emocional. Quanto mais elevada à carga horária, maior a realização profissional. Já perceber como estressante conciliar família e trabalho diminui o sentimento de que o trabalho é elemento de realização profissional (SILVA; CARLOTTO, 2008).

Estratégias para enfrentamento

    A identificação precoce possibilita a execução de intervenções que objetivem a prevenção e também a terapêutica; a prevenção apresentando-se, como a melhor maneira de preservar a saúde do profissional (EZAIAS et al., 2010; FERRARI et al., 2012).

    É essencial a procura e o desenvolvimento de ações que aspirem às alterações organizacionais, de forma que o trabalho não contribua para o desgaste e adoecimento. Tais transformações tendem a buscar o desenvolvimento da satisfação da equipe, de maneira a dar solução às situações de insatisfação (FERRARI et al., 2012).

    Percebe-se a necessidade de atenção no gerenciamento da situação de saúde dos profissionais de enfermagem, levando em conta que têm maior contato físico-psicológica com o enfermo e familiar, ou seja, um relacionamento mais ativo com pessoas (JODAS; HADDAD, 2009).

    O pouco conhecimento dos trabalhadores da saúde diretamente relacionados com a temática, medicina e psicologia, também dificulta seu diagnóstico e possibilidades de intervenção em nível local e globalmente. Apenas a evolução da ciência nesse campo, que envolve mais que a manifestação de uma doença ocupacional, refletindo-se em um contexto mais amplo, de relações de trabalho, saúde e produção, pode conferir a credibilidade para que se possa, em um futuro próximo, influir nas políticas públicas de trabalho no plano nacional (CARLOTTO; CÂMARA, 2008a). Por ser de pouco conhecimento por parte dos profissionais de saúde, salienta-se a necessidade de divulgação maior referente à Síndrome de Burnout, visto que quando os profissionais não conhecem as manifestações e causas desse fenômeno, não buscam maneiras efetivas de prevenção ou intervenção (FERRARI et al., 2012).

    É necessário lembrar ainda que existem fatores fora do ambiente de trabalho que também têm influencia no desenvolvimento da Síndrome. Por conseguinte, fomentar valores individuais e familiares, estimulando os trabalhadores, a fim de que façam proveito das ocasiões de convivência com os familiares e com os companheiros de trabalho poderá amenizar as conseqüências deletérias do estresse laboral. Para tanto, é fundamental que detectar os estressores laborais e possuam apoio social para construir estratégias de enfrentamento que tenham favorecimento em sua saúde e retomem a satisfação no trabalho (TRINDADE et al., 2010).

Considerações finais

    Os artigos analisados são unânimes em afirmar que o ambiente de trabalho influencia positivo ou negativamente no processo de desenvolvimento da Síndrome de Burnout, a estrutura organizacional, as características próprias dos serviços de saúde e o relacionamento entre o cliente e os colaboradores são decisivos.

    Os serviços de saúde de maneira geral, estruturados nas relações do cuidador com o cliente são caracterizados por situações extremas, onde o paciente enfermo, busca por cura ou amenização dos seus sinais e sintomas, assim tais constructos estão permeados por alto estresse e emoções, quando esta relação não é analisada levando em consideração esta realidade, num processo de crônico de desgaste emocional, a despersonalização, a diminuída realização profissional e a exaustão emocional se apresentam, delineando a Síndrome de Burnout.

    O profissional na sua práxis necessita de equilíbrio no campo psíquico para agir de forma otimizada e qualitativa no seu cuidado, estratégias como participação em grupos de apoio e multidisciplinar para prevenir o estresse crônico, norteamento para a valorização da afetividade entre equipe e cliente e humanização e condições laborais adequadas que vão ao encontro das perspectivas para a saúde do trabalhador, como horas de trabalho adequadas, interação com chefia e atendimento as necessidades são estratégias relevantes para a Síndrome de Burnout.

Referências

  • BARROSO, S.M.; GUERRA, A.R.P. Burnout e qualidade de vida de agentes comunitários de saúde de Caetanópolis (MG). Cad. Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v.21.n.3, p. 338-345, 2013.

  • BRASIL. Ministério da Saúde. Doenças relacionadas ao trabalho: manual de procedimentos para os serviços de saúde. Brasília: Ministério da Saúde; OPAS/OMS, 2001.

  • CARLOTTO, M.S.; CÂMARA, S.G. Análise da produção científica sobre a Síndrome de Burnout no Brasil. PSICO v. 39, n. 2, p. 152-158, abr./jun, 2008.

  • CARLOTTO, M.S.; CÂMARA,S.G. Síndrome de Burnout e estratégias de enfrentamento em professores de escolas públicas e privadas. Psic. da Ed., São Paulo, v.26, n.1, p. 29-46, 2008.

  • CARLOTTO, M.S. A relação profissional-cliente e a síndrome de burnout. Revista Encontro, XII, 2009 7-20.

  • DIAS, S.Q.C.; CARLOTTO, M.S. Síndrome de burnout e fatores associados em profissionais da área da saúde: um estudo comparativo entre Brasil e Portugal. Aletheia V.32, n.1 p.4-21, maio/ago, 2010.

  • EZAIAS et al. Síndrome de Burnout em Trabalhadores de Saúde em um hospital de Média complexidade. Revista de Enfermagem UERJ, Rio de Janeiro, v.18, n.4, p.524-529, out/dez, 2010.

  • FERRARI, R.; FRANÇA, F. M.; MAGALHÃES, J. Avaliação da Síndrome de Burnout em profissionais de saúde: uma Revisão integrativa da literatura. Revista Eletrônica Gestão & Saúde, 2012 ISSN: 1982-4785.

  • FRANÇA, F.M.; FERRARI, R. Síndrome de Burnout e os aspectos sócio-demográficos em profissionais de enfermagem. Acta Paulista de Enfermagem, São Paulo, v.25, n.5m p. 743-748, 2012.

  • FREUDENBERGER, H. J. Staff Burnout. Journal of Social Issues, v. 30, n. 1, p. 159-165, 1974.

  • GUIDO et al. Síndrome de Burnout em residentes multiprofissionais de uma universidade pública. Revista da Escola de Enfermagem USP, v. 46, n.6, p.1477-1483, 2012.

  • JODAS, D.A.; HADDAD, M.C.L. Síndrome de Burnout em trabalhadores de enfermagem de um pronto socorro de hospital universitário. Acta Paulista de Enfermagem, São Paulo, v. 22, n.2, p.192-197, 2009.

  • LIMA et al. Vulnerabilidade ao burnout entre médicos de hospital público do Recife. Ciência & Saúde Coletiva, v.18, n.4, p.1051-1058, 2013.

  • MAIA, L.D.G.; SILVA, N. D.; MENDES, P.H.C. Síndrome de Burnout em agentes comunitários de saúde: aspectos de sua formação e prática. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, São Paulo, 36 (123): 93-102, 2011.

  • MASLACH, C. Comprendiendo el Burnout. Ciencia & Trabajo, v. 11, n. 32, p. 37-43, abr./jun. 2009.

  • OLIVEIRA, R.K. M.; COSTA, T.D.; SANTOS, V.E. P. Síndrome de Burnout em Enfermeiros: uma revisão integrativa. Revista de Pesquisa: Cuidado é Fundamental, v.5, n.1, p.3168-3175, 2013.

  • SILVA, T.D.; CARLOTTO, M.S. Síndrome de Burnout em trabalhadores da enfermagem de um hospital geral. Revista SBPH, Rio de Janeiro, v.11 n.1, p.113-130, 2008.

  • TELLES H, Pimenta A.M.C. Síndrome de Burnout em Agentes comunitários de saúde e estratégias de enfrentamento. Saúde Soc, v.18, n.3, p-467-478, 2009.

  • TRINDADE et al. Estresse e síndrome de burnout entre trabalhadores da equipe de Saúde da Família. Acta Paulista de Enfermagem, São Paulo, v.23, n.5, p.684-689, 2010.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 19 · N° 200 | Buenos Aires, Enero de 2015
© 1997-2015 Derechos reservados