A importância da prática da Educação Física infantil La importancia de la práctica de la Educación Física infantil The importance of the practice of Physical Education child
	*Acadêmico do curso de educação física Centro Universitário do Norte **Professor Msc. Curso de Educação Física do Centro Universitário do Norte (Brasil)	Michael Ferreira da Silva* Alexsandro Edmar Pereira Menezes* Rodrigo Ghedini Gheller** rodrigo.gheller@gmail.com
	Resumo           A prática da atividade física infantil pode proporcionar vários benefícios ao longo da vida tanto social quanto motor. O presente estudo teve como objetivo verificar a aptidão física de alunos praticantes e não-praticantes de Educação Física. Participaram da pesquisa 15 crianças praticantes e 15 não-praticantes com idade entre 8 a 10 anos. Foram aplicados 4 testes de aptidão física de acordo com o Manual do PROESP-BR. Foi utilizado teste t de student para comparar as variáveis entre os dois grupos, o nível de significância adotado foi p<0,05. Os resultados indicam que crianças que participam das aulas de Educação Física apresentam melhor aptidão física (força explosiva de membros superiores e inferiores, agilidade e flexibilidade) comparado aos alunos que não participam das aulas. Conclui-se que a prática da Educação Física é de suma importância para o desenvolvimento motor das crianças obtendo assim vários efeitos benéficos ao longo de sua vida.           Unitermos: Educação Física. Crianças. Aptidão física.   Abstract           The practice physical activity child can provide several benefits both socially and motor over the life. The present study aimed to determine the physical fitness of students practicing and non-practicing Physical Education. Participated in the survey 15 children practicing and 15 non-practitioners aged 8-10 years. Four physical fitness tests were applied in accordance with the Manual PROESP-BR. Student t test was used to compare variables between the two groups, the level of significance was p <0.05. The results indicate that children who participate in physical education classes have better physical fitness (explosive strength of upper and lower limbs, agility and flexibility) compared to students who did not participate in the classes. We conclude that the practice of physical education is of paramount importance for motor development of children so getting several beneficial throughout his life.           Keywords: Physical Education. Children. Fitness.   Recepção: 20/10/2014 - Aceitação: 10/11/2014.
	EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 198, Noviembre de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A prática da educação física infantil é de fundamental importância, pois proporciona a criança novas oportunidades de experiências motoras, interação social, enfrentem novos desafios, descobrem seus limites, entre outras situações voltadas ao desenvolvimento de suas capacidades. Segundo Mattos e Neira (2008) o educador responsável pelos conteúdos relativos à cultura motora educaria o movimento do aluno ao tratar das habilidades. Assim as aulas de educação física podem ser eficientes, melhorando os movimentos naturais da criança, ampliando as habilidades motoras. Nesse sentido, o aluno deverá ser instruído a usufruir dos jogos, esportes, danças, lutas e ginásticas em benefício do exercício crítico cidadania e da melhoria da qualidade de vida (BETTI, 1992).

    A criança utiliza seu corpo e o movimento como forma para interagir com outras crianças e com o meio, produzindo culturas. Essas culturas estão embasadas em valores como a ludicidade, a criatividade nas suas experiências de movimento (Sayão, 2002). Desta forma, as práticas escolares devem respeitar, compreender e acolher o universo cultural infantil, dando acesso a outras formas de produzir conhecimento que são fundamentais para o desenvolvimento da criança. O papel do professor aparece como um orientador, em que suas tarefas se concentram mais na escolha dos materiais, do local, dos aparelhos e de ajudar as crianças em suas construções.

    A Educação Física tem um papel fundamental na educação infantil, pela possibilidade de proporcionar às crianças uma diversidade de experiências através de situações nas quais elas possam criar, inventar, descobrir movimentos novos, reelaborar conceitos e idéias sobre o movimento e suas ações.

    Desta forma, o presente estudo teve como objetivo compreender a importância da prática da educação física infantil, verificando a aptidão física de alunos praticantes e não-praticantes de Educação Física.

Métodos

    Os testes foram aplicados em 15 crianças (8 meninos e 7 meninas) praticantes das aulas de Educação Física (Idade: 8,8 ± 0,94 anos; massa corporal: 38,6 ± 3,83 kg; estatura: 140 ± 0,07 cm) e 15 não praticantes (8 meninos e 7 meninas) das aulas de educação física (idade: 9 ± 0,89 anos ; massa corporal 39,1 ± 3,5 kg; estatura 1,37 ± 0,02 cm). Anteriormente a realização da coleta de dados, os pais das crianças assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), autorizando as crianças a participarem do estudo.

Procedimentos

    Para verificar a aptidão física dos escolares praticantes e não praticantes de educação física foram aplicados quatro testes, os quais contemplaram a flexibilidade, agilidade, força explosiva de membros inferiores e de membros superiores. Os mesmos são descritos a seguir:

    Para mensurar a flexibilidade foi realizado o teste de sentar e alcançar, para isso foi fixada uma fita métrica ao chão, o aluno sentado ao chão encostado numa parede com seus pés afastados paralelamente cerca de 30 cm e os calcanhares posicionados na fita métrica na marca de 38 cm e com os pés descalços.

    Teste de agilidade: foram posicionados 4 cones formando um quadrado com distâncias de 4m entre eles. O aluno assim que ouviu o apito de partida teve que percorrer e tocar em cada cone no menor tempo possível.

    O teste de força explosiva dos membros inferiores foi fixada uma fita métrica no chão e o aluno se colocou no ponto zero da fita e realizou um salto horizontal o mais distante que ele conseguiu para assim aferir a distância de seu salto.

    No teste de força explosiva de membros superiores foi realizado o arremesso com medicine ball de 2 kg. Uma fita métrica foi posicionada ao chão perpendicular a parede, a criança sentou ao chão com os joelhos estendidos, pernas unidas e costas totalmente apoiadas na parede. A bola de medicine ball foi posicionada junto ao peito com os cotovelos flexionados e lançada o mais distante possível após a autorização do avaliador. Cada criança teve 3 chances para a realização do teste e das 3 tentativas foi utilizada a melhor marca para a análise.

Análise estatística

    Para apresentação dos resultados foi utilizada estatística descritiva (média e desvio padrão). Para comparar as médias de desempenho dos testes entre as crianças praticantes e não-praticantes de Educação Física utilizou-se o teste t de student para amostras independentes. O nível de significância adotado foi de p<0,05. Todos os procedimentos foram realizados no Excel 2007 para Windows.

Resultados e discussão

    Na tabela abaixo (tabela 1) são apresentados os resultados dos testes de aptidão física das crianças praticantes e não praticantes de educação física.

Tabela 1. Resultados dos testes de aptidão física das crianças praticantes e não praticantes de educação física

    De acordo com os resultados obtidos no lançamento de medicine ball, os alunos praticantes das aulas de educação física tiveram um melhor desempenho comparado aos não praticantes (p = 0,04). Desta forma, percebe-se que a Educação Física é fundamental para o desenvolvimento da força explosiva de membros superiores em crianças, e que nas aulas de educação física os alunos vivenciam experiências tais como as que podem ser vivenciadas no seu dia-a-dia, sendo que nas aulas tais experiências são mais exploradas. A força que a criança desenvolve nos membros superiores é explorada principalmente por meio de atividades como erguer ou carregar objetos e manusear ferramentas (HAYWOOD; GETCHELL, 2004).

    Marafiga et al. (2005) também consideram que um importante papel da educação física escolar é melhorar a saúde dos alunos por intermédio de programas voltados para atividades físicas através da cultura corporal do movimento. Para a maioria das crianças e jovens a escola se constitui como a única oportunidade para a prática de esportes e de atividades físicas relacionadas à saúde (GAYA; MARQUES, 1999).

    A força explosiva, denominada por Gallhue e Ozmun (2001), como energia conceituada como a habilidade de desempenhar um esforço máximo em um período tão curto quanto o possível, sendo representada pelo produto da força dividida pelo tempo. Os mesmos autores citam ainda que, a combinação da força e velocidade é identificada em atividades de crianças e jovens que precisam pular, rebater, arremessar a distância e outros esforços máximos.

    No teste de salto horizontal também foi observada diferença significativa no desempenho, sendo que as crianças que praticam Educação Física possuem melhor desempenho que as crianças que não participam. Para Gallhue e Ozmun (2003), no período escolar, a criança necessita de estímulos para o seu desenvolvimento motor, quanto mais estímulos diferentes e de intensidade diferente a criança receber, melhores serão as adaptações e conseqüentemente o seu desenvolvimento, principalmente aquelas que tenham na escola sua única atividade física acompanhada.

    Isso nos leva a concordar a importância da atividade e educação física infantil, e principalmente monitorada por um profissional de educação física mesmo porque cada pessoa tem sua individualidade biológica e fatores externos que irão influenciar no seu desenvolvimento. O desenvolvimento motor não ocorre exatamente na mesma faixa etária para cada criança, cada uma possui uma individualidade genética. O ambiente também é fator influente para a aquisição da habilidades motoras, na qual a criança pode estar exposta a diversos fatores como complicação durante ao parto, doenças adquiridas ao longo da vida, cultura em que vive e acidentes (KREBS; FERREIRA NETO, 2007).

    Outra variável investigada no presente estudo foi a agilidade. A agilidade é a capacidade que o indivíduo tem de realizar movimentos rápidos com mudança de direção e sentido (ROCHA, 1995). Quando aplicado o teste de agilidade nas crianças participantes das aulas de educação física e nas não participantes, percebeu-se um melhor desempenho (p<0,05) das crianças que participavam das aulas de Educação Física quando comparado as crianças que não participavam das aulas.

    A agilidade é uma capacidade física é muito requisitada em muitas atividades do cotidiano, como desviar de pessoas ou obstáculos ao andar, locomover-se carregando algum objeto e até mesmo andar rápido para executar alguma tarefa do seu dia a dia. Um bom nível de agilidade depende de outras capacidades físicas como força muscular, flexibilidade e velocidade (BARBANTI, 1997; ROCHA, 1995).

    Para verificar os níveis de flexibilidade foi aplicado o teste de sentar e alcançar e em tal teste as crianças participantes das aulas de educação física obtiveram níveis de flexibilidade superiores (p<0,05) comparado as crianças não participantes das aulas de Educação Física.

    Segundo Barbanti (1979) flexibilidade é a capacidade dos homens de executar movimentos com grande amplitude pendular e que ela é determinada pelos seguintes fatores, formas de superfícies articulares, comprimento da elasticidade dos músculos, tendões e ligamentos que envolvem as articulações, irritabilidade dos músculos, condicionamento biomecânico, idade e fatores psíquicos.

    Após todos os testes aplicados e analisados entende-se que para muitas crianças o âmbito escolar é o único espaço para que a mesma pratique e vivencie uma atividade física com a oportunidade de explorar os movimentos naturais. A Educação física escolar deve priorizar atividades para o desenvolvimento motor das crianças, ainda mais para as crianças que possuem apenas a escola como o único espaço para a prática de atividade física acompanhada por um profissional. A criança não sendo estimulada corretamente na fase inicial de vida poderá torna-se um adulto que possua dificuldades em seu dia a dia como: caminhar, correr, saltar, transportar, entre outras.

    Entendendo a fundamental importância da Educação física escolar no amadurecimento motor da criança, o professor necessita planejar as suas aulas para que possibilite e aumento do tempo de aprendizagem ativa dos alunos. É dever do professor elaborar um cronograma para que suas atividades tenham uma seqüência de desenvolvimento, também avaliar todas as escalações que irá utilizar como: espaço físico que possui para as aulas, riscos aos praticantes, tempo suficiente para a realização das atividades, material necessário e suficiente para suprir suas necessidades, entre outras. Com o auxílio desse planejamento escolar os professores podem entender as diferentes formas do desenvolvimento motor, interagindo e desenvolvendo a socialização, desafiando os processos de criação e vivências, tendo como ponto de partida a realidade social, e assim demonstrar ao educando a importância da atividade física como meio de oportunizar uma melhor qualidade de vida (GALLAHUE; DONNELLY, 2008).

Conclusão

    Conforme constatado nos dados obtidos, conclui-se que a prática da Educação Física é de fundamental importância para as crianças, pois, as que praticam a Educação Física escolar possuem um desempenho motor superior em às que não praticam. Nesse sentido, podemos dizer que o professor de Educação Física tem um papel fundamental nesse processo, pois é ele que pode criar mecanismos que favoreçam um melhor desempenho motor e melhor aptidão física em escolares.

Referências

• BARBANTI, V.J. Teoria e prática do treinamento esportivo. Editora Edgar Blügher; São Paulo; 1979.

• BETTI, M. Ensino de primeiro e segundo graus: educação física para quê? Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Campinas, v.13, n.2, p.282-7, 1992.

• GALLAHUE, D.L.; OZMUN, J.C. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. Tradução Maria Aparecida da Silva Pereira Araujo. São Paulo: Phorte, 2001.

• GALLAHUE, D.L.; DONNELLY, F.C. Educação Física desenvolvimentista para todas as crianças. 4. ed. Tradução Maria Aparecida da Silva Pereira Araujo. São Paulo: Phorte, 2008.

• GAYA, A.; MARQUES, A. T. Atividade Física, Aptidão Física e Educação para a Saúde: Estudos na Área Pedagógica em Portugal e no Brasil. R Paul Fis, v.13, n.1, p. 83-102, 1999.

• HAYWOOD, K.M.; GETCHELL, N. Desenvolvimento motor ao longo da vida. 3. ed. Tra­dução Ricardo D. S. Petersen e Fernando de Siqueira Rodrigues. Porto Alegre: Artmed, 2004.

• MARAFIGA, D.; GAYA, A.; TORRES, L.; GARLIPP, D.; MOREIRA, R.; SILVA, M.; Associação entre Aptidão Relacionada à Saúde e o Índice de Desenvolvimento Sócio Econômico em Escolares de Municípios do Rio Grande do Sul. Perfil. Pg. 60-67, 2005.

• MATTOS, G. M; Neira, M.G. Educação Física infantil: construindo o movimento na escola. São Paulo, 2008.

• ROCHA, P.E.C. P Medidas e avaliação em ciências do esporte. Rio de Janeiro: Sprint, 1995.

• SAYÃO, D. T. “Infância, prática de ensino de Educação Física e Educação Infantil”. In: VAZ, A. F.; SAYÃO, D. T., e PINTO, F. M. (Org.): Educação do corpo e formação de professores: reflexões sobre a prática de ensino de Educação Física. Florianópolis: Ed. da UFSC, 2002.

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