Comportamento fisiológico a diferentes intensidades do VO2máx: comparação entre nadadores especialistas em diferentes distâncias |
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*Centro de Investigação, Formação, Inovação e Intervenção em Desporto Faculdade de Desporto, Universidade do Porto **Laboratório de Biomecânica do Porto, Universidade do Porto (Portugal) |
Catarina Cascais* | Ana Sousa* João Ribeiro* | Ana Silva* Jailton Pelarigo* | João Paulo Vilas-Boas* ** Pedro Figueiredo* | Ricardo Fernandes* ** |
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Resumo Na natação pura desportiva o consumomáximo de oxigénio (VO2máx) é considerado um importante fator influenciador do rendimento e um indicador da potênciamáxima do sistema aeróbio. Mais recentemente, outro conceito relacionado com o VO2máx tem ganho importância: o tempo limite, i.e., o tempo durante o qual a velocidade mínima que induz o VO2máx (vVO2máx) é sustentado. O nosso objetivo foi comparar o comportamento fisiológico de nadadores especialistas em provas de curta e média duração em testes até à exaustão a diferentes intensidades (95, 100 e 105%) da vVO2máx. Especialistas em distâncias de 50 a 200 m (Grupo A, n = 4) e de 400 a 1500 m (Grupo B, n = 4) realizaram (i) um teste incremental descontínuo para determinação da vVO2máx e (ii) três testes até à exaustão a 95, 100 e 105% da vVO2máx. Os gases respiratórios foram registados respiração a respiração e emitidos por telemetria (k4b2, Cosmed, Itália). O dispêndio energético (Ė) foi obtido através da adição dos três sistemas de energia: aeróbio, anaeróbio láctico e anaeróbio aláctico. Posteriormente, o custo energético (C) foi calculado como sendo o resultado da razão entre o Ė e a respetiva velocidade. Não foram encontradas diferenças nas variáveis ventilatórias (VO2máx, R e VE), metabólicas ([La-]), na FC e no C entre os dois grupos de nadadores em qualquer um dos testes. Considerando a contribuição de cada um dos sistemas energéticos, foram encontradas diferenças entre o grupo A e o grupo B na quantidade de energia aeróbia (54.4 vs 63.2%, respetivamente) e anaeróbia láctica (23.1 vs 15.3%) a 105% da vVO2máx. Concluímos que as intensidades consideradas não foram suficientes para induzir alterações significativas entre nadadores especialistas em diferentes distâncias. Unitermos: Natação. VO2máx. Testes até à exaustão. Contribuições energéticas.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 198, Noviembre de 2014. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Na natação pura desportiva (NPD) o consumomáximo de oxigénio (VO2máx) é considerado um importante fator influenciador do rendimento pois é um indicador da potênciamáxima do sistema aeróbio do nadador (Fernandes et al., 2008). Este parâmetro fisiológico tem vindo a ser avaliado na NPD desde 1920, destacando-se o estudo pioneiro de Liljestrand e Lindhard (1920). Contudo, apenas a partir da década de 60 do mesmo século houve uma proliferação mais intensa da investigação nesta área. O VO2máx pode ser avaliado através de protocolos contínuos e progressivos (Billat et al., 1996), contudo, o nosso grupo demonstrou que o uso de um protocolo incremental descontínuo de nado é também válido para determinar este parâmetro, permitindo, ainda, recolher lactato sanguíneo nos períodos de pausa e, consequentemente, calcular o dispêndio energético (Ė) e o custo energético (C) (Cardoso et al., 2003 e Fernandes et al., 2003). De facto, e embora muitos estudos apenas tenham incluído a energia proveniente do metabolismo aeróbio no cálculo de Ė, a contribuição anaeróbia não deve ser desconsiderada (Barbosa et al. 2006).
Mais recentemente, um outro conceito relacionado com o VO2máx tem ganho importância no seio da prescrição e controlo de treino: o tempo limite à velocidade mínima que induz o VO2máx (Tlim-100%vVO2máx), o qual traduz a duração temporal durante a qual essa intensidade de exercício é sustentada (Billat et al., 1996). Embora o Tlim-100%vVO2máx tenha vindo a ser considerado como um novo critério para avaliação da potência aeróbia em nadadores (Fernandes et al., 2008), foram poucas as investigações desenvolvidas com o objetivo de o determinar (Fernandes & Vilas-Boas, 2006) e, até ao momento, nenhuma considerou a especialidade, quanto à distância, dos nadadores.
O objetivo deste estudo foi, após a aplicação do protocolo incremental descontínuo, comparar o comportamento fisiológico de nadadores especialistas em curtas e médias distâncias da técnica de crol em testes até à exaustão a diferentes intensidades da velocidade correspondente ao VO2máx (vVO2máx): 95, 100 e 105%.
Metodologia
Participaram neste estudo oito nadadores do sexo masculino, de nível nacional (113.4% do recorde nacional absoluto aos 200 m crol, em piscina de 25 m na época desportiva 2012/2013), filiados na Federação Portuguesa de Natação, pertencentes aos escalões juvenil, júnior e sénior. A amostra foi dividida em dois grupos de quatro nadadores cada: Grupo A – nadadores especialistas em distâncias de 50 a 200 m (16.0 ± 0.8 anos, 72.3 ± 7.3 Kg e 1.79 ± 0.9 m) e Grupo B – nadadores especialistas em distâncias de 400 a 1500 m (16.8 ± 0.2 anos, 70.8 ± 6.1 Kg e 1.82 ± 0.6 m).
Os nadadores realizaram um teste incremental descontínuo de 7x200 m crol, a fim de determinar o VO2máx e a vVO2máx. O intervalo entre os patamares de 200 m foi de 30 s e os incrementos de velocidade de 0.05 m.s-1 (Cardoso et al., 2003). A velocidade do último patamar de 200 m correspondeu à velocidade do melhor tempo atual do nadador na prova de 400 m crol, definindo-se a partir desta as restantes velocidades do protocolo (cf. Fernandes et al., 2003). Considerou-se que o VO2máx foi atingido de acordo com critérios fisiológicos primários e secundários, nomeadamente: a ocorrência de um plateau no VO2, independentemente do aumento da velocidade de nado, elevados níveis de lactato sanguíneo (≥ 8 mmol.l-1), elevado quociente respiratório (R ≥ 1), elevada frequência cardíaca (superior a 90% da frequência cardíaca (FC) teóricamáxima [220 - idade]) e exaustação visível (Howley et al., 1995). A vVO2máx foi estabelecida como sendo a velocidade mínima de nado a que é atingido o VO2máx (Fernandes et al., 2008).
Aferida a vVO2máx, os nadadores realizaram, com 24 h de intervalo, testes até à exaustão, a 95, 100 e 105% da vVO2máx, de forma randomizada. Considerou-se que o nadador atingiu a exaustão quando não conseguiu manter a velocidade previamente estabelecida, i.e., não foi capaz de fazer coincidir a sua velocidade com a estabelecida pelo sinal visual. Em todos os testes, a velocidade foi controlada através de um pacer visual com luzes intermitentes (Pacer2Swim, KulzerTec, Aveiro, Portugal), colocado no fundo da piscina. O tempo real do nadador em cada teste foi registado por um cronómetro (Casio HS-80TW).
Em ambos os protocolos foram registados os gases respiratórios, respiração-a-respiração e emitidos por telemetria, através de um analisador de gases portátil (K4b2, Cosmed, Roma, Itália). Este aparato foi conectado ao nadador através de um tubo e uma válvula respiratória especificamente desenvolvidos para a NPD (Baldari et al., 2013). A FC foi monitorizada e registada continuamente por um Polar Vantage NV (Polar Eletro Oy, Kempele, Finlândia) que emitiu telemetricamente os dados para o K4b2. As concentrações de lactato sanguíneo ([La-]) foram mensuradas através de recolha de sangue capilar (25 µl) do lóbulo da orelha antes de cada teste (repouso), entre cada patamar (protocolo incremental descontínuo) e no 1º, 3º, 5º e 7º min de recuperação após cada teste realizado, tendo sido utlizado um dispositivo portátil (Lactate Pro, ArKay, Japão).
O tratamento dos dados respiratórios foi efetuado de acordo com Fernandes et al. (2012), nomeadamente tendo em consideração a minimização do ruído dos dados obtidos respiração-a-respiração. O valor das variáveis fisiológicas analisadas (VO2, FC, ventilação – VE e R) correspondeu à média do último minuto do tempo de esforço a cada intensidade. O Ė nos testes até à exaustão foi obtido através da adição dos valores de VO2 (contribuição do sistema aeróbio) e dos valores resultantes da transformação de [La-] em equivalentes de O2 (contribuição do sistema anaeróbio láctico), utilizando a constante de proporcionalidade de 2.7 mlO2.Kg-1.mM-1 (Di Prampero et al., 1978; Thevelein et al.,1984). Considerou-se também a contribuição do sistema anaeróbio aláctico, de acordo com o descrito por Sousa et al. (2014), nomeadamente assumindo que, na transição de um estado de repouso para um estado de exaustão, as concentrações de fosfocreatina decrescem 18.55 mM.kg-1 de músculo (namáxima ativação da massa muscular igual a 30% da massa corporal total). O cálculo de E teve em consideração as recomendações de Zamparo et al. (2010), nomeadamente na inclusão dos três sistemas de energia tratando-se de exercícios de intensidade igual ou muito próxima à potência aeróbia. Posteriormente, o C foi considerado como o resultado da razão entre o Ė e a respetiva velocidade.
A análise estatística dos dados foi efetuada no programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) 20.0. Depois de confirmada a normalidade da amostra (teste de Shapiro-Wilk), o teste ANOVA medidas repetidas foi utilizada para comparação entre patamares e entre testes. A ANOVA medidas repetidas a dois fatores (especialidade) foi utilizado para comparação entre testes e entre grupos. Foi estabelecido um nível de significância de 0.05 (α=0.05).
Resultados e discussão
Teste incremental descontínuo (7x200)
Os valores médios±DP das variáveis fisiológicas obtidas durante o teste incremental descontínuo são apresentadas na Tabela 1 para os grupos de nadadores especialistas em curtas e médias distâncias (A e B, respetivamente).
Tabela 1. Média ± DP das variáveis fisiológicas dos nadadores dos grupos A (curtas distâncias)
e B (médias distâncias) obtidas ao longo do teste incremental descontínuo de 7x200 m crol
Não foram encontradas diferenças entre os dois grupos de nadadores nas variáveis analisadas – VO2, FC, VE e R. Contudo, e apesar de não ser estatisticamente significativo, verificou-se uma tendência para nadadores do grupo B apresentarem [La-] inferiores às mensuradas nos nadadores do grupo A na primeira e segunda repetição de 200 m. Embora existam diferenças nos valores das variáveis entre patamares, estas não se devem à especialidade do nadador (VO2, p = 0.63; R, p =0.81; FC, p = 015; VE, p = 0.39 e [La-], p = 0.27).
A tendência verificada na [La-] poder-se-á dever à especificidade do treino de cada grupo. Tal como afirmam Wilmore e Costill (2007), quando realizamos exercícios regulares, o nosso corpo adapta-se sendo essas transformações altamente específicas do tipo de treino realizado. De facto, tem sido demonstrado que elevados níveis de lactato sanguíneo estão associados ao recrutamento das fibras rápidas musculares (Howley et al., 1995), fibras estas que os nadadores especialistas em distâncias de 50 a 200 m demonstram ter em maior quantidade e que recrutam extensamente no tipo de treino que lhes é característico. Pelo contrário, o treino aeróbio, tipicamente do grupo B, possibilita uma acumulação mais lenta do ácido láctico (Maglischo, 1993), bem como uma maior proficiência na remoção deste.
Testes incremental descontínuo e até exaustão a 95, 100 e 105% da vVO2máx
Os valores médios±DP das variáveis fisiológicas obtidas no último patamar do teste incremental descontínuo e nos testes até à exaustão a 95, 100 e 105% da vVO2máx são apresentados na Tabela 2, para os grupos de nadadores especialistas em curtas e médias distâncias (A e B, respetivamente).
Tabela 2. Média±DP das variáveis fisiológicas dos nadadores dos grupos A (curtas distâncias) e B (médias distâncias) no último patamar do
teste incremental descontínuo e nos testes até à exaustão a 95, 100 e 105% da velocidade mínima que induz o consumomáximo de oxigénio
Não foram encontradas diferenças entre os dois grupos nas variáveis analisadas – VO2, FC, VE e R – em qualquer um dos testes.
Embora não existam estudos que comparem nadadores especialistas em diferentes distâncias em testes de tempo limite a intensidades iguais ou aproximadas à vVO2máx, Fernandes et al. (2006) compararam os valoresmáximos de nadadores de elevado nível e nadadores de baixo nível, num protocolo incremental descontínuo, sendo os valores de VO2máx significativamente superiores no primeiro grupo, o que confirma o grau de atividade física como influenciador do VO2máx. Relativamente à FC e à [La-], não foram encontradas diferenças entre os dois grupos de nadadores.
Em nadadores de curta distância as exigências do sistema glicolítico são elevadas (Costill et al., 1992), enquanto nadadores de média distância dependem, sobretudo, da capacidade e potência aeróbias, motivo pelo qual esperávamos encontrar diferenças entre as variáveis fisiológicas dos dois grupos de nadadores, o que não se verificou. Este facto poderá ser explicado pelo reduzido tamanho da amostra, que poderá não representar a população de nadadores de curta e média distância e pela idade e escalão dos nadadores (em fase de formação e com um treino ainda pouco diferenciado entre eles). É também de considerar que a treinabilidade é limitada, sendo que, por exemplo, no caso do VO2máx, 40% da sua variação é devida a fatores genéticos (Malina & Bouchar,1986),
Testes até à exaustão (95, 100 e 105% da vVO2máx)
Os valores médios±DP das variáveis espácio-temporais, da velocidade e do C nos testes até à exaustão a 95, 100 e 105% da vVO2máx são apresentados na Tabela 3 para os grupos de nadadores especialistas em curtas e médias distâncias (A e B, respetivamente).
Tabela 3. Média±DP das variáveis espácio-temporais, da velocidade e do C dos grupos A (curtas distâncias) e
B (médias distâncias) nos testes até à exaustão a 95, 100 e 105% da velocidade mínima que induz o consumomáximo de oxigénio.
Não foram encontradas diferenças entre os dois grupos nas variáveis analisadas – velocidade, tempo, distância sustentada e C -.
De acordo com Fernandes e Vilas-Boas (2012), nadadores de elevado nível conseguem manter a vVO2máx durante 230 a 260 s, o que não se verificou no nosso estudo, para nenhum dos grupos, sendo inferior o tempo suportado pelos nadadores. Também seria de esperar que a distância realizada no mesmo teste fosse mais longa, já que a prova de NPD que mais se aproxima da intensidade correspondente ao VO2máx é a de 400 m crol (Costill et al., 1992). Estas diferenças sugerem que, embora a potência aeróbia seja considerada um aspeto muito importante no controlo do treino (Olbrecht, 2000; Rodriguez, 2000), e a vVO2máx uma referência para a construção das séries de treino (Renoux, 2001), os nadadores do nosso estudo não treinam, frequentemente, neste domínio de intensidade.
Num estudo realizado com nadadores de elite numa piscina circular, Capelli et al. (1998) encontraram valores superiores aos do nosso estudo para o C no último patamar de um protocolo incremental descontínuo. Tendo em conta que este foi um esforço de intensidade e duração semelhante ao efetuado no nosso estudo no teste de Tlim-100%vVO2máx, seriam de esperar valores semelhantes de C, o que não se verificou talvez devido à influência dos patamares anteriores. Também as condições de realização do estudo e a metodologia aplicada, quer no desenho experimental quer no cálculo de C, não foram semelhante nos dois estudos, o que pode explicar as diferenças observadas. Igualmente os valores encontrados por Zamparo et al. (2000) em jovens nadadores, num esforçomáximo de duração temporal correspondente no nosso estudo ao teste de 95% da vVO2máx, são muito superiores aos registados por nós, o que se deve ao facto dos nadadores serem mais novos (14.5 anos) e, como os próprios autores indicam, de um nível técnico inferior. De facto, o C a uma dada velocidade aumenta com o aumento da força de arrasto hidrodinâmico, diminuindo com o aumento da força propulsiva (Vilas-Boas, 2000).
Se por um lado seriam de esperar diferenças entre os grupos nas variáveis espácio-temporais ou mesmo no C, devido à adaptação ao treino específico, por outro, seria possível estas serem semelhantes, sendo, contudo, diferentes as contribuições energéticas de cada um dos grupos na realização dessa distância ou tempo de nado. Assim, consideramos as três componentes do Ė em cada um dos testes, para os grupos A e B, como mostra Figura 1 (painéis A, B e C):
Figura 1. Contribuição energética aeróbia (A), anaeróbia láctica (B) e anaeróbia aláctica (C) para nadadores do grupo A e nadadores do grupo B
em testes até à exaustão a 95, 100 e 105% da velocidade mínima que induz o consumomáximo de oxigénio. * - grupo A diferente de grupo B
Foram encontradas diferenças entre os dois grupos de nadadores na contribuição aeróbia (superior no Grupo B – especialistas em médias distâncias) e anaeróbia láctica (superior no Grupo A – especialistas em curtas distâncias) no teste até à exaustão a 105% da vVO2máx. Considerando nesta análise os resultados da Tabela 3, esta diferença significa que para intensidades acima do VO2máx e numa mesma distância e tempo de nado, os nadadores dos dois grupos recrutam em proporções diferentes o sistema aeróbio e o glicolítico, sem alterações no C. A capacidade de recorrer mais extensamente a uma ou outra fonte de energia sugere diferentes especificidades do treino de cada um dos grupos, sendo que os nadadores especialistas em distâncias mais curtas (Grupo A - de 50 a 200 m) têm uma maior capacidade de recrutamento do sistema anaeróbio. Tal como verificado no nosso estudo, a contribuição do sistema anaeróbio (láctico e aláctico) diminui quanto maior a duração do exercício (Di Prampero, 1981) e a aeróbia aumenta, para cada um dos grupos.
Num estudo efetuado com nadadores de nível internacional, Figueiredo et al. (2011) encontraram, para um esforçomáximo de 200 m, em 141.3 s, as seguintes contribuições energéticas: 65.97% aeróbio, 13.60% anaeróbio láctico e 20.43% anaeróbio aláctico. No nosso estudo, em nenhum dos testes realizados a duração temporal do esforço foi semelhante, contudo, o que mais se aproxima (embora 19 s superior) é o teste a 100% da vVO2máx realizado pelo grupo B. As contribuições energéticas encontradas pelos autores são inferiores às registadas por nós, para o grupo em causa, na contribuição aeróbia e superiores na contribuição anaeróbia, o que se pode dever à diferença no tempo de esforço, já que a contribuição dos sistemas de energia depende não só da intensidade mas também da duração do esforço (Gastin, 2001).
Conclusões
O número de estudos realizados a diferentes intensidades do VO2máx em NPD são poucos e, até ao momento, nenhum considerou a especialidade (técnica ou distância) dos nadadores, pelo que não foi possível uma comparação exaustiva entre os resultados encontrados e a literatura. Contudo, embora esperássemos encontrar diferenças nas variáveis fisiológicas, espácio-temporais e velocidade de nado entre os dois grupos de nadadores em todos os testes, devido às adaptações resultantes da especificidade do treino, tal não se verificou, provavelmente, devido ao reduzido tamanho da amostra e ao facto dos nadadores pertencerem a escalões de formação e não serem de nível desportivo de elite.
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