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Psicólogo do esporte: conhecimento e visão dos graduandos

em psicologia do Centro Universitário de Caratinga, UNEC

El Psicólogo del deporte: conocimiento y percepción de los estudiantes de psicología del Centro Universitario de Caratinga, UNEC

 

*Graduado em Educação Física (Licenciatura/Bacharelado) pelo Centro Universitário

de Caratinga-UNEC. Pós-graduado pela Universidade Norte do Paraná-UNOPAR

Atualmente trabalha na Rede Municipal de Ensino como professor de educação física

da Prefeitura Municipal de Piedade de Caratinga-MG e professor de oficinas de esportes

no Programa Mais Educação na Escola Municipal Doutor Maninho, cidade de Caratinga-MG

*Graduando do 4° período do curso de Psicologia no Centro Universitário de Caratinga-UNEC

Gleison José Damasceno*

gleisonefisc@hotmail.com

Marcos Silvio Dornelas**

marcosdornelas@ymail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O esporte contemporâneo tem agregado um número considerável de áreas de pesquisa, constituindo as chamadas Ciências do Esporte, e junto destas, podemos citar a psicologia do esporte com objetivo de aperfeiçoar cada vez mais o rendimento do atleta e aprimorar a saúde e a qualidade de vida de indivíduos praticantes de atividade física. O objetivo deste artigo foi verificar o conhecimento e o ponto de vista dos graduandos em Psicologia, do Centro Universitário de Caratinga-UNEC, sobre definição de psicologia do esporte, psicólogo do esporte e suas principais funções, seu campo de atuação, a relevância deste profissional na área que atua e se há interesse dos pesquisados em seguir esta profissão. A amostra do estudo foi composta por 20 graduandos do 10° período de uma população de 35, do curso de Psicologia do Centro Universitário de Caratinga-MG (UNEC), com idade média (22,5 anos ± 1,5), sendo (2) sexo masculino e (18) sexo feminino. Foi realizada uma entrevista estruturada, através de um questionário contendo cinco questões, elaborado pelos próprios pesquisadores, aplicado nos dias 30 de julho e 5 de agosto de 2014, no Centro Universitário de Caratinga-UNEC, cidade de Caratinga-MG. Os principais resultados encontrados foram: 70% dos entrevistados responderam corretamente sobre a definição de Psicologia do Esporte e 75% sobre suas principais funções; referente ao campo de atuação, todos responderam corretamente (100%); relevância do trabalho que desenvolvem, 95% destacaram que é de suma importância e apenas 25% entre os entrevistados tem interesse em atuar na área da Psicologia do Esporte. Chegamos à conclusão que os graduandos pesquisados, do Centro Universitário de Caratinga-UNEC, do 10° período de Psicologia, definiram corretamente o termo Psicologia do Esporte, assim como principais funções e campo de atuação do psicólogo do esporte e relevância do seu trabalho no meio esportivo, do exercício e atividade física e que os mesmos, em sua maioria, não pretendem atuar nesta área futuramente por não achar o mercado atraente, por falta de interesse ou por não gostarem da área de esportes. Cabe aos cursos de graduação oferecer a possibilidade de conhecimento dessa área de atuação, na qual o estudante de psicologia possa ao menos saber que esta exista, qual a função e o trabalho desenvolvido por esse profissional no âmbito esportivo, possibilitando assim que surjam maiores procuras por profissionais capacitados a trabalhar no esporte, tanto no aspecto competitivo como de atividades físicas e áreas afins em geral neste ambiente, ajudando os indivíduos a sobressaírem potencializando suas capacidades e melhorando suas limitações através do trabalho psicológico.

          Unitermos: Psicologia. Psicologia do esporte. Psicólogo do esporte.

 

Recepção: 27/08/2014 - Aceitação: 05/10/2014.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 197, Octubre de 2014. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    O esporte contemporâneo tem agregado um número considerável de áreas de pesquisa, constituindo as chamadas Ciências do Esporte, dentre as quais podemos citar disciplinas como a medicina, fisiologia, nutrição, biomecânica, comunicação, sociologia e psicologia do esporte, demonstrando uma tendência à interdisciplinaridade, com objetivo de aperfeiçoar cada vez mais o rendimento do atleta e aprimorar a saúde e a qualidade de vida de indivíduos praticantes de atividade física. (COIMBRA et al., 2009; PEREIRA et al., 2010; SILVA et al., 2012).

    Partindo da psicanálise, do cognitivismo, do behaviorismo radical, do psicodrama, da psicologia social, da psicologia analítica ou da Gestalt como referencial teórico, um grupo crescente de psicólogos tem se dedicado a desenvolver a Psicologia do Esporte brasileira, e métodos próprios de avaliação, considerando as particularidades das modalidades no país e dos atletas que convivem com uma realidade específica. (RUBIO, 2007).

    No final do século XIX, existiam estudos e pesquisas relativas a questões psicofisiológicas no esporte. Na década de 1920 surgiram os primeiros laboratórios e institutos de psicologia do esporte sendo na antiga União Soviética, Estados Unidos, Japão e na Alemanha. No ano de 1965, foi fundada em Roma a Sociedade Internacional de Psicologia do Esporte (International Society of Sport Psychology - ISSP). O desenvolvimento da psicologia do esporte na América Latina teve início na década de 1970. E em 1979, foi fundada a Sociedade Brasileira de Psicologia do Esporte, da Atividade Física e da Recreação (SOBRAPE), e, em 1986, foi criada a Sociedade Sul-Americana de Psicologia do Esporte, da Atividade Física e da Recreação (SOSUPE). O Brasil ocupa uma posição de liderança na América Latina (SAMULSKI, 2009).

    Embora alguns dirigentes esportivos brasileiros, treinadores e atletas, apresentam uma concepção equivocada sobre a Psicologia do Esporte, acreditando que o psicólogo esportivo desenvolve um trabalho que pode ser efetuado através de um passe de mágica, possível de ser realizado na véspera da competição, com práticas e dinâmicas inapropriadas, tais como fazer os atletas andarem sobre brasa, e desenvolvida apenas com pessoas com problemas psicológicos, a Psicologia do Esporte é uma ciência. (BRAGA, 2007).

    Técnicas, teorias e construtos cognitivo-comportamentais tiveram forte impacto no desenvolvimento da Psicologia do Esporte atraindo a atenção de cientistas da antropologia, sociologia, pedagogia, comunicação social, economia, psicanálise e ciência política, fato este que incrementou os estudos existentes em psicologia do esporte. (CROCETTA & ANDRADE, 2014).

    Acrescenta-se que Psicologia do Esporte está relacionada com as bases e os processos psicológicos presentes no esporte. Com isto, enquanto área de conhecimento tem por objetivo principal entender a influência de determinadas variáveis psicológicas no desempenho atlético, bem como, por outro lado, a relação entre a participação em atividades esportivas e o desenvolvimento das capacidades psicológicas dos praticantes. (VASCONCELLOS, 2011).

    O número de psicólogos do esporte no mundo é estimado em aproximadamente 5 mil pessoas, tendo as seguintes tarefas: cientista-pesquisador, o qual contribui na produção de conhecimento; docente, o qual transmite conhecimentos; intermediário entre técnico e atleta; especialista em psicodiagnóstico, o qual mede o potencial do atleta; especialista em análise das condições do treino; especialista para otimizar o desempenho; conselheiro para solucionar conflitos; consultor-especialista em consultoria de programas psicológicos; responsável pela saúde e bem-estar dos atletas. Sendo assim, a prática esportiva é um campo ideal de investigação para a psicologia do esporte necessitando do mesmo para comprovar suas teorias e para poder aplicar seus métodos. (SAMULSKI, 2009).

    Associada a uma perspectiva competitiva desde o seu princípio, a Psicologia do Esporte vem conquistando espaço e força em outros contextos como os projetos sociais, o fitness, a reabilitação, a iniciação esportiva, os programas de qualidade de vida e a medicina preventiva. Vale ressaltar que o termo esporte apesar de referir-se a uma prática competitiva de alto rendimento e profissionalizada ou ao espetáculo esportivo, também contempla a atividade física de uma forma mais ampla e abrangente como as práticas de tempo livre e as atividades não regulamentadas e institucionalizadas. (RUBIO, 2007).

    O psicólogo deverá analisar que habilidades psicológicas são mais relevantes e necessárias nas diferentes situações esportivas, além de analisar e determinar quais são as necessidades específicas de cada atleta. (CÁRDENAS & PUMARIEGA, 2012).

    O objetivo e a meta do treinamento psicológico é a modificação dos processos e estados psíquicos (percepção, pensamento, motivação), ou seja, as bases psíquicas da regulação do movimento. Essa modificação será alcançada com a ajuda de procedimentos psicológicos. (CÁRDENAS & PUMARIEGA, 2012).

    A reflexão sobre essas muitas Psicologias do Esporte vem vivendo uma aceleração desde a criação do registro de especialista em Psicologia do Esporte a partir de 2000, quando os profissionais da área se aproximaram na tentativa de trocar experiências e apresentar as diversas formas de pensar e fazer esse campo. (RUBIO, 2007).

    Nesta reflexão teórica ficou evidenciado que o ramo Psicologia do Esporte, apesar de emergente no Brasil, teve uma evolução histórica paralela à da Psicologia enquanto área do conhecimento. Quanto ao seu estado atual, percebe-se uma carência de profissionais qualificados para esse campo da Psicologia. (VIEIRA et al., 2010).

    Em face do exposto, o objetivo deste artigo foi verificar o conhecimento e visão dos graduandos em Psicologia do Centro Universitário de Caratinga-UNEC, sobre definição de psicologia do esporte, psicólogo do esporte e suas principais funções, seu campo de atuação, a relevância deste profissional na área que atua e se há interesse dos pesquisados em seguir esta profissão.

2.     Metodologia

População e amostra

    A população era composta de 35 graduandos matriculados no 10° período do curso de Psicologia do Centro Universitário de Caratinga-MG (UNEC), cuja amostra do estudo foi representada por 20 graduandos (57%), com idade média (22,5 anos ± 1,5), sendo (2) sexo masculino e (18) sexo feminino. O critério de participação foi que os estudantes de psicologia tivessem cursado a disciplina Psicologia do Esporte. Como a disciplina só é oferecida no 8° período, esta foi à única turma com critério de inclusão.

Materiais e procedimentos para coletas de dados

    Foi realizada uma entrevista estruturada, através de um questionário contendo cinco questões, elaborado pelos próprios pesquisadores referente ao perfil geral dos entrevistados, do conhecimento sobre psicologia do esporte, do psicólogo do esporte e suas funções, sua relevância na área de atuação e se há interesse em seguir a profissão, sendo aplicado nos dias 30 de julho e 5 de agosto de 2014, no Centro Universitário de Caratinga-UNEC, cidade de Caratinga-MG durante o período letivo escolar dos pesquisados.

Análise dos dados

    Como se trata de questionário estruturado utilizou-se a freqüência de cada resposta dada e, em seguida, a soma e conversão em porcentagem apresentada nas tabelas mediante as respostas com características similares de acordo com a literatura embasada.

3. Discussão dos resultados

    Na tabela 1, são apresentadas as % referentes às respostas no que diz respeito à definição sobre Psicologia do Esporte.

Tabela 1

Respostas

Pesquisados (%)

Respostas de acordo com a literatura estudada

14 (70%)

Respostas fora da literatura estudada

3 (15%)

Não souberam ou não responderam

3 (15%)

    De acordo com a entrevista realizada com os 20 graduandos, pode-se interpretar através da tabela que: 14 (70%) responderam de acordo com a literatura estudada; 3 (15%) responderam fora do contexto estudado; 3 (15%) não souberam ou não quiseram responder.

    Para uma boa definição da literatura respondida pela maioria dos pesquisados, a Psicologia do Esporte é uma disciplina científica independente, com suas próprias teorias, seus métodos e programas de treinamento, emancipando da sua “ciência-mãe”, pois alguns profissionais entendem-na como uma subárea da psicologia aplicada (psicologia no esporte), e outros a entendem como uma disciplina das ciências do esporte sendo um estudo científico de pessoas e seus comportamentos no contexto do esporte e a aplicação desses conhecimentos se ocupando da análise e modificação de processos psíquicos e de ações esportivas, partindo do princípio para muitos autores de que a ação esportiva representa um comportamento intencional e psiquicamente regulado. Já há algum tempo pode-se considerar que a mesma tenha como meio e fim o estudo do ser humano envolvido com a prática do exercício, da atividade física e esportiva competitiva e não competitiva. (RUBIO, 2007; SAMULSKI, 2009).

    No entanto como ciência, ou seja, conhecimento ou um sistema de conhecimentos que abarca verdades gerais ou a operação de leis gerais especialmente obtidas e testadas através do método científico, a Psicologia do Esporte, em seu desenvolvimento apresenta um processo contínuo de aperfeiçoamento. Considerando os fatos históricos do desenvolvimento da Psicologia do Esporte apresentados, pode-se explicá-la e compreendê-la como uma ciência "que investiga as causas e os efeitos das ocorrências psíquicas que o ser humano apresenta, antes, durante e após o exercício ou esporte, sejam estes de cunho recreativo, competitivo ou reabilitador." (BRAGA, 2007).

    Pequena parte dos graduandos, por falta de interesse ou conhecimento, não responderam a questão solicitada ou desviaram o foco da resposta.

    Na tabela 2, são apresentadas as % referentes às respostas no que diz respeito à definição de Psicólogo e suas principais funções.

Tabela 2

Respostas

Pesquisados (%)

Respostas de acordo com a literatura estudada

15 (75%)

Respostas fora da literatura estudada

1 (5%)

Não souberam ou não responderam

4 (20%)

    Da tabela 2, podemos extrair os seguintes dados: Do total de 20 entrevistados, 15 (75%) definiram corretamente o que é psicólogo do esporte e suas funções; 1 (5%) não respondeu de acordo com a literatura; 4 (20%) não responderam.

    Modesto & Aviz (2011), relatam que, para o Conselho Regional de Psicologia do estado do Paraná, as atribuições do psicólogo do esporte são:

  1. Proceder ao exame das características psicológicas dos esportistas, visando o diagnóstico individual ou do grupo, dentro da atividade em que se encontram.

  2. Desenvolve ações utilizando-se de técnicas psicológicas contribuindo em nível individual, para realização pessoal e melhoria do desempenho do esportista e em nível grupal, favorecendo a otimização das relações entre esportistas, pessoal técnico e dirigentes.

  3. Realiza atendimento individual ou em grupo de esportistas, visando à preparação psicológica no desempenho da atividade física em geral.

  4. Acompanha, assessora e observa o comportamento dos esportistas, visando o estudo das variáveis psicológicas que interferem no desempenho de suas atividades específicas (treinos, torneios e competições).

  5. Orienta pais ou responsáveis visando facilitar o acompanhamento e o desenvolvimento dos esportistas.

  6. Realiza atendimento individual ou em grupo com esportista, visando à preparação psicológica no desempenho da atividade física em geral.

  7. Realiza estudos e pesquisas individualmente ou em equipe multidisciplinar, visando o conhecimento teórico-prático do comportamento dos esportistas, dirigentes e públicos no contexto da atividade esportiva.

  8. Elabora e participa de programas e estudos educacionais, recreativos e de reabilitação física orientando a efetivação de um trabalho de caráter profilático ou corretivo, visando o bem-estar dos indivíduos.

  9. Colabora para a compreensão e mudança, se necessário do comportamento de educadores no processo de ensino-aprendizagem e nas relações inter intrapessoais que ocorrem no ambiente esportivo.

  10. Elabora e emite pareceres sobre aspectos psicológicos envolvidos na situação esportiva, quando solicitado.

  11. Encaminha o esportista a atendimento clínico quando houver necessidade de uma intervenção psicológica que transcenda as atividades esportivas.

  12. Ministrar aulas de psicologia no esporte em cursos de psicologia e educação física, oportunizando a formação necessária a estes profissionais, a prática das atividades esportivas e seus aspectos psicológicos.

    Se na perspectiva do esporte competitivo a intervenção visa à produção da vitória, na prática de atividades de tempo livre, na iniciação esportiva não competitiva e na reabilitação o que norteia o trabalho do psicólogo é a motivação e a adesão, o bem-estar psicológico e o manejo de pensamentos e sentimentos que levam a busca da atividade física e esportiva em diversos contextos sociais em cada uma dessas populações. É comum associar a Psicologia do Esporte a um tipo de prática esportiva que tem a vitória como objetivo e a televisão como veículo de divulgação de resultados. Nessa dinâmica o psicólogo é visto como aquele profissional que tem como obrigação fazer com que o protagonista do espetáculo, no caso o atleta, renda o máximo. Essa perspectiva tem sido alvo de críticas visto que, nem o esporte de alto rendimento é o único nicho do psicólogo do esporte, nem a busca do primeiro lugar é seu único objetivo. (RUBIO, 2007).

    Na iniciação esportiva, é muito importante à análise das pessoas que a integram como é o caso dos pais, treinadores e atletas, identificando-os como três elementos principais no mundo do esporte de base como o “triângulo esportivo”. Entre as funções que deverá desenvolver o psicólogo do esporte, uma delas, é a orientação a cada um deles. (CÁRDENAS & PUMARIEGA, 2011).

    O psicólogo do esporte de iniciação tem, entre suas funções prioritárias, a orientação aos atletas. Desde o momento que começa o desenvolvimento de uma atividade, é importante estabelecer atitudes adequadas no esporte, e ir introduzindo, aos jovens, estratégias psicológicas para se enfrentar com êxito, os treinamentos e competições. (CÁRDENAS & PUMARIEGA, 2011).

    Outros tipos de intervenções avaliam diferentes aspectos psicológicos, como a capacidade de competitividade do atleta, o autocontrole, a ansiedade ou a autoconfiança, ou bem, a utilização de técnicas e estratégias psicológicas específicas, como a visualização, o estabelecimento de objetivos, ou relaxamento. (CÁRDENAS & PUMARIEGA, 2012).

    No acompanhamento psicológico (coaching), a meta principal é influenciar atletas como indivíduos e equipes, como grupos sociais, de tal forma que possam realizar suas possibilidades máximas de rendimento na competição devendo as metas específicas do rendimento esportivo orientar e direcionar a regulação psíquica na competição, sendo assim, as principais tarefas são preparação psicológica em função do adversário, o desenvolvimento da autoconfiança e da força de vontade, aplicação de medidas de motivação e orientação tática antes, durante e depois da competição, estando então ligado o trabalho do coaching a situações concretas. (SAMULSKI, 2009).

    Já no aconselhamento psicológico, tem como meta ajudar os técnicos e desportistas a entender e solucionar, da melhor maneira possível, os seus problemas psicológicos e sociais, ajudando emocionalmente as pessoas nas fases de insegurança, a fim de que elas possam encontrar rapidamente sua segurança e autoconfiança. (SAMULSKI, 2009).

    Na tabela 3, são apresentadas as % referentes às respostas no que diz respeito ao campo de atuação do Psicólogo do Esporte.

Tabela 3

Respostas

Pesquisados (%)

Respostas de acordo com a literatura estudada

20 (100%)

    Da terceira tabela, chegamos ao seguinte resultado: todos os entrevistados 20 (100%) responderam de acordo com a literatura estudada, ora completa ou não, mas de maneira coerente.

    Os psicólogos do esporte possuem três campos de atuação profissional: o ensino, a pesquisa e a intervenção. No campo do ensino o objetivo é transmitir conhecimentos e habilidades técnicas esportivas. Para tanto, os profissionais necessitam ter conhecimentos das capacidades psicológicas necessárias para melhor compreender o comportamento humano no âmbito do esporte (papel de professor). No campo da pesquisa, são mais explorados procedimentos diagnósticos para medir características psicológicas das pessoas, avaliações esportivas e medidas de intervenção psicológica para competição e treinamento (papel de pesquisador). No campo da intervenção psicológica (papel de consultor) são realizados psicodiagnósticos, programas psicológicos de treinamento mental, juntamente com medidas de aconselhamento e acompanhamento. (VIEIRA et al., 2010; SAMULSKI, 2009).

    Os estudos em Psicologia do Esporte e do Exercício têm-se dividido em duas subáreas: a da Psicologia relacionada ao exercício físico e atividade física e da Psicologia do Esporte. A primeira refere-se ao relacionamento entre o exercício físico e a saúde (prevenção, reabilitação), enquanto a segunda está direcionada para os determinantes e conseqüências do desempenho e envolvimento com o esporte competitivo. (VIEIRA et al., 2010).

    Quando se trata de esporte de alto rendimento, busca-se a otimização da performance numa estrutura formal e institucionalizada. Nessa estrutura o psicólogo atua analisando e transformando os determinantes psíquicos que interferem no rendimento do atleta e/ou grupo esportivo. Mas, a Psicologia do Esporte não se limita a atuar apenas junto a esse restrito grupo. Se a atividade esportiva for considerada para além da prática competitiva é possível dizer que o público alvo da Psicologia do Esporte é também constituído por pessoas ou grupos que praticam exercício regular ou que treinam regularmente para competições, mas com o objetivo de chegar o final da prova ou superar a própria marca, e não necessariamente um adversário. As chamadas práticas de tempo livre têm como desafio maior sobrepor as questões cotidianas para a manutenção da prática da atividade. As áreas de aplicação da psicologia do esporte são: esporte de rendimento, esporte recreativo, prevenção, saúde. (RUBIO, 2007; SAMULSKI, 2009).

    Além dessa população, o psicólogo do esporte também atua junto ao chamado esporte escolar que pressupõe a relação do praticante do esporte com o ambiente da escola, nos mais variados graus. Apesar de pouco explorada no Brasil essa vertente da Psicologia do Esporte é muito desenvolvida nos Estados Unidos que tem nos colégios e universidades o locus privilegiado para a formação dos futuros profissionais. (RUBIO, 2007).

    A iniciação esportiva configura-se ainda como um campo privilegiado da intervenção do psicólogo. É crescente o número de crianças envolvidas em atividades esportivas pedagógicas e competitivas. A prática esportiva tem sido apontada como um importante elemento na educação e socialização de crianças e jovens. Dentre as muitas razões alegadas para o desenvolvimento esportivo de crianças e jovens encontram-se o divertimento, o aperfeiçoamento de habilidades e a convivência com amigos. Entretanto a aprendizagem de habilidades motoras que pode levar ao desenvolvimento do gesto esportivo tem despertado profundo interesse nos psicólogos do esporte. Isso porque a iniciação esportiva apresenta grandes desafios relacionados diretamente ao desenvolvimento de habilidades físicas específicas que permitirão a prática especializada de modalidades esportivas ou simplesmente a adesão ao hábito do exercício físico. Como e em que momento realizar esse trabalho são as controvérsias encontradas na literatura especializada. (RUBIO, 2007).

    Mas os campos de atuação contemplam ainda a reabilitação. No contexto do esporte é possível entender como reabilitação o período de recuperação de um atleta de uma situação cirúrgica ou de uma lesão. Isso implica no acompanhamento, juntamente com a equipe médica e fisioterápica, de todo o processo clínico, pré e pós-cirúrgico, e na preparação emocional para o retorno a treinos e competições. Isso porque não é raro acontecer de o atleta estar pronto, do ponto de vista físico, para voltar à ativa, mas não conseguir desempenhar a contento suas habilidades. Essa dificuldade pode estar associada ao medo de reviver o momento da lesão e todo seu processo de recuperação. Nesses casos, um retorno precipitado pode levar à recorrência da lesão, dificultando ainda mais a continuidade de uma carreira profissional esportiva. Entende-se também por reabilitação os cuidados com pessoas que sofrem algum tipo de acidente ou trauma e que passam a necessitar de atividade física regular para o transcorrer de sua vida. Encontram-se nesse grupo pessoas hipertensas, com problemas coronarianos ou que passaram por acidente vascular cerebral, obesos que estão sob os cuidados médicos e precisam cumprir um programa de atividade física. Muitas vezes essas pessoas tiveram no passado uma relação pouco prazerosa com a prática de exercícios físicos, e no presente, diante da obrigatoriedade da atividade, precisam de uma assessoria no sentido de compreender o porquê dessa condição. É comum que o setting desse tipo de atendimento seja o local da própria atividade, diferenciando-se da intervenção em psicologia hospitalar. Pode-se entender também como atividade de reabilitação em psicologia do esporte o atendimento a portadores de necessidades especiais que têm na prática esportiva regular uma forma de busca de bem-estar e também de socialização. (RUBIO, 2007).

    Outra área que tem se apresentado ao psicólogo do esporte como muito promissores são os chamados projetos sociais. Em sua grande maioria, a proposta desses projetos é de uso do esporte como meio de socialização de crianças e jovens e, no caso dos mais talentosos e habilidosos, de encaminhamento para instituições esportivas para desenvolvimento desse potencial. Nesse contexto a intervenção do psicólogo está voltada para o desenvolvimento de habilidades sociais, de cidadania e de formação de uma outra identidade. Diante disso, a apropriação de conhecimentos de educação e da educação física é fundamental no desenvolvimento de atividades tanto com os usuários do projeto como com a equipe de profissionais que trabalha e atende esse público. Ainda que sob a denominação projeto social as propostas de atuação podem ser bastante distintas, umas tendendo mais à filantropia e à ‘ajuda’ ao usuário, restringindo a intervenção a um acompanhamento dos problemas emergentes, ou mais pedagógica em que o tempo e o espaço disponíveis para a intervenção objetivem uma proposta transformadora. Em ambas as situações a que se ter muito claro que o vínculo do psicólogo com a instituição e seus usuários é a atividade esportiva. (RUBIO, 2007).

    Na tabela 4, são apresentadas as % referentes às respostas no que diz respeito à relevância do trabalho do Psicólogo do Esporte.

Tabela 4

Respostas

Pesquisados (%)

Respostas de acordo com a literatura estudada

19 (95%)

Respostas fora da literatura estudada

1 (5%)

    Pode-se interpretar através da tabela que: 19 (95%) responderam de acordo com a literatura estudada; 1 (5%) respondeu fora deste contexto.

    O esporte base constitui-se um contexto ideal para a prática dos psicólogos, porque o jovem está se formando como pessoa e atleta, o qual leva ao desenvolvimento de processos psicológicos. A aplicação da psicologia desde a base, não só aumentaria a quantidade e qualidade dos atletas, bem como ofereceria aos participantes, habilidades psicológicas para utilizar em sua vida cotidiana. (CÁRDENAS & PUMARIEGA, 2011).

    O processo de avaliação psicológica no esporte é conhecido como psicodiagnóstico esportivo e, com o resultado do diagnóstico pode-se chegar a conclusões referentes a algumas particularidades pessoais ou grupais que oferecem subsídios para se fazer uma seleção de novos atletas para uma equipe, para mudar o processo de treinamento, individualizar a preparação técnico-tática, escolher a estratégia e a tática de conduta em uma competição e otimizar os estados psíquicos. Os métodos utilizados para esse fim podem ser tanto da categoria de análise de particularidades de processos psíquicos nos quais se enquadram os processos sensórios, sensório-motores, de pensamento, mnemônicos e volitivos como os de ordem psicossociais nos quais são estudadas as particularidades psicológicas de um grupo esportivo, buscando revelar e explicar sua dinâmica. (RUBIO, 2007).

    Neste sentindo, os profissionais que objetivam construir uma Psicologia do Esporte científica estão se empenhando em desenvolver um trabalho que auxilie os grupos esportivos em suas demandas, o que envolve compreender e desenvolver uma maneira efetiva de auxiliar um atleta ou esportistas a aprender novas habilidades, eliminar maus hábitos e aprender padrões complexos de execução, aproveitar o máximo dos treinamentos e generalizar os comportamentos para situações de competição. Assim como controlar o nervosismo e as tensões e os sentimentos que surgem antes das competições, tais como medo, raiva, ódio, inveja, egoísmo dentre outros sentimentos e comportamentos que influenciam o rendimento dos atletas. (BRAGA, 2007).

    Na tabela 5, são apresentadas as % referentes às respostas no que diz respeito ao interesse em trabalhar como Psicólogo do Esporte.

Tabela 5

Respostas

Pesquisados (%)

Sim

5 (25%)

Não

15 (75%)

    Da última tabela do estudo, podemos extrair os seguintes dados: apenas 5 (25%) tem interesse em atuar como psicólogo do esporte; 15 (%) não pretendem ou não tem interesse nesta área.

    Tomando como proposta ideal o trabalho multidisciplinar no esporte, onde o objetivo é a otimização do rendimento do atleta, o psicólogo, como todos os demais profissionais: médicos, fisioterapeutas, treinadores ou preparadores físicos, deverão ter noções básicas sobre os aspectos específicos que formam parte do trabalho de seus colegas. Neste aspecto, o psicólogo, com conhecimentos gerais de preparação física, de treinamento esportivo, de medicina e de anatomia básica, mantém uma cercania proveitosa com o entorno profissional. (CÁRDENAS & PUMARIEGA, 2012).

    O profissional da Psicologia do Esporte deve adquirir uma formação de conhecimentos que garanta uma boa formação geral em Psicologia aliada aos conhecimentos específicos do exercício físico e do esporte. É necessário para este profissional uma cultura alicerçada em elementos que contribuam para o entendimento do contexto específico de atuação. Desta forma, o psicólogo esportivo deve trabalhar com atenção e rigor científico na prática esportiva para não convertê-la em uma Psicologia que simplifica todos os fenômenos do esporte. (VIEIRA et al., 2010).

    As faculdades de psicologia não estão preparando ou mesmo informando seus acadêmicos sobre essa área de atuação, o qual vem sendo ocupado por profissionais de outras áreas das ciências do esporte. (MODESTO & AVIZ, 2011).

    Na realidade brasileira, ressaltam-se as temáticas apresentadas nos congressos brasileiros de Psicologia do Esporte de 2004 (Curitiba) e 2006 (São Paulo). Um ponto a destacar é que os trabalhos de intervenção psicológica diminuíram de 2004 (20%) para 2006 (6,25%), demonstrando que estudos descritivos predominaram nos congressos, tendo destaque os estudos de motivação, autoestima, coesão, liderança, ansiedade e estresse. Os dados apresentados confirmam esta carência de profissionais da Psicologia que trabalhem especificamente com o esporte. Observa-se que em 2004 a temática de intervenção foi a que apresentou maior número de trabalhos no Congresso Brasileiro de Psicologia do Esporte, mas muitos destes trabalhos não foram realizados por profissionais que atuam efetivamente com intervenção psicológica (formação em Psicologia). (VIEIRA et al., 2010).

    A escassa formação dos responsáveis do esporte de iniciação em aspectos relacionados à Psicologia torna-a uma área pouca “explorada”. Os treinadores são as únicas pessoas que trabalham com as crianças na idade de iniciação. A razão mais convincente para explicar esta situação é a falta de recursos econômicos para contratar a outras figuras que completam a lista de profissionais que deveriam contribuir ao desenvolvimento das crianças. Felizmente, estamos assistindo a incorporação paulatina de “novas” figuras em equipes, não só de categorias profissionais, mas também em categorias inferiores. Desta forma, cada vez com maior freqüência, médicos, fisioterapeutas, preparadores físicos, psicólogos, colaboram com a iniciação esportiva, o que faz aumentar as probabilidades de se conseguir melhores atletas. (CÁRDENAS & PUMARIEGA, 2011; HERNANDEZ, 2014; SOUZA et al., 2011).

    No ano de 2006 surge também no Brasil a Associação Brasileira de Psicologia do Esporte (ABRAPESP), por iniciativa de um grupo de psicólogos e profissionais de educação física preocupados em discutir e promover os estudos e práticas profissionais da Psicologia Esportiva no país. (VIEIRA et al., 2010).

    Fica evidenciado que o crescimento da Psicologia Esportiva no Brasil ocorreu de maneira emergente, não apresentando correlações positivas com o desenvolvimento da Psicologia como ciência e profissão. Talvez a causa do desenvolvimento insuficiente não possa ser buscada somente dentro da Psicologia do Esporte, mas também na precariedade dos recursos colocados à disposição do esporte, por exemplo, não psicólogos que vão ao esporte para trabalhar, em vez de verdadeiros psicólogos do esporte, com formação geral e específica. (VIEIRA et al., 2010).

    Infelizmente isto se deve a pouca informação existente sobre os campos de atuação em Psicologia do Esporte. No Brasil o trabalho de psicólogos esportivos é bastante limitado; já no âmbito mundial, desde a década de 90 alguns autores, como Colburn (1993) e Cratty (1991), informam que este é um campo com profissionais bem-qualificados. Uma explicação pode estar na exigência da diversidade de conhecimento específico, pois, além do acumulado no curso de Psicologia, este profissional necessita de conhecimentos relacionados ao universo do atleta, do esporte e do exercício físico. A necessidade de todo esse conhecimento justifica-se pelas condições particulares em que vivem e atuam indivíduos e equipes que têm sua vida limitada pelo contexto vivido (treinamentos, competições e seleções) e a interação com um meio restritivo, marcado por períodos de isolamento e concentração. (VIEIRA et al., 2010).

4.     Conclusão

    Mediante o estudo realizado, chegamos à conclusão que os graduandos pesquisados, do Centro Universitário de Caratinga-UNEC, do 10° período de Psicologia, definiram corretamente o termo Psicologia do Esporte, assim como principais funções e campo de atuação do psicólogo do esporte e relevância do seu trabalho no meio esportivo, do exercício e atividade física e que os mesmos, em sua maioria, não pretendem atuar nesta área futuramente por não achar o mercado atraente, por falta de interesse ou por não gostarem da área de esportes.

    Cabe aos cursos de graduação oferecer a possibilidade de conhecimento dessa área de atuação, na qual o estudante de psicologia possa ao menos saber que esta exista, qual a função e o trabalho desenvolvido por esse profissional no âmbito esportivo, possibilitando assim que surjam maiores procuras por profissionais capacitados a trabalhar no esporte, tanto no aspecto competitivo como de atividades físicas e áreas afins em geral neste ambiente, ajudando os indivíduos a sobressaírem potencializando suas capacidades e melhorando suas limitações através do trabalho psicológico.

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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 19 · N° 197 | Buenos Aires, Octubre de 2014
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