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O conhecimento histórico e geográfico como

influência na formação discursiva do indivíduo

El conocimiento histórico y geográfico como influencia en la formación discursiva del individuo

 

Graduando em Letras: Português pela Universidade Estadual de Alagoas

Integrante do Grupo de Estudos das Narrativas Alagoanas (GENA)

(Brasil)

Silvio Nunes da Silva Júnior

junnyornunes@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Este trabalho descreve os resultados de uma pesquisa feita no município de Maribondo, AL, tendo como objetivo analisar como o conhecimento pode interferir na formação ideológica. Para isto, apresentamos três imagens a nove pessoas, e percebemos que as mesmas faziam interpretações, e não a análise da imagem. Esta pesquisa teve como base teórica a Amaral (2005), Silva e Freitag (2010), Brandão (2006), dentre outros.

          Unitermos: Análise. Discurso. Conhecimento histórico e geográfico.

 

Abstract

          This paper describes the results of a survey in the city of Maribondo, AL, aiming to analyze how knowledge can interfere with the ideological formation. For this, we present three images to nine people, and realized that they were interpretations, not the image analysis. This research was theoretical basis Amaral (2005), Silva and Freitag (2010), Brandão (2006), among others.

          Keywords: Analysis. Discourse. Historical and geographical knowledge.

 

Recepção: 11/11/2014 - Aceitação: 05/12/2014.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 199, Diciembre de 2014. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    O presente trabalho descreve a experiência obtida através de uma pesquisa de campo feita com entrevistados residentes no município de Maribondo – AL, a qual buscou coletar diversas análises discursivas constituídas pelos entrevistados, para isso, foram escolhidas três imagens, as quais apresentam discurso (ideologias), e com isso foi solicitado ao entrevistado que o mesmo fizesse a análise discursiva da imagem que foi apresentada no momento, ou seja, descobrisse a construção ideológica presente na imagem.

    No decorrer da pesquisa, foi possível constatar, que os entrevistados apresentavam análises discursivas diferentes, ou seja, pode-se afirmar que ao invés de análises, alguns entrevistados apresentavam interpretações oriundas da imagem apresentada. Tendo em vista a diversidade de idade, sexo e escolaridade, sendo estes os critérios pertencentes à pesquisa, percebe-se que de acordo com esses critérios, os dados coletados (análises ou interpretações), eram cada vez mais claros e objetivos, ou seja, alcançavam o nível de análises que se pretendia na referida pesquisa

    Esta pesquisa pretende também refletir sobre os conceitos de análise do discurso, como também de “ideologia”, e análise discursiva, o que serviu como base para a elaboração deste trabalho o qual aborda um tema referente a isto.

    No decorrer da pesquisa, foi possível perceber que se tratando de análise do discurso, percebe-se que a maioria dos entrevistados questionaram sobre o significado desta expressão, pelo fato de que quase todos os conhecedores da análise do discurso, são estudantes do campo da lingüística.

    Para sistematizar este trabalho, optou-se por uma pesquisa qualitativa, por meio da qual foi possível expor os resultados obtidos no decorrer do trabalho, pois quando tratamos de opiniões, neste caso, a variedade delas, não se tem um dimensionamento basicamente ligado a quantidade, e sim, o ponto qualitativo visto no decorrer do trabalho.

    Este artigo foi dividido em 3 tópicos nos quais serão abordados: a análise do discurso, alguns conceitos de análises discursivas e formação ideológica, a procedência com a análise dos dados coletados na pesquisa.

    Para a realização deste trabalho, usou-se como base teórica Amaral (2005), Silva e Freitag (2010), Brandão (2006), dentre outros.

2.     Análise do discurso

    A análise do discurso é uma prática lingüística a qual se encaixa na área da comunicação, pelo fato de analisar a estrutura de textos e a partir daí, compreende as construções ideológicas que se encontram neste texto.

    A análise do discurso estuda mais especificamente o funcionamento da língua, ou seja, analisa o sentido. O referido estudo vem ganhando grande destaque no universo lingüístico, a prática do estudo da análise do discurso apresenta tanta importância como o estudo da sociolingüística, a lingüística textual, dentre outras.

    Hoje em dia, o estudo da análise do discurso vem tendo grande repercussão, sendo área de várias pesquisas as quais vêm sendo estudadas constantemente no mundo da lingüística. Tamanha expansão é tida pela curiosidade despertada no indivíduo na tentativa de descobrir a construção ideológica, ou seja, a relação de sentido que referido texto apresenta.

    Observa-se que analisar um discurso não se distingue apenas em observar o que está sendo dito. A Análise do Discurso (AD), além de analisar o que está sendo dito, busca analisar a construção ideológica na relação de sentido que este discurso possui.

    A evidência diz: as palavras têm um sentido porque têm um sentido, e os sujeitos são sujeitos porque são sujeitos: mas, sob essa evidência, há um absurdo de um círculo pelo qual a gente parece subir aos ares se puxando pelos próprios cabelos. (PÊCHEUX apud SILVA SOBRINHO, 2010, p. 247).

    Percebe-se, então, que uma palavra possui muito mais do que apenas um significado, a palavra é constituída por uma ideologia, ideologia esta descoberta pela análise do discurso.

    Para definir discurso vê-se uma infinidade de conceitos os quais buscam com o máximo de clareza esclarecer o significado que possui o referido termo. Discurso pode ser definido como uma dispersão, ou seja, como sendo formados por elementos que não estão ligados por nenhum princípio de unidade, isto é, o discurso pode ser constituído por elementos aleatórios, onde os mesmos nem sempre possuem alguma ligação.

    O DISCURSO é um suporte abstrato que sustenta os vários TEXTOS (concretos) que circulam em uma sociedade. Ele é responsável pela concretização, em termos de figuras e temas, das estruturas semio-narrativas. Através da Análise do Discurso é possível realizarmos uma análise interna (o que este texto diz?, como ele diz?) e uma análise externa (por que este texto diz o que ele diz?). (GREGOLIN, 1995, p. 17)

    Portanto, ao analisarmos um discurso descobrimos vários textos que terão como base o referido discurso, é viável lembrar que os textos que virão surgir são ideologicamente marcados no discurso.

3.     Análises discursivas

    Análises discursivas referem-se a análises as quais colocam em prática a teoria da análise do discurso. Todo e qualquer indivíduo pode fazer uma análise discursiva, onde a mesma poderá variar de acordo com a formação discursiva que o mesmo possua. De modo mais amplo, as análises discursivas expõem ao leitor a construção ideológica de determinado texto, ou seja, a formação ideológica dele. Para Amaral (2005)

    As formações ideológicas, pois, são expressões da conjuntura ideológica de uma formação social; elas se põem historicamente, de formas diferentes e em diferentes momentos históricos, acompanhando o processo de complexificação da sociedade e com ele, também, se modificando. Assim, as formações ideológicas dominantes em uma sociedade correspondem ao modo de produção dominante. (AMARAL, 2005, p. 43).

    As formações ideológicas possuem grande influência no conhecimento, ao deparar-se com uma imagem relacionada à 2º guerra mundial, um indivíduo sem um conhecimento histórico razoável não iria fazer uma análise discursiva que possa se considerar “correta”, a análise correta seria feita por alguém com um conhecimento histórico e de mundo maior.

    Vê-se que a ideologia é quase totalmente voltada ao sentido, pois o sentido desvenda toda e qualquer formação ideológica. Vale ressaltar que a análise discursiva é utilizada para este fim de “analisar o discurso para que com isso, seja descoberta sua construção ideológica através do sentido”.

    A formação ideológica tem como um de seus componentes as formações discursivas, ou seja, os discursos são governados por formações ideológicas. A noção de formação discursiva possui dois tipos de funcionamento:

    A formação discursiva possui suas regras.

    Os objetos que aparecem coexistem e se transformam num “espaço comum” discursivo; os diferentes tipos de enunciação que podem permear o discurso; os conceitos em suas formas de aparecimento e transformação em um campo discursivo, relacionados em um sistema comum; os temas e teorias, isto é, o sistema de relações entre diversas estratégias capazes de dar conta de uma formação discursiva, permitindo ou excluindo certos temas ou teorias. (FOUCAULT apud BRANDÃO, 2006, p.32)

    Vê-se, então, que para delimitar-se uma formação discursiva, devem-se obedecer rigorosamente as regras citadas, as quais apresentam a estrutura da formação discursiva e mostram relação com a formação ideológica.

4.     Metodologia

4.1.     Procedência e análise de dados

    Este estudo tem base qualitativa, a qual visa mostrar os resultados de uma pesquisa de campo realizada com pessoas provenientes de aspectos de sexo, idade e escolaridade diferentes. Com isso, foi exposta uma imagem para o indivíduo, que deveria analisar discursivamente a imagem. Podemos perceber no decorrer da pesquisa que as opiniões expressas pelos indivíduos eram diversas, já que as análises discursivas podem variar de acordo com o conhecimento histórico, geográfico e de mundo, que o indivíduo possui.

4.2.     Procedência das análises coletadas

    Para a concretização deste trabalho, optou-se por uma pesquisa de campo. Saímos às ruas para entrevistar nove pessoas escolhidas aleatoriamente, daí foi solicitado ao entrevistado que procedesse à análise. Primeiramente foi feita uma entrevista pessoal, solicitando informações sobre nome, idade e escolaridade, e logo depois apresentamos as imagens para posteriormente coletarmos as análises, as quais serão expostas nas análises de dados apresentadas a seguir, juntamente com as imagens que foram utilizadas na pesquisa realizada

Figura 1. Fonte: http://entrecruzandodiscursos.blogspot.com.br/2010/12/elementos-da-analise-do-discurso-na_1109.html

    Tendo em vista a Figura 1, percebe-se que é feita uma propaganda de uma chapinha, a qual serve para alisar o cabelo, a partir daí o termo alisa substitui as duas últimas sílabas da palavra Monalisa. Faz referência a uma mulher que foi desenhada por Leonardo da Vinci, chamada Monalisa, que teria usado o referido produto.

    Diante do questionamento: Ao ver esta imagem, qual a sua opinião do que ela apresenta? As análises coletadas serão expostas a seguir:

  • Entrevistado J.J.S. (42 anos – Ensino Médio Completo): Isso é uma mulher desenhada num quadro antigo!

  • Entrevistado R.M.S. (23 anos – Superior incompleto): Dar-se a ver nesta imagem o desenho de Monalisa feito por Leonardo Da Vinci!

  • Entrevistado E.A.B.C. (38 anos – Superior Completo): Nesta imagem, percebe-se que está se referindo a uma propaganda de uma “chapinha”, tendo um tom irônico em expor a obra “Monalisa” de Leonardo da Vinci, afirmando que até a moça da imagem usa determinado tipo de produto.

Imagem 2. Fonte: http://boliviateamo.blogspot.com.br/2013/11/el-petroleo-brasileno-y-la.html

    A Figura 2 apresenta tom de revolta por se referir a um assunto polêmico que está sendo visto nos dias de hoje, que trata da construção de estádios para a copa do mundo, o que direta ou indiretamente está acabando com verbas as quais deveriam ser investidas em educação e saúde. Por isso, pode-se ver na imagem que a parte da bandeira onde se vê “ordem e progresso” está afundando.

    Tendo em vista a Figura 2, foram coletadas as seguintes análises:

  • Entrevistado F.P.H. (19 anos - Ensino Fundamental Incompleto): Nessa “foto” dá pra ver a bandeira do Brasil!

  • Entrevistado L.V.F.N. (21 anos - Superior Incompleto): Essa imagem demonstra que o Brasil tem apenas um foco que é a copa de mundo e com as construções de estádio, já a saúde e a educação deixou de existir pois o governantes estão investindo nos estados e esquecendo-se do essencial.

  • Entrevistado M.J.S. (30 anos - Ensino Fundamental Incompleto): Só mostra o negócio da bandeira do Brasil afundando.

Imagem 3. Fonte: http://linguaportuguesa.uol.com.br/linguaportuguesa/gramatica-ortografia/38/artigo273503-2.asp

    A Figura 3 mostra que um adulto de olhos vendados, impede a vista de uma criança, para que a mesma não enxergasse o mundo como ele realmente é, no que se refere à violência, as drogas, álcool e várias outras coisas que vivem constantemente ao nosso redor.

    Diante do exposto, foram coletadas as seguintes análises discursivas:

  • Entrevistado S.S. (34 anos – Superior Completo): Demonstra duas faces vendadas! Porém um adulto vendado cobrindo os olhos de uma criança, ou seja, fechando os olhos para o mundo como se o que acontece no mundo não fosse importante.

  • Entrevistado E.L.S. (18 anos - Ensino Médio Incompleto): Um homem fechando os olhos do outro.

  • Entrevistado A.C.R.O. (29 anos – Ensino Médio Completo): Aqui eu vejo uma mãe tapando os olhos do filho.

5.     Conclusão

    No decorrer desta pesquisa, destacou-se a grande repercussão que está tendo a análise do discurso nos estudos lingüísticos atuais, por abranger os mais diversos discursos presentes no dia-a-dia, tendo a formação ideológica do indivíduo como foco principal. Diante disso, optou-se por uma pesquisa nesta perspectiva pelo interesse de comparar as opiniões e análises discursivas encontradas a partir de entrevistas realizadas.

    Durante o processo de análise de dados, vimos que não foram coletadas análises discursivas, mas sim interpretações, tendo em vista esta realidade no desenvolvimento da pesquisa, é pertinente destacar que as pessoas entrevistadas não possuem nenhum conhecimento sobre análise do discurso, e por este motivo não se pode coletar analises discursivas e sim interpretações. A causa pela qual se viu que as contribuições dadas pelos entrevistados eram interpretações e não análises, foi quando se refletiu que a análise do discurso é o dito pelo não dito, ou seja, procura distinguir o que não está tão explicito e no corpus coletado percebe-se que os entrevistados só destacavam o que estava bastante claro na imagem apresentada.

    Com isso, percebe-se que a formação ideológica do indivíduo contribui significativamente para a sua capacidade em realizar análises discursivas, tendo em vista que para desenvolver uma análise discursiva, não interpretação, deve-se primeiramente ter capacidade ideológica suficiente, pois uma vez que se é feita uma análise discursiva em que a pessoa se depara com determinada imagem deve haver conhecimento seja ele histórico e/ou geográfico para saber o que a mesma está expondo, não apenas o que está visível, mas, como afirma um dos conceitos sobre a análise do discurso, deve-se ver o dito pelo não dito.

Referências

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