Efeito crônico do decanoato de testosterona e nandrolona em ratos Wistar submetidos a nado forçado: estudo do comportamento através do teste de labirinto de cruz elevada e enzimas hepáticas Efecto crónico del decanoato de testosterona y nandrolona en ratas Wistar sometidas a nado forzado: estudio del comportamiento a través del test de laberinto de cruz elevado y enzimas hepáticas Chronic effect in Wistar rats of testosterone deaconate and nandrolona undertaken to swim: behavior study throughout labyrinth test of elevated cross and hepatic enzymes |
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*Acadêmico de Farmácia/Graduando. Centro Universitário Metodista do IPA **Fisioterapeuta e Programa de Pós-Graduando em Biociências e Reabilitação. Centro Universitário Metodista do IPA ***Acadêmico de Nutrição/Graduando. Centro Universitário Metodista do IPA ****Acadêmico de Biomedicina/Graduando. Centro Universitário Metodista do IPA *****Educador Físico e Mestre pelo Programa de Pós-Graduação Biociências e Reabilitação. Centro Universitário Metodista do IPA ******Biólogo, Docente/Orientador/Pesquisador Universidade Federal do Rio Grande do Sul ******Bióloga, Docente/Orientador/Pesquisador Programa de Pós-Graduação em Biociências e Reabilitação. Centro Universitário Metodista do IPA ********Farmacêutico Bioquímico, Docente/Orientador/Pesquisador Programa de Pós-Graduação em Biociências e Reabilitação Centro Universitário Metodista do IPA |
Sergio Giovani Ensslin dos Santos* Everton Salvador** Amaranta Rangel Ramos*** Caroline Borges**** Rodrigo Rodrigues***** Emerson Casali****** Valesca Cardoso******* Marcello Mascarenhas******** marcello.mascarenhas@metodistadosul.edu.br (Brasil) |
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Resumo O objetivo foi avaliar o efeito crônico da decanoato de testosterona e nandrolona em ratos Wistar submetidos a natação, quanto ao efeito comportamental através do teste de labirinto de cruz elevada, aspartato aminotransferase (AST) e alanina aminotransferase (ALT). Para executar a proposta foi realizado um modelo experimental com animais (N=35), durante cinco semanas, expostos a natação e injeções intramusculares de decanoato de testosterona e nandrolona. Os animais expostos ao teste de labirinto de cruz elevada demonstraram uma maior ansiedade. Também foi verificada a influência dos esteroides no peso ponderado do animal, verificando um aumento estatisticamente significativo no que tangue o peso final. No perfil enzimático foi observado a performance alterada das aminotransferases, AST e ALT demonstrando que o tratamento crônco com os EAA associados gerou alterações na função hepática. Nos achados sugerem que os animais expostos as drogas possam desenvolver uma capacidade exploratória maior, com ganho de peso e leve alteração da função hepática. Unitermos: Anabolizantes. Esteróides. ALT. AST. Labirinto em cruz elevado. Modelo experimental.
Abstract The purpose of this paper was to evaluate the chronic effet of testosterone deaconate/nandrolona in Wistar rats undertaken to swim, related to the behavior effect throughout the elevated cross labyrinth, aminotrasferase aspartate (AST) and aminotransferase alanin (ALT), to execute the purpose was made a experimental model with animals (n=35) during five weeks. The animals exposed to the behavior test showed a degree of anxiety, was verify an steroid influence related to the medium weight of the animals related to initial and final weight, that presented an significant statistic difference. Throughout the profile of hepatic enzymes was found that the AST has a bigger change on test groups and the same has occurred with ALT. The chronic treatment with EAA in animals affected the hepatic function. Our founds suggests that the animals who were exposed to the drugs can develop a higher exploratory capacity, with weight gain and a light change on the hepatic function. Keywords: Anabolic. Steroids. ALT. AST. Anxiety. Experimental model.
Recepcao: 13/08/2014 – Aceitacao: 25/09/2014.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 197, Octubre de 2014. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Os esteróides anabolizantes androgênicos (EAA) são substâncias sintéticas com atividade hormonal similar à testosterona, utilizados para fins terapêuticos e no meio esportivo, devido a suas propriedades anabólicas e androgênicas (CELOTTI, CESI, 1992; CUNHA; CUNHA; MOURA; MARCONDES, 2004; MOURA, 1984).
Estas substâncias são frequentemente utilizadas em academias e centros de treinamento físico sem qualquer prescrição e controle para o consumo, tal fato representa risco à saúde dos usuários. As doses costumam ser de 10 a 100 vezes maiores que a dose terapêutica e, na maioria das vezes, o uso abusivo ocorre entre não atletas (ROSE; NETO; MOREAU; CASTRO, 2004; SILVA; DANIELSKI; CZEPIELEWSKI, 2002).
O uso e abuso dos hormônios esteroides no Brasil e no mundo são considerados como substâncias proibidas em todas as modalidades esportivas, salvo alguma necessidade patológica. Segundo a World Ani-Doping Agency (WADA), qualquer substância pode ser incluída na lista de substância proibida em função de dois dos critérios a seguir: 1) responsável por melhorar o desempenho esportivo, 2) representar um risco para a saúde do atleta ou 3) violar a legislação esportiva (BARROSO; MAZZONI; OLIVIE, 2008; OLSEVER, MASCARENHAS, GUTIERREZ, 2010).
Apesar dos EAA serem substâncias incompatíveis com o esporte, há diversos tipos sendo usados indevidamente, um dos mais utilizados é o decanoato de nandrolona, que apresenta uma ação semelhante a da testosterona. Também, a partir da molécula de testosterona foram sintetizados os seus derivados de testosterona que permitem uma lenta metabolização em função da sua estrutura e um aumento da afinidade do receptor androgênico (KUHN, 2002). Com o uso destes esteroides sintéticos, o individuo estimula a síntese proteica desenvolvendo um efeito de hipertrofia sobre as fibras musculares, aumentando a massa magra e reduzindo gordura subcutânea (FOLETTO; COSTA; FERRARI; MORAES; SEGATELLI, 2010). Também foi demonstrado que quase 100% dos usuários de esteroides anabolizantes desenvolvem algum efeito adverso de ordem fisiológica, bioquímica e toxicológica (HARTGENS; KUIPERS, 2004; PARKINSON; EVANS, 2006; VENÂNCIO; NÓBREGA; TUFIK; MELLO, 2010; MANETTA; GRUBER; POPE, 2000; WADA, 2009).
O estudo de modelos experimentais pode ser utilizado para identificar outras hipóteses ainda não evidências (CAMARGO FILHO; VANDERLEI; CAMARGO; BELANGERO; PAI, 2006), onde uma das propostas de treinamento aliado aos modelos é a natação (MACHADO; GOBATTO; CONTARTEZE; PAPOTI; MELLO, 2005; VOLARELLI; GOBATTO; MELLO, 2002; GRACELI; GAVA; GOMES; MOSCON; ENDLICH; GONÇALVES; MOYSÉS, 2010; MACEDO; SANTOS; PASQUALOTTO; COPETTE; PEREIRA; CASAGRANDE; MOLETTA; FUZER; LOPES, 1998; SANTOS; CAPERUTO; ROSA, 2006).
O presente estudo tem como objetivo avaliar o efeito crônico da decanoato de testosterona e nandrolona em ratos Wistar submetidos à nado forçado, quanto ao parâmetro comportamental, através do teste de labirinto de cruz elevada, aspartato aminotransferase (AST) e alanina aminotransferase (ALT).
Métodos
Grupos experimentais
O estudo foi um modelo experimental com exposição crônica por 35 dias, onde foram usados animais com idade de 90 dias e peso aproximado de 250-350 gramas, que foram divididos em cinco grupos com sete animais, utilizando-se o critério de acesso irrestrito à água e comida, além de um ciclo de 12 horas claro/escuro. O grupo CS (controle sendentário) foi composto de animais que receberam alimentação e não foram submetidos ao treinamento e aos esteroides, o grupo C (controle) constou de animais que foram submetidos ao treinamento e não receberam os esteroides, o grupo D1 (droga 1) recebeu dose de decanoato de nandrolona (20mg/kg) e decanoato de testosterona (4mg/kg) e foram submetidos ao treinamento, o grupo D2 (droga 2) recebeu a dose de decanoato de nandrolona (25mg/kg) e decanoato de testosterona (6mg/kg) sendo submetido ao treinamento e o grupo D3 (droga 3) recebeu dose de decanoato de nandrolona (30mg/kg) e decanoato de testosterona (10mg/kg) e também sendo submetido ao treinamento. Apesar da dificuldade de se estabelecer a equivalência entre a dose terapêutica e aquela utilizada em academias, principalmente em virtude das preparações ilegais utilizadas por atletas, é estimada que a dose abusiva seja de 10 a 100 vezes maior do que a terapêutica. Nesse estudo a dose do decanoato de nandrolona e testosterona utilizada foi de aproximadamente 65 vezes maior do que o estipulado, segundo Graceli; Gava, Gomes; Moscon; Endlich; Gonçalves e Moysés (2010).
A investigação foi conduzida conforme as normas estabelecidas pelo Guide Care and Use of Laboratory Animals e os critérios determinados pelo Colégio Brasileiro de Experimentação Animal (Cobea), sendo aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais do Centro Universitário Metodista do IPA com número 25/2011.
Treinamento físico: nado forçado
O protocolo de exercícios consistiu de nado forçado (natação) por dez minutos, três dias por semana, durante cinco semanas consecutivas totalizando 15 sessões em todo o período do estudo. As sessões de treinamento foram realizadas em recipiente de amianto com 100 cm de comprimento, 70 cm de largura e 60 cm de altura. Os recipientes continham água numa profundidade de 50 cm, de tal forma que os animais não pudessem apoiar a cauda no fundo do tanque. A temperatura da água foi controlada por meio de um aquecedor elétrico, sendo mantida em 31º C ± 1º C, durante a realização do exercício.
Após cada sessão de treinamento, os animais eram secados com toalhas e mantidos por cerca de 30 minutos no laboratório. Quando estavam completamente secos, os animais eram transportados ao biotério. A aplicação da injeção subcutânea no músculo sóleo de decanoato de nandrolona (Deca-Durabolin®) e decanoato de testosterona (Durateston®) foi realizada antes do treinamento de natação durante as cinco semanas, a droga foi administrada duas vezes por semana nos animais dos grupos D1, D2 e D3, para tal os animais eram pesados semanalmente em balança digital.
Teste do labirinto em cruz elevado (Plus-Maze)
Após a exposição crônica por 35 dias os animais foram submetidos ao teste de labirinto em cruz elevada, que tem como objetivo principal avaliar a ansiedade. O animal explora ambos os braços abertos e fechados do labirinto, mas tipicamente entrará com maior frequência e permanecerá por mais tempo nos braços fechados. No entanto, uma maior intensidade de medo equivale a menor preferência pelos braços abertos e com isso uma maior predileção pelos braços fechados. (PELLOW; CHOPIN; FILE; BRILEY,1985).
O labirinto em cruz elevada foi fabricado em madeira, sendo formado por dois braços cercados por paredes e sem cobertura, que medem aproximadamente 50 cm de comprimento por 10 cm de largura, colocados perpendicularmente a outros dois braços abertos com o mesmo comprimento e a mesma largura, estando o conjunto elevado a 50 cm de altura em relação ao assoalho. Os ratos foram colocados no labirinto individualmente e avaliados por 5 minutos. Antes da introdução de cada animal, a arena foi limpa com álcool a 5% para eliminar possíveis pistas decorrentes de odores deixados por outros animais. Um intervalo de 3 minutos foi permitido para que houvesse a completa secagem por ventilação do labirinto antes da introdução do próximo animal. As passagens para o braço aberto e para o braço fechado, o tempo que o rato ficou no braço aberto e o tempo que ele ficou no braço fechado foram registrados. (PELLOW; CHOPIN; FILE; BRILEY, 1985).
Coleta do material
No final do período de cinco semanas de estudo, os animais foram mantidos em repouso por 48 horas após a última sessão de treinamento e aplicação do teste de comportamento, sem jejum prévio e foram sacrificados por decapitação com guilhotina sem anestesia, com colheita de sangue troncular. Após o sangue foi centrifugado a 3000 rpm para a separação do soro, e as amostra foram armazenadas em freezer a -80°c para posterior análise.
Determinação da atividade de AST e ALT
O soro foi utilizado para a dosagem de AST e ALT, através do método enzimático colorimétrico. (SOLDIN; BRUGNARA; WONG, 2005). As análises foram realizadas no Laboratório de Bioquímica do Centro de Pesquisa do Centro Universitário Metodista do IPA.
Análise estatística
Os dados foram organizados em um banco de dados no Excel, e as análises foram realizadas com auxílio do programa: Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) v.21.0. Os resultados apresentaram distribuição normal e a comparação dos parâmetros hepáticos entre os grupos, controle e expostos ao extrato foram realizados por Análise de variância (ANOVA) e posteriormente foi feito o pós Teste de Comparações Múltiplas de Tukey. Foi adotado o nível de significância de 5% de probabilidade (p<0,05).
Resultados
Teste de labirinto em cruz elevada (Pluz Maze)
Os resultados do total de entradas nos braços abertos e nos braços fechados dados em frequência (quantidade de vezes), e da permanência nos braços abertos e nos braços fechados dados em tempo (segundos ou s) estão na (Tabela 1) (média ± erro padrão).
O teste do labirinto em cruz elevada (Pluz-Maze) demonstrou diferença estatisticamente significativa (p < 0,05), quando comparado os grupos em relação ao parâmetro número de entrada nos braços abertos CS (0,510 ± 0,130), C (0,427 ± 0,100), D1 (0,829 ± 0,221), D2 (0,994 ± 0,130) e D3 (0,997 ± 0,740). Foi observado que os animais dos grupos testes tiveram maior frequência de entrada do que os grupos controle. E em relação ao número de entradas nos braços fechados os grupos testes também demonstraram uma diferença estatística CS (0,370 ± 0,210), C (0,375 ± 0,210), D1 (0,381 ± 0,111), D2 (0,389 ± 0,180) e D3 (0,412 ± 0,184).
Tabela 1. Teste do labirinto em cruz elevado
Ao analisar o tempo de permanecia dos grupos nos braços abertos foi encontrado uma diferença estatisticamente significativa (p < 0,05) em relação aos resultados CS (237,7 ± 48,77), C (241 ± 34,80), D1 (253,8 ± 18,05), D2 (277,25 ± 22,57) e D3 (297,6 ± 10,90) demonstrando que os animais dos grupos teste permaneceram por mais tempo. O mesmo perfil estatístico não ocorreu para o tempo de permanência dos grupos nos braços fechados, CS (311,94 ± 42,30), C (274 ± 33,04), D1 (245,41 ± 23,20), D2 (255,39 ± 23,83) e D3 (269 ± 10,88).
Figura 1. Perfil do peso corporal dos grupos em relação a dois momentos (Inicial e Final) (expresso em média±desvio padrão)
Quantificação de peso
Na Figura 1 são apresentados os dados de pesos ponderais referentes aos animais em relação a dois momentos inicial e final, respectivamente. Foram constatadas diferenças estatisticamente significativas (p < 0,05) entre os grupos CS (369,85 ± 28,10 vs 353,00 ± 16,93g), C (367,71 ± 26,77 vs 376,50 ± 18,80g), D1 (301,27 ± 33,85 vs 354,00 ± 25,06g), D2 (301,00 ± 31,07 vs 343,00 ± 23,46g) e D3 (278,69 ± 30,28 vs 345,00 ± 22,93g), após o tratamento com decanoato de nandrolona e decanoato de testosterona, associado ao exercício físico, observou-se um aumento do peso corporal quando comparado ao peso inicial.
Figura 2. Perfil de atividade AST (U/L) nos grupos em estudo
Análise das aminotransferases
Quanto às enzimas aminotransferases, AST e ALT, o nosso estudo demonstrou que ocorreu uma diferença estatisticamente significativa (p < 0,05) entre os grupos. A Figura 2 demonstra que a AST tem um perfil da seguinte forma: CS (56,26 ± 21,26 U/L), C(67,65 ± 33,82 U/L), D1(44,28 ± 16,73 U/L), D2 (38,06 ± 14,38 U/L) e D3(44,15 ± 16,69 U/L) e os níveis de atividade da ALT foram ilustrados na Figura 3, onde CS (46,00 ± 20,38 U/L), C(25,00 ± 6,78 U/L), D1(35,85 ± 23,87 U/L), D2 (37,85 ± 17,12 U/L) e D3(42,42 ± 13,06 U/L).
Figura 3. Perfil da atividade de ALT (U/L) nos grupos em estudo
Discussão
O estudo teve como proposta avaliar o efeito crônico do decanoato de testosterona e nandrolona em ratos Wistar submetidos à natação, quanto ao efeito comportamental através do teste de labirinto de cruz elevada, aspartato aminotransferase (AST) e alanina aminotransferase (ALT), pelo fato de haver escassos estudos na literatura avaliando a influência das duas drogas em relação ao treinamento e aos parâmetros analisados.
Parâmetro Comportamental através do teste de labirinto em cruz elevada
No parâmetro comportamental que avalia comportamento emocional em roedores (RAMOS, 2008; WILHELMS JUNIOR et al., 2013), os achados deste estudo demonstraram que os grupos teste apresentaram um aumento da ansiedade em relação aos controles.
No teste para avaliação de ansiedade pelo tratamento crônico com decanoato de nandrolona e testosterona foi possível constatar uma diferença entre grupos controles versus os testes, sendo que nos braços fechados os animais controle permaneceram por maior tempo, demonstrando que estavam mais seguros e menos ansiosos e nos braços abertos foi verificado um maior número de entradas com diferença estatística, ou seja, os animais testes demonstraram um caráter exploratório, o que corrobora com os resultados de nosso grupo (WILHELMS JUNIOR e cols, 2013).
Os achados frente à literatura pesquisada, sugerem semelhança com os dados Kouvelas; Pourzitaki; Papazisis; Dagklis; Dimou; Kraus (2008), onde os efeitos assemelham aos ansiogênicos. Assim, como no estudo de Bing e cols (1998) também identificou um efeito ansiolítico em ratos wistar causado por uma única injeção de testosterona (5mg/kg), o que difere deste, pois os nossos animais ficaram por 5 semanas expostos. Ao contrário do estudo de Minkin, Meyer e Van Haaren (1993), durante o tratamento com decanoato de nandrolona por 8 semanas em ratos demonstrou um aumento no tempo de permanência dos animais nos braços abertos, indicando um incremento de ansiedade. É importante caracterizar melhor o efeito dos EAA na ansiedade, pois necessitam de distinção mais precisas conforme Clark, Henderson (2003).
Medidas de peso corporal
Os resultados de medidas de peso corporal mostram que os animais apresentaram um ganho de peso corporal no final do experimento, ao comparar os animais controles e testes. Os animais dos grupos teste apresentaram um incremento no peso nos três grupos (D1, D2 e D3) em relação aos animais controle sedentário (CS) e controle (C). Cunha e cols (2005) identificaram que a prática de exercício físico pode ocasionar as aumento no peso corporal, que desencadeia um aumento na massa muscular e reduz a gordura corporal. Tal achado associa-se ao encontrado neste estudo em relação ao peso corporal.
Coyle (1997) descreve que na prática de exercícios aeróbios, as reservas de glicogênio são utilizadas nos primeiros minutos de atividade e, à medida que o exercício prossegue, há redução na utilização do glicogênio com aumento concomitante na utilização das gorduras. Sendo assim, supomos que o treinamento físico empregado, natação, tenha instigado ao aumento do metabolismo aeróbio dos animais treinados, aumentando o ganho de peso corporal dos mesmos.
Com relação à influência dos EAA sobre o peso corporal, os dados presentes na literatura científica ainda são bastante controversos, necessitando ainda de estudos. As implicações obtidas neste estudo mostram que o tratamento com EAA exerceu efeito negativo significativo sobre o ganho de peso corporal entre doses, porque as doses de esteroides usadas não apresentaram um ganho de peso proporcional. Acredita-se que esta diferença não tenha sido observada entre os animais treinados porque neste caso o treinamento físico promoveu as adaptações necessárias para aumento do peso corporal dos animais, não havendo efeito adicional das drogas. Apesar dos EAA estimularem a síntese proteica e aumentarem a retenção hídrica, o que poderia acarretar aumento do peso corporal, sabe-se que em concentrações excessivas podem inibir o crescimento e o ganho de peso. (CARSON; LEE; McCLUNG; HAND, 2002). Há outra hipótese que pode estar associada, pois tais efeitos podem ser decorrentes da diminuição de apetite, do desequilíbrio hidroeletrolítico e do aumento da oxidação lipídica devido à maior atividade da enzima carnitina-palmitoiltransferase (GUZMAN; SABORIDO; CASTRO; MOIANO; MEGIAS, 1991). No entanto, neste estudo não foi possível fazer essa afirmação, mas permite a continuidade nos estudos sobre esses efeitos.
Parâmetros bioquímicos
As enzimas hepáticas, AST e ALT, são amplamente utilizadas como marcadores de lesão hepatocelular e doenças cardíacas. A relação entre as duas fornece perspectivas clínicas. várias drogas, comumente usadas, encontram-se relacionadas ao aumento de AST e ALT, dentre elas os esteroides anabolizantes podem ser responsáveis por agravar o perfil. (BOTTS; ENNULAT; CARROL; GRAHAM, 2010).
Neste estudo experimental analisou-se atividade destes marcadores bioquímicos, para a avaliação da toxicidade hepática desenvolvida pelos esteroides anabolizantes, (BOTTS; ENNULAT; CARROL; GRAHAM, 2010). Quando biomarcadores hepatobliares aumentam sua atividade no soro, avaliam a ação endógena do fígado ou a liberação de hepatócitos, quando ocorre lesão hepática deve-se considerar a histologia do fígado, o marcador biológico e a farmacologia dos compostos utilizados.
As aminotransferases (AST e ALT) enzimas intracelulares com a ocorrência de lesão ou destruição das células hepáticas são liberadas na circulação, aumentando os níveis séricos, (MOTTA, 2009) o que confirma os resultados obtidos neste trabalho onde os grupos estudados tiveram aumento significativo destas enzimas.
A enzima alanina aminotranferase (ALT), catalisa a reação de gliconeogênese e o ciclo da uréia, tendo a sua maior concentração nos hepatócitos periportais. Devido a sua localização citosólica, esta enzima é automaticamente liberada no caso de lesões hepáticas (BOTTS; ENNULAT; CARROL; GRAHAM, 2010). Neste estudo demonstrou-se uma diferença significativa nos grupos teste, tendo um aumento da atividade desta enzima, sendo este um possível indicador de lesão hepática, onde (SCHEFFER; GONZÁLEZ, 2003) a ALT é uma enzima indicadora de dano hepático para cães, gatos e ratos, que se relaciona com a extensão e não com a gravidade da lesão, mesmo que não ocorra morte celular, a liberação desta enzima ocorrerá na corrente sanguínea.
A elevação da enzima aspartado aminotransferase (AST), no presente trabalho nos grupos testes, (Scheffer e González, 2003) pode ter como causa a necrose hepática. A AST por ser uma enzima mitocondrial necessita de uma lesão mais extensa para ser liberada na corrente sanguínea. O aumento da AST sérica pode ocorrer em patologias de localização no SNC, isto sugere uma grande lesão no parênquima (Scheffer e González, 2003). Considerando que o aumento da atividade sérica dessa enzima pode ser causado por necrose e também por lesão subletal de hepatócitos. (BOTTS; ENNULAT; CARROL; GRAHAM, 2010).
Os achados avaliaram o efeito do uso crônico com os esteroides sobre a atividade de AST e ALT. O decanoato de nandrolona e o decanoato de testosterona demonstraram alterações toxicas nesses marcadores, pois foi possível identificar que AST apresentou a taxas de maior atividade nos grupos testes (D1, D2 e D3) do que os grupos controles (CS e C). Os resultados sugerem que o tratamento com as drogas anabolizantes por 35 dias afetou a função hepática o que corrobora com relatos do estudo BONETTI; TIRELLI; CATAPANO; DAZZI; DEI, SOLITO; CEDA; REVERBERI; MONICA; PIPITONE; ELIA; SPATTINI; MAGNATI, 2008.
Embora alguns autores não considerem conclusiva a associação de EAA à lesão hepática, acredita-se que muitos estudos que não relataram efeitos colaterais não tiveram um tempo de observação suficiente para presenciar o desencadeamento dos efeitos tóxicos que ocorrem após o uso prolongado da droga. (STIMAC; MILEC; DINTINJANA; KOVAC; RISTIC, 2002; BING; HEILIG; KAKOULIDIS; SUNDBLAD; WIKLUND; ERIKSSON, 1998).
Portanto, as adaptações fisiológicas encontradas no nosso modelo contribuem com a hipótese que associando dois agentes anabolizantes, decanoato de testosterona e nandrolona, são responsáveis por quadros de ansiedade e hepatotóxicos, sendo evidente estudos futuros dos mecanismos droga-receptor bem como averiguar a atividade hipotalamica–pituitária-adrenal.
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