Exercício físico no tratamento do diabetes El ejercicio físico en el tratamiento de la diabetes Physical exercise in the treatment of diabetes |
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*Acadêmica do curso de Bacharelado em Educação Física da UniCesumar, Maringá, PR **Orientadora. Professora Doutora do curso de Educação Física da UniCesumar, Maringá, PR ***Professora Doutora da UniCesumar, Maringá, PR. Revisora do trabalho (Brasil) |
Mayara Carolina Formigoni* Márcia Aparecida Andreazzi** marcia.andreazzi@unicesumar.edu.br Rosa Maria Ribeiro*** |
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Resumo O diabetes mellitus é uma doença autoimune, decorrente da falta de insulina e/ou da incapacidade da insulina em exercer seus efeitos. Uma das formas de controlar a glicemia em pacientes diabéticos é a prática de atividade física, contudo, resultados contraditórios têm sido relatados sobre os benefícios do exercício físico no controle metabólico desses pacientes. Neste trabalho foram revisados os benefícios do exercício físico no controle glicêmico, o risco de hipoglicemia durante o exercício, a reposição de carboidratos e a escolha do melhor tipo de exercício para portadores de diabetes mellitus. De acordo com os materiais revisados, concluiu-se que indivíduos com diabetes mellitus, podem realizar vários tipos de exercícios físicos. Entretanto, eles devem ser monitorados e deve-se considerar a idade, tipo de atividade física, dieta e dose de insulina, para que assim, um melhor controle glicêmico seja alcançado. Unitermos: Atividade física. Diabetes mellitus. Hipoglicemia.
Abstract Diabetes mellitus is an autoimmune disease, caused by lack of insulin and / or the inability of insulin to exert its effects. One way to control blood glucose in diabetic patients is the practice of physical activity; however, conflicting results have been reported about the benefits of exercise on metabolic control in these patients. This paper has reviewed the benefits of exercise on glycemic control and also, on the other hand, the risk of hypoglycemia during exercise, carbohydrate replacement and, in this way, has chosen the best type of exercise for people with diabetes mellitus. According to the revised materials it was found that individuals with diabetes, may perform various types of exercises, however, they must be monitored and must consider the age, type of physical activity, diet and insulin dose; so, in this way, it will be possible to achieve a better glycemic control. Keywords: Diabetes mellitus. Hypoglycemia. Physical activity.
Trabalho de conclusão de curso (TCC) no curso de Bacharelado em Educação Física da UniCesumar, Maringá, PR, Brasil.
Recepção: 17/05/2014 – Aceitação: 20/08/2014.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 197, Octubre de 2014. http://www.efdeportes.com/ |
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1. Introdução
O diabetes mellitus (DM) é uma síndrome decorrente da falta de insulina e/ou da incapacidade da insulina em exercer adequadamente seus efeitos bioquímicos e fisiológicos; esta doença caracteriza-se por hiperglicemia crônica com distúrbios do metabolismo dos carboidratos, lipídeos e proteínas (MOTTA, 2003).
Segundo Gross et al. (2002) o DM é classificado como DM tipo 1 (DM1), onde ocorre a destruição das células beta, usualmente levando à deficiência completa de insulina, de causas autoimune ou idiopático. O DM tipo 2, apresenta graus variados de diminuição de secreção e resistência à insulina. Existem ainda outros tipos específicos, decorrentes de defeitos genéticos da função da célula, defeitos genéticos da ação da insulina, doenças do pâncreas exócrino, endocrinopatias, indução por drogas ou produtos químicos, infecções ou formas incomuns de diabetes imunomediado e, por fim, o Diabetes Gestacional (DMG), que se caracteriza por uma diminuição da tolerância à glicose, diagnosticada pela primeira vez durante a gestação.
DM1 compreende 90% dos casos de diabetes da infância e 5% a 10% daqueles de início na idade adulta, visto que 40% dos casos de DM1 ocorrem até os 20 anos de idade. Sua incidência varia entre populações, etnias, áreas geográficas, e depende também de fatores ambientais (JAHROMI e EISENBARTH, 2007).
Essa patologia crônico-degenerativa acomete principalmente indivíduos jovens, que devem modificar ou manter um estilo de vida saudável para obter um melhor controle glicêmico e uma melhor qualidade de vida (GROSSI et al., 2002).
Contudo, o exercício físico como forma de tratamento tem gerado muita polêmica, visto que resultados contraditórios em relação ao controle metabólico desses pacientes foram relatados; além disso, ainda existem dúvidas a respeito do tipo e intensidade do exercício, o ajuste na dose de insulina recomendada para a prática do mesmo e os riscos de hipoglicemia (RAMALHO e SOARES, 2008). Desta forma, o objetivo desta revisão foi demonstrar os efeitos do exercício físico no controle glicêmico, o risco de hipoglicemia e complicações crônicas durante o exercício, assim como a necessidade da reposição de carboidratos. E culmina com a necessidade da escolha individual do melhor tipo de exercício para portadores de diabetes mellitus tipo 1.
2. Desenvolvimento
Nos últimos anos, vários pesquisadores têm reportado os benefícios da atividade física no controle da glicemia. Valério et al. (2007) verificaram que crianças e adolescentes com DM1 praticantes de atividade física regular esportiva, tiveram uma melhora no controle glicêmico. Da mesma forma, Ferreira (2008) também observou em um estudo realizado com seis pacientes com DM1, moderadamente ativos, uma diminuição de 22,2% na taxa de glicose sanguínea após uma única sessão de treinamento resistido.
Por outro lado, Sigal et al. (2007) afirmaram que durante uma sessão de treinamento anaeróbico ocorre uma maior degradação do glicogênio hepático, o que aumenta o nível de glicose na corrente sanguínea.
De acordo com estudo realizado por Yardley et al. (2013), os exercícios de resistência provocaram uma pequena diminuição nos níveis de glicose sanguínea durante o exercício. Porém, apresentaram uma diminuição mais prolongada da glicemia pós-exercício quando comparado ao exercício aeróbico. Segundo ADA (2007), a hipoglicemia, que pode ocorrer durante, imediatamente depois, ou muitas horas depois da atividade física, pode ser evitada se o paciente tiver um conhecimento adequado do seu metabolismo e um bom ajuste da nutrição e da administração da insulina.
Um estudo realizado com 103 indivíduos adultos com DM1 apontou que o medo de uma crise hipoglicêmica é o principal fator para a não adesão à prática de atividade física regular (BRAZEAU et al., 2008). De fato, vários estudos envolvendo crianças e adultos, têm demonstrado que a maioria dos eventos graves de hipoglicemia ocorre durante a noite e sugerem que tais eventos são mais frequentes no dia seguinte da atividade física (TSALIKIAN et al., 2005).
Sendo assim, Tsalikian et al. (2005) afirmaram que a prática de atividade física no fim da tarde não é indicada para crianças com DM1, pois os episódios de hipoglicemia noturnos são comuns para essa população. Os autores recomendaram que esses indivíduos modificassem seus horários de exercício no período da tarde para reduzir os riscos de hipoglicemia.
Com relação à intensidade do exercício a ser realizado, Silva e Oliveira (2009) monitoraram a glicemia capilar de um indivíduo com DM1 antes e durante os exercícios e durante a recuperação e observaram que na prática de exercícios aeróbios, de intensidade leve a moderada, a redução da glicemia foi significativamente menor do que em intensidade elevada.
Por outro lado, Tansey et al. (2006), estudando jovens com DM1, afirmaram que os exercícios aeróbicos de intensidade moderada causaram uma redução aguda da glicose, quando esta encontrava-se abaixo de 120mg/dL no período pré-exercício.
A fim de controlar melhor a glicemia durante a atividade física, ADA (2007) recomenda que o indivíduo com DM1, antes de iniciar qualquer tipo de atividade física, faça o exame da glicemia e, caso necessário, faça a redução da dose de insulina, dependendo da intensidade do exercício. Caso o exercício seja de longa duração, é importante fazer a medição da glicemia durante e após a sessão de exercício.
Visando o melhor controle da glicemia para se evitar o risco de hipoglicemia deve-se controlar também a ingestão de carboidratos. A ingestão da quantidade adequada de carboidratos pode ser feita de acordo com a intensidade do exercício e a orientação médica. Além disso, ADA (2006) afirma que indivíduos com diabetes, quando forem se exercitar, devem estar acompanhados por um profissional que tenha conhecimento dos sintomas da hipo e da hiperglicemia, sabendo como proceder nessas situações.
O monitoramento da ingestão de carboidratos, seja por contagem de carboidratos ou experiência com base em estimativa, é uma estratégia fundamental para alcançar o controle glicêmico (ADA, 2010). No DM1 deve-se considerar a dieta adequada, a administração de insulina exógena e a prática de atividade física (LOTTENBERG, 2008).
O primeiro cuidado antes da realização de qualquer atividade física fica a cargo da reposição de carboidratos, que deve ser realizada de acordo com a glicemia sanguínea avaliada pré-exercício (MICULIS et al., 2010).
Ciock (2004) recomenda que indivíduos com diabetes não façam exercícios físicos em jejum, seja pelo risco de hipoglicemia, seja por se usar, nesta situação, massa magra (tecido muscular) como fonte de energia. Além disso, a alimentação antes da atividade física deverá ser processada para que disponibilize glicose e glicogênio durante e logo após o exercício.
Pesquisas realizadas em crianças e adolescentes com DM1 controlado e que fazem ingestão de líquidos contendo 6% de carboidratos, apontam que a redução na glicemia é significativamente menor quando comparados à ingestão de placebos, reduzindo, dessa forma, os riscos de hipoglicemia durante o exercício (ANDRADE et al., 2005) além de repor as perdas fluidas (HORNSBY e CHETLIN, 2005).
Meyer (2004) afirmou que a ingestão de bebida contendo 8% e 10% de carboidratos preveniu uma redução significativa na glicemia induzida por uma hora de exercício aeróbico contínuo a 55-65% do volume máximo de oxigênio (V O2máx), caracterizada como uma atividade física moderada, em adolescentes com DM1.
Caso a glicemia esteja abaixo de 90mg/dL não é recomendado iniciar uma atividade física; o indivíduo deve se alimentar e assim, aumentar a glicemia. Caso esteja abaixo de 130mg/dL, especialmente antes de atividades aeróbias, recomenda-se a ingestão de alimentos com no mínimo 15 g de carboidratos; caso contrário o risco de entrar em hipoglicemia é muito alto (BARONE, 2010). O mesmo autor ainda recomenda que, se houver hipoglicemia durante qualquer exercício físico, que pare imediatamente, se alimente, especialmente com carboidrato de rápida absorção, espere a glicemia voltar aos níveis normais, antes de voltar a praticá-lo.
Para as atividades de curta duração e alta intensidade, apenas a suplementação de carboidratos é efetiva na manutenção da glicemia; já para exercícios físicos como maratona, triátlon e outros, a maior parte dos diabéticos tem que reduzir sua dose de insulina e aumentar sua ingestão de carboidratos de maneira controlada e segura (COLBERG e SWAIN, 2000).
Quanto à duração do exercício físico aeróbio, Mercuri e Arrechea (2000) ressaltaram que os exercícios físicos prolongados apresentam grandes vantagens, porém, aumentam os riscos de hipoglicemia e, por isso, necessitam de um melhor controle. Quanto à freqüência, os mesmos autores relataram que menos de duas vezes por semana não ocorrem benefícios significativos metabólicos e cardiovasculares. O tipo, freqüência, intensidade e duração do exercício físico recomendado dependerão da idade, do grau de aptidão física, do controle metabólico, tempo de DM e presença de patologias associadas.
Em relação à prática de esportes radicais, recomenda-se que esta seja feita sob um intenso controle glicêmico, reposição de carboidratos quando necessário, adaptação da dose de insulina, além do acompanhamento de um instrutor ou uma pessoa próxima, que conheça as necessidades e limitações do paciente, já que corrigir uma hipoglicemia durante um mergulho, por exemplo, é bem mais difícil (BARONE, 2010).
Pinto (2007) afirmou que o exercício físico pode ser um aliado no controle da glicemia em pacientes com DM1, além da administração diária de insulina e da dieta balanceada, contudo, Colberg e Swain (2000) enfatizam que os pacientes DM1 podem não presenciar a melhora proporcionada pelos exercícios físicos regulares no controle glicêmico, se não ocorrerem também mudanças na dieta e na dosagem de insulina conforme a intensidade e duração dos exercícios físicos. Os autores também ressaltam a importância da avaliação clínica e física para que haja uma proteção de possíveis complicações micro e macro vasculares que podem ser exacerbadas pelo exercício físico mal direcionado.
3. Considerações finais
Associado à administração diária de insulina e ao consumo de dieta balanceada, a realização de exercícios físicos se constitui numa prática aliada no controle da glicemia em pacientes com DM1.
O indivíduo com DM1 pode realizar vários tipos de atividade física, entretanto deve-se considerar suas especificidades, como automonitorização dos níveis de glicose, adaptação da dose de insulina, reposição de carboidratos e deve–se, na escolha do exercício, fazer as adaptações necessárias, tais como escolha dos melhores horários. E de acordo com os objetivos individuais e suas limitações, como presença de complicações secundárias, deve-se nestes casos, sempre se exercitar acompanhado. Desta forma, o paciente alcançará um melhor controle glicêmico e conseqüentemente, uma melhor qualidade de vida.
Referências
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