O processo de desenvolvimento motor da criança El proceso de desarrollo motor del niño |
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*Orientadora Universidade Federal do Paraná (Brasil) |
Karoline Brotto Maria Gisele dos Santos* |
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Resumo O objetivo deste estudo foi analisar a vasta gama de publicações acerca do desenvolvimento motor da criança, assim como os efeitos e reflexos da atividade física durante o amadurecimento e preparação para a vida adulta. O enfoque neste tema é pouco valorizado e abordado, porém tem vital importância na militância do profissional de educação física. Unitermos: Atividade física. Desenvolvimento motor. Educação Física.
Recepção: 15/08/2014 - Aceitação: 14/11/2014.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 199, Diciembre de 2014. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
A atividade física é benéfica para a saúde e bem estar de qualquer ser humano. Com base nessa suposição, este trabalho acadêmico tem por objetivo solucionar algumas de minhas inquietações e questionamentos.
Como futura profissional da área de Licenciatura em Educação Física, pretendo atuar diretamente com a faixa etária infantil no âmbito escolar. Vejo como de importância absoluta para exercer essa atividade com maestria, conhecer profundamente não apenas a parte teórica dos fundamentos, mas especialmente os aspectos mais distantes ou menos explorados pelos profissionais da área, assim como esclarecer melhor os leigos e pais acerca da atividade Educação Física.
Portanto o objetivo de estudo é estudar o processo de desenvolvimento motor da criança
Desenvolvimento motor
Para melhor introduzir e situar o leitor ao tema começarei realizando uma breve discussão e esclarecimento acerca do desenvolvimento motor, das fases de movimento do indivíduo e da maturação biológica das crianças.
Segundo MAGILL (2000) o desenvolvimento motor consiste na área de conhecimento que estuda as mudanças que ocorrem internamente no indivíduo, deduzidas de uma ampliação relativamente permanente em seu desempenho motor, como resultado de práticas físicas. Partindo deste princípio, o desenvolvimento motor possui relação com a idade, mas não depende dela, além de que, para que o desenvolvimento aconteça, a aprendizagem necessita ocorrer.
Em suma, um fator está correlacionado ao outro: aprendizagem e desenvolvimento motor. Segundo GALLAHUE e OZMUN (2005) os movimentos são divididos em reflexivos, rudimentares, fundamentais e especializados. Irei agora realizar uma descrição breve destas classificações.
Movimentos reflexivos
Para GALLAHUE e OZMUN (2005) os movimentos reflexivos são divididos em primitivos e posturais. São denominados reflexos primitivos aqueles que possuem relação com a sobrevivência, sendo um exemplo a busca por alimento. Os chamados reflexos posturais são os precursores dos movimentos voluntários, como por exemplo, a sucção.
Desde os primeiros instantes de vida, o recém-nascido de forma instintiva busca o seio materno. Sem que ninguém o ensine, se colocado junto ao seio e, automaticamente, irá iniciar o movimento de sucção em busca do alimento. Isso em seus primeiros minutos de vida, o que sustenta e reitera a tese acima citada.
Primeiramente o nascituro chora e busca o seio materno até mesmo pelo odor do alimento e logo em seguida, inicia a sucção de forma reflexa e automática para saciar seu desejo pelo alimento.
Movimentos rudimentares
Segundo GALLAHUE e OZMUN (2005) consistem nos movimentos de estabilização (ficar em pé), locomoção (andar) e manipulação (pegar), e são visíveis a partir dos 1ºs e 2ºs anos do indivíduo. A partir dos seis meses de idade, na maioria dos casos, a criança começa a se firmar, ficando em pé, porém sempre com o apoio das mãos. Se soltar, cairá.
A partir dos 10, 11 meses, iniciam-se as tentativas de primeiros passos, quase sempre de forma insegura, mas ousada, pois os reflexos ainda estão limitados. Porém, a criança, quando não possui nenhum problema motor, dificilmente deixará de persistir e procurar manter os passos, muitas vezes caindo e levantando até o momento em que se sentirá seguro e passará a andar sozinho, muitas vezes até rejeitando qualquer tipo de auxílio, uma vez que se sente capaz de fazê-lo.
A maioria das pessoas que possuem filhos podem observar essa realidade, mas é essencial aos educadores, mesmo sem essa experiência da maternidade ou paternidade, conhecerem esses primeiros movimentos a fim de estarem atentos a mudanças ou ausência de alguma dessas características comum à maioria das crianças.
Alguma falha que passe despercebida nessa fase, pode acarretar futuros problemas à criança e, se os professores de Educação Física tiverem o conhecimento necessário, assim como o interesse e a percepção de certas limitações, poderão auxiliar e evitar que tais dificuldades se agravem futuramente. Eis a necessidade de se conhecer mais profundamente a fisiologia da criança durante a prática desportiva.
Movimentos fundamentais
GALLAHUE e OZMUN (2005) classificam os movimentos fundamentais como movimentos um pouco mais desenvolvidos que os rudimentares, porém partem do mesmo princípio. Estabilização (caminhar em cima de uma linha), locomoção (saltar) e manipulação (rebater). Estes movimentos costumam ser desenvolvidos entre os 2 e 7 anos de idade.
Movimentos especializados
GALLAHUE e OZMUN (2005) destacam que os movimentos especializados são classificados em três fases: transitório (entre os 7 a 10 anos de idade), aplicados (entre 10 a 13/14 anos de idade) e permanentes (para o resto da vida). Consistem em movimentos mais refinados, maduros e mais complexos, adaptados às exigências de determinadas atividades.
Aspectos biológicos
Existem alguns fatores biológicos que influenciam diretamente no processo do desenvolvimento motor do ser humano. Dentre eles, estão o crescimento físico que é dito geneticamente e não por estímulos físicos, a maturação biológica, que segundo MALINA e BOUCHARD (2002) consiste no processo e progresso pelo estado de amadurecimento e o desenvolvimento fisiológico do organismo (como exemplo, a força).
Tabela 1. Desenvolvimento das qualidades motoras nas diferentes idades
Vieira, 1989
Considerações finais
Com base no que foi proposto no presente estudo, algumas conclusões podem ser realizadas. A atividade física para crianças não pode e nem deve ter caráter punitivo, pelo contrário, deve consistir em uma prática prazerosa.
Tem sido sugerido que, para a obtenção de efeitos benéficos à saúde, principalmente para a redução dos fatores de risco cardiovascular, as crianças em idade escolar deveriam participar, diariamente, de 60 minutos ou mais de atividades físicas de intensidade moderada a vigorosa, além da redução dos comportamentos sedentários para menos de duas horas por dia. No entanto, vários trabalhos mostram que tanto as crianças como os adolescentes obesos respondem bem a 30 - 40 minutos de atividade física, 3 vezes por semana, e melhoram o condicionamento cardiovascular e os componentes da síndrome metabólica - tais como hipertrigliceridemia, hiperinsulinemia e hipertensão arterial - mesmo sem grande perda de peso corporal, desde que a intervenção seja prolongada e combinada com uma boa orientação alimentar. (RADOMINSKI, 2010)
Referências
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