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Reposição hídrica: uma ferramenta imprescindível
para a prática esportiva

La reposición hídrica: una herramienta imprescindible para la práctica deportiva

Water replacement: an essential tool for a sports practice

 

*Mestre em Educação e Saúde

Universidade de Fortaleza

**Especialista em Treinamento Desportivo

Universidade Cândido Mendes

***Mestre em Saúde Coletiva

Universidade de Fortaleza

****Doutoranda em Ciências do Esporte

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Ricardo Lima Dos Santos*

Djacir Franco Cavalcante Junior**

Carminda Maria Goersch Fontenele Lamboglia***

Monica Helena Neves Pereira Pinheiro****

ricardosantos@unifor.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Hidratação pode ser compreendida como sendo o nível adequado de líquidos intracorporais responsáveis pelo bom funcionamento da regulação térmica do corpo, ou seja, ao estado conhecido como euhidratado. As atividades corporais podem influenciar neste estado ótimo de hidratação, possibilitando ocasionar uma hipohidratação – baixa hidratação – ou hiperhidratação – excesso de água – corporal. Manter níveis satisfatórios de água no corpo durante exercícios físicos, atividades corporais intensas ou de longa duração, assim como na prática esportiva, é fundamental para os desempenhos funcionais dos órgãos responsáveis pelo controle térmico corporal. A água como fluido corporal maior na formação estrutural do indivíduo, é condição sine qua non para a manutenção da vida. O sistema regulador da temperatura do corpo lança mão principalmente de mecanismos como transpiração e suor. A pele respira e elimina líquidos para ajudar nessa regulação. A manutenção de uma temperatura interna ótima aperfeiçoa os processos enzimáticos e mecânicos durante a atividade física. Este estudo, baseado em um levantamento bibliográfico sobre o alusivo tema, procurou abordar a hidratação como forma de prevenir danos a saúde e a redução do desempenho motor. Temos a consciência de que este assunto é de grande vastidão, então não foi nossa intenção esgotar esse assunto, mas chamar a atenção para a sua importância. Concluímos que realmente a hidratação é um ponto que jamais deverá ser negligenciado por aqueles que conduzem atividades físicas e também pelos próprios praticantes.

          Unitermos: Hidratação. Esporte. Rendimento.

 

Abstract

          Hydration can be understood as the appropriate level of liquid intracorporeal responsible for the proper functioning of the thermal regulation of the body, known as i-hydration. Bodily activities can influence this great state of hydration, allowing cause a hypohydration - low hydration - or overhydration - excess water. Keeping satisfactory levels of water in the body during exercise, intense physical activities or long-term as well as in sports, is critical to the functional performance of the organs responsible for body temperature control. Water as a greater body fluid in the structural formation of the individual, is a sine qua non for the maintenance of life. The regulatory system of the body temperature particularly makes use of mechanisms such as perspiration and sweating. The skin breathes and eliminates liquid to help in this regulation. Maintaining an optimum internal temperature enhances the enzymatic and mechanical processes during physical activity. This study, based on a literature on the subject, sought to address hydration in order to prevent damage to health and the reduction of motor performance. We are aware that this issue is of great breadth, so it was not our intention to exhaust the subject, but to draw attention to its importance. We conclude that hydration is a point that should never be overlooked by those who conduct physical activities and also by practitioners themselves.

          Keywords: Hydration. Sport. Performance.

 

Recepção: 28/09/2014 - Aceitação: 03/10/2014

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 200, Enero de 2015. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O corpo humano é uma máquina biológica de alta complexidade. Desempenhando funções altamente intricadas, estabelece uma relação de dependência entre seus sistemas constitutivos, o que lhe assegura por sua vez, um perfeito funcionamento de todas as suas partes. Entretanto, este desempenho só alcançará um rendimento notável. Quando sobre este atuarem estímulos suficientes para estimularem o ciclo da auto-renovação da matéria viva (MATVEEV, 1997).

    A arte do planejamento e aplicação de um programa de condicionamento físico, jamais poderá negligenciar um ponto que consideramos fundamental, a reposição hídrica. Composto de aproximadamente 80% de água, o corpo necessita constantemente de um aporte hídrico para realizar suas funções (ASTRAND, 2006). A atividade física regular e sistemática consome altas quantidades de líquidos, o que se faz necessário um pronto reabastecimento. Quando isto não acontece de forma adequada, um quadro do que chamamos de desidratação pode ocorrer principalmente em ambientes de temperatura elevada, onde a profusão de suor é maior (PEREIRA, 2006).

    Desta forma posto, não nos resta nenhuma dúvida dos cuidados adicionais que devemos ter em relação a esta questão da hidratação corporal. Toda a energia gasta nas sessões de treinos não significará absolutamente nada se o atleta não estiver balanceado do ponto de vista hídrico. Todavia, nos chama atenção como profissionais da área do exercício físico, como alguns autores lidam com esta área? Esta inquietação nos parece plausível, uma vez que procura indagar sobre um procedimento relativamente fácil de realizar, mas que se negligenciado por algum motivo, pode ser o divisor de águas entre a derrota e a vitória, ou mais ainda, sobre a colocação em cheque da saúde do atleta.

    Dentro deste contexto, devemos salientar a importância de se buscar informações consistentes e que atestem a necessidade de conhecimentos acerca da hidratação balanceada nas atividades físicas. Devemos lembrar que o organismo vivo está sujeito a uma série de interferências em seu funcionamento e que certamente um quadro de desidratação seria catastrófico para aqueles cuja performance psicofísica depende diretamente disto.

    Assim, este estudo tem como objetivo central, realizar um apanhado entre os principais autores e estudiosos de nossa literatura correlata ao campo da fisiologia do trabalho sobre a importância dispensada por estes à respeito da necessidade da hidratação na prática esportiva. Não nos resta dúvidas que as informações aqui coletadas, ajudarão aqueles profissionais que militam nesse campo do treinamento físico. Portanto, reforçamos a necessidade de que se reveste esta pesquisa para somar com esses profissionais.

    Para a realização deste estudo, seguiu-se uma pesquisa bibliográfica sobre o tema em questão. Em seguida uma série de leituras foram realizadas e anotados os pontos de maior contribuição para as informações aqui expostas. Autores como Guyton (2011); Weineck (2003/2005); MacArdle (2005); Astrand (2004); Heyward (2004); Samulski (2013); Matveev (1997); Mooren e Völker (2012); Nabholz (2007); Pereira (2006); Watson (1986); Zakcharov (1992) foram requisitados para comporem este rol de opiniões sobre este tema tão importante e sempre atual. Finalmente, após todos estes procedimentos, traçamos o que chamamos de considerações finais, lembrando sempre que o belo do conhecimento é a sua capacidade de transformar e transformar-se junto das pessoas que o utilizam.

Desenvolvimento

    A prática de exercícios físicos necessita de uma série de medidas para que sua realização seja segura, não trazendo prejuízos para seu praticante. Entre estes fatores está a correta eliminação do calor corporal. Esta operação fisiológica envolve uma intricada rede de eventos que devem manter o perfeito funcionamento orgânico aliado a uma eficiência máxima de rendimento. A temperatura de um corpo submetido a uma atividade física intensa como, por exemplo, os desempenhos esportivos podem elevar-se a 40º C ou mais, expondo sobremaneira o indivíduo a riscos e lesões muito altos, que de forma direta, contribui para um estado de fadiga prematuro. Assim, se faz necessário a atuação de um mecanismo de resfriamento que assegure a minimização destes efeitos deletérios que possam ser causados pela hipertermia (DIETRICH, 2008).

    Um dos principais mecanismos atuante é a transpiração ou sudorese, que em outras palavras representa a perda de líquidos através da pele, também atuando como válvula para a dissipação de calor. Independente da natureza da atividade, se aeróbia ou anaeróbia, a questão do equilíbrio hídrico não pode ser desprezada. A hidratação passa assim, a ser prioridade na performance física para o perfeito funcionamento dos processos homeostáticos exigidos pela atividade motora. Medidas de hidratação antes, durante e após atividades merecem atenção especial (GUYTON, 2011).

    A hidratação adequada, na medida certa, ajuda a manter uma temperatura corporal tolerável no que se diz respeito à importância para as reações químicas (funções enzimáticas) e físicas (funções mecânicas) que ocorrem no organismo do indivíduo. Para ilustrar esta importância, pesquisas demonstraram que um aumento prolongado de temperatura interna do corpo acima de 41ºC, pode acarretar lesão cerebral, causada à limitação funcional de importantes células ganglionares (WEINECK, 2005).

    A regulação da temperatura como ciclo regulador, está inserida complexo sistema termorregulatório, uma vez que nosso organismo não possui um único órgão responsável por esta função, o que leva a recorrer a vários órgãos para a realização da regulação da temperatura. Daí a importância do componente da hidratação nesta tarefa multifuncional e cooperativa entre os órgãos envolvidos nesta tarefa (SHARKEY, 2006).

    Quando este processo não estiver sendo executado de forma adequada e eficiente, a potencialidade para um quadro de desidratação poderá estar instalando-se. Segundo Shirreffs (2003), desidratação pode ser entendida como sendo o processo de perda de água sem a sua reposição adequada. Termos como euhidratado, referem-se ao indivíduo com conteúdo “normal” de água em seu corpo, enquanto hipohidratado e hiperhidratado, aquele com débito e ou excesso de água corporal, respectivamente, são comumente utilizados nesse campo (SAWKA, 2007).

    Uma forma de manter este estado em equilíbrio é através do uso dos chamados sportdrinks. Geralmente estas bebidas possuem em sua constituição eletrólitos e carboidratos. Nesta questão, devemos fazer uma observação bastante pertinente. A água pura só é um atrativo até certo ponto, pelo fato de ser insípida inodora e incolor, tornando-se limitada a sua ingestão volitiva. As bebidas esportivas possuem sabores diversos e cores variadas, o que chama atenção, além de serem enriquecidas como já foi dito anteriormente, de carboidratos e eletrólitos. Estas substâncias combinadas com outras, aceleram o processo de absorção de líquidos. Entretanto, a atenção com a osmolaridade (quantidade de partículas), deve ser levada também em consideração. Eletrólitos e carboidratos possuem velocidades e mecanismos diferentes, o que leva a uma tomada de medida na escolha do tipo, marca e composição do sportdrinks, uma vez que seus conteúdos possuem diferenças significativas (CAMERON, 2004).

    A hidratação durante o exercício possui uma relação direta com o esforço feito. Assim como a temperatura ambiente. É de se esperar que em um ambiente de elevada temperatura, a perda de líquidos corporais seja mais abundante. Outro viés que temos de estar atentos é o nível de hidratação pré-exercício. Uma má hidratação certamente irá acelerar o processo de fadiga por desidratação. Os fatores fisiológicos são os mais limitantes, ditando a quantidade necessária de ingestão líquida, assim como a sua composição. O tempo de absorção é outro fator preponderante da hidratação. Esta absorção ocorre no intestino delgado e isto se diz respeito ao conteúdo calórico do líquido e na facilitação do esvaziamento gástrico (GALANTE & ARAÚJO, 2012).

    Com relação à hidratação após o exercício físico, sua principal função deverá ser sempre a manutenção da saúde dos praticantes. Medidas profiláticas deverão ser tomadas imediatamente para na mais brevidade possível haver a reposição de líquidos. O American College of Sports Medicine (ACSM, 1999) afirma que cada litro de suor expelido durante a atividade, perde-se aproximadamente 50 mmol de sódio junto. Uma medida simples e fácil de constatar a quantidade de líquido e sódio é através da pesagem corporal antes e após o exercício. Isto trás uma preocupação em relação à reposição desse elemento, assim como os hidratos de carbono. A água por si só, aumentaria à diluição dos líquidos corporais, podendo provocar uma hiponatremia (transtornos de eletrólitos), o que seria potencialmente perigoso para o aumento da desidratação.

    Todos aqueles envolvidos direta e indiretamente com a prática de atividades físicas precisam conhecer e estar atentos para a questão da hidratação. Treinadores, atletas, professores, alunos, devem ter consciência de que medidas ante-desidratação devam ser tomadas antes, durante e após as atividades psicofísicas. Isto evitará transtornos na saúde, queda do rendimento precoce entre outros males. Portanto, a hidratação é tão importante quanto a própria vida que se mantêm pela água que escorre dentro dela.

Conclusão

    A manutenção do equilíbrio hídrico corporal dos praticantes de atividades físicas deve ser uma preocupação constante pelo profissional de educação de educação como pelo próprio praticante. O nível de rendimento e de saúde está ligado diretamente a esta ação. A ingestão em quantidade e qualidade de líquidos deve ser feita de forma bem planejada e organizada. Carboidratos e eletrólitos deverão fazer parte das bebidas, entretanto, fatores como a osmolaridade não poderão ser ignorados, uma vez que a velocidade de absorção destes elementos pelo intestino delgado é diferente. A água pura como única fonte de reposição hídrica possui algumas restrições fisiológicas a serem consideradas.

    Este trabalho procurou estabelecer uma linha de conhecimento produzido sobre a hidratação, onde as informações aqui passadas certamente ajudarão muito aqueles Profissionais de Educação Física envolvidos com a realização de atividades físicas voltadas para os diferentes objetivos pessoais e coletivos.

Referências

  • American College of Sports Medicine ACSM. Guidelines for exercise testing and prescription. 6th ed. Baltimore: Williams and Wilkins, 1999.

  • Astrand, Per-Olof. Tratado de fisiologia do trabalho, bases fisiológicas do exercício. Porto Alegre: Artmed, 2006.

  • Cameron, L.C.; Machado, Marco. Tópicos avançados em bioquímica do exercício. Rio de Janeiro: Shape, 2004.

  • Dietrick, Martin. Manual de teoria do treinamento esportivo. São Paulo: Phorte Editora, 2008.

  • Galante, Fernanda; Araújo, Marcus, V.F. Fundamentos de bioquímica. São Paulo: editora Ridel, 2012.

  • Guyton & Hall. Tratado de fisiologia médica. 12ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.

  • MacArdle, Willian. Nutrição para o desporto e o exercício. Rio de Janeiro: Guanabara/Koogan, 2005.

  • Matvéiev, C. P. Fundamentos do treino desportivo. Lisboa: Livros Horizontes, 1997.

  • Mooren & Völker. Fisiologia do exercício molecular e celular. São Paulo: Editora Santos, 2013.

  • Nabholz, Thais Verdi. Nutrição esportiva, aspectos relacionados á suplementação nutricional. São Paulo: Sarvier, 2007.

  • Pereira, Benedito. Compreendendo a barreira do rendimento físico. São Paulo: Phorte Editora. 2006.

  • Samulski, D.; Menzel, H-J.; Prado, L.S. Treinamento esportivo. São Paulo: Manole, 2013.

  • Sawka, M.N.; Burke, L.M.; Elcher, E.R.; Maughan, R.J.; Mountain, S.J.; Stachenfeld, N.S. Exercise and fluid replacement: positron stand. American College of Sports Medicine. Medicine and Science in sports and exercice, v.39, n.2, p.377-390, 2007.

  • Sharkey, Brian J. Condicionamento físico e saúde. 5ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2005.

  • Shirreffs, S.M.; Markers of hydration status. European Journal of Clinical Nutrition, v.57, n.2, p. 6-9, 2003.

  • Watson, A.W.S. Aptidão física e desempenho atlético. São Paulo: Manole, 1986.

  • Weineck, J. Biologia do esporte. 7ª ed. São Paulo: Manole, 2005.

  • ________ . Atividade física e esporte. São Paulo: Manole, 2003.

  • Zacarov, Andrei. Ciência do treinamento desportivo. Rio de Janeiro: Palestra Sport, 1992.

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