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Estado de crescimento e proporcionalidade corporal 

em crianças e adolescentes escolares de Mirabela, MG

Estado de crecimiento y proporcionalidad corporal en niños y adolescentes de escuelas de Mirabela, MB

 

*Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES

Departamento de Educação Física e do Desporto

GEPOB – Grupo de Estudos e Pesquisa em Obesidade, Sobrepeso e Atividade Física.

**Licenciada em Educação Física – UNIMONTES

(Brasil)

Alex Sander Freitas*

Camila Lopes Queiróz**

Janilson de Assis Miranda*

Ênio Pacífico Farias Júnior*

Andréia Luciana Ribeiro de Freitas*

alexcarate@uol.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo foi analisar o estado de crescimento e proporcionalidade corporal em crianças e adolescentes com idades de 10 a 16 anos da cidade de Mirabela – MG. A amostra foi constituída por 240 indivíduos sendo 120 meninas e 120 meninos. Para obtenção dos resultados foram utilizadas as variáveis sexo, idade, peso, altura, altura sentada, envergadura, e idade da menarca para as meninas. Para o tratamento estatístico os dados recolhidos foram introduzidos no software SPSS 16.0 for Windows. Foram utilizados procedimentos de estatística descritiva para caracterização da amostra, para as comparações entre os grupos foi utilizado o Teste “t” de Student para amostras independentes, e quando se fez necessário foi utilizada a análise de variância ANOVA (one way). Em todos os casos foi adotado um nível de significância de p=0,05. Estes evidenciaram que não houveram diferenças significativas no peso e altura comparando-se as médias de meninas e meninos. Para a altura sentada as meninas apresentaram média de 80,30cm enquanto que para os meninos esse valor ficou em 78,70cm. A envergadura média dos meninos foi maior (157,05cm) que a das meninas (154,96cm). Do mesmo modo o comprimento dos MMII médio foi maior para eles (79,34cm) em relação a elas (76,73cm). Já no IMC as meninas alcançaram valor médio superior (18,89kg/cm²) ao dos meninos (17,94kg/cm²). Estes resultados indicam que as meninas iniciam seu estirão de crescimento mais cedo que os meninos. A idade média de ocorrência da menarca foi de 11,93 anos com idade mínima de 9 anos e máxima de 15 anos. Meninas que já experimentaram a menarca provavelmente já iniciaram o estirão de crescimento, pois apresentaram médias maiores em relação as que não tiveram de acordo com as variáveis peso (39,24kg - 51,51kg), altura (150,43cm – 160,86cm), altura sentada (76,09cm – 82,74cm), envergadura (147,55cm – 159,25cm), comprimento dos MMII(74,34cm – 78,12cm) e IMC (17,25kg/cm² - 19,83kg/cm²). Concluiu-se que o estado de crescimento das crianças e adolescentes da cidade de Mirabela- MG obedece um padrão contínuo de crescimento para ambos os sexos e para todos as idades. Diferenças dimensionais na proporcionalidade corporal são mais evidentes durante o estirão de crescimento que engloba principalmente a fase da adolescência, já que quando crianças essas diferenças são em sua maioria imperceptíveis.

          Unitermos: Crescimento. Maturação. Proporcionalidade. Menarca.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 198, Noviembre de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O crescimento é uma ação biológica que afeta o corpo em sua totalidade e em partes específicas. Está presente desde a concepção até a idade adulta. Seu processo se deve basicamente a três fatores: a hiperplasia (aumento no numero de células); a hipertrofia (aumento no tamanho das células) e acreção (aumento das substâncias intracelulares) (MALINA; BOUCHARD, 2002).

    A maturação é um processo que está relacionado ao caminho ao estado maduro ou a idade adulta. É um processo que envolve avaliação de vários indicadores como maturação esquelética, dental, sexual e somática, podendo ser analisados em conjunto ou separadamente (MALINA; BOUCHARD, 2002).

    O crescimento, a maturação e a proporcionalidade corporal de crianças e adolescentes tem sido frequentemente estudados com a finalidade de se obter informações sobre o estado de saúde de determinada população com também comparar estados de crescimento com padrões para determinadas idades e sexos (PIRES; LOPES, 2004). A proporcionalidade corporal está ligada as dimensões corporais, e analisa o sujeito quanto ao seu tamanho e forma (BÖHME, 2000).

    A maturação sexual é comumente relacionada a fatores de crescimento com o ganho de peso e altura durante o estirão de crescimento. Para as meninas, além da utilização de caracteres sexuais secundários como meio de avaliação, a idade da menarca é um importante marcador de maturação para elas (ALVES, 2006).

    Dessa forma, este estudo objetivou comparar o estado de crescimento e a proporcionalidade corporal de crianças e adolescentes de escolas públicas da cidade de Mirabela – MG.

Metodologia

    O presente estudo é caracterizado como descritivo, o tipo de análise foi quantitativa e correlativa, com corte transversal. O estudo atingiu a população escolar da cidade de Mirabela-MG com idade entre 10 e 16 anos. A amostra foi composta por 240 crianças e adolescentes de 10 a 16 anos escolhidas aleatoriamente, pertencentes às 4 escolas existentes na cidade, dessas, duas municipais e duas estaduais.

    Para realização do trabalho, foram avaliadas variáveis em duas categorias, sendo somáticas simples e maturacional. As medidas das variáveis antropométricas foram realizadas de acordo com os parâmetros antropométricos, metodologias e técnicas propostas por Lohman et al. (1988). Para a verificação do nível maturacional, recorreu-se à avaliação do indicador para tal, sendo a maturação sexual das meninas através da identificação da idade da menarca obtida pela utilização do método retrospectivo que, de acordo com Malina; Bouchard (2002) consiste em método simples pelo qual as meninas foram entrevistadas através de um inquérito. Para a realização da coleta dos dados das variáveis somáticas foram utilizados uma balança Tech Line com precisão de 100g, fita métrica metálica com precisão de 0,1cm.

    Os dados recolhidos foram introduzidos no software SPSS 16.0 for Windows a fim de se realizar o tratamento estatístico dos mesmos. Foram utilizados procedimentos de estatística descritiva para caracterização da amostra, para as comparações entre os grupos foi utilizado o Teste “t” de Student para amostras independentes, e quando se fez necessário foi utilizada a análise de variância ANOVA (one way). Em todos os casos foi adotado um nível de significância de p=0,05.

    Todas as informações obtidas na coleta dos dados através dos sujeitos da amostra serão mantidas no anonimato, de acordo com a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde que regulamenta as pesquisas envolvendo seres humanos no Brasil.

Apresentação e discussão dos resultados

Tabela 01. Análise descritiva e variação do estado de crescimento por sexo

    A tabela 01 traz a caracterização da amostra. São apresentadas as variáveis somáticas bem como suas médias e desvios-padrão de acordo com o sexo. Observou-se que a média para o peso corporal foi de 47,019kg para meninas e 45,593Kg para meninos, os dois apresentaram um desvio-padrão relativamente alto para esta variável, 10,32 para elas e 11,66 para eles evidenciando uma grande variação individual na amostra. Na variável altura a média foi de 157,03cm para as meninas 158,04cm com para meninos com desvio padrão de 8,33 e 13,05 respectivamente. A Altura sentada (comprimento do tronco) apresentou média de 80,30cm para meninas e 78,70 cm para meninos. A envergadura teve média de154,96cm para elas e 157,05cm para eles. O Comp. MMII (comprimento dos membros inferiores) médio foi de 76,73cm em meninas e79,43 em meninos e o IMC de 18,89kg/cm²e 17,94kg/cm² respectivamente.

    As variáveis que apresentaram nível de significância(p) menor ou igual a 0,05 foram aquelas que obtiveram diferenças significativas em seu resultado. Dada à amostra o peso e a altura não mostraram diferenças significativas entre meninas e meninos, porém altos valores de desvios-padrão indicam uma grande variabilidade individual da amostra, já que a pesquisa englobou escolares de 10 a 16 anos.

    A altura sentada é maior para meninas que para meninos, confirmando a ideia de que as meninas iniciam seu estirão de crescimento mais cedo, época em que o crescimento do tronco se sobressai ao aumento dos MMII (FRAGOSO, 2011). Inversamente o comp. dos MMII para os eles foi maior já que demoram um pouco mais para iniciarem esse estirão (MALINA; BOUCHARD, 2002).

    Verificou-se que o IMC para as meninas foi maior, comprovando que essas são maiores e mais pesadas por um determinado tempo. Isso ocorre porque elas têm o surto de crescimento o mais cedo (por volta 10 anos), e rapidamente ganham peso e altura, já para eles essa fase demora um pouco mais (entre 12 e 13 anos). Mas quando os meninos atingem essa fase, em sua maioria, alcançam e ultrapassam as meninas em peso e altura (PAPALLIA: OLDS, 2000).

    A Tabela 02 apresenta os resultados de média e desvio-padrão para a idade de acordo com cada variável analisada. Sendo a idade mínima de 10 anos e a máxima de 16 anos Observa-se que à medida que a idade aumenta a média para cada idade também aumenta em todas as variáveis, evidenciando que o crescimento é um processo contínuo e progressivo (PAPALLIA; OLDS, 2000). Segundo Malina; Bouchard (2002), ambos os sexos seguem o mesmo curso de crescimento, tendo alterações no padrão idade semelhantes em todas as crianças.

Tabela 02. Variação do estado de crescimento de acordo com a idade

    Em seu estudo com crianças de 10 a 14 anos no estado de Santa Catarina, Machado; et al (2011) observou que os indivíduos da amostra apresentaram um aumento na estatura, no peso e consequentemente no IMC em função da idade, como era esperado. Corroborando, Minatto et al (2010) também constatou um aumento crescente nos valores destas variáveis com o avançar da idade.

    Do mesmo modo Pires; Lopes (2004) encontram valores semelhantes aos deste estudo conforme a figura a seguir, que indicam um aumento nos valores conforme a idade avança, sendo as meninas mais pesadas que os meninos apenas aos 11 anos, explicado pelo fato de iniciarem o estirão de crescimento mais cedo. Contudo, os meninos, assim que iniciam o processo se igualam e ultrapassam-nas nos valores para massa corporal. Entretanto no presente estudo não foram encontradas diferenças significativas para peso corporal relacionada ao sexo, possivelmente pela alta variabilidade da amostra.

Figura 01. Valores de média, desvio-padrão e da estatística “F” quanto à influência do sexo, 

da idade e da interação entre sexo*idade nas variáveis de massa corporal e estatura

Fonte: Adaptado de Pires; Lopes (2004) referente à média de acordo com a idade para massa corporal e estatura em moças e rapazes de Santa Catarina

 

Tabela 03. Idade média de ocorrência da menarca

    A idade média de ocorrência da menarca foi de 11,93 anos com desvio-padrão de 1,11. A idade mínima foi de 9 anos e a máxima de 15,sendo que 76 de um total de 120 meninas relataram já ter passado por esse evento de acordo com a utilização do método retrospectivo proposto por Malina; Bouchard (2002). Rodrigues; et al. (2009) encontraram em seu estudo com meninas de 10 a 16 anos uma média igual a 11,1 e desvio-padrão de 0,7.

    Do mesmo modo Moreira; et al (2004) em estudo realizado com jovens sambista do Rio de Janeiro com faixa etária entre 9 e 16 anos, verificou a idade média da menarca, através do método retrospectivo e status quo, sendo que o valor médio para essa variável foi de 12,19 anos de modo que a idade mínima para a ocorrência foi de 8,9 anos e máxima próximo dos 16.

    Esses estudos indicam uma diminuição na idade média da menarca que está possivelmente relacionado a fatores ambientais, nutricionais e sociais, de forma que Moreira; et al (2004) acrescenta que essa diminuição pode, ainda, estar ligada a elevados valores de massa corporal total e de massa gorda/idade.

Tabela 04. Relação de ocorrência da menarca com variáveis somáticas

    A tabela 5 evidencia os resultados obtidos através da relação entre a ocorrência da menarca e as variáveis somáticas. Esses resultados indicam que em todas as variáveis os valores são maiores nas meninas que já passaram pela menarca. Esse fato é explicado em vários estudos (TOURINHO FILHO; TOURINHO, 1998; MOREIRA et al, 2004; RODRIGUES et al, 2010; MINATTO et al, 2010; RÉ, 2011), já que a menarca é um marco na maturação sexual e somática, ou seja, as meninas que já menstruaram provavelmente já iniciaram o seu estirão de crescimento.

Conclusão

    Foi possível concluir que amostra avaliada apresenta um estado de crescimento e maturação progressivo, pois à medida que os sujeitos ficam mais velhos as médias das variáveis (peso, altura, alt. sentada, envergadura, comp. MMII e IMC) aumentam em relação à idade. Para crianças de 10 anos a média de peso e altura foi de 36,37Kg e 145,95cm respectivamente; da alt. sentada foi 73,68cm; da envergadura 143,11cm; do comprimento dos MMII 72,26cm e por ultimo o IMC de 16,81kg/cm². Para as de 16 anos essas médias ficaram em 58,22kg e 168,81cm para peso e altura. A altura sentada para estas apresentou média de 82,81cm; para envergadura 168,90cm; para o comprimento dos MMII 83,00cm e para o IMC 29,49kg/cm². Estes resultados também indicam que os sujeitos passam por alterações significativas na morfologia e na proporcionalidade corporal a partir do inicio do estirão de crescimento até o final do processo de crescimento e maturação. Tais alterações são visíveis principalmente durante a fase da adolescência.

    No que diz respeito ao sexo não houveram diferenças significativas nas variáveis de peso e altura. Já para a altura sentado, e IMC os valores para as meninas foram maiores (80,30cm; 18,89kg/cm² com p=) que para os meninos (78,70cm; 17,94kg/cm²). Inversamente, a envergadura e o comp. dos MMII foram maiores para os meninos (157,05cm; 79,34cm) que para as meninas (154,96cm; 76,73cm), indicando que eles iniciam o estirão mais tarde do que as meninas. Essas diferenças dimensionais nos segmentos de ambos os sexos levam a crer que até atingirem o PVC os sujeitos podem apresentar uma aparência desproporcional.

    Para a maturação sexual foi determinada a idade média da menarca para as meninas que foi de 11,93anos com desvio-padrão de1, 11, bem como as idades mínima e máxima de sua ocorrência que foram de 9 e 15 anos respectivamente. Ao relacionar a menarca com as variáveis somáticas constatou-se que as meninas que já experimentaram esse evento apresentam médias mais elevadas em relação as que ainda não menstruaram. O valor médio da altura pré-menarca, por exemplo, foi de 150,43cm e pós de 160,86; o peso foi 39,24kg pré e 51,51kg pós. Fatores que indicam que meninas pós-menarca já iniciaram seu estirão de crescimento.

    Portanto conclui-se que o estado de crescimento das crianças e adolescentes da cidade de Mirabela- MG obedece a um padrão contínuo de crescimento para ambos os sexos e para todas as idades. Diferenças dimensionais na proporcionalidade corporal são mais evidentes durante o estirão de crescimento que engloba principalmente a fase da adolescência, já que quando crianças essas diferenças são em sua maioria imperceptíveis. A maturação sexual está diretamente ligada à ocorrência da menarca para as meninas assim como sua ocorrência é um indicador de que a criança já está em fase de crescimento acelerado. Contudo são necessários novos estudos na área a fim de se comparara o crescimento e proporcionalidade de crianças e adolescentes.

Referências

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