Coordenação motora em crianças La coordinación motora en los niños |
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Professor de Educação Física Especialista em Ciências da Saúde e do Esporte (PUC-RS) e palestrante |
Guilherme de Oliveira Gonçalves (Brasil) |
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Resumo Pesquisas recentes buscam evidenciar aspectos quantitativos sobre a coordenação motora (CM) em crianças. Este artigo busca verificar quais são os resultados encontrados sobre esta propriedade motora na literatura que vem sendo produzida atualmente. A metodologia utilizada foi pesquisa bibliográfica. Os principais resultados encontrados mostram que: crianças com peso normal têm melhor desempenho de CM do que as que apresentam sobrepeso e obesidade; alunos que treinam Badminton apresentam melhor CM se comparados com alunos que não treinam; alunos praticantes de natação tiveram melhores resultados no teste de CM do que aqueles que não treinam; os meninos mostraram ter melhor desempenho de CM do que as meninas (feminino baixo 44,8%, normal 32,2%, alto 23,0 %%; masculino baixo 17,2%, normal 34,5%, alto 48,3%); no Brasil há alta prevalência de crianças com Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação (11,1%). Conclui-se que, a CM tem sido alvo de diversas pesquisas, sendo importante ao Educador Físico compreender está capacidade podendo traçar estratégias, contribuindo para a vivência de seus alunos. Verificou-se também a necessidade de mais estudos com maior amostragem, buscando compreender também as vivências dos indivíduos em estudos longitudinais, possibilitando o acompanhamento e desempenho dos avaliados. Unitermos: Coordenação motora. Crianças.
Recepção: 16/06/2014 – Aceitação: 17/09/2014.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 197, Octubre de 2014. http://www.efdeportes.com/ |
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1. Introdução
Adquirir habilidades corporais é fundamental no processo de aprendizagem e desenvolvimento motor. A infância é a melhor época para o aprendizado de novas habilidades, pois o que não se aprende nesse período será mais difícil de aprender com o decorrer da idade, desse modo à coordenação ocupa um lugar prioritário nesta fase (Weineck, 2003).
A coordenação motora (CM) é a habilidade de integrar, em padrões eficientes de movimento, sistemas motores separados com modalidades sensoriais variadas, estando ligadas as componentes de aptidão motora de: equilíbrio, velocidade e agilidade. Quanto mais complexa a atividade, maior o grau de coordenação necessária para eficácia do movimento (Gallahue e Ozmun, 2005).
Como elemento central nas habilidades motoras está à CM, que pode ser definida como a ativação de várias partes do corpo para a produção de movimentos que apresentam relação entre si, executados em uma determinada ordem, amplitude e velocidade. (Pellegrini et al, 2003).
O objetivo do presente estudo foi verificar os resultados encontrados na literatura acadêmica, a partir de 2009, da capacidade física de coordenação motora em crianças.
2. Metodologia
A metodologia utilizada foi pesquisa bibliográfica, tendo como base artigos publicados em periódicos digitais.
3. Resultados
Na rede estadual de ensino de Florianópolis-SC, foi analisado o nível de coordenação motora de 145 escolares, entre 9 e 11 anos, considerando sexo, idade, prática esportiva extraclasse e índice de massa corporal (IMC). Na coleta de dados foram utilizadas medidas antropométricas e foi aplicado o teste de coordenação motora KTK (Körperkoordinationstest Für Kinder), elaborado e validado por Kiphard e Schilling (1974), composto por uma bateria de quatro testes: marcha à retaguarda ou retrocedendo, saltos laterais, saltos monopedais e transposição lateral que pode ser aplicado em crianças de 5 anos a 14 anos. Os resultados evidenciaram que os meninos apresentaram melhores níveis de coordenação motora do que as meninas. Além disso, constatou-se que as crianças e jovens com sobrepeso/obesidade revelaram níveis expressivos de baixa coordenação, sem encontrar associações com a idade e a prática esportiva. As evidências detectadas revelaram que os meninos obtiveram resultados superiores as meninas, apresentando consequentemente um repertório motor melhor desenvolvido (Feminino baixo 44,8%, normal 32,2%, alto 23,0 %%; Masculino baixo 17,2%, normal 34,5%, alto 48,3%). Da mesma forma, contatou-se que as crianças com baixo peso/eutróficos possuem índices mais elevados de coordenação motora, enquanto que as crianças com sobrepeso/obesidade apresentam percentual expressivo de baixa coordenação: baixo peso/eutrófico: baixa 27,0%, normal 34,8% e alta 38,2%; sobrepeso/obesidade: baixa 60,0%, normal 26,7% e 13,3% (Pelozin et al, 2009).
Em estudo realizado em Portugal, buscaram analisar a associação entre o IMC e a CM. Foram avaliadas 794 crianças, de 6 a 9 anos, de ambos os sexos, a CM foi avaliada com a bateria de testes KTK. O IMC foi calculado a partir das medidas de peso e estatura. Ocorreram diferenças significativas nos meninos e nas meninas na CM entre os três grupos do IMC (normais, sobrepeso, obesos). Os normais de ambos os sexos obtiveram melhores resultados do que os sujeitos com sobrepeso e estes obtiveram melhores resultados do que os obesos. A CM está moderada e negativamente associada com o IMC e a associação aumenta durante a infância (-0,16 a -0,50). As crianças com sobrepeso e obesas de ambos os sexos apresentaram menores níveis de CM do que as crianças normais (Melo & Lopez, 2013).
Na cidade de Montes Claros, Minas Gerais, analisaram 60 crianças, divididas igualmente em dois grupos, para verificar a existência de diferenças no desenvolvimento da CM de crianças (G1), com no mínimo três meses de prática, e não praticantes de natação (G2). O nível de CM foi medido através da Bateria KTK. Os resultados indicam que a maior parte da amostra (75%) encontra-se com desenvolvimento normal da coordenação motora, não sendo encontrada diferença estatisticamente significativa entre o G1 e G2, apesar do G1 terem tidos maior valor médio maior de quoeficiente motor que o G2. Ao comparar os gêneros não foi encontrada diferença significante. (Santos et al, 2014).
Em estudo que avaliou a CM de 47 crianças e adolescentes, que treinam (G1 com 22 alunos) e que não treinam (G2 com 25 alunos) Badminton, utilizando a Bateria KTK, mostrou que os alunos que treinam badminton apresentam melhor CM. O grupo G1 apresentou “Boa Coordenação” enquanto o grupo G2 apresentou e “Coordenação Normal”. (Strapasson et al, 2012).
Foram avaliadas 30 crianças que praticam futsal de uma escola do ensino fundamental, para mensurar a CM utilizando a bateria KTK. Dos avaliados 50% dos indivíduos apresentam um nível considerado normal, 33,33% boa coordenação motora e 16,66% alta coordenação. Nenhum dos indivíduos demonstrou perturbação e insuficiência motora. Os que apresentaram níveis considerados normais têm na sequência: goleiro – 26%; fixo – 33%; ala esquerda – 13%; ala direita – 13%; pivô – 13%. Percebe-se que a maior parte dos atletas da posição fixa se insere nesse nível. Os indivíduos que se enquadram no nível de boa coordenação seguem: goleiro – 0%; fixo – 10%; ala esquerda – 20%; ala direita–20%; pivô – 50%. Nesse caso esse nível de coordenação se encontra em maior concentração nos atletas da posição pivô (Ramos e Menon, 2011).
Comparando as diferenças entre os gêneros e as idades (oito e nove anos), uma pesquisa avaliou o nível de CM de 20 crianças de oito e nove anos. A CM foi avaliada através da bateria KTK. Os resultados médios do QM (quoeficiente motor) do estudo foram bons, variando de regular a alto. Nas meninas verificou-se que 45,4% são classificadas como alta. Já os meninos tiveram 55,6% classificados como bom. Em ambos os sexos os resultados obtidos estão em sua maioria entre as classificações boas e altas. O mesmo ocorre na idade, variável na qual 55,6% das crianças de oito anos possuem classificação alta e 54,5% das crianças de nove anos está classificada como bom (Cristaldo et al, 2010).
Em estudo realizado com estudo 120 escolares, de 7 a 8,5 anos, ao longo de 18 meses, no qual foram realizadas quatro coletas com intervalos de seis meses. A CM foi avaliada pelas provas do KTK. Pode-se concluir: há uma grande heterogeneidade na mudança ao longo de um ano e meio, não associada ao desempenho coordenativo inicial; a estabilidade foi baixa, indicando uma forte tendência de cruzamentos entre as trajetórias individuais; sugerindo que o desenvolvimento coordenativo pode não ocorrer em canais específicos ao longo do tempo. Os autores falam sobre a importância da atenção dos professores no sentido de atenderem de modo mais esclarecido às diferenças individuais entre os seus alunos no processo ensino-aprendizagem (Basso et al, 2012).
Através de instrumento piloto elaborado pela ESEF/UFRGS destinado a medir a CM com bola para os jogos esportivos coletivos, avaliaram 155 escolares, de 7 a 11 anos, verificando as diferenças entre as idades e os sexos, em cada tarefa-teste (lançamento, chute, drible e condução) separada por condicionantes de pressão (precisão, organização, complexidade variabilidade). Encontrou-se que em todas as habilidades (lançamento, chute, drible e condução) envolvidas em todos os parâmetros (tempo, precisão, organização, complexidade e variabilidade), os meninos obtiveram tempos menores, ou seja, foram mais rápidos (melhores) do que as meninas, mesmo naquelas tarefas em que essa diferença não foi estatisticamente significativa (no chute e drible do condicionante de precisão, no lançamento do condicionante de organização, e no chute do condicionante de complexidade) (Flores et al, 2013).
Comparando o desempenho perceptual-motor de dois grupos de crianças entre 5 e 7 anos, nascidas pré-termo (até 34º semanas de gestação) e a termo e crianças nascidas a termo. O Grupo I foi constituído por 35 crianças, de famílias de baixa renda, nascidas até a 34a semana de gestação e/ou peso abaixo de 1500 g, sem sinais de sequela neuromotora. O Grupo II foi constituído por 35 crianças nascidas a termo, com idade, sexo e nível socioeconômico, equivalentes às crianças do Grupo I. Foram aplicados os testes de Bender, acuidade motora, provas de equilíbrio e tônus postural. As crianças pré-termo obtiveram escores significativamente inferiores na maioria dos testes. Tais resultados reafirmam a importância do acompanhamento da criança pré-termo até a idade escolar e indicam a necessidade de se estimular o controle postural e a coordenação motora fina, visto que pode ocorrer maior dificuldade na movimentação e coordenação motora nesse grupo de crianças (Magalhães, 2009).
Buscando verificar a presença do indicativo de Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação (TDC) em 406 crianças de ambos os sexos, com idade entre 7 e 10 anos, em uma escola. As avaliações motoras e o indicativo de TDC foram realizados tendo como referência o Movement Assessment Battery for Children - primeira. A prevalência do indicativo de TDC foi de 11,1%, valor este considerado elevado quando comparado aos divulgados em pesquisas internacionais, porém semelhante aos percentuais encontrados em estudos realizados no Brasil (Silva & Beltrame, 2013).
Conclusão
Conforme estudos apresentados, podemos observar diversas constatações a respeito da Coordenação Motora sendo elas: crianças com peso normal têm melhor desempenho de CM do que as que apresentam sobrepeso e obesidade; alunos que treinam Badminton apresentam melhor CM se comparados com alunos que não treinam; alunos praticantes de natação tiveram melhores resultados no teste do que aqueles que não treinam; os meninos mostraram ter melhor desempenho de CM do que as meninas; no Brasil a alta prevalência de crianças com Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação.
Em suma, observamos a necessidade de mais estudos com amostragem maior, buscando compreender também as vivências dos indivíduos em estudos longitudinais, pois conforme os estudos a CM sofre influência desde condições como nascimento (peso e nascimentos prematuros), IMC, e aos estímulos extrínsecos gerados a partir de sua vivencias com brincadeiras, atividades recreativas e atividades esportivas. Neste contexto, o profissional de educação física configura-se com importante articulador do desenvolvimento motor da criança, gerando estímulos positivos para que ela possa se desenvolver tendo um aprendizado significativo.
Referências
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FLORES, Larissa Sabbado et al. Coordenação motora com bola em escolares. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, v. 18, n. 180, mai. 2013. http://www.efdeportes.com/efd180/coordenacao-motora-com-bola-em-escolares.htm
GALLAHUE, David L.; OZMUN, John C. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes, adultos. Revisão científica de Marcos Garcia.
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MELO, Maria Mafalda e LOPES, Vitor Pires. Associação entre o índice de massa corporal e a coordenação motora em crianças. Revista Brasileira de Educação Física e esporte. São Paulo, v. .27, n.1, Jan/Mar. 2013.
PELLEGRINI, Ana Maria et al. Desenvolvendo a coordenação motora no ensino Fundamental. Revista Paulista de Educação Física, São Paulo, p. 40-48, jan/jun 1997.
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RAMOS, Fabio Odimilson e MENON, Luciano. Nível de coordenação motora em crianças que praticam futsal no município de Prudentópolis, PR. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, V. 16, n. 156, - Mai 2011. http://www.efdeportes.com/efd156/coordenacao-motora-em-criancas-que-praticam-futsal.htm
SANTOS, Adriana Tolentino et al. Desenvolvimento da coordenação motora: estudo comparativo entre crianças praticantes e não praticantes de natação na cidade de Montes Claros, MG. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, v. 14, n. 141, fev. 2010. http://www.efdeportes.com/efd141/coordenacao-motora-entre-praticantes-de-natacao.htm
SILVA, Juliana e BELTRAME, Thaís Silva. Indicativo de transtorno do desenvolvimento da coordenação De escolares com idade entre 7 e 10 anos. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Florianópolis, v. 35, n. 1, p. 3-14, jan/mar. 2013.
STRAPASSON, Aline Miranda et al. Avaliação da coordenação motora de crianças e adolescentes que treinam e que não treinam badminton. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, v. 17, n. 171, ago. 2012. http://www.efdeportes.com/efd171/avaliacao-da-coordenacao-motora-de-badminton.htm
WEINECK, Jurgem. Treinamento Ideal. São Paulo: Manole, 2003.
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