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Analisando riscos do excesso de medicamentos 

utilizados por pacientes em uma Unidade de Saúde da Família

Analizando los riesgos del exceso de medicamentos utilizados por los pacientes de una Unidad de Salud de la Familia

 

*Enfermeira. Pós Graduanda em Saúde Pública

**Enfermeira

***Enfermeira. Especialista em Saúde Pública

****Enfermeiro. Mestrando em Enfermagem pela UFBA. Feira de Santana, Bahia

*****Enfermeira. Mestre em Processos Interativos dos Órgãos e Sistemas pela UFBA

(Brasil)

Criscia Christynne Martins Nery*

Juliana Magalhães dos Santos**

Geórgia Montenegro Agra Marques***

Anderson Reis de Sousa****

Michelle Teixeira Oliveira*****

son.reis@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O estudo objetivou descrever os riscos do excesso de medicamentos utilizados pela população de uma Unidade Básica de Saúde no período de estágio da disciplina Enfermagem na Administração da Assistência a Saúde II do curso de Enfermagem. A metodologia utilizada foi um estudo de caráter descritivo com abordagem qualitativa, tipo revisão bibliográfica, realizada no período de outubro a dezembro de 2012, nas bases eletrônicas de dados do SCIELO e LILACS. As autoras pretendem mostrar a partir de uma pesquisa bibliográfica a importância do uso adequado e correto de certos medicamentos, com ênfase naqueles que não necessitam de prescrição médica, principalmente aqueles mais simples, rotineiros e conhecidos da população, ou seja, que também trazem riscos significativos para o organismo, mostrando que esses riscos são bem maiores quando em crianças e idosos.

          Unitermos: Enfermagem. Anormalidades induzidas por drogas. Serviços básicos de saúde.

 

Recepção: 15/06/2014 - Aceitação: 22/09/2014.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 198, Noviembre de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O perigo do excesso de medicamentos se torna cada vez mais preocupante devido à falta de conscientização e desconhecimento da população em relação aos riscos “invisíveis” que os medicamentos podem acometer o organismo, principalmente aqueles mais simples e conhecidos pelos indivíduos que são utilizados para aliviar uma cefaléia, febre, gripe etc.

    Qualquer pessoa está sujeita aos riscos do excesso de medicamentos, mas em especial as crianças e os idosos estão mais propensos a ser acometidos principalmente pela interação entre certos medicamentos, o que na maioria das vezes é algo desconhecido pela população.

    Sendo assim o excesso de medicamentos pode causar no organismo: Perda da imunidade, Hipertensão Arterial, Insuficiência Renal Aguda ou Crônica; Insuficiência Cardíaca, Acidente Vascular Isquêmico ou Hemorrágico; Intoxicação Hepática (Hepatite e por conseqüência até o Transplante de Fígado) e aumento de peso entre outros.

    No Brasil, des­de a implantação da Política Nacional de Medicamentos (Portaria GM 3.916/98), tem-se buscado atender às prio­ridades locais e disponibilizar medicamentos da farmácia básica, principalmente à população com maior dificulda­de de acesso. Isso tem o propósito de garantir a necessá­ria segurança, eficácia e qualidade dos medicamentos, a promoção do uso racional e o acesso da população àqueles considerados essenciais (OMOMO; BECHTOLD, p. 258, 2011).

    Com essa implantação houve uma considerável melhora no acesso da população as medicações, principalmente para aqueles com doenças crônicas que buscam tratamento nas unidades básicas, ou seja, ficou muito mais fácil continuar um tratamento em especial para aqueles indivíduos que não tem o poder da compra. Mas essa facilidade de obter a medicação também traz riscos para a população, pois os mesmos muitas vezes desconhecem os perigos do excesso e das interações medicamentosas, e ainda abusam dos excessos por achar que o uso de dois ou mais fármacos concomitantemente não terá nenhuma conseqüência.

    Ter acesso à assistência médica e a medicamentos não implica necessariamente em melhores condições de saúde ou qualidade de vida, pois os maus hábitos prescritivos, as falhas na dispensação, a automedicação inadequada podem levar a tratamentos ineficazes e pouco seguros. No entanto, é evidente que a possibilidade de receber o tratamento adequado, conforme e quando necessário, reduz a incidência de agravos à saúde, bem como a mortalidade para muitas doenças (ARRAIS et al, 2005).

    O objetivo desse trabalho foi mostrar os riscos do excesso de medicamentos e suas interações no organismo. E tem como objetivo especifico sensibilizar a comunidade dos riscos e do uso indiscriminado dos medicamentos.

Referencial teórico

    Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, medicamento é todo produto farmacêutico, tecnicamente obtido ou elaborado, com finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico. Quando dois ou mais fármacos são utilizados concomitantemente pode ocorrer duas alternativas: “indiferentismo farmacológico - quando um dos fármacos associados age independente dos demais, e interação farmacológica, quando uma das drogas interfere de algum modo sobre as outras, alterando o efeito esperado” (TEIXEIRA; WANNMACHER, p. 48, 1998).

    Os riscos desse excesso também podem estar relacionados às interações medicamentosas, ou seja, quando administrados mais de um medicamento concomitantemente em um mesmo horário ou em um período curto de tempo de um e outro, podendo ocorrer também com alimentos ou bebida.

    Interações de medicamentos (IM) são eventos clínicos em que os efeitos de um fármaco são alterados pela presença de outro fármaco, alimento, bebida ou algum agente químico ambiental. Quando dois medicamentos são administrados concomitantemente a um paciente, eles podem agir de forma independente ou interagir entre si, com aumento ou diminuição de efeito terapêutico ou tóxico de um ou de ambos (HOEFLER; WANNMACHER, p.1, 2010).

    O amplo uso de medicamentos sem orientação médica, quase sempre acompanhado do desconhecimento dos malefícios que pode causar, é apontado como uma das causas destes constituírem o principal agente tóxico responsável pelas intoxicações humanas registradas no país (LESSA et al., 2008). Dessa forma, o uso indiscriminado de medicamentos tornou-se uma das grandes dificuldades enfrentadas pela saúde no âmbito mundial.

    Embora ocorram muitas interações entre medicamentos, somente uma pequena parte delas é clinicamente relevante. O tratamento com múltiplos medicamentos está associado com a ocorrência de interações medicamentosas (IM), reações adversas, erros de medicação e aumento do risco de hospitalização, e muitos estudos sugerem que as IM podem ser a causa de até 3% de todas as admissões hospitalares (HOEFLER; WANNMACHER, p.11, 2010).

    Os medicamentos assinalaram uma revolução nas atividades de saúde pública, alcançando lugar de destaque na terapêutica contemporânea (NASCIMENTO, p.1, 2005). Por outro lado, o incentivo da mídia e a facilidade de aquisição tornaram seu uso rotineiro, gerando acúmulo desses produtos nas residências, fazendo com que a população se considerasse isenta dos riscos inerentes à manutenção dos mesmos (FERNANDES; PETROVICK, 2004).

    Não é possível distinguir claramente quem irá ou não experimentar uma interação medicamentosa adversa. Possivelmente, pacientes com múltiplas doenças, com disfunção renal ou hepática e aqueles que fazem uso de muitos medicamentos são os mais suscetíveis. A população idosa freqüentemente se enquadra nessa descrição, portanto, muitos casos relatados envolvem indivíduos idosos em uso de vários medicamentos (JACOMINI; SILVA, p.169, 2011).

    Em conseqüência nos idosos à degeneração dos sistemas orgânicos, por conta do excesso de medicamentos prescritos, o tempo de tratamento, a prática da automedicação e os inúmeros distúrbios de órgãos ou sistemas responsáveis pela farmacocinética dos medicamentos também justifica a preocupação em decorrência desses excessos e interações tornando – os um grupo de risco (SECOLI, p.32, 2001).

    A categoria de crianças mais freqüentemente susceptível ao uso de medicamentos off La bel e sem licença é justamente aquela mais exposta, ou seja, os recém nascidos , neste grupo, o risco de toxicidade é mais elevado pela velocidade reduzida de eliminação do fármaco e diferença na sensibilidade dos órgãos-alvo (SILVA, p.2, 2007).

    Por aspectos físicos, os pacientes pediátricos podem ser incapazes ou avessos à ingestão de comprimidos. Muitas vezes, os pais ou responsáveis trituram e misturam o comprimido, ou conteúdo da cápsula, com sucos, iogurtes, frutas, geléias e outros tipos de alimentos. Este procedimento, além de alterar a estabilidade do fármaco, não dá garantias plenas de ingestão total da dose e sua biodisponibilidade. Por isso, de um modo geral, medicamentos não devem ser misturados com alimentos, salvo quando recomendado pelo fabricante (SILVA, p.2, 2007).

    Ainda podem-se acrescentar orientações à população quanto ao armazenamento dos medicamentos, principalmente que sejam guardados longe do alcance de crianças, aonde a maioria dos acidentes envolvendo as mesmas é causada por intoxicações, e também esses locais indevidos podem mudar a eficácia do fármaco, ou seja, não terá mais o efeito que se espera. “É importante que a farmácia caseira possa garantir a qualidade dos medicamentos, através do adequado armazenamento destes, pois Serafim et al. (2007), demonstraram a instabilidade dos medicamentos dentro do prazo de validade, em estudo com produtos contendo dipirona na forma líquida, realizado nas residências de Araraquara, SP, os quais atingiram até 42,6% de perda no teor do fármaco analisado, quando comparados a controles comerciais. Tal estudo ressaltou a possibilidade de perda da estabilidade do fármaco, que é antecipada por fatores como temperatura, presença de oxigênio, luz solar, radiação e umidade (Wells, 2005), o que, de acordo com Serafim et al. (2007), justifica a necessidade de orientações relacionadas ao armazenamento dos medicamentos nas residências” (BUENO et al, p.75, 2009).

    É importante, também, compreender que o uso de medicamentos, na grande maioria das vezes, está interligado aos problemas sociais, ambientais e ao modo de vida das pessoas; portanto, vale a pena que as autoridades governamentais e os profissionais de saúde invistam no desenvolvimento de práticas de prevenção e promoção da saúde, o que por si só, reduzirá a necessidade do uso de medicamentos pela população. Por sua vez, estas atividades deverão ser planejadas e desenvolvidas por equipe multiprofissional, assim como deve contar com a ajuda da própria comunidade, em todos os processos (ARRAIS et al, p. 1745, 2005).

    Com isso podemos enfatizar que os profissionais de saúde especialmente os que estão atuando na atenção básica são primordiais na transmissão de informações sobre o uso correto e indiscriminado de medicamentos.

Metodologia

    A metodologia utilizada foi um estudo de caráter descritivo com abordagem qualitativa, tipo revisão bibliográfica, realizada no período de outubro a dezembro de 2013, nas bases eletrônicas de dados do SCIELO e LILACS. Estudo foi realizado na Unidade Básica de Saúde Baraúnas na cidade de Feira de Santana, Bahia, pelas discentes do curso de Enfermagem da Faculdade Nobre de Feira de Santana. O instrumento para a coleta de dados foi por meio da observação dos usuários que muitas vezes solicitava os medicamentos sem a presença da receita e ou em quantidades excessivas. A análise dos dados realizou-se primeiramente através do levantamento desse problema na unidade, onde pudemos perceber a necessidade de estar realizando uma educação em saúde sobre os riscos do excesso de medicações.

Resultados

    Com esse estudo pudemos observar o quanto importante é estar alertando a população sobre os riscos para o organismo do excesso de medicamentos, principalmente aqueles popularmente conhecidos e utilizados pela população sem prescrição médica. Pretendeu-se mostrar a necessidade de enfatizar quais os tipos de doenças que podem surgir e mostrar o quanto importante é a prescrição médica, pois com isso poderia se evitar e diminuir diversos tipos de lesões para vários órgãos do corpo, principalmente coração, rim e fígado, entre outros.

    Com isso percebe-se a necessidade de sempre está atualizando os profissionais de saúde para esclarecer a população de uma maneira objetiva, clara e dinâmica sobre o uso correto de medicamentos, alertando principalmente indivíduos com doenças crônicos e idosos, que fazem uso diário de vários fármacos.

    Por meio desse trabalho, podemos ter uma real percepção da necessidade que a população tem de ser alertada em relação ao uso de medicamentos sem orientação medica, portanto desconhecendo os riscos da automedicação e os perigos das interações medicamentosas.

    Além disso, percebe-se que a atuação multiprofissional na atenção em saúde é essencial para o constante aprimoramento do cuidado da saúde e o entendimento de que a educação permanente em saúde, tanto dos profissionais quanto da população e da gestão setorial, para promover grandes mudanças no paradigma assistencial (OMOMO; BECHTOLD, p. 257, 2011).

    Com isso podemos observar a necessidade de controlar e conhecer o setor em questão (farmácia básica) e poder explicar ao paciente que no momento da busca excessiva do medicamento pode lhe causar inúmeras reações em decorrência dos fármacos.

    “É importante ressaltar que à medida que a população cresce e envelhece, aumenta as necessidades por atendimento em saúde e, em conseqüência, a demanda por medicamentos”. (OMOMO E BECHTOLD, p. 258, 2011).

Considerações finais

    Ao analisar nosso estudo pudemos perceber a necessidade de estar esclarecendo a população na hora da consulta, feira de saúde ou sala de espera nas próprias unidades de saúde o que pode ocorrer no organismo com o uso de medicações, principalmente quando utilizadas mais de um fármaco. Com isso pudemos constatar a deficiência e falta de esclarecimento por parte dos profissionais com os usuários que vão à busca de medicamentos na unidade.

    Em contrapartida, a proporção de usuários que utiliza múltiplos medicamentos é um indicador de qualidade da prescrição e da assistência médica, embora a exposição a múltiplos fármacos não seja sinônimo de prescrição inapropriada, seu uso não deve discriminado.

Referências

  • Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Medicamentos – Conceitos Técnicos. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/medicamentos/conceito.htm, acessado em 06 de novembro de 2012.

  • ARRAIS, P. S. D.; BRITO, L. L.; BARRETO, M. L.; COELHO, H. L. L. Prevalência e fatores determinantes do consumo de medicamentos no Município de Fortaleza, Ceará, Brasil. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.21, n.6, p.1737-1746, nov./dez. 2005.

  • BUENO, C.S; WEBER, D; OLIVEIRA, K.R. Farmácia caseira e descarte de medicamentos no bairro Luiz Fogliatto do município de Ijuí – RS. Rev Ciênc Farm Básica Apl., 2009;30(2):203-210ISSN 1808-4532.

  • FUCHS, Flavio Danni e WANNMACHER, Lenita. Farmacologia Clinica: Fundamentos da Terapêutica Racional. 2ª edição. Rio de Janeiro. Editora Guanabara Koogan, 1998. Cap. 7 Interações medicamentosas de Claudio Coimbra Teixeira e Lenita Wannmacher.

  • HOEFLER, Rogério e WANNMACHER, Lenita. Interações Medicamentosas. Ministério da Saúde, 2010. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/Tema04-int_medic.pdf, acessado em 06 de novembro de 2012.

  • JACOMINI, Luiza Cristina Lacerda; SILVA, Nilzio Antonio da. Interações medicamentosas: uma contribuição para o uso racional de imunossupressores sintéticos e biológicos. Rev Bras Reumatol 2011; 51(2):161-174.

  • NASCIMENTO, Marilene Cabral do. Medicamentos, comunicação e cultura. Ciênc. saúde coletiva [online]. 2005, vol.10, suppl., pp. 179-193.

  • OMOMO, Fabio Tetsuo; BECHTOLD, Tiago Michels. Atuação da Estratégia Saúde da Família e do Núcleo de Apoio à Saúde da Família no uso racional de medicamentos em Rio Fortuna, em Santa Catarina. Rev Bras de Medicina de Família e Comunidade 2011; 6(21): 257-63.

  • SILVA, Emília Vitória da. Crianças e medicamentos: Os riscos que podem sobrepor os benefícios. Boletim Farmacoterapêutica 2007; 6(12):1-6.

  • SECOLI, Silvia Regina. Interações medicamentosas: fundamentos para a pratica clínica da enfermagem. Rev. esc. enferm. USP [online]. 2001, vol.35, n.1, pp. 28-34. ISSN 0080-6234.

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