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Iniciação esportiva precoce: a competição 

como fator negativo para o desenvolvimento na infância

La iniciación deportiva precoz: la competición como factor negativo para el desarrollo en la infancia

 

Graduado em Pedagogia. Especialista em Pedagogia do Movimento na Infância

Graduando em Educação Física – Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

(Brasil)

João Paulo Vicente da Silva

paulosilvarn@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          A prática de atividade física na infância é muito importante para a saúde e o desenvolvimento psicomotor. No entanto, essa prática precoce pode comprometer a formação da criança, devido os aspectos competitivos e individuais que são elencados em alguns esportes de alto rendimento. Destarte, destaco a necessidade de mais investigação sobre o tema, tendo em vista sua amplitude, torna-se um objeto de estudo permanente para os profissionais de educação física.

          Unitermos: Esporte. Competição. Desenvolvimento na infância.

 

Resumen

          La práctica de actividad física en la niñez es muy importante para la salud y el desarrollo psicomotor. Sin embargo, esta práctica pronto pueda poner en peligro la educación de los niños, porque los aspectos competitivos e individuales que aparecen en algunos deportes de alto rendimiento. Así pues, me gustaría destacar la necesidad de realizar más investigaciones sobre el tema, con miras a su amplitud, se convierte en un objeto de estudio permanente para los profesionales de la educación física.

          Palabras clave: Deporte. Competencia. Desarrollo en la infancia.

 

Recepção: 22/06/2014 - Aceitação: 10/09/2014.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 197, Octubre de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A prática esportiva hodiernamente está ocupando um espaço significativo no cotidiano das pessoas, em especial na sociedade infantil.

    O incentivo a iniciação esportiva nesta fase da vida é necessário que seja orientada, de forma que, seja positiva para criança.

    Sobre a prática esportiva precoce Golomazov (1996, p.28) enfatiza que: “Por várias razões, muitos técnicos veem-se obrigados a acelerar a preparação dos jovens atletas. Se a especialização precoce é positiva ou negativa, depende dos objetivos colocados. Se a ideia é criar um futebolista talentoso, o treino intensivo e precoce é nocivo”.

    Podemos destacar que, a iniciação esportiva e a competição torna-se a cada dia muito frequente, principalmente no ambiente escolar, onde as crianças são influenciadas, pela sociedade adulta.

    Por outro lado, a prática esportiva é fundamental na promoção da saúde e o desenvolvimento da criança, porém, devemos salientar o risco do esporte competitivo impõe para sujeito e a sociedade.

    Na pedagogia do esporte competitivo as crianças são direcionadas a treinamentos exagerados antes da idade adequada, assim, acontece o furto da vivencia lúdica e esse momento é fundamental para o seu desenvolvimento físico e cognitivo.

O esporte competitivo na infância

    A iniciação esportiva precoce na infância, principalmente quando é tratada como competição, pode implicar em consequências negativas na formação do individuo. Essas peculiaridades podem transformar a criança em um adulto em miniatura.

    Weineck (1999, p.101) afirma que: “Em crianças com desenvolvimento normal há uma coincidência entre idade biológica e física. Em crianças precoces (com desenvolvimento acelerado) o desenvolvimento físico precede o biológico em 1 ou mais anos; e em crianças de crescimento tardio (retardado) ocorre o contrário, o crescimento biológico precede o físico”.

    Para Stefanello (2002, p.173):

    Juntamente com a grande proliferação do desporto jovem, o envolvimento de crianças e adolescentes em programas desportivos tem gerado opiniões variadas e até mesmo radicais, sendo comum encontrarmos defensores implacáveis para que as crianças sejam impedidas de participar de programas desportivos e, em contrapartida, para que deles possam participar sem reservas. Há, contudo, considerações mais moderadas que indicam posições cuidadosas sobre o tema, mas que não fecham a questão em torno destes posicionamentos. Os defensores desta proposta entendem que a prática desportiva para os mais jovens pode atuar como uma espada de dois gumes, cortando em direções contrárias, ou seja, com efeitos devastadores se for na direção errada.

    Podemos destacar que o esporte, é um meio essencial para socialização, no entanto, devemos ficar atentos, com o aspecto competitivo, essa característica pode proporcionar vivencias individualistas, no qual, permite atitudes de isolamento, deboche e outras formas de descriminação.

    De acordo Scalon:

    Por isso a necessidade de termos técnicos bem preparados, porque estes não devem ser aqueles que têm apenas o melhor conhecimento do esporte ou da modalidade esportiva, mas que têm, igualmente, um conhecimento mais profundo dos aspectos biológicos e psicossociais da criança, assim como a capacidade para integrar estes conhecimentos na preparação esportiva delas, podendo identificar assim o nível de prontidão para a prática esportiva. (2004, p 94).

    Nesse contexto, torna-se evidente na atualidade as crianças sendo tratadas como adultos, com exigências de aspectos físicos e mentais com a finalidade de vencer acima de tudo, ou seja, a busca incessante do alto rendimento esportivo.

A vivência lúdica e o desenvolvimento psicomotor

    Na infância o ser humano inicia um processo lúdico através jogos, brinquedos e brincadeiras, mas, para isto é necessário um momento. Esse momento é fundamental para o seu desenvolvimento físico e cognitivo.

    Vygotsky (1984, p. 97) relata que:

    A brincadeira cria para as crianças uma “zona de desenvolvimento proximal” que não é outra coisa senão a distância entre o nível atual de desenvolvimento, determinado pela capacidade de resolver independentemente um problema, e o nível atual de desenvolvimento potencial, determinado através da resolução de um problema sob a orientação de um adulto ou com a colaboração de um companheiro mais capaz.

    O lúdico permite a criança se expressar, analisar, criticar e transformar a realidade, por meio das descobertas e da criatividade contribuindo assim, no processo de aprendizagem. Através das brincadeiras que ocorre o desenvolvimento das capacidades cognitivas, afetivas e emocionais, interpessoais, físicas e o desenvolvimento da autonomia. É salutar que todas estas qualidades desenvolvem-se quando pensamos muitas vezes que as crianças estão apenas vivenciando o lúdico.

    Ramos (2005, p. 3) enfatiza a importância do brincar da seguinte forma:

    Brincar não constitui perda de tempo nem é, uma forma de preenchê-lo. A criança que não tem oportunidade de brincar sente-se deslocada. O brinquedo possibilita o desenvolvimento integral da criança, já que se envolve afetivamente, convive socialmente e opera mentalmente, sendo que a criança despende energia, imagina, constrói normas e cria alternativas para resolver imprevistos que surgem no ato de brincar.

    Nesse contexto, a brincadeira favorece a aprendizagem, portanto, não há razão para que sejam excluídos esses momentos fundamentais para formação humana.

    De acordo com Kishimoto (2002), a atividade lúdica atende ás necessidades do desenvolvimento, e não pode ser considerada como algo sem valor. Esta tem um papel importante á longo prazo na formação humana.

    Ainda nesse contexto, Fonseca (2008, p. 392) destaca que:

    Ao brincar, a criança envolve-se em uma atividade psicomotora extremamente complexa, não só enriquecendo a sua organização sensorial, como estruturando a sua organização perceptiva, cognitiva e neuronal, elaborando conjuntamente sua organização motora adaptativa.

    Para Marcellino (2009, p.28) “o lúdico como componente da cultura, também precisa ser visto dessa dupla perspectiva: como produto e como processo; enquanto conteúdo e enquanto forma”.

    Corroboro com o pensamento de Marcellino (2009, p. 72) onde deixa claro que: “[...] a vivencia do lúdico é imprescindível em termos de participação cultural crítica e, principalmente criativa.”

    Assim, a buscar de possibilidades que manifeste o componente lúdico cultural na prática pedagógica, torna-se essencial, principalmente quando os conteúdos parte das relações sociais das crianças.

Considerações finais

    Na pesquisa realizada buscamos questionar e refletir sobre a prática de atividades esportivas precoce na infância, pois, como profissionais da educação física devemos sempre contribuir para formação humana e respeitar os processos de desenvolvimento da criança.

    É importante ressaltar a espontaneidade das crianças em elaborar a melhor maneira de cumprir os objetivos, deixando de lado o espírito competitivo, demonstrando cooperação e capacidade de enfrentar desafios. Desse modo, proporcionar as crianças atividades de forma lúdica e outras possibilidades de brincadeiras e Jogos, percebendo que necessitamos do outro para vivermos em sociedade.

    Assim, como profissionais de educação física devemos favorecer a pedagogia do esporte de forma adequada à fase da criança, e não favorecer exploração precoce da criança em esportes de alto rendimento, no qual pode promover a exclusão prejudicando o seu desenvolvimento.

Referências

  • FONSECA, V. Desenvolvimento Psicomotor e Aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2008.

  • GOLOMAZOV, Stanislav; Shirva, Boris. Futebol: Treino de qualidade do movimento para atletas jovens. Adaptação técnica e científica: Antônio Carlos Gomes e Marcelo Mantovani. São Paulo: FMU, 1996.

  • KISHIMOTO, T. M. O brincar e suas teorias. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002.

  • MARCELLINO, Nelson Carvalho. Pedagogia da Animação. 9º Ed. 2009, Campinas, SP: Papirus - (Coleção Fazer/Lazer)

  • SCALON, Roberto M. A psicologia do esporte e a criança. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2004.

  • STEFANELLO, Joice Mara Facco. Psicologia do Desporto: Aplicações e contribuições para o treinamento desportivo de crianças e jovens. IN: SILVA. Francisco Martins. Treinamento Desportivo: aplicações e implicações. João Pessoa: Editora Universitária, 2002.

  • RAMOS, Aparecida L. Jogar e Brincar: representando papéis, a criança constrói o próprio conhecimento e consequentemente, sua própria personalidade. Disponível em: http://www.icpg.com.br. Acesso em 19 de abril de 2011.

  • VYGOTSKI, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984.

  • WEINECK, Jürgen. Treinamento Ideal: Instruções técnicas sobre desempenho fisiológico, incluindo considerações específicas de treinamento infantil e juvenil. Tradução: Beatriz Maria Romano Carvalho. 9ª ed. São Paulo: Manole, 1999.

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