Fatores motivacionais à prática da dança de salão em academias: uma revisão de literatura Factores motivacionales para la práctica del baile de salón en gimnasios: una revisión de la literatura Motivational factors to practice dance hall in academies: a review of literature |
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*Acadêmica do Curso de Bacharelado em Educação Física – Faculdade Santo Agostinho –FSA **Especialista em Treinamento Físico Desportivo Professor da Faculdade Santo Agostinho – FSA ***Especialista em Gestão da Atividade Física, Nutrição e Saúde - FAR Mestre em Alimentos e Nutrição - UFPI Professor da Faculdade Santo Agostinho – FSA |
Samnyelle Lara Batista da Silva* Kácio dos Santos Silva** Antônio Carlos Leal Cortez*** antoniocarloscortez@hotmail.com (Brasil) |
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Resumo Introdução: A dança de salão vem se tornando cada vez mais popular, fato que pode ser observado pela criação de espaços especializados para sua prática, uma vez que podemos enfatizar diversos benefícios, voltados ao desenvolvimento físico, mental e social dos seus praticantes. Objetivo: averiguar fatores motivacionais que incentivam indivíduos à prática da dança de salão em academias. Metodologia: A pesquisa dos artigos foi realizada nas bases Google Acadêmico, SciELO e BIREME, utilizando-se dois conjuntos de intersecção de termos de busca bibliográfica: fatores motivacionais e dança de salão. Resultados: Os resultados apontam para uma gama diversificada de fatores que propiciam qualidade de vida aos praticantes sob diversos aspectos, subjetivos e objetivos, que justificam a procura. Conclusão: Esta revisão constatou que a prática da Dança de Salão é altamente recomendada nas academias, não apenas como exercício aeróbico, mas como atividade aglutinadora e promotora de bem-estar. Unitermos: Dança de Salão. Aspectos motivacionais, Qualidade de vida. Imagem corporal. Esquema corporal.
Abstract Introduction: ballroom dancing is becoming increasingly popular, a fact that can be observed by the creation of specialized spaces for your practice, since we can emphasize different benefits , aimed at physical, mental and social development of its practitioners. Objective: To investigate motivational factors that encourages individuals to practice ballroom dancing academies. Methodology: The survey was conducted of articles in Google Scholar, SciELO and BIREME bases, using two sets of intersection of bibliographic search terms: motivational factors and ballroom dancing. Results: The results point to a diverse range of factors that promote quality of life for practitioners in various aspects, subjective and objective, justifying the search. Conclusion: This review found that the practice of Ballroom Dancing is highly recommended in gyms, not just as aerobic exercise, but as a unifying activity and promotes wellness. Keywords: Ballroom Dancing. Motivational aspects. Quality of life. Body image. Body scheme.
Recepção: 10/08/2014 - Aceitação: 30/10/2014.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 198, Noviembre de 2014. http://www.efdeportes.com/ |
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1. Introdução
O movimento é fundamental aspecto da vida; no ser humano, o movimento é constantemente reelaborado e aperfeiçoado por meio de informações e repetições. Estes estímulos favorecem uma maior destreza de desempenho, que culminam em novas habilidades adquiridas (MAIA et al., 2007).
A dança de salão vem se tornando cada vez mais popular, fato que pode ser observado pela criação de espaços especializados para sua prática (ALMEIDA, 2005). Dessa forma, constitui-se como atividade de ensino, configurando-se como uma forma de intervenção no mundo (FREIRE, 1996). Todavia, em relação ao processo de ensino/aprendizagem da dança de salão, podemos enfatizar diversos conhecimentos, voltados ao desenvolvimento físico, mental e social dos seus praticantes (ZAMONER, 2005).
Questões como a timidez e dificuldade de socialização podem ser superadas ao som da música e no ritmo de cada indivíduo, pois a dança exige comunhão e respeito com outro, seja ele o parceiro(a) com quem se dança ou sejam os outros casais. Isso mostra como a dança conduz ao prazer por meio da cooperação e mostra também que os que dançam são antes de tudo cavalheiros e damas interagindo no seu momento livre de lazer e satisfação. Os sujeitos tornam-se companheiros com um objetivo comum: dançar (FONSECA; VECCHI; GAMA, 2008).
No Brasil, algumas danças de salão são muito populares, entre elas: o forró, o samba de gafieira, o soltinho, o bolero, o tango, o zouk, a lambada, a salsa. Entretanto o referido estudo pretende, através de uma revisão, averiguar fatores motivacionais que incentivam indivíduos à prática da dança de salão.
2. Desenvolvimento
A pesquisa dos artigos foi realizada nas bases de dados Google Acadêmico, SciELO e BIREME utilizando-se dois conjuntos de intersecção de termos de busca bibliográfica: Fatores Motivacionais (alívio do estresse, socialização através da dança, imagem corporal, esquema corporal, bem como suas traduções para o inglês), dança de salão (atividades rítmicas, coreografia, bem como suas traduções para o inglês). Foram pesquisadas também as referências bibliográficas dos artigos incluídos, tendo por base os títulos e o resumo dos artigos e rejeitando-se aqueles que não preencheram os critérios de inclusão ou apresentaram algum dos critérios de exclusão.
Foram pesquisados artigos que avaliaram os fatores motivacionais à prática de dança de salão em academias, sendo incluídos neste trabalho estudos originais e de revisão, que apresentassem resultados referentes à prática de dança de salão, publicados a partir de 1985, nos idiomas inglês, português e espanhol. Foram excluídos os estudos realizados com outros tipos de atividade rítmica em academias.
2.1. Histórico da Dança de Salão
Desde a Idade Média até os dias atuais, a dança de salão vem ganhando popularidade. Como atividade social, a dança de salão ganhou notoriedade no Renascimento, representando culturalmente diversas classes sociais, de acordo com seu formato (RIED, 2003). A dança de salão, ou dança social, praticada por casais, surgiu na Europa entre os séculos XV e XVI. Era apreciada como forma de lazer tanto entre a nobreza quanto entre as classes mais simples, bastante solicitada em festas de confraternização, propiciando o estreitamento de relações, inclusive de relações políticas (PERNA, 2005).
A compreensão histórica da dança de salão oferece uma visão global, que pode contribuir para um entendimento de sua raiz cultural, acessível a todos, independente de segmento social, e de como estas raízes refletiram em nossos dias (MARQUES, 2007).
Em diversos momentos, a Dança de Salão representava a formalidade e o cavalheirismo dos grandes bailes, e é notório que esta tradição permanece, quando se pensa nas danças standarts. A Valsa, por exemplo, é um ritmo que exige respeito, decoro, nobreza de movimentos e educação. Ao Paso Doble, o “olho no olho” é imprescindível. O indivíduo pode aprender com a dança a se impor já que em alguns casos é difícil a pessoa conduzir-se tecnicamente, de forma adequada num salão de baile. Não basta somente seguir o ritmo, é preciso compostura, fineza e delicadeza (DEUTSCH, 1997).
Ainda segundo autor supracitado muitas técnicas e variações foram adicionadas ao estilo ao longo dos séculos, porém, vale ressaltar que estas características remanescentes são o que caracterizam a Dança de Salão. O estilo hoje é sinônimo de elegância, onde se dança pala dança, pelo deleite que ela proporciona na fruição com o par, sem conotações despudoradas ou exageradas.
E neste âmbito, o “tempo” resguardou a Dança de Salão. Volp (1994, apud DEUTSCH, 1997, p.27) confirma, curiosamente, que “o ritmo da dança é tão contagiante que pode até alterar a sensação do tempo”.
2.2. Dança de Salão e Lazer
Para Camargo (1989), o lazer é o tempo precioso onde se pode exercitar com mais criatividade as alternativas de ação ou de participação. O lazer não prescinde necessariamente do esforço ou de regras, pois estes podem ser impulsionadores, a fim de se obter o relaxamento agradável ou uma compleição física mais saudável. O lazer é também compensação ou substituição de algum esforço imposto pela vida social.
Envolver-se com a diversão do momento é um aspecto essencial para quem dança. Embora em outras situações de dança esteja ligada à competição e ao “martírio” de treinos exaustivos, que podem gerar a sensação de vitória e que motive para o prazer final, o lazer em si tem relação com a fruição livre do momento (DUMAZEDIER, 1983).
Marcellino (1995) lembra que lazer também é cultura, e deve ser observado sob a perspectiva social. Busca-se no lazer a satisfação provocada pela situação, onde o traço definidor mais relevante é o caráter desinteressado dessa vivência, cujo objetivo esta na vivência em si mesma.
Na Dança de Salão, a música induz ao jogo, ao entretenimento por regras. Convida ao distanciamento mental de preocupações ou obrigações do dia, na medida em que é imprescindível se concentrar na execução dos passos e na harmonização dos movimentos com os da música e do parceiro. Para aprender um novo passo, o indivíduo deve, de fato, focar sua atenção por completo; mas a concentração da dança de salão é parte do jogo lúdico, e não é sentida como atividade estressante, pelo contrário, a dança favorece a liberação de tensões (RIED, 2003).
Descobrir o prazer na dança é um processo subjetivo, onde o participante deve se permitir ao jogo. No caso da Dança de Salão, o lazer pode advir de uma boa “sintonia” entre os companheiros de dança, bem como da beleza e elegância que os movimentos proporcionam aos apreciadores, que, por sua vez, manifestam o reconhecimento. Este feedback com o público é elemento muito importante (DEUTSCH, 1997).
Contudo, o lazer não está essencialmente ligado ao reconhecimento nem à qualidade dos dançarinos. Independente de público, de habilidade ou idade, o lazer da dança é acessível para qualquer pessoa. A persistência, comprometimento e o exercício podem aumentar a qualidade de vida, pois são motivados pelo prazer do jogo, e em vários aspectos vão proporcionar grandes alegrias. (BOTTOMER, 1998).
A Dança de Salão favorece, portanto, momentos de lazer implicitamente educativos, pois exercita corpo e mente sob uma forma lúdica, envolvente e despretensiosa.
2.3. Dança de Salão e qualidade de vida
A dança permite a sensação de fluxo, ou flow, um fenômeno psicológico de envolvimento total, de entrega, de engajamento, onde o significado do instante completa as lacunas do pensamento consciente e inconsciente, gerando felicidade autêntica (CSIKSZENTMIHALYI, 1997). As atividades que possibilitam o fluxo possuem algumas características, tais como, devem gerar prazer em si mesmas; devem ter um fim em si mesmas, ainda que inconsciente; com ou sem regras; proporcionam aprendizado de habilidades mentais e corporais; proporcionam significado e propósito;
O estado de flow é um dos principais fatores do estado de felicidade. Neste aspecto, a dança converte-se como grande fator de qualidade de vida, pois propicia o estado de flow em sua atividade. Além disso, o movimento corporal melhora o sistema cardiovascular e muscular, compensando efeitos indesejáveis da vida sedentária ou do esforço físico limitado a movimentos restritos. Vale a pena ressaltar que todos, independentes da idade, têm o dever e o direito de serem oportunizados com chances de melhorias na qualidade de vida (RIED, 2003).
A utilização da expressão “qualidade de vida” ganhou várias interpretações. Não há muitos anos, considerava-se qualidade de vida “não estar doente”, não depender de tratamentos, e ter independência financeira (ALMEIDA, 2005). A própria medicina utiliza o termo para designar o movimento em que, a partir de situações de lesões físicas ou biológicas, se oferecem indicações técnicas de melhorias nas condições de vida dos enfermos. A expressão usada é qualidade de vida em saúde (MINAYO; HARTZ; BUSS, 2000).
Contudo, a expressão hoje trata de aspectos que revelam algo muito mais amplo, tal como o grau de satisfação com a vida nos diversos aspectos, social, emocional, e está diretamente ligado ao estilo de vida adotado. Também a visão positiva de si mesmo e do mundo são elementos imprescindíveis. Qualidade de vida, portanto, diz respeito a dados objetivos e subjetivos, ao estado de opções sociais, de saúde, e de percepção da realidade. Nem todas as abordagens clínicas atuais na medicina são direcionadas a esta construção de uma qualidade de vida ampla, onde a Dança de Salão poderia exercer um papel fundamental, inclusive no incremento da sociabilidade (ROCHA E ALMEIDA, 2007).
Outra visão complementar sugere que a qualidade de vida advém da comparação entre as nossas necessidades atuais e expectativas de realização pessoais versus a satisfação de tais necessidades e as possibilidades de se concretizar. A Dança, portanto, pode ser direcionado como um desafio, sobretudo aos inábeis: a visão positiva, originada da satisfação das expectativas de uma apresentação, pode beneficiar a auto-imagem e o condicionamento físico (GOBBI; VILLAR; ZAGO, 2005).
O nível de condicionamento físico é um importante fator de qualidade de vida, visto que interfere na intensidade e disponibilidade corporal de se vivenciar outros aspectos geradores de qualidade. Enquanto o sedentarismo dificulta uma boa qualidade de vida, o contrário também é comprovadamente verdadeiro (GOBBI; VILLAR; ZAGO, 2005). Dessa forma, é possível dizer que a prática da dança de salão combate o sedentarismo e ajuda na melhoria do condicionamento físico, resultando numa melhoria na qualidade de vida. Considera-se como qualidade de vida excelente ou boa aquela que possibilite um mínimo de condições para que as pessoas possam desenvolver o máximo de suas potencialidades, tais como: viver, sentir ou amar, trabalhar, produzindo bens e serviços, fazendo ciência ou artes. (RUFINO NETTO, 1994, apud MINAYO, M. C. S.; HARTZ, Z. M. A.; BUSS P. M., 2000).
Qualidade de vida envolve necessariamente a saúde e o nível de contentamento com a vida (BARROS, 1999). O grau de limitação que determinado comportamento nocivo ou doença impõem a uma pessoa certamente são critérios para avaliação da qualidade de vida, que deve observar a saúde em seu aspecto global. O autor prossegue lembrando que as conquistas básicas, como alimentação, transporte, moradia, lazer, vida sexual e amorosa, realização profissional, relacionamento social, opções, liberdade e segurança financeira, são os elementos de uma vida bem vivida. Trata-se, portanto, de uma síntese cultural, e pressupõe o acesso satisfatório a todos os elementos que determinada sociedade considera seu padrão de conforto e bem-estar (MINAYO; HARTZ; BUSS, 2000).
Para Rocha e Almeida (2007), ir além da rotina, ter prazer em relacionar-se com os outros e a prática de atividade física, são fatores relevantes. O fato é que a Dança de Salão carrega em si o potencial de proporcionar boa parte destes elementos, e a atividade física regular representa apenas um desses fatores. É uma estética existencial, para além da sobriedade das obrigações.
Não há dúvidas de que a prática da Dança de Salão pode beneficiar o praticante em diversos dos aspectos citados, em termos de autoconfiança, ganhos emocionais, respeito e elegância, bem como bem como na melhoria de postura, na educação, nos bons modos, no condicionamento físico, no relacionamento com as pessoas, no convívio social diferenciado, na harmonia com o parceiro, no reflexo – além das variadas sensações subjetivas decorrentes da experiência individual singular. (VOLP; DEUTSCH e SCHWARTZ, 1995)
2.4. Dança de Salão, esquema corporal e imagem corporal
A representação mental das relações entre o corpo e o espaço é chamada de Esquema Corporal. O esquema corporal se vale do sentido da propriocepção para se estabelecer com maior ou menor qualidade sinestésica. Trata-se de uma interação neuromotora que permite ao ser humano estar consciente do seu corpo no tempo e espaço. É evidente a influência genética nesta habilidade, biologicamente favorecida pela organização neurológica, tendo relação com o homúnculo cortical (FREITAS, 2004).
Na Dança de Salão, os esquemas corporais são fundamentalmente requisitados, pois a consciência da anatomia e cinestesia no espaço possibilita a reconfiguração dos movimentos em constantes ajustes, para adaptar-se a novas situações corporais. Quanto mais adequado e rápido o ajuste, melhor é o esquema corporal. Estes ajustes se dão por meio de um mecanismo natural do cérebro humano, denominado plasticidade neural. O cérebro humano tem a capacidade de se reinventar através de sinapses neurais, que podem modificar e aperfeiçoar o esquema corporal em qualquer situação que participe de um movimento (BARROS et al, 2005).
A Imagem Corporal é a representação exata corpo na mente humana, como um mapa que o guia. Qualquer movimento que o corpo realize está inserido neste mapa, como um conceito que se tem da própria corporeidade. Toda experiência sinestésica lá está representada, de modo singular e único, acumulada durante toda existência (TAVARES, 2003). A Imagem Corporal, portanto, se vale do Esquema Corporal prévio (relação entre corpo, espaço e tempo) para consolidar-se. São prolongamentos um do outro. O bebê, por exemplo, antes de ter consciência da própria corporeidade, ganha consciência do movimento no espaço, da idéia de “frente”, “lado”, “dentro”, “fora”, e assim por diante.
Lewis e Scannell (1995) definem a Imagem Corporal como resultado destes estímulos visuais, sensações tácteis, alterável conforme os estímulos ambientais; é uma representação tanto da aparência física quanto do arquivo de movimentos e também de estado de repouso. São sentimentos e atitudes que o indivíduo tem em relação ao próprio corpo, resultando de uma interação dinâmica entre percepção e concepção (LEWIS e SCANNELL, 1995). A consciência da Imagem Corporal, portanto, é imprescindível; já os esquemas já estão presentes, mesmo inconscientemente.
Para Le Boulch (1984) o esquema corporal é o imediato reconhecimento que o corpo faz da inter-relação das suas partes com o ambiente que o cerca e com os objetos com os quais entra em contato. Não há como separar completamente imagem corporal de esquema corporal, pois são uma continuação, indissociáveis no processo de maturação sensório-motora. Apresentam definições bem distintas, mas nem sempre estão claramente definidas (SCHAFFHAUSER e BREUER, 2007). O esquema corporal integra sucessivos sinais proprioceptivos que complementam a consciência da imagem corporal (MARAVITA e IRIKI, 2004). Poder-se-ia atribuir à imagem corporal características psicológicas, enquanto o esquema corporal é fundado em características organogenéticas. A Dança de Salão, na medida em que explora um acervo variado de movimentos acompanhados do aspecto rítmico e compartilhado, contribui para o enriquecimento tanto do esquema quanto da imagem corporal.
2.5. Aspectos motivacionais relacionados à Dança de Salão
Podemos elencar uma lista de benefícios relacionados à prática da Dança e Salão:
socialização e interação ativa;
diminuição do estresse e elevação do eustresse (SCATENA, 1990);
potencialização da qualidade de vida em vários aspectos (ROCHA; ALMEIDA, 2007)
fortalecimento de relações afetivas (SCATENA, 1990);
auto-anamnese sensório-motora, conhecimento do próprio corpo, de seus limites, vivenciados através da alegria da expressão corporal (FREITAS & BARBOSA apud D'AQUINO; GUIMARÃES; SIMAS, 2005).
Flores (2003) adiciona (ou reforça) aos benefícios da dança o aperfeiçoamento da coordenação motora, tonificação e aumento de massa muscular, elevação da auto-estima, desligamento de bloqueios psicológicos, diminuição de doenças, flexibilidade, sofisticação do ritmo, da agilidade e da percepção espacial e aumento do ciclo de relações sociais.
A diminuição do estresse é reafirmada em pesquisa aplicada a jovens adultos, praticantes de Dança de Salão (ROCHA e ALMEIDA, 2007). Aumento da disposição, diminuição de gordura corporal, reeducação postural e amenização de dores de coluna são outros benefícios colocados.
A libertação de tensões, a experiência de partilha e o prazer da prática da atividade física, quando compreendido, estão entre os principais motivos que levam as pessoas a dançar (VOLP; DEUTSCH; SCHWARTZ, 1995). Segundo o modelo do exercício como terapia, de BECKER JR (2000), a Dança de Salão pode ser classificada como exercício e esporte de apoio social, pois o lazer compartilhado em grupo se torna um dos grandes incentivos contra o sentimento de solidão e isolamento social, que por ventura possam aparecer. A Dança promove aproximação e cumplicidade, e em decorrência, pode fortalecer laços de amizade, afinidades e grupos com empatias mútuas (SCATENA, 1994).
Muitos praticantes se envolvem a tal ponto com a Dança de Salão que fazem dela sua atividade regular. Bem longe de representar modismos, é um estilo que já se consolidou há muito tempo. Os benefícios da atividade conquistam os curiosos que, a princípio, queriam apenas conhecer ou testar uma nova modalidade de lazer (ROCHA e ALMEIDA, 2007).
3. Conclusão
A Dança de Salão possui diversos fatores motivacionais relevantes que atraem os praticantes e justificam objetivamente a sua prática: melhora em condicionamento físico, fitness emocional, coordenação motora, valorização do outro, fortalece os relacionamentos interpessoais, melhora o humor, a disposição em vários aspectos, diminui o estresse, gera engajamento e flow, melhora a acuidade sensorial, a sensibilidade artística, a saúde como um todo, o autoconhecimento corporal e mental, a educação, elegância, além do combate às doenças.
O incentivo educacional à dança de salão é, portanto, uma proposta condizente com a promoção do bem-comum. Políticas públicas poderiam ser intensificadas tendo em vista o desenvolvimento da dança como um todo, haja vista tamanhos benefícios associados. Ademais, em um país como o Brasil, onde culturalmente relaciona-se o ato de dançar com “carnaval” e “luxúria”, a Dança de Salão emerge com um diferencial de elegância e compostura para equilibrar nossas nuances culturais.
Esta revisão constatou que a prática da Dança de Salão é altamente recomendada nas academias, não apenas como exercício aeróbico, mas como atividade aglutinadora e promotora de bem-estar. A Dança de Salão pode ser aproveitada em seu aspecto educacional, de saúde ou de lazer/prazer. Envolve corpo, razão e emoção, e deve assim ser conduzida. Quanto mais se explorar ao máximo seu potencial motivador, mais benefícios intrínsecos trarão à sociedade.
Referências
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