Promovendo qualidade de vida ao
idoso Promoviendo la calidad de vida a la persona mayor con Alzheimer: un relato de experiencia |
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*Faculdade Estácio de Alagoas (FAL) **Docente da Escola de Enfermagem e Farmácia da Universidade Federal de Alagoas (ESENFAR/UFAL) ***Mestranda de Enfermagem Universidade Federal de Alagoas ****Médico da Secretaria Municipal de Saúde de Maceió/Alagoa (Brasil) |
André Veras Costa* Amuzza Aylla Pereira dos Santos** Elaine Kristhine Rocha Monteiro*** Francisco Carlos Lins da Silva**** |
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Resumo Objetivo: relatar a experiência sobre a assistência de enfermagem prestada a uma idosa com Doença de Alzheimer. Método: estudo descritivo, do tipo relato de experiência, desenvolvido pelo enfermeiro e alunos do curso de Enfermagem. Resultados: Foi utilizado o Processo de Enfermagem baseadas na Classificação Internacional das Práticas de Enfermagem-CIPE® para elaboração de diagnósticos e intervenções. Conclusão: Conclui-se que o acompanhamento e orientações elaboradas pelos alunos em conjunto com o enfermeiro foram essenciais, sendo notável a mudança na vida do idoso, estabilidade da doença e convivência com a mesma. Unitermos: Enfermagem. Idoso. Qualidade de vida. Doença do Alzheimer.
Recepção: 23/06/2014 - Aceitação: 13/10/2014.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 198, Noviembre de 2014. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
As demências são, atualmente, as doenças neurodegenerativas mais impactantes na população acima de 65 anos, sendo a Doença de Alzheimer (DA) responsável por aproximadamente 55% dos casos. Trata-se de doença cerebral crônico-degenerativa, progressiva e irreversível, que tem início insidioso e é marcada por perdas graduais da função cognitiva e distúrbios de comportamento e afeto. A doença apresenta manifestações lentas e evolução deteriorante, prejudicando o paciente nas atividades de vida diária e no desempenho social, tornando-se cada vez mais dependentes de cuidados (BORGHI et al, 2011;apud FALCÃO et al, 2009 & PAULA et al, 2008).
Atualmente, a definição de Qualidade de Vida (QV) mais divulgada e conhecida é a do grupo da OMS, que a define como percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações. Esta definição inclui seis domínios principais: (1) saúde física, (2) estado psicológico, (3) níveis de independências, (4) relacionamento social, (5) características ambientais e (6) padrão espiritual (KEIKA INOUYE et al, 2010).
Na maioria dos casos, o cuidador do idoso com a Doença do Alzheimer não possui conhecimento sobre a doença e suas fases, tendo o enfermeiro papel importante e fundamental para orientar o familiar-cuidador como cuidar do idoso. Além disso, ajuda a trabalhar a convivência diária de ambos, pois este é um fator importante que muitas vezes compromete a Qualidade de Vida do idoso.
Com o passar dos anos a quantidade de portadores de Alzheimer tem aumentado junto com o crescimento da população idosa no país, onde sua maioria não tem condições de viver em sua residência sozinha, sendo necessário o cuidado de um profissional ou familiar, que em sua maioria torna-se o cuidador.
Diante do exposto o estudo teve como objetivo relatar a assistência prestada ao idoso com Alzheimer, como ajuda para qualidade de vida.
Metodologia
Estudo descritivo, do tipo relato de experiência, com uma paciente que apresentou Doença de Alzheimer, sendo desenvolvida Unidade de Saúde Ib Gatto Falcão onde o enfermeiro e alunos do curso de Enfermagem prestaram assistência em todas as fases da doença. A coleta de dados foi realizada no período de agosto de 2012 a janeiro de 2013.
Para realização da coleta de dados foi utilizado o livro de Registro de Consulta de Enfermagem e diários campos, além da análise do prontuário para levantamento documental, bem como a observação direta da evolução clínica da doença pela assistência de enfermagem prestada. A análise dos dados foi baseada nas etapas do Processo de enfermagem: observação, anamnese, diagnóstico e intervenções de enfermagem, consultas aos exames e ao prontuário. Além do levantamento de dados foi realizada uma pesquisa com base nos descritores: Doença do Alzheimer, Qualidade de vida e idoso no DeCS (Descritores em Ciências da Saúde). Utilizando como fonte de dados a Biblioteca Virtual em Saúde (BVS): SCIELO e LILACs.
Resultados
J.C.V., 87 anos, sexo feminino, viúva, natural e residente no estado de Alagoas, morou sua vida toda na cidade de União dos Palmares, morando atualmente na cidade de Maceió na casa de sua filha, em agosto de 2009, ainda em União, começou a apresentar falhas na memória em seu convívio familiar. Procurou seu geriatra que solicitou tomografia computadorizada de crânio e uma avaliação com um neuropsicólogo. Pelo motivo da idosa morar sozinha e voltar para o seu interior, os exames não foram realizados. No final do mesmo ano, seu filho sofre um AVC e no início do ano posterior veio a falecer deixando a idosa em depressão, levando as falhas de memória que tinha anteriormente se agravarem e não permitindo que a mesma voltasse para sua residência. Levando assim, a morar em Maceió. Procurou mais uma vez seu médico que solicitou os exames e neles foi diagnosticada uma demência neurodegenerativa mais conhecida como Doença do Alzheimer.
Em agosto de 2012 a paciente sofreu uma convulsão, agravando ainda mais seu quadro clinico. Seus familiares foram orientados a procurar um o Geriatra, para um melhor diagnóstico do ocorrido. Depois de alguns dias a cuidadora (filha) procurou a Unidade de Saúde para informar que o médico comunicou que convulsão neste tipo de doença é normal.
Para o desenvolvimento de cuidados, a família foi orientada a desenvolver meios que proporcionassem uma melhor qualidade de vida a idosa, informando a importância de deambular, de incentivar a usar a memória e sempre que possível ajudar em atividades diárias que não colocasse em risco a paciente para que ela pudesse viver de forma mais harmônica com os residentes na sua casa, orientando também algumas adaptações que fosse possível para facilitar a mobilidade na residência.
Em uma visita domiciliar, do estágio extracurricular como voluntário na Unidade de Saúde Ib Gatto Falcão, juntamente com a Enfermeira e o Agente de Saúde, foi realizado exame físico na paciente: cabeça/pescoço, calota craniana simétrica/normocefálica, traumática; cabelo brilhante, ondulado e lustroso – boa quantidade, bom estado de higienização, com química. Couro cabeludo com ausência de ferimentos, cicatrizes e parasitas; em sua face, expressão de tristeza, pele com boa higienização, hemiface D simétrica com hemiface E, normocorada; sobrancelhas com implantação normal e bem distribuídas; olhos simétricos, límpidos e brilhantes, pálpebras com oclusão completa, conjuntiva palpebral rósea e bulbar transparente, esclerótica branca e limpa, pupila isocórica com reação direta e consensual a luz, teste de convergência + (positivo), campos visuais superior, lateral e inferior preservados, fundo de olho sem alteração. Transiluminação dos seios frontal e maxilar: normal. Redução de visão bilateral, correção parcial com óculos; ouvidos com sua acuidade auditiva com perda parcial; nariz e suas cavidades paranasais simétricas, sem desvio de septo, com boa higienização, com presença de fibrícias, mucosa íntegra; lábios róseos, sem desvio de comissura, hidratados, sem presença de marcas de dentes, sem lesões, mucosa oral íntegra e normocorada. Arcada dentária reta e completa, língua com saburro, gengivas firmes. Tonsilas, úvula, faringe e palato duro/mole sem alterações. Realizado palpação bimanual das glândulas salivares e submandibulares sem alteração. Sem hipertrofia de tireoide, gânglios pré-auriculares e pós-auriculares impalpáveis, cadeia cervical anterior/posterior impalpável, porém gânglios submandibulares e submentoriano palpáveis; Tórax simétrico, boa expansão, com respiração torácica FR: 18IPM. Tipo morfológico longilíneo, boa postura e sem más formações. Cardiorrespiratório PA: 120x80mmhg; ACV: RCR EM 2T com BNF; PA: 120x80mmhg; FC: 83 bpm; AP: MVU+, em AHT; FR: 18 IPM; P radial 72 bpm; T: 36ºC. Abdominal gastrointestinal de forma plana, tamanho normal, sem flacidez, sem depressões, cicatriz umbilical higienizada e sem presença de incisão cirúrgica, normocorada, ausência de cicatrizes e elasticidade, timpânico, hipoperistáltico com RHA+, indolor a palpação, evacuação fisiológicas presentes, diurese espontânea. Genitália íntegra e higienizada. MMSS e MMII simétricos, aquecidos, bem perfundido e sem dor. Pesa 65 kg e altura 1,63; IMC: 24,46.
Diante da caracterização da paciente, foram traçados os seguintes diagnósticos:
Diagnóstico de enfermagem |
Resultados esperados |
Intervenções de enfermagem |
1. Ansiedade em nível aumentado. |
Ansiedade em nível diminuído. |
1. Explicar os procedimentos; 2. Estimular socialização; 3. Estimular apoio da família; 4. Conversar sobre a doença; 5. Encaminhar serviço de (Psicologia). |
2. Autocuidado em nível diminuído |
Autocuidado em nível esperado |
1. Orientar a família na higiene do paciente; 2. Orientar o cuidador em relação aos cuidados pessoais 3. Observar o cuidador; 4. Higienizar o corpo. |
3. Conhecimento deficiente sobre (Alzheimer) |
Conhecimento sobre a doença melhorado. |
1. Incentivar sobre o auto-cuidado; 2. (Esclarecer dúvidas) do paciente; 3. Educar sobre sobre a (patologia) |
4. Hipertensão em nível aumentado |
Hipertensão em nível controlado. |
1. Monitorar medicação;
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5. Bem-estar em nível diminuído |
Bem-estar em nível melhorado |
1. Promover o bem estar da idosa; 2. Melhorar a qualidade de vida.
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Após aplicação dos diagnósticos e intervenções traçados observou-se que a paciente teve um melhora do diagnóstico e a integração com a família passou a ser fundamental para que o convívio familiar pudesse ajudar de forma positiva no processo de recuperação.
Discussão
Segundo ROSIMERE (2009) as características das etapas evolutivas do Alzheimer e o conjunto de cuidados necessários que se tornam indispensável para a compreensão e entendimento do cuidador que dia após dia o nível de desenvolvimento de algumas atividades se tornam comprometidas, desta forma não só as informações sobre a doença são essenciais como também o ato de cuidar, como foi observado na evolução da paciente do nosso relato de experiência.
O autocuidado é uma forma que o idoso tem para que ele não se torne dependente a realizar atividades simples como um banho, apenas sendo orientado por uma pessoa seja familiar ou cuidador, desta forma evitando uma dependência total de cuidado, tendo como resultado uma melhor qualidade de vida para o idoso.
Segundo MARTINS (2007) no domicílio do idoso implica em novos modos de fazer e saber dos trabalhadores da saúde. De acordo com os diagnósticos propostos nesse estudo, as atividades biopsicossociais são importantes para diminuir o nível de ansiedade do idoso, acontecendo desta forma uma relação interdisciplinar entre os profissionais de enfermagem, educação física, psicólogos, médicos, nutricionistas, onde cada um desses profissionais é responsável por uma função do cuidar, entendendo que no final todos os cuidados tem o mesmo objetivo que é proporcionar uma melhor Qualidade de Vida do idoso.
O raciocínio clínico é conceituado como um processo de pensamento que guia a prática, ou seja, trata-se de um processo dinâmico, composto por uma sequência de pensamento dos enfermeiros ao tomar decisões sobre suas ações e realizar o julgamento clínico da situação clínica apresentada pelo cliente (DAL SASSO, et al,2013)
Segundo SOFIA (2008) a evolução da doença de Alzheimer acarreta a perda de autonomia e independência, as quais se constituem uma geradora de grande dependência dos idosos, mas segundo o nosso relato de experiência é possível ter um controle da doença, ou seja, uma estabilidade da mesma onde a dependência de suas funções se torna parcial, possibilitando o idoso a ter uma vida normal.
Conclusão
Observou-se que o acompanhamento e orientação dos profissionais de saúde são essenciais, sendo notável a mudança na vida do idoso, pode-se observar também que houve uma estabilidade da doença e que é possível conviver com a mesma. Nota-se ainda que a idosa pode ser independente de cuidados básicos, porém percebe-se a necessidade do auxílio de pessoas com intuito de minimizar acidentes.
Desta forma a pesquisa corroborou para que os estudos sejam delineados nesse aspecto com relação à importância da qualidade de vida desses idosos, influenciando aspectos educacionais aos cuidadores destes pacientes, bem como os profissionais de saúde, favorecendo assim um entendimento não só dos cuidadores quanto à melhor atuação profissional e sim do próprio objetivo que é cuidar do idoso portador do Alzheimer, colaborando para uma melhor qualidade de vida desses pacientes e o que pode prolongar a sua vida no sentido de estabilizar a doença.
Referências bibliográficas
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DAL SASSO, GTM et al. Processo de enfermagem informatizado: metodologia para associação da avaliação clínica, diagnósticos, intervenções e resultados. Rev. esc. enferm. USP [online]. 2013, vol.47, n.1, pp. 242-249. ISSN 0080-6234
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