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O papel do enfermeiro na prevenção da obesidade infantil

El rol del enfermero en la prevención de la obesidad infantil

 

*Graduanda em Enfermagem pelas Faculdades Santo Agostinho de Montes Claros – MG

**Enfermeira. Especialista em Gestão Pública em Serviços de Saúde – Docente em

Enfermagem das Faculdades Santo Agostinho de Montes Claros – MG

***Enfermeira. Supervisora de estágio das Faculdades Santo Agostinho de Montes Claros – MG

****Fisioterapeuta. Especialista em Terapia Manual e Gerontologia

*****Educadora Física. Mestre em Avaliação das Atividades Físicas e Desportivas pela

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (Portugal). Docente na Universidade

Estadual de Montes Claros / UNIMONTES – MG

******Enfermeira. Mestre em Ciências pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)

Docente em Enfermagem na UNIMONTES – MG

******Enfermeira. Mestre em Ciências pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)

Docente em Enfermagem na UNIMONTES, Faculdades Integradas Pitágoras

Faculdades Santo Agostinho de Montes Claros – MG

Raquel Edna Silva Rocha*

Raíssa Bethânia Guimarães dos Reis*

Adélia Dayane Guimarães Fonseca**

Ingred Gimenes Cassimiro de Freitas***

Liliane Lacerda Silva****

Claudiana Donato Bauman*****

Valdira Vieira de Oliveira******

Ana Augusta Maciel de Souza*******

adeliadayane@yahoo.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O excesso de peso e a obesidade são caracterizados por acúmulo de gordura corporal favorecidos pelo crescimento desacelerado em estatura que representa risco para a saúde. Fatores genéticos, hábitos alimentares inadequados e estilo de vida são fatores consideráveis ao desenvolvimento da obesidade infantil, sendo que o sedentarismo aparece como uma das principais causas da epidemia mundial de obesidade nessa faixa etária. A revisão integrativa da literatura foi o método de pesquisa adotado para o desenvolvimento do estudo. Na etapa inicial localizou-se 1282 estudos, sendo 35 selecionados, os quais estavam indexados nas bases de dados LILACS, SCIELO, BDENF. Os descritores utilizados foram “obesidade”; “infantil”; “prevenção”; “enfermagem”. Os resultados mostram que um grande número de estudos trata com ênfase a questão psicológica e social da criança obesa e as dificuldades enfrentadas pela família durante o tratamento. A maioria dos estudos foi desenvolvida com participação e importante atuação de enfermeiros assistenciais, doutores, mestres e graduandos em enfermagem, revelando as diversas dimensões do cuidar. A busca ativa de medidas de prevenção também revelou um grande número de autores preocupados em compreender a relação entre a obesidade infantil e participação dos pais na vida da criança. O enfermeiro tem grande importância ao desenvolver ações de prevenção primária no controle da obesidade através de ações educativas, uma vez que a educação em saúde tem a possibilidade de ocorrer num entrelaçamento de ações e intervenções científicas, sociais e de natureza compreensiva, envolvendo o cliente, a família e o enfermeiro em suas relações de cuidado.

          Unitermos: Obesidade infantil. Prevenção. Enfermagem.

 

Recepção: 14/06/2014 - Aceitação: 19/09/2014.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 199, Diciembre de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O excesso de peso é considerado um dos principais problemas de saúde pública da sociedade moderna, e sua prevalência vem adquirindo proporções epidêmicas. Na população infantil, nos últimos 30 anos, a prevalência da obesidade aumentou em todas as regiões brasileiras e classes sociais, atingindo cifras que variam entre 5 e 18%. No Brasil, enquanto se observa um declínio importante na prevalência de desnutrição infantil, tem sido registrado um aumento preocupante na ocorrência do excesso de peso em crianças, inclusive naquelas pertencentes às famílias de mais baixo poder aquisitivo (FERNANDES; PENHA; BRAGA, 2012).

    Os levantamentos epidemiológicos realizados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) revelam que a obesidade infantil vem se constituindo como uma doença recidivante e enigmática, considerada um desafio para os programas de saúde pública em todo o mundo. As mudanças das condições nutricionais no Brasil, entre outros fatores, inserem o país nesse panorama (AZEVEDO; SPADOTTO, 2004; FRIEDMAN; ALVES, 2009).

    Em crianças e adolescentes, esse agravo se associa ao aparecimento precoce de doenças cardiovasculares, Diabetes Mellitus tipo 2, problemas psicológicos, além de comprometer a postura e causar alterações no aparelho locomotor e trazer desvantagens socioeconômicas na vida adulta (TERRES et al. 2006).

    Mesmo existindo divergências em relação à sua etiologia na infância, as práticas de prevenção convergem para dois pontos de consonância: os hábitos alimentares considerados inadequados e o estilo de vida sedentário são os responsáveis diretos pelo estabelecimento do quadro (OLIVEIRA; FISBER, 2003; OLIVEIRA; CERQUEIRA, 2003; FRIEDMAN; ALVES, 2009).

    As estratégias de prevenção da doença estão focadas na promoção do controle sobre a alimentação e o estilo de vida (OLIVEIRA; MARTINS, 2012). A prevenção e o diagnóstico precoce da obesidade são importantes aspectos para a promoção da saúde e redução de morbimortalidade, não só por ser um fator de risco importante para outras doenças, mas também por interferir na duração e qualidade de vida, e ainda ter implicações diretas na aceitação social dos indivíduos quando excluídos da estética difundida pela sociedade contemporânea.

    Neste sentido, o presente artigo objetiva uma importante compreensão do papel do enfermeiro na prevenção da obesidade infantil, enfatizando, de maneira mais apreensiva, as principais ações de enfermagem dispensadas na prevenção.

Metodologia

    A revisão integrativa é a metodologia eleita para a redação deste estudo. O método primordial selecionado foi desenvolvido a partir dos principais instrumentos a internet, artigos científicos publicados em base de dados, bem como publicação do Ministério da Saúde que aborda detalhadamente o assunto. Os procedimentos foram: definição da questão de investigação, localização da literatura relacionada, avaliação criteriosa da validade dos estudos a partir dos critérios de exclusão/inclusão dos artigos, síntese dos achados e preparação de registros e conclusões (PINTO, 2010).

    A pergunta norteadora da revisão integrativa foi: “Qual o papel do enfermeiro na prevenção da obesidade infantil?”. A busca dos artigos foi desenvolvida nos meses de Setembro e Outubro de 2013. Para a seleção dos artigos incluídos na revisão utilizou-se a internet para acessar as bases de dados LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), BDENF (Base de dados de Enfermagem) e SCIELO (Scientifc Eletronic Library Online) utilizando os descritores “obesidade”, “infantil”, “prevenção” e “enfermagem”. Os critérios de inclusão estabelecidos foram: publicações em português publicadas no período de 2003 a 2013 e que se apresentam na íntegra para apreciação. Outro critério importante refere conceituação clara e concisa da obesidade infantil e atuação do enfermeiro. Para a seleção dos artigos, cada publicação foi analisada exaustivamente para confirmar a contemplação da pergunta norteadora desta investigação, verificando se atendiam aos critérios de inclusão/exclusão estabelecidos. Isto infere as minuciosas releituras destes artigos encontrados. Após a leitura dos artigos procedeu-se a extração dos dados de interesse para a revisão.

    Obedecendo aos preceitos éticos e legais existentes, é viável ressaltar o cuidado e responsabilidade aplicados na elaboração deste estudo, de modo que a autoria e título de cada publicação usada foram preservados. Infere-se que existe uma intenção devida e organizada de respeito aos direitos autorais envolvidos, sobretudo reconhecendo a colaboração incomparável de cada obra e atribuindo lhes valor indescritível.

Caracterização da amostra

    A amostra final foi composta por artigos indexados nas bases de dados escolhidas e que preencheram os critérios de inclusão utilizados para qualificar as publicações no processo de busca bibliográfica. Além destes, uma publicação do Ministério da Saúde foi utilizada por conter dados indispensáveis e de alta escala de acréscimo para este artigo. Outros dois autores de grande renome foram de importante relevância para registro da metodologia usada neste estudo. O corpus do presente estudo constituiu sua estrutura, apoiando-se num total de 36 publicações. As referências usadas neste estudo, que não tratam diretamente do tema ou que não correspondem com o recorte de tempo, têm seu uso justificado na necessidade de apoiar-se em conceitos nobres e de alta relevância para registrar a metodologia usada.

Resultados e discussão

    Considerando o período anual de 2003 a 2013, um total de 35 publicações foi instrumento de base conceitual para este estudo. O ano de 2012 foi contemplado com 38,8% das publicações em questão, sendo o período correspondente ao maior número de referências usadas. Entretanto nenhuma publicação do ano 2005 atendeu aos critérios pré-estabelecidos. Notou-se que 8,57% das publicações eleitas se repetiram nas duas bases de dados e, com iniciativa de organização, estas referências serão citadas neste estudo como provenientes da Scielo, uma vez que representa uma base mais acessível.

    Foi notável a existência de um grande número de estudos que tratam com ênfase a questão psicológica e social da criança obesa e as dificuldades enfrentadas pela família durante o tratamento, mostrando a fragilidade do ser humano diante dos imprevistos ou condicionamentos impostos pelo agravo.

    No que concerne a cuidados puramente assistenciais, poucos estudos tratam destas questões, uma vez que a atenção esta voltada para o foco da reabilitação da pessoa obesa, apontando também fatores de predisposição para a obesidade infantil. Há uma vasta disposição de trabalhos científicos com caráter diagnóstico de diversas regiões do Brasil.

    É relevante afirmar que a maioria dos estudos foi desenvolvida com participação e importante atuação de enfermeiros assistenciais, doutores, mestres e graduandos em enfermagem, revelando as diversas dimensões do cuidar. Mas é indispensável ressaltar a necessidade de publicações que tratem diretamente das medidas de prevenção, uma vez que poucos estudos apresentaram estas medidas.

    A busca ativa de medidas de prevenção também revelou um grande número de autores preocupados em compreender a relação entre a obesidade infantil e participação dos pais na vida da criança, uma vez que estes também constituem os mais nobres mediadores de mudanças de hábito na vida das crianças brasileiras. A tarefa de prevenção da obesidade não trará resultados tão eficazes se a família não estiver envolvida no mesmo objetivo.

    A identificação dos temas subjacentes aos artigos que resultaram da pesquisa bibliográfica permite definir os eixos que nortearam o desenvolvimento dos estudos, bem como as preocupações que motivaram a elaboração dos artigos juntamente com as características de cada um.

Obesidade infantil: uma estrutura corporal larga

    Lopes et al (2004), explora o conceito de que a acumulação excessiva de tecido adiposo deriva de um aporte calórico excessivo e crônico de substratos combustíveis presentes nos alimentos e bebidas (proteínas, hidratos de carbono, lipídios e álcool) em relação ao gasto energético (metabolismo basal, efeito termogênico e atividade física). Nessa acumulação intervêm tanto os hábitos alimentares e de estilo de vida, os fatores sociológicos e as alterações metabólicas e neuroendócrinas, como os componentes hereditários.

    No Brasil, um estudo no Espírito Santo mostrou que 63,7% das mães de crianças entre sete e dez anos com sobrepeso percebiam-nas como tendo peso adequado e 30% das mães de crianças eutróficas viam-nas como abaixo do peso. Os pais, com freqüência, descrevem tipos corporais de sobrepeso e obesidade como: “corpo robusto”, “forte”, “es­trutura corporal larga”, “musculoso”, “ossos grandes”, entre outros. Uma pesquisa com famílias americanas nativas evidenciou que muitos pais relataram a pressão social que sofriam para “engordar” seus bebês, e líderes comunitários informaram a existência de competições entre as mães para ver qual criança apresentava o maior percentil de peso e altura (TENÓRIO, COBAYASHI, 2011).

    A obesidade está diretamente relacionada ao surgimento de doenças crônicas como:diabetes tipo II, hipertensão arterial, dislipidemias, coronariopatias, doenças articulares, cálculos biliares, apnéia do sono e muitos tipos de câncer. (FÉLIX, SOARES, NÓBREGA, 2012). Estas doenças crônicas também se associam a diversos outros desequilíbrios no organismo e podem trazer prejuízos temporários ou permanentes para os portadores de obesidade, além de diminuir a expectativa de vida.

    A maior parte dos pais atribui a obesidade a um metabolismo herdado e acredi­tam que quase nada é possível fazer para alterar um peso já pré-determinado geneticamente. Os pais de crianças mais jovens têm a convicção de que, com o crescimento, o peso se tornará adequado e, portanto, não há motivos para preocupação ou intervenção no momento atual (TENÓRIO; COBAYASHI, 2011).

    Diversos estudos demonstram de forma evidente a participação do componente genético na incidência da obesidade. Estima-se que entre 40% e 70% da variação no fenótipo associado à obesidade tem um caráter hereditário. A influência genética como causa de obesidade pode manifestar-se através de alterações no apetite ou no gasto energético. (LOPES et al., 2004) . Em relação ao sexo, verificam-se menores chances dos meninos apresentaram obesidade abdominal (PEDRONI et al., 2012).

O papel do enfermeiro na prevenção da obesidade infantil

    Luna et al. (20011) reforçam a necessidade da construção do conhecimento científico da enfermagem com enfoque na promoção da saúde na obesidade juvenil, contribuindo para que as pesquisas da enfermagem que visam à promoção da saúde em adolescentes obesos cumpram a sua finalidade de conduzir a práticas e intervenções efetivas e de qualidade, a fim de que as ações de enfermagem direcionadas a essa população sejam implementadas e alcancem resultados efetivos.

    Dessa forma, estará se contribuindo para a confirmação do novo modelo de saúde, que preconiza proteção, promoção da saúde e prevenção de doenças (RAMOS et al., 2011). Neste sentido, é de fundamental importância abordar o papel do enfermeiro como mediador importante da prevenção da obesidade infantil.

    O conhecimento de estratégias acerca do crescimento numérico da obesidade juvenil é um componente importante para o desenvolvimento de esforços na sua prevenção. Muitas evidências na prevenção da obesidade derivam de um número modesto de publicações, a maioria das quais abrange, em sua abordagem, estratégias individuais e no âmbito escolar. Há pouca orientação na literatura obre o desenvolvimento de ações concretas na área da saúde com enfoque em enfermagem (LUNA et al. 2011). O enfermeiro é o principal facilitador do processo de prevenção e neste caso, este estudo pretende expor as principais medidas que podem ser adotadas pelo enfermeiro que pleiteia a prevenção da obesidade infantil.

    É fundamental que o enfermeiro acompanhe as medidas de crescimento e desenvolvimento da criança. O valor padrão de cada medida é exposto em gráficos na caderneta da criança, mas o índice de massa corporal (IMC) ainda é muito utilizado e está presente na maioria dos estudos. Pedroni et al. (2012), ressaltam que muitos estudos nacionais e internacionais tem se valido basicamente do IMC para estimar o percentual de gordura corporal e assim, determinaras prevalências de sobrepeso e obesidade. Fica clara a preferência por este método de avaliação apesar de alguns estudos indicarem as medidas de dobras cutâneas como alternativas ao IMC ou até mesmo como medidas mais precisas na predição da obesidade infantil.

    A educação em saúde é um processo que compreende a transmissão de conhecimentos relativos à conquista da saúde visando a mudança de comportamento e estilo de vida, que anteriormente eram de vulnerabilidade ou nocivo à saúde para um promotor da saúde. Nesse processo de mudanças, o indivíduo passa a ser o principal responsável pelo seu estado de saúde. As nutrizes, em sua grande maioria, são fisicamente capazes de aleitar até o sexto mês de vida infantil, desde que recebam incentivos corretos e suficientes, como também sejam protegidas de comentários desalentadores acerca do ato de aleitar, já que esse momento feminino é marcado, algumas vezes, por receio, insegurança e dor. Nesse propósito, o enfermeiro, por intermédio da educação em saúde, assume grande relevância, pois pode, já no pré-natal, discutir com a gestante as vantagens de uma amamentação plena. No puerpério, o enfermeiro é o profissional mais engajado em educar a puérpera acerca da alimentação mais adequada durante o aleitamento, dos exercícios que facilitam a ejeção de leite e da adoção de fatores ambientais favoráveis à implementação de uma experiência prazerosa e saudável durante a amamentação. O enfermeiro, ao realizar um cuidado educativo junto às mães que aleitam, além de reduzir uma futura vulnerabilidade em relação à obesidade infantil e adulta, quando incentiva a prática do aleitamento materno no primeiro semestre, estará trazendo apoio e tranqüilidade à mulher nesse momento ímpar que é a maternidade. Dessa forma, percebe-se que a inserção da educação em saúde ao arsenal de recursos terapêuticos disponibilizados pela enfermagem ao binômio mãe-filho, é uma ação fundamental na promoção da saúde materno-infantil (ARAÚJO; BESERRA; CHAVES, 2006).

    Gonçalves; Silva; Antunes (2012) enfatizaram as influências de aspectos psicossociais no desenvolvimento da obesidade. Seu estudo faz pensar na necessidade estabelecida do enfermeiro conhecer o ambiente familiar onde a criança está inserida e os conflitos evidenciados, que funcionam como mediadores da obesidade infantil, já que Freud aborda o alimento como meio de preenchimento de suas necessidades afetivas. De acordo com Vázquez-Nava (2012), morar em um ambiente familiar com pais separados, mais do que o nível de escola­ridade materno ou o fato de a mãe trabalhar fora de casa, parece estar associado a um estilo de vida sedentário em crianças com sobrepeso.

    As intervenções bem-sucedidas demandam o envolvi­mento dos pais, uma vez que eles são modelos da conduta alimentar e física. São eles que determinam quais alimentos estão disponíveis para a criança, em quantidade e qualidade, e são os maiores responsáveis pelo estabelecimento de um ambiente emocional em que a obesidade pode ou não ser desencorajada. Entretanto, é justamente a falta de envol­vimento dos pais no tratamento a maior barreira citada pelos profissionais de saúde que atuam nessa área. A prevenção é um método efetivo para o controle da obesidade na infância, porém, é necessário um melhor entendimento dos fatores associados ao comportamento dos pais para estimular um comprometimento maior no tratamento da obesidade (TENÓRIO, COBAYASHI, 2011).

    A proposta é desenvolver trabalhos com grupos estratégicos na Atenção Básica para propiciar contato com os pais e assim, estimular a prevenção da obesidade infantil no âmbito familiar. Eles podem então tomar medidas para controlar o peso dos filhos utilizando o conhecimento adquirido das palestras e do material que lhes foi entregue. Além de aperfeiçoar a capacidade de identificar o excesso de peso nos próprios filhos e conseguir viabilizar o processo de prevenção com medidas saudáveis (PAKPOUR; YEKAMINEJAD; CHEN, 2011).

    A prevenção primordial visa prevenir que as crianças se tornem de risco. A prevenção primária objetiva evitar que as crianças de risco adquiram sobrepeso; e a prevenção secundária visa impedir a gravidade crescente da obesidade e reduzir a comorbidade entre crianças com sobrepeso e obesidade. Dentro deste cenário, as prioridades básicas de ação podem ser identificadas, priorizadas e vinculadas às estratégias de intervenção potencialmente satisfatórias. As iniciativas de prevenção primordial e primária são as mais eficazes, provavelmente se forem iniciadas antes da idade escolar e mantidas durante a infância e a adolescência. Deve haver um esforço significativo no sentido de direcioná-las à prevenção da obesidade já na primeira década de vida (MELLO; LUFT; MEYER, 2004).

    O enfermeiro e sua equipe podem mobilizar atividades no ambiente escolar, visando a prevenção da obesidade infantil. Este trabalho poderá envolver práticas lúdicas, cálculo de IMC e palestras educativas.

    Diversos estudos sugerem que programas de intervenção sobre a obesidade infanto-juvenil baseados em exercícios físicos com características lúdicas e orientação nutricional devem fazer parte das ações de tratamento da obesidade nesse grupo populacional. Ha grande possibilidade de desenvolver esse programa de intervenção em outros centros devido a utilização de espaços físicos que estão disponíveis em outras realidades (campo de futebol, ginásio de esportes/quadra) e a utilização de equipamentos de baixo custo para o desenvolvimento de atividades lúdicas, que normalmente estão disponíveis em escolas e universidades (POETA et al. 2012). Não se pode restringir a prática de exercício físico somente ao tratamento da obesidade, mas esta deve ser vista como uma prática saudável e de prevenção também. Grande et al. (2012), também ressaltou, em seu estudo, a importância da atividade física na prevenção de agravos como a obesidade infantil.

    Diante desta realidade, o enfermeiro deve abordar, em seu trabalho educativo, a necessidade de substituir o tempo prolongado na frente da televisão e do computador por práticas que inspiram cuidados a saúde como brincadeiras ao ar livre.

    Dessa forma, estará se contribuindo para a confirmação do novo modelo de saúde, que preconiza proteção, promoção da saúde e prevenção de doenças (RAMOS et al., 2011). Neste sentido, é de fundamental importância abordar o papel do enfermeiro como mediador importante da prevenção da obesidade infantil e ressaltar o diferencial obtido ao apontar estratégias capazes de diminuir as estimativas da obesidade infantil no Brasil, garantido uma infância mais saudável e certamente, uma expectativa de vida maior.

Considerações finais

    O papel do enfermeiro visa a estimulação do autocuidado como ferramenta primordial para a prevenção da obesidade infantil. Recordando o papel singular e intransferível de cada participante da recuperação.

    O enfermeiro deve estar habilitado para lidar com a função de escutar os anseios e permitir o surgimento de uma troca de experiência e exposição de suas dificuldades e dúvidas, criando alternativas para alcançar os resultados pretendidos.

    Neste sentido, uma estratégia para alcançar resultados mais proveitosos é o desenvolvimento de reuniões grupais, propondo medidas preventivas e de autocuidado.

    A educação em saúde tem a possibilidade de ocorrer num entrelaçamento de ações e intervenções científicas, sociais e de natureza compreensiva, envolvendo o cliente, a família e o enfermeiro em suas relações de cuidado, despertando, ainda, suas consciências de cidadania e de ser sujeito de suas ações, contribuindo para uma sobrevida maior e com muito mais qualidade.

Referências

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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 19 · N° 199 | Buenos Aires, Diciembre de 2014
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