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Matriz curricular e o estágio em Educação 

Especial do licenciado em Educação Física

Matriz curricular y pasantía en Educación Especial del licenciado en Educación Física

 

*Graduada em Educação Física – Licenciatura - da Universidade Estadual de Londrina – UEL 

Estudante colaboradora no Grupo de Pesquisa “Estágio Supervisionado em Educação

Especial no curso de Educação Física - Licenciatura da Universidade Estadual

de Londrina sob a coordenação do Prof. Dr° Nilton Munhoz Gomes

**Docente do Depto. de Estudos do Movimento Humano do Curso de Educação Física  

Licenciatura - da Universidade Estadual de Londrina – UEL. 

Mestre em Educação Especial pela Universidade Federal de São Carlos. 

Doutorado em Educação Física pela Unicamp

***Docente do Depto. de Estudos do Movimento Humano do Curso de Educação Física 

Licenciatura - da Universidade Estadual de Londrina – UEL. 

Mestre (2003) e Doutoranda em Educação pela Universidade Estadual de Maringá – UEM

Juliana Zeferino*

Nilton Munhoz Gomes**

Karina de Toledo Araújo***

niltonmg@sercomtel.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O presente estudo buscou analisar a concepção dos estudantes do curso de Educação Física com habilitação em licenciatura da Universidade Estadual de Londrina sobre a influência das disciplinas de Educação Especial e das demais disciplinas que compõem a matriz curricular do curso na formação inicial no estágio na área da Educação Especial. A pesquisa se caracteriza como qualitativa e descritiva, sendo utilizado o estudo Survey e a técnica de análise de conteúdo. O procedimento de coleta de dados foi a utilização de um questionário com escala tipo Likert composto de cinco afirmações aplicados para um total de trinta e dois estudantes do terceiro ano do curso de Educação Física – Licenciatura - da Universidade Estadual de Londrina. O resultado deste estudo indica que, em sua maioria, os estudantes/estagiários apontam a necessidade de maior aprofundamento e especialização na área da Educação Especial pois nota-se a falta de contextualização das disciplinas específicas e das demais disciplinas para a formação do professor de Educação Física e isso aparece durante o estágio na Educação Especial. Muitos afirmam, ainda, que a carga horária das discplinas é insuficiente, pois essas disciplinas não têm tempo para abordar os assuntos referentes à Educação Especial, além disso, apontaram a falta de um momento em que possam vivenciar a prática dentro das disciplinas específicas de Educação Especial.

          Unitermos: Formação de Professores. Educação Física. Estágio. Educação Especial.

 

Recepcao: 27/09/2014 - Aceptacao: 08/10/2014.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 197, Octubre de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O currículo do curso de Educação Física – licenciatura - da Universidade Estadual de Londrina é composto por um total de 49 disciplinas e apenas 13 disciplinas procuram fazer uma relação com a inclusão e o ensino para pessoas com necessidades especiais.

    Frigotto (1999), acredita que uma melhor formação e capacitação na área da educação especial acontece quando a instituição formadora favorece elementos que garantam além da formção teórico-pedagógica, mas também a humana, proporcionando aos acadêmicos condições para exercer sua prática docente como sujeitos autônomos, críticos e criativos. O Projeto Político Pedagógioco do curso de Educação Física com habilitação em licenciatura da Universidade Estadual de Londrina, resolução CEPE n° 0255/2009, cita como objetivo geral do curso:

    Promover a formação de profissionais para a atuação no processo ensino-aprendizagem da educação física em todos os níveis e modalidades de ensino, bem como para o desenvolvimento de estudos e pesquisas em educação sobre a temática da área (UEL, 2010, p. 9)

    Portanto, cabe a instituição formadora possibilitar a construção de conhecimentos através de uma disciplina de caráter inclusivo no curso de formação de professores, esta deve proporcionar e garantir o conhecimeneto sobre as características e necessidades de seus alunos, dando-lhes subisídios para que compreendam o que estes alunos precisam.

Procedimentos metodológicos

    O presente estudo caracteriza-se como exploratório e descritivo com análise qualitativa. Trabalha-se compara entender um dado fenômeno específico a partir de descrições, comparações e interpretações. Segundo Thomas & Nelson (2002) o estudo descritivo tem seu valor baseado na premissa de que os problemas podem ser resolvidos e as práticas melhoradas por meio da observação, análise e descrição objetivas e completas. Cervo e Bervian (2002) que dizem que a pesquisa descritiva observa, registra, analisa e correlaciona fatos e fenômenos sem manipulá-los, procurando descobrir, com a precisão possível, a freqüência com que um fenômeno ocorre, sua relação e conexão com outros.

    A técnica escolhida foi a Survey pois é a que possibilita que se cumpra a proposta deste estudo. Os estudos Survey baseiam-se em uma técnica de pesquisa que procura determinar práticas presentes ou opiniões de uma população específica (THOMAS e NELSON, 2002) entendendo, no caso deste estudo, como populações específicas estudantes de Educação Física –Licenciatura com vivências e experiências com o estágio em Educação Especial.

Participantes

    O universo desta pesquisa foi compreendido dos estudantes regularmente matriculados no 3º (terceiro) ano do curso de Educação Física com habilitação em licenciatura da Universidade Estadual de Londrina na disciplina 6EMH 044 - Organização de Estágio Curricular Supervisionado I. A seleção dos estudantes do 3º ano justifica-se pelo fato de que nesta etapa da formação inicial é contemplado o estágio na modalidade da Educação Especial. Trinta e dois estudantes responderam o questionário inicial e trinta o questionário final.

A coleta de dados

    O procedimento disposto para coleta de dados foi o questionário1 com escala tipo Likert composto de oito questões fechadas. Foi agregada a este questionário uma questão aberta (anexo 1). Este instrumento foi aplicado no início – período em que os alunos ainda não haviam iniciado as atividades relacionadas ao estágio na área da Educação Especial – e, o segundo momento foi no final do ano letivo de 2012, após o cumprimento do estágio pelos estudantes de Educação Física – Licenciatura - na modalidade de Educação Especial. O questionário foi aplicado no horário de aula da disciplina EMH 044 Organização de Estágio Curricular Supervisionado I. Para este estudo foram consideradas as questões 1, 2 e 3 do referido instrumento.

Análise dos dados

    Os dados das afirmativas contidas no questionário foram analisados de forma quantitativa e qualitativa. Nas afirmativas (Escala de Likert), as respostas obtidas nas escalas serão analisadas considerando a frequência das respostas, o que configura uma análise quantitativa. Para cada afirmativa, o acadêmico ‘comentou sua resposta’, neste momento foi utilizado como estratégia a Análise de Conteúdo proposta por Bardin (2004) com o objetivo de elencar categorias para cada afirmativa.

    A análise dos dados obedeceu aos seguintes critérios: primeiro foram elaboradas tabelas nas quais se destacavam as respostas justificando a marcação na escala relacionada a cada afirmativa. Abaixo de cada tabela destaca-se uma descrição da análise das respostas a partir das catagorias elencadas. Concomitante a esta análise, destacam-se os comentários – interpretações – considerando o aporte teórico metodológico que fundamenta as discussões sobre o tema em questão.

Discussão dos resultados

    Inicialmente os resultados estão apresentados em uma tabela que destaca as afirmativas abordadas no questionário e a incidência da marcação das opções de respostas presentes na escala apresentada para os estudantes. Em seguida, na apresentação dessa tabela incluie-se as categorias que se destacaram em cada uma das afirmativas – conforme o método proposto por Bardin (2004) - então é apresentada a discussão dos resultados com base na literatura e fundamentação teórica sobre o tema discutido. O quadro geral das afirmativas com suas respectivas categorias encontra-se no Apêndice A.

Quadro I. Relevância do estágio supervisionado em Educação Especial

    Antes da realização do estágio em Educação Especial, trinta e dois alunos responderam o questionário. Quanto a afirmativa: “eu sinto que oestágio supervisionado na área da Educação Especial será relevante na minhaformação inicial”. Vinte e oito concordaram totalmente com a afirmativa, destes,onde onze justificaram que a experiência será importante no processo deformação, cinco acreditam que o estágio proporcionará novos conhecimentos,cinco apontaram que a relevância do estágio esta na preparação para aatuação como docente, três afirmam que é o momento de vivenciar osconteúdos aprendidos nas disciplinas, um apontou o enriquecimento do currículo e três não justificaram. Três concordaram parcialmente com a afirmativa, onde um afirmou ter receio de realizar o estágio por sentir-se inseguro e dois não justificaram. Um acadêmico discordou parcialmente justificando que apenas o estágio não é suficiente para a formação.

    No segundo momento da coleta de dados - após a realização do estágio em Educação Especial – os mesmos estudantes responderam o questionário, porém desta vez totalizaram trinta estudantes. Quanto a seguinte afirmativa “sinto que o estágio supervisionado na área da Educação Especial foi relevante na minha formação inicial”. Destes trinta, vinte e quatro concordaram totalmente com a afirmativa sendo que, seis justificaram que o estágio proporcionou conhecimentos para atuação como docente, quatro apontaram a possibilidade de observar e experimentar a atuação na Educação Especial, três destacam ser uma vivência importante no processo de formação, dois apontam que o estágio colaborou com a formação como um todo, um apontou o enriquecimento do currículo, um estudante mudou a concepção quanto a intervenção na Educação Especial, um afirmou ter sido um momento de reflexão e cinco não apresentaram justificativa.

    Concordaram parcialmente com a afirmativa dois acadêmicos, justificando que essa vivência trouxe uma nova experiência na formação. Um mostrou-se sem opinião e sem justificativa. Três estudantes discordaram parcialmente sendo que dois apontaram a falta de auxilio do orientador de campo e um reconheceu a sua falta de experiência com o assunto.

    Na afirmativa 1 do questionário inicial é possível perceber que a maioria do acadêmicos acreditam na relevância que o estágio supervisionado na área da Educação Especial terá na sua formação inicial, seja por proporcionar novos conhecimentos, por trazer uma preparação e experiência, por ser um momento de vivenciar os conteúdos aprendidos ou por enriquecer o currículo. Essa relevância pode ser confirmada no questionário final, no qual os alunos responderam após o período do estágio e novamente a maioria concordou totalmente com a relevância do estágio supervisionado na área da Educação Especial, apontando que esse momento proporcionou uma vivência importante que colaborou com a formação, enriqueceu o currículo, trouxe novos conhecimentos e a observação de atuação na área da Educação Especial, além de ter sido um momento de reflexão, mudança de concepção e identificação com a área. Em ambos os questionários uma pequena quantidade de alunos discordaram da relevância desse estágio, sendo que no questionário inicial a justificativa foi que apenas o estágio não é suficiente para a formação, já no questionário final a critica foi pela falta de auxílio do orientador de campo.

    Os acadêmicos que participaram dessa pesquisa reconhecem a relevância que o estágio tem para a formação inicial. Essa relevância é reafirmada por Pimenta e Lima (2004), que apontam o estágio supervisionado como uma experiência fundamental para a formação de professores, pois, de fato, ele pode se configurar como um lugar de reflexão onde poderão ser tecidos “os fundamentos e as bases identitárias da profissão docente”.

    Em um estudo realizado por Gomes e Mondek (2009), também na Universidade Estadual de Londrina, onde os acadêmicos de Educação Física foram questionados se a forma como ocorreu o estágio curricular na área da Educação Especial colaborou de forma significativa para sua formação acadêmica, verificamos que pouco mais da metade desses acadêmicos se sentem satisfeitos com a forma como foi realizado o estágio, sendo assim, percebemos um descontentamento de boa parte dos estudantes entrevistados, isso mostra que o estágio da maneira como foi ofertado no período da pesquisa não estava qualificando o acadêmico para sua intervenção profissional.

    Comparando a pesquisa de 2009 com o presente estudo, percebemos que houve um avanço na qualidade do estágio supervisionado na área da Educação Especial, pois atualmente o número de estudantes que concordam totalmente com a relevância do estágio na Educação Especial para a formação inicial totalizam 80%.

    Já entre os estudantes que discordam parcialmente dessa relevância, a justificativa que teve recorrência foi a falta de auxílio do orientador de campo. Para Pachecco e Flores (1999), esses orientadores também exercem papel importante na formação inicial do futuro professor, considerando essa importância, o ideal seria que a Universidade encaminhasse os estagiários para as instituições de ensino que de fato reconhecem a responsabilidade de ser professor e tenham um compromisso social, no qual o professor organiza seu ensino e reflita sobre a sua prática.

    Carvalho (1985) acredita que as aprendizagens vão se construindo à medida que as experiências vivenciadas durante o estágio curricular sejam discutidas no interior dos cursos, como um momento de troca de experiências. O que configura o estágio como um momento de investigação da própria prática, possibilitando uma atuação mais consciente, buscando assim, soluções para possíveis problemas encontrados.

Quadro II. Contribuições das disciplinas

    Quanto à segunda afirmativa do questionário inicial: “eu sinto que ao longo do curso todas as disciplinas me trouxeram conhecimentos suficientes para realizar um bom estágio supervisionado na área da Educação Especial”, dois concordaram totalmente justificando que cada disciplina contribuiu um pouco dentro da sua especificidade. Vinte concordaram parcialmente com a afirmativa, destes, nove apontaram que as disciplinas que não são da área da Educação Especial não fazem relação com esse assunto, quatro destacam que as outras disciplinas favoreceram por abordar conteúdos específicos da Educação Física, dois afirmaram que a carga horária das disciplinas é insuficiente para trabalhar os assuntos da Educação Especial e seis não justificaram. Um acadêmico afirmou não ter opinião e não justificou sua resposta. Oito alunos discordaram parcialmente da afirmativa, onde sete apontaram que as outras disciplinas do currículo não abordam as questões da Educação Especial e um destacou a necessidade de se especializar para trabalhar nessa área. Um aluno discordou totalmente dizendo que apenas duas disciplinas trabalharam com as questões da Educação Especial.

    Sobre a segunda afirmativa do questionário final, “sinto que ao longo do curso todas as disciplinas me trouxeram conhecimentos suficientes na realização do estágio supervisionado na área da Educação Especial”, os trinta estudantes responderam da seguinte forma: sete concordaram totalmente com a afirmativa sendo que cinco apontaram que os conhecimentos das disciplinas contribuíram para a formação como um todo, um disse que somente parte das disciplinas ajudou e um acadêmico não se justificou.

    Dezoito acadêmicos concordaram parcialmente com a afirmativa, destes, três afirmam ter a necessidade de um aprofundamento no assunto, três apontaram a insuficiência de carga horária das disciplinas para trabalhar os assuntos da Educação Especial, três acreditam na necessidade de um momento de prática maior, dois afirmam que as disciplinas contribuíram com saberes da ação docente, um apontou a falta de contextualização, um disse que faltou dar ênfase na Educação Especial, um acadêmico reconheceu a própria falta de interesse e quatro não se justificaram. Discordaram parcialmente da afirmativa quatro estudantes sendo que um apontou a insuficiência de carga horária, um afirmou faltar contextualização, um acadêmico acredita faltar algo mais e um não se justificou.

    Na afirmativa 2 que procura identificar se todas as disciplinas ao longo do curso trouxeram conhecimentos suficientes para realização do estágio supervisionado na área da Educação Especial, pode ser observado que no questionário final, após a realização do estagio que houve um aumento no número de estudantes concordando totalmente com essa afirmação, porém, em ambos os questionários a maioria dos estudantes concordaram parcialmente com essa afirmação e mostraram justificativas parecidas, sendo algumas delas a carga horária insuficiente, pois as disciplinas não tem tempo para trabalhar os assuntos da Educação Especial, a necessidade de um momento maior de prática e o aprofundamento no assunto, falta de contextualização, pois as disciplinas que não são da área da Educação Especial não fazem muita relação com esse assunto.

    Com relação a teoria-prática e realidade da prática docente, as quais vêem sendo trabalhadas de forma fragmentada e desconexa, Pimenta e Lima (2004, p. 33) apontam que:

    Os currículos de formação têm-se constituído em um aglomerado de disciplinas entre si, sem qualquer explicação de seus nexos com a realidade [...] que em geral, estão completamente desvinculados do campo de atuação profissional dos futuros formandos.

    De acordo com Ruiz e Bellini (1998) procurar dar sentido nos conteúdos, fazer relações, possibilitar uma aprendizagem significativa é fazer uma contextualização. Essa contextualização ajudaria todas as disciplinas proporcionar os conhecimentos suficientes na realização do estágio supervisionado na área da Educação Especial, assim teríamos assim um ensino interdisciplinar. Os autores acreditam que a interdisciplinaridade não é uma técnica para dar aula e sim a forma que o professor pensa, um pensamento ampliado consegue fazer relações de uma disciplina com outras áreas, o professor não vai alterar a especificidade da sua disciplina, pois isso precisa estar garantido, mas ele irá fazer relações entre as disciplinas, buscar informações em outras áreas, ou seja, pensamento sobre pensamento.

Quadro III. Contribuições das disciplinas específicas da Educação Especial

    Sobre a terceira afirmativa respondida antes da realização do estágio em Educação Especial, “eu sinto que as duas disciplinas específicas da área de Educação Especial me prepararam para o estágio supervisionado na área da Educação Especial”, os trinta e dois estudantes responderam da seguinte forma: treze concordaram totalmente com a afirmativa, sendo que sete destacam que as disciplinas trouxeram conhecimentos suficientes para atuação na área da Educação Especial, cinco disseram que as disciplinas específicas trouxeram a capacitação necessária para a intervenção docente e um não justificou sua resposta. Quatorze estudantes concordaram parcialmente com a afirmativa, onde cinco destacaram que o embasamento não foi suficiente em função da carga horária, três apontaram a falta de uma vivência prática, dois afirmaram que não foi possível superar as dificuldades, um apontou que as disciplinas trouxeram preocupações e três não justificaram. Quatro acadêmicos discordaram parcialmente da afirmativa destacando que a carga horária foi insuficiente. Um participante discordou totalmente da afirmativa justificando que a carga horária foi insuficiente.

    A afirmativa “sinto que as duas disciplinas específicas da área de Educação Especial me prepararam para a execução do estágio na área da Educação Especial”, foi respondida após a realização do estágio em Educação Especial por trinta estudantes, destes, seis concordaram totalmente com a afirmativa onde quatro afirmaram que as disciplinas proporcionaram conhecimentos suficientes, um acredita que as disciplinas específicas da área Educação Especial foram muito antes do estágio, um não mostrou justificativa.

    Vinte concordaram parcialmente com a afirmativa sendo que quatro destacaram que a carga horária foi insuficiente, três apontam a necessidade de um momento de prática durante as disciplinas, três afirmam que as disciplinas não prepararam totalmente, três acreditam na necessidade de se especializar na área, dois afirmaram que as disciplinas específicas trouxeram conhecimentos necessários para a realização do estágio na área da Educação Especial, um reconheceu a própria falta de dedicação, um destacou que o estágio trouxe uma nova concepção, uma firmou ter sentido dificuldades no momento do estágio e dois não se justificaram. Dois estudantes mostraram se sem opinião sendo que um apontou a insuficiência de carga horária e outro não se justificou. Um estudante discordou parcialmente e não mostrou justificativa. Um estudante discordou totalmente da afirmativa destacando que a realidade do estágio é outra.

    Quanto a afirmativa 3, o número de estudantes que concordam parcialmente aumentou após a realização do estágio, reforçando o que os alunos já haviam dito no primeiro questionário, pois as justificativas do segundo questionário foram citadas de maneira parecida, sendo elas as seguintes: a carga horária das disciplinas específicas da Educação Especial foi insuficiente, faltou um momento de vivencia prática e a necessidade de se especializar no assunto. Talvez os problemas apontados nas justificativas pudessem ser amenizados se, durante as disciplinas fosse possível levar os acadêmicos para visitas nas escolas de Educação Especial, onde interagissem com alunos com necessidades especiais. Já o número de estudantes que discordaram da afirmativa 3 foi reduzido após o estágio.

    Porém, ao analisar o quadro, podemos perceber que se somarmos as respostas “concordaram totalmente” e “concordaram parcialmente” da afirmativa 3, teremos mais de 80% de acadêmicos concordando que as duas disciplinas específicas da Educação Especial que totalizam 90 horas no curriculo, prepararam para o estágio supervisionado nessa área, em ambos os questionários. Sendo assim, é possível afirmar que o Curso de Licenciatura em Educação Física da UEL, esta de acordo com o que diz no Parecer CNE/CES 0058/2004 que fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Educação Física, o qual sugere que os professores em sua formação inicial sejam capacitados para o trabalho com pessoas com necessidades especiais, pois os alunos portadores de necessidades especiais não podem ser privados das aulas de Educação Física.

Considerações finais

    A partir das análises das respostas do instrumento utilizado na pesquisa, podemos perceber que os participantes reconhecem a relevância que o estágio tem para a formação inicial, sobretudo por proporcionar novos conhecimentos, experiência e observação de atuação na área da Educação Especial, por ser um momento de vivenciar os conteúdos aprendidos e enriquecer o currículo, assim como de ter sido um momento de reflexão, mudança de concepção e identificação com a área.

    Quanto as questões relacionadas as disciplinas que compõem a matriz curricular do curso, esse trabalho mostra que a maioria dos estudantes concordam parcialmente com a afirmação de que, tanto as disciplinas gerais como as disciplinas especificas,trazem conhecimentos suficientes e preparam para realização do estágio supervisionado na área da Educação Especial,

    Esses estudantes apontam a necessidade de se aprofundar e se especializar nessa temática, citaram a falta de contextualização, pois as disciplinas que não são específicas não fazem muita relação com o assunto, acreditam que a carga horária das discplinas gerais é insuficiente, pois essas disciplinas não têm tempo para abordar os assuntos referentes à Educação Especial, além disso, apontaram a falta de um momento em que possam vivenciar a prática dentro das disciplinas específicas de Educação Especial.

    O currículo do curso de Educação Física – Licenciatura - da Universidade Estadual de Londrina é composto por um total de 49 disciplinas, ao analisarmos o mesmo percebemos que apenas 13 disciplinas trazem em sua descrição uma relação com a inclusão e o ensino para pessoas com necessidades especiais. Essa falta de contextualização foi refletida em ambos os questionários, quando a maioria dos estudantes concordam parcialmente com a afirmativa que procura identificar se todas as disciplinas ao longo do curso trouxeram conhecimentos suficientes para realização do estágio na área da Educação Especial.

Nota

  1. Este questionário integra um dos instrumentos de coleta de dados utilizados no projeto de pesquisa intitulado “Estágio Supervisionado em educação Especial no curso de Educação Física - Licenciatura da Universidade Estadual de Londrina” sob a coordenação do Prof. Dr° Nilton Munhoz Gomes.

Referências

  • BARDIN, L. Análise de conteúdo. 3ed. Lisboa: Edições 70, 2004.

  • CARVALHO, I. M. O processo didático. Rio de Janeiro: FGV, 1985.

  • CERVO, A. L; BERVIAN, P. A. Metodologia científica. 5ed. São Paulo: Prentice Hall, 2002.

  • FRIGOTTO, G. A produtividade da escola improdutiva. São Paulo: Cortez, 1999.

  • GOMES, N. M; MONDEK, P. P. Estágio curricular supervisionado na educação especial sob a ótica dos acadêmicos do curso de educação física/licenciatura. In: CONGRESSO BRASILEIRO MULTIDISCIPLINAR DE EDUCAÇÃO ESPECIAL, 5., 2009, Londrina. Anais...Londrina: UEL, 2009.

  • PACHECO, J. A; FLORES, M. A. Formação e avaliação de professores. Porto: Porto Editora, 1999.

  • PIMENTA, S.G; LIMA, M. S. L. Estágio e docência. Coleção docência em formação. São Paulo: Cortez, 2004.

  • RUIZ, A. R; BELLINI, L. M. Ensino e conhecimento: elementos para uma pedagogia da ação. Londrina: EDUEL, 1998.

  • THOMAS, J. R; NELSON, J. K. Métodos de pesquisa em atividade física. 3°Ed. Porto Alegre: Editora Artemed, 2002.

  • UEL - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA. Resolução CEPE N° 0255/2009. Reformula o Projeto Político Pedagógico do curso de Educação Física – Habilitação: Licenciatura, a ser implantado a partir do ano letivo de 2010. Disponível em: http://www.uel.br/prograd/pp/documentos/2010/resolucao_255_09.pdf

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