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Consumo de suplementos alimentares
por praticantes de musculação e natação

Consumo de suplementos nutricionales por parte de practicantes de musculación y natación

 

*Integrantes do Núcleo de Estudos em Exercício Físico e Saúde (NESEFIS) - UFSM

** Profª Drª Coordenadora do NESEFIS

(Brasil)

Nicanor da Silveira Dornelles*

Fabiane Dias de Bitencourt*

Verônica Silva Rufino Dornelles*

Cati Reckelberg Azambuja*

Daniela Lopes dos Santos**

profnica@pop.com.br

 

 

 

 

Resumo

          Pesquisas científicas apontam que a dieta é capaz de suprir a necessidade de nutrientes fundamentais para uma vida saudável. Na atualidade, porém, frente à quantidade de responsabilidades e compromissos que os indivíduos estão submetidos, as pessoas têm encontrado certa dificuldade em realizar uma alimentação balanceada e correta. Logo, cresce o interesse pelo uso de suplementos alimentares. Desta forma, esta pesquisa objetivou verificar o consumo de suplementação nutricional por praticantes de musculação e natação. A pesquisa caracterizou-se como descritiva composta por 40 indivíduos de ambos os sexos, sendo 20 praticantes de musculação e 20 praticantes de natação. Como instrumento de avaliação foi utilizado o Questionário PUSA (Perfil dos Usuários de Suplemento Alimentar) proposto por Albino et al. (2009). Os resultados apontaram prevalência de 32,5% (n=13) na utilização de suplementação. Entre os praticantes de musculação (n=20), 45% (n=9) faziam uso de suplementação, onde 35% (n=7) eram do sexo masculino e 10% (n=2) do sexo feminino. Os suplementos mais utilizados por este grupo incluiu os de base protéica, glicídios, repositores eletrolíticos e vitaminas. Em relação aos praticantes de natação (n=20), os dados revelaram que 20% (n=4) utilizavam suplementação, onde, 10% (n=2) eram do sexo masculino e 10% (n=2) do sexo feminino. Foi relatado que os suplementos mais consumidos por este grupo englobavam os repositores eletrolíticos e os complexos vitamínicos. Analisando os dados notou-se que a indicação para o consumo da suplementação ocorreu em 38,5% (n=5) pelos instrutores do exercício físico, 38,5% (n=5) por iniciativa própria, 15,4% (n=2) pelos nutricionistas e 7,7% (n=1) por médicos. Conclui-se que a maior ocorrência de utilização destes produtos foi entre os praticantes de musculação e na maior parte dos casos o consumo não foi indicado pelo nutricionista ou pelo médico, o que pode causar transtornos metabólicos, caso haja consumo excessivo e sem orientação. O estudo contribui para alertar quanto ao uso de suplementação e a necessidade de uma adequada orientação por profissional da saúde habilitado, seja ele um nutricionista ou um médico.

          Unitermos: Suplementos alimentares. Musculação. Natação.

 

Recepción: 18/10/2014 - Aceptación: 12/11/2014.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 198, Noviembre de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Nos dias atuais, o paradigma da beleza é retratado pelos corpos atléticos com a musculatura muito bem definida e um baixo percentual de gordura. O objetivo da estética corporal tem servido para beneficiar a manutenção da saúde e a qualidade de vida de quem pratica atividades físicas regularmente. Com isso, o homem vem se conscientizando da importância da prática das atividades físicas, sendo que diferentes são as razões que o levam a se exercitar, dentre elas, a estética, a saúde, a preparação física e a qualidade de vida (NOVAES, 2001).

    O AMERICAN COLLEGE OF SPORT MEDICINE - ACSM (2002) estabelece como índices de boa saúde e boa qualidade de vida o controle dos parâmetros de aptidão física: percentual de gordura, condicionamento cardio-pulmonar, flexibilidade, força e resistência muscular localizada (RML).

    Pela diversificação das atividades propostas, as academias passaram a ter um lugar de destaque na realização das atividades físicas, Os clientes podem optar pela musculação, passando por várias modalidades de ginástica (aeróbica, local, step, body pump, funk, afro, natação, hidroginástica, lutas, squach, tênis) e até pelas atividades mais recentes no mundo do fitness, como bikeclass, spinning, aerobox, slide e outros. (NOVAES & VIANNA, 2003).

    A busca por um corpo mais bonito propicia às pessoas um estilo de vida mais saudável, com a mudança de hábitos de vida e de alimentação. Porém, frente à quantidade de responsabilidades e compromissos que os indivíduos estão submetidos, as pessoas têm encontrado certa dificuldade em realizar uma alimentação balanceada e correta, o que faz crescer o interesse pelo uso de suplementos alimentares.

    A suplementação da dieta é recomendada apenas em situações específicas. Entretanto, os suplementos são apresentados aos consumidores como uma forma de se alcançar os resultados desejados da atividade física em menor tempo, mesmo que sua recomendação para melhora do desempenho físico seja contraditória (ADAM et al., 2013).

    Defini-se por suplementação nutricional principalmente as seguintes substâncias incluídas na dieta: vitaminas, minerais, ervas e botânicos, aminoácidos, metabólicos e as combinações desses componentes (WILLIANS apud ALBINO et al., 2009).

    Pesquisas apontam que o uso de suplementos entre a população não atleta é expressiva, principalmente entre o público praticante de exercício físico (HIRSCHBRUCH et al., 2008; ALBINO et al., 2009). Além disso, a associação da dieta inadequada com o consumo exacerbado de suplementos alimentares, sem a orientação e supervisão de um profissional qualificado, pode ocasionar vários transtornos metabólicos aos indivíduos, afetando especialmente os rins, a taxa de glicemia e os níveis de colesterol, além de não colaborar efetivamente com as modificações na composição corporal (NOGUEIRA et al., 2013).

    Desta forma, esta pesquisa objetivou verificar o consumo de suplementação nutricional por praticantes de musculação e natação.

Metodologia

    O presente estudo trata-se de uma pesquisa descritiva. Para Mattos et al. (2004) o método de pesquisa descritiva busca constatar com precisão a regularidade que um fenômeno acontece e sua correlação com outros fatores.

    A amostra deste estudo foi composta por 40 indivíduos de ambos os sexos, sendo 20 praticantes de musculação e 20 praticantes de natação, de uma academia do município de Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil. Dos 40 indivíduos avaliados, foi encontrada a média e o desvio padrão de idade de 32,15±9,46 anos. Todos os participantes preencheram e entregaram um termo de consentimento livre e esclarecido.

    Os materiais utilizados para a coleta de dados foram os seguintes: uma balança eletrônica da marca Cadence com precisão de 100 gramas e capacidade para 180 kg, um estadiômetro compacto tipo trena da marca Sanny, um adipômetro clínico da marca Cescorf com precisão de 0,1 mm, e com pressão aproximada de 10g/mm². Como instrumento foi utilizado um Questionário sobre Alimentação e Suplementação adaptado do Questionário Saúde na Boa (NAHAS et al., 2012) e o Questionário PUSA (Perfil dos Usuários de Suplemento Alimentar) proposto por Albino et al. (2009). Também foi aplicado nos participantes, o Questionário Internacional de Atividade Física – IPAQ, na sua versão curta (MATSUDO, 2001) a fim de determinar os indivíduos ativos. Para realizar o procedimento de verificação das dobras cutâneas utilizou-se o estudo de Petroski para homens (1996) aferindo as seguintes dobras: tríceps, subescapular, supra-ílica e da panturrilha medial e o estudo de Petroski para mulheres (1995) aferindo-se as seguintes dobras: supra-ílica, axilar média, coxa e panturrilha. Os dados foram tabulados em uma Planilha de Excel da Microsoft Corporation 2003, através da qual foi utilizada a estatística descritiva em termos de médias, desvio padrão, percentual e freqüência.

Resultados e discussão

    O estudo foi estruturado de forma a permitir verificar a utilização e a indicação de suplementos alimentares e os hábitos nutricionais nos indivíduos praticantes de musculação e natação; como também verificar o percentual de gordura através das dobras cutâneas e o estado nutricional através do Índice de Massa Corporal (IMC).

    A tabela 1 apresenta a caracterização da amostra em termos de idade, peso corporal e estatura.

Tabela 1. Características da amostra do estudo em termos de idade, peso, estatura e IMC

    Observando as variáveis: idade, peso e estatura contatou-se que a média de idade é semelhante em ambos sexos, que os homens são mais pesados apresentando uma média de 79,7 kg (±9,32) e mais altos 1,75 m (±0,06).

    Durante o estudo utilizou-se o IPAQ a fim de assegurar que os praticantes de musculação e natação eram ativos. Segundo a classificação do CELAFISC (2002) os praticantes de musculação e de natação foram determinados como ativos e muito ativos.

    Utilizou a Classificação do IMC feita pela Organização Mundial da Saúde (1997) e a Classificação do Percentual de Gordura de acordo com Lohman (1992 apud HEYWARD & STOLARCZYK, 2000) para avaliar os resultados da pesquisa.

    Nas Tabelas 2 e 3 apresenta-se a média e o desvio padrão relacionados ao percentual de gordura respectivamente para mulheres e homens.

Tabela 2. Relação de percentual de gordura e IMC para mulheres

    As praticantes de musculação e natação foram classificadas como eutróficas com relação ao IMC de acordo com a OMS (1997), já em relação ao seu percentual de gordura de acordo com Lohman (1992 apud HEYWARD & STOLARCZYK, 2000) as avaliadas classificaram-se como acima da média.

Tabela 3. Relação do percentual de gordura e IMC para homens

    Os homens foram classificados com sobrepeso com relação ao IMC conforme a classificação proposta pela OMS (1997). A justificativa se dá no próprio exercício físico, onde existe a probabilidade de um aumento da massa corporal que interfere diretamente no valor do IMC, logo é preciso aliar outras variáveis para que seja considerado mais fidedigno como no caso utilizou-se o percentual de gordura que teve seu menor valor nos praticantes de musculação com média de 16,70±6,16, seguidos dos praticantes de natação 23,71±5,68. Em relação ao percentual de gordura de acordo com Lohman (1992, apud HEYWARD & STOLARCZYK, 2000) estes valores encontram-se um pouco acima da média.

    Ainda foi abordado o tema nutricional onde se observou o comportamento quanto à alimentação e a ingestão de suplementos. Percebeu-se após a análise do questionário que a maior parte da amostra geral não utiliza suplementação; de 40 indivíduos 13 indivíduos (32,5%) utilizam a suplementação. Corroborando o estudo de Barbosa et al. (2011), com 30 pessoas entre 20 e 40 anos praticantes de musculação, que apontou o resultado percentual (36,7%) de indivíduos que utilizavam suplementos. Percentual ainda maior de consumo entre freqüentadores de academias foram encontrados por Gomes et al. (2008) ao avaliar 102 indivíduos em dez diferentes academias de Ribeirão Preto-SP relatou que 52% fazia uso, e por Santos & Santos (2002) ao estudar 100 alunos do sexo masculino freqüentadores de academias de Vitória-ES, encontrando uma freqüência de 76% do uso de suplementos.

    A tabela 4 apresenta os valores da utilização de suplementação pelos avaliados estratificados por sexo.

Tabela 4. Utilização de suplementação pelos avaliados estratificados por sexo

    Quando se analisa individualmente os grupos nota-se que 45% (n=9) dos praticantes de musculação utilizam suplementação, destes 35% de homens (n=7) e 10% (n=2) de mulheres. Entre os suplementos mais utilizados por este grupo estão os de base protéica, glicídios, repositores eletrolíticos e vitaminas. Entre os praticantes de natação os dados revelaram que 20% (n=4) utilizam suplementação, entre estes 10% (n=2) de mulheres e 10% (n=2) de homens. Entre os suplementos mais consumidos por este grupo estão os repositores eletrolíticos e os complexos vitamínicos.

    O comércio de suplementos é controlado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que publicou em 27 de abril de 2010 a resolução RDC nº 18 dispondo sobre alimentos para atletas (BRASIL, 2010). Nesta publicação, seis classes de suplementos foram denominadas para os produtos abrangidos por este regulamento, sendo todas dirigidas para atletas. No entanto, uma vez considerada alimento, a totalidade destes suplementos são considerados de venda livre, sendo facilmente comercializados para a população em geral.

    Outro fator importante quanto à suplementação é quanto à indicação do seu uso, se ocorre por nutricionistas e médicos ou de outra forma.

    A tabela 5 apresenta os valores da indicação do consumo de suplementação pelos avaliados.

Tabela 5. Indicação do consumo de suplementos.

    Analisando os dados notou-se que a indicação para o consumo da suplementação ocorre em 38,5% (5) pelos instrutores da atividade física e 38,5% (5) por iniciativa própria. Apenas 15,4% (2) ocorre por nutricionistas e 7,7% (1) por médicos. Em um estudo feito por Domingues e Marins (2007) as maiores fonte de informação quanto ao consumo de suplementos e recursos ergogênicos foram: amigos (55%), vendedores (38%), internet (33%) e profissionais de Educação Física (51,5%). Barbosa et al. (2011), em seu estudo destaca que a maioria (45,45%) dos consumidores de suplementos alimentares obteve informação a respeito dos produtos utilizados por meio de amigos, sendo que apenas (18,2%) recebeu a indicação do consumo por um nutricionista. Já Santos et al. (2014) em seu estudo com praticantes de musculação destaca que a introdução dos produtos suplementares na dieta, teve indicação de amigos (26,47%) e em segundo lugar por um Nutricionista (22,06%), demonstrando que o profissional competente dessas atribuições acaba não tendo tanta importância, abrindo espaço do consumo de suplementos sem orientação ou orientação por quem não está apto, sendo o fato preocupante principalmente pelo fácil acesso a esses produtos.

    De acordo com a Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte, a suplementação alimentar deve ficar restrita aos casos especiais, nos quais a eventual utilização deve sempre decorrer da prescrição dos profissionais qualificados para tal, que de acordo com a legislação vigente no país, são os nutricionistas e os médicos especialistas (SBME, 2003).

    Segundo Maughan et al. (2007), existem diferentes classes de recursos ergogênicos sendo o carboidrato, as vitaminas e os aminoácidos de cadeia ramificada os de mais fácil acesso e baixo custo e portanto os mais populares entre atletas e praticantes de exercício físico. Porém o consumo de suplementos alimentares deve ser consciente e de real necessidade, Fahya et al. (2013) destaca que a popularização destes produtos pelo marketing leva a usos errôneos, com dosagens e tempos inapropriados.

    No estudo feito por Sichieri et al. (2000) as principais mensagens quanto à alimentação incluem: consumo de alimentos variados, em 4 refeições ao dia; manutenção de um peso saudável; aumento da atividade física diária; ingestão de arroz e feijão todos os dias, acompanhados de legumes e vegetais folhosos; ingestão de 4 a 5 porções de frutas todos os dias; redução do açúcar; evitar uso de refrigerantes; para lanches, comer frutas ao invés de biscoitos, bolos e salgadinhos; comer pouco sal; usar óleos e azeite ao invés de outras gorduras; tomar leite e comer produtos lácteos, com baixo teor de gordura, pelo menos 3 vezes por dia. Monteiro (2006) relata que na comunidade científica é consenso que a dieta é capaz de suprir a necessidade de nutrientes fundamentais para uma vida saudável.

    De certa forma, o consumo calórico correto é de extrema importância para a preservação da massa muscular, bem como a harmonia entre a ingestão dos três principais macros nutriente: carboidratos, lipídios e proteínas. A associação de uma dieta balanceada com a prática regular de atividade física pode ser um importante fator para a melhora da saúde (CRUZAT et al., 2007).

    Fernández et al. (2002) mencionam que em cada etapa da vida do ser humano a alimentação adequada é importante, pois nosso organismo possui necessidades específicas para seu correto funcionamento. O organismo humano apresenta necessidades de caráter estrutural, energético onde obtém a energia necessária para as funções mais simples até a realização de atividade física e ainda apresenta a regulação do funcionamento orgânico.

Conclusão

    De acordo com os resultados obtidos concluí-se que os sujeitos avaliados utilizam o consumo de suplementação, na maior parte por indicação de Profissionais de Educação Física e por iniciativa própria. A incidência maior de utilização destes produtos é entre os praticantes de musculação, destacando-se o consumo de aminoácidos, glicídios, vitamínicos e repositores eletrolíticos.

    Portanto, os suplementos alimentares são alternativas e não soluções, seja para hipertrofia, emagrecimento, saúde ou desempenho, além disso, um suplemento, em nenhum momento, salvo em pessoas debilitadas e incapazes de se alimentar, substitui uma alimentação saudável por completo e não deve ser utilizado de forma indiscriminada como vem ocorrendo ultimamente por praticantes de exercício.

    Os Profissionais de Educação Física que trabalham diretamente com musculação e natação ou com outra modalidade de exercício físico precisam saber como avaliar o mérito científico de artigos e anúncios sobre suplementos nutricionais para que eles possam separar o que é marketing do que é cientificamente baseado em práticas nutricionais. Justamente por causa da verdadeira “invasão” dos suplementos nutricionais nas academias, entende-se que este é um tema imprescindível para os Profissionais de Educação Física. Um dos aspectos importantes é mostrar que estes profissionais devem ser conscientizados a indicar profissionais nutricionistas para lidar com esta questão, sendo de extrema importância que os consumidores de suplementos tenham orientação profissional qualificada.

Referencias bibliográficas

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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 19 · N° 198 | Buenos Aires, Noviembre de 2014
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