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Ginástica laboral, uma necessidade emergente para 

promoção da saúde e melhoria da qualidade de vida do trabalhador

La gimnasia laboral, una necesidad emergente para la promoción de la salud y la mejor de la calidad de vida del trabajador

 

*Graduado em Licenciatura Plena em Educação Física - UEPB

Especialista em Educação Física Escolar - UEPB

Especializando em Gestão em Saúde - UEPB

Especializando em Novas Tecnologias na Educação - UEPB

**Graduanda em Licenciatura em Biologia – UEPB

Allan Kardec Alves da Mota*

Viviane Sousa Rocha**

ak_mota21@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          A ginástica laboral na prevenção de doenças ocupacionais vem sendo alvo de estudos e ganha terreno a partir do advento da era industrial, a acelerada incorporação das novas tecnologias de automação, associadas às novas formas de organizar o trabalho e na medida em que as Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) são evidenciados. Nesse estudo, desenvolvemos um breve histórico, analisamos aspectos relacionados com a ginástica laboral, diferentes métodos de aplicação da ginástica, bem como os benefícios na promoção da saúde tanto para o trabalhador. Dentro desse contexto o presente artigo, buscou analisar e discutir os conhecimentos e métodos de ginástica laboral tendo em vista as suas necessidades e finalidades. Para tal reflexão este estudo consistiu em uma revisão bibliográfica. Concluímos que a prevenção das doenças ocupacionais pode ocorrer pelo emprego da ginástica laboral, sendo a mesma somada a outras atitudes preventivas e havendo, principalmente, a colaboração voluntária dos trabalhadores. Dessa forma, a ginástica laboral é um recurso para fazer frente ao problema, pois é considerado um exercício físico eficaz na prevenção de doenças relacionadas ao trabalho que pode promover a saúde e melhorar a qualidade de vida do trabalhador.

          Unitermos: Ginástica laboral. Doenças ocupacionais. Qualidade de vida.

Recepção: 25/05/2014 – Aceitação: 16/09/2014.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 197, Octubre de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A ergonomia é uma ciência multidisciplinar que estuda a relação do homem com o seu trabalho, seu objetivo básico é a humanização e a melhoria da produtividade do sistema de trabalho. Para tanto procura fornecer meios para a melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores, adaptando o trabalho às características anatômicas, fisiológicas e psicológicas destes. A ginástica laboral quando bem orientada, pode contribuir com a ergonomia reduzindo as dores, fadiga, monotonia, estresse, acidentes e doenças ocupacionais dos trabalhadores.

    As Lesões por Esforço Repetitivo (LER) ou os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) são os nomes dados às afecções de músculos, de tendões, de sinóvias de nervos, de fáscias e de ligamentos, isoladas ou combinadas, com ou sem degeneração de tecidos. Elas atingem principalmente – mas não somente – os membros superiores, a região escapular e a região cervical. Têm origem ocupacional, decorrendo do uso repetido ou forçado de grupos musculares e da manutenção de postura inadequada (Fundacentro, 2007).

    Historicamente, o primeiro relato a associar queixas dolorosas nos membros superiores a tipos de atividade de trabalho foi feito, provavelmente, por Ramazzini, em 1713. Apesar de esta primeira associação datar do século XVIII, só recentemente o assunto despertou interesse mundial (Martins, 2001; Fundacentro, 2007).

    Com o advento da era industrial, teve início o processo de fabricação de produtos em massa e a crescente especialização dos operários no sentido de melhorar a qualidade, de aumentar a produção e de diminuir custos. Essa especialização levou os trabalhadores a executarem funções específicas nas empresas, com a realização de movimentos repetitivos, associados a um esforço excessivo, o que fez com que muitos indivíduos passassem a sentir dores.

    As LER/DORT são, atualmente, causa de muitos debates quanto à nomenclatura, ao diagnóstico e ao tratamento. Há os que não acreditam em sua existência, e os que ainda não se convenceram. O fato é que existem inúmeros trabalhadores com queixas de dor atribuídas às suas funções. A patologia é reconhecida pela atual Legislação Brasileira, gerando grande interesse nos meios médicos.

    Dentro desse contexto o presente artigo, buscou analisar e discutir os conhecimentos e métodos de ginástica laboral tendo em vista as suas necessidades e finalidades. Para tal reflexão este estudo consiste em uma revisão bibliográfica na literatura acerca deste assunto.

Referêncial teórico

Contexto Histórico da Ginástica Laboral

    Existem registros deste tipo de atividade, desde 1925 na Polônia, Bulgária, Alemanha Oriental, Holanda e Rússia, quando então era chamada de Ginástica de Pausa (CAÑETE, 1995). Na mesma época, impulsionada pela cultura e tradição oriental, a GL teve seu grande enraizamento no Japão. Inicialmente era destinada a algumas atividades ocupacionais, mas após a Segunda Guerra Mundial foi difundida por todo o país. A grande propagação da GL na cultura empresarial japonesa é atribuída à veiculação de um programa da Rádio Taissô, que envolve uma tradicional ginástica rítmica, com exercícios específicos acompanhados por música própria. Atividade que acontece todas as manhãs, sendo transmitida pela rádio, por pessoas especialmente treinadas e é praticada não somente nas fábricas ou ambientes de trabalho no início do expediente, mas também nas ruas e residências.

    Dentro do contexto brasileiro, alguns indícios da influência japonesa mostram um pouco da evolução histórica da cultura da realização da GL no país. A Federação de Rádio Taissô no Brasil, coordena mais de 5.000 praticantes ligados a 30 entidades em quatro estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Mato Grosso do Sul. Desde 14 de março de 1996, passou a vigorar a Lei Estadual nº 9.345, em São Paulo, promulgada pelo governador Mário Covas, instituindo o dia da Rádio Taissô, comemorado em 18 de junho. (POLITO & BERGAMASCHI, 2002). No início da década de 70, com a chegada de executivos japoneses no Brasil, houve um estímulo para a adoção desta prática em algumas empresas. Segundo SCHIMITZ (1990), em 1978 a Federação de Estabelecimentos de Ensino Superior em Novo Hamburgo – RS (FEEVALE) e a Associação Pró-Ensino Superior em Novo Hamburgo (ASPEUR), juntamente com o SESI, implantaram um projeto denominado “Ginástico Laboral Compensatório”, que teve início em 23 de novembro de 1978, envolvendo cinco empresas do Vale dos Sinos.

Dor e limitações funcionais

    As manifestações de LER/DORT parecem reforçar a importância da abordagem regional da dor, uma vez que quanto mais significativos os processos fisiopatológicos, mais bem localizados eles tendem a se apresentar. (BARRETO, 2001). Para FEUERTEIN (1992), KNAPP (1984), MIRANDA (1998), quanto aos sintomas do trabalhador com queixas musculoesqueléticas, a dor é a causa mais freqüente de consultas ao médico. ASSUNÇÃO (2001) ressalta, ainda, que é importante considerar que as manifestações musculoesqueléticas são de natureza diversa inflamatória ou degenerativa, podendo atingir tecidos diferentes tendões, músculos, ligamentos, nervos e sítios específicos dos membros superiores dedos, punhos, cotovelos, ombros e pescoço, podendo-se esperar que o processo álgico tenha características distintas.

    Para entender a funcionalidade da dor no seu sentido mais amplo, deve conceber, além da capacidade produtiva plena: as Atividades de Vida Diária (AVD’s), o potencial para manter as relações humanas e afetivas, a capacidade de concentração e bom humor, assim como de manter a harmoniosa dinâmica dos membros, ao caminhar por exemplo. Para CAILLET (2000), para valorizar qualquer programa de tratamento ou reabilitação a cerca do portador de LER/DORT, deve-se desenvolver um Programa de Controle de Incapacidade, que além das capacidades laborais, também considera as AVD’s. Neste sentido, a manutenção da integridade da capacidade funcional, torna-se um leque bastante amplo. A abordagem apenas dos movimentos necessários para o trabalho, dentro de uma leitura sistêmica do ser humano no seu contexto social e de vida, apresenta-se extremamente limitada e inócua, ao analisar esse fenômeno. Sobre o assunto PEREIRA & LECH (1997) afirmam que no portador de LER/DORT não só o trabalho é afetado, mas também o desempenho em atividades da vida diária, tais como as domésticas, as de lazer e esportivas.

Tipos de Ginástica Laboral

Ginástica Laboral Preparatória

    São exercícios físicos realizados pelos funcionários no próprio local de trabalho, antes de iniciarem suas tarefas diárias. Esses exercícios atuam de forma preventiva aquecendo a musculatura e despertando o corpo, prevenindo acidentes de trabalho, distensões musculares e doenças ocupacionais. (Dias, 1994). Padão e Monteiro (1992) complementam que essa ginástica é por benéfica, pois prepara o trabalhador para as atividades laborais diárias, ativando a circulação geral e o aparelho respiratório, além de preparar as estruturas músculoligamentares de forma que os funcionários fiquem menos propensos a problema de saúde.

Ginástica laboral compensatória ou de pausa

    São exercícios físicos realizados no meio do expediente de trabalho, que agem de forma terapêutica, para relaxar os músculos que trabalham em excesso durante a jornada de trabalho através da contração dos seus antagonistas. Essa ginástica também permite a quebra da rotina, despertando os trabalhadores e prevenindo desta maneira acidentes de trabalho (Pigozzi, 2000).

Ginástica laboral de Relaxamento

    Ginástica baseada em exercícios de alongamento realizada após o expediente, com o objetivo de oxigenar as estruturas musculares envolvidas na tarefa diária, evitando o acúmulo de ácido lático e prevenindo as possíveis instalações e lesões. Fazendo com que o mesmo retorne ao seu convívio pessoal descansado e em condições de aproveitar melhor o seu lazer. (Pigozzi, 2000).

Benefícios da Ginástica Laboral

    A Ginástica Laboral proporciona benefícios, tanto para o trabalhador, quanto para a empresa. Além de preveniras LER/DORT, ela tem apresentado resultados mais rápidos e diretos com a melhora do relacionamento interpessoal e o alívio das dores corporais (Oliveira, 2006; Guerra, 1995; Mendes, 2000).

    Barcelos (2000) acompanhou um programa de ginástica laboral nos funcionários do SENAI e observou que esses exercícios auxiliaram na percepção corporal, fazendo com que os funcionários adotassem posturas mais adequadas. Santos (2000) estudou os funcionários de um supermercado de Florianópolis e concluiu no final de sua pesquisa que os benefícios adquiridos com o programa de ginástica laboral foram: uma melhor disposição para o trabalho, diminuição do cansaço físico no final do dia, aumento do clima de amizade e espírito de grupo, tornando os funcionários mais unidos e comprometidos com a empresa.

Conforme a literatura os principais benefícios que a ginástica laboral traz para as empresas são:

  • Aumento da produtividade;

  • Diminuição de incidência de doenças ocupacionais;

  • Menores gastos com despesas médicas;

  • Marketing social;

  • Redução do índice de absenteísmo e rotatividade dos funcionários;

  • Redução dos números de erros e falhas, pois os funcionários ficam mais espertos e motivados.

Os benefícios para os funcionários são:

  • Melhora da auto-imagem;

  • Redução das dores;

  • Redução do estresse e alívio das tensões;

  • Melhoria do relacionamento interpessoal;

  • Aumento a resistência da fadiga central e periférica;

  • Aumento da disposição e motivação para o trabalho;

  • Melhoria da saúde física, mental e espiritual.

    Veja no quadro abaixo os resultados positivos de programas de ginástica laboral segundo alguns autores.

    Estes resultados parecem indicar a importância de se desenvolver programas de Ginástica Laboral na prevenção e na redução de doenças ocupacionais, trazendo grandes benefícios para as empresas e os trabalhadores.

Considerações finais

    Evidências demonstram a importância da Ginástica Laboral na prevenção de doenças ocupacionais, tais como LER/DORT, na redução dos acidentes de trabalho e das faltas, bem como no aumento da produtividade, na diminuição dos gastos com assistência médica e, conseqüentemente, em um maior retorno financeiro para as empresas (Jimenes, 2002; Ferreira, 1998; Revista Confef, 2007).

    Os benefícios físicos da ginástica laboral é algo incontestável, uma vez que, toda e qualquer atividade física devidamente aplicada é vantajosa. A prevenção do sedentarismo e às doenças cardiovasculares já seriam motivos suficientes para afirmar que a ginástica laboral, sob caráter de atividade física, produz melhor qualidade de vida. Dessa forma, isso se aplica à condição psicológica de uma pessoa; por promover aumento da auto-estima e conseqüentemente da autoconfiança, a ginástica laboral pode levar, no âmbito empresarial, ao aumento do desempenho e da produtividade. Contudo, a prevenção das doenças ocupacionais sem duvida pode ocorrer pelo emprego da ginástica laboral, mas, se a mesma estiver somada a outras atitudes preventivas e havendo, principalmente, a colaboração voluntária dos trabalhadores.

    Dessa forma, a ginástica laboral é um recurso para fazer frente ao problema, pois é considerado um exercício físico eficaz na prevenção de doenças relacionadas ao trabalho que pode promover a saúde e melhorar a qualidade de vida do trabalhador.

Referências bibliográficas

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