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Conteúdo nas aulas de Educação Física 

no ensino médio: um relato de experiência

El contenido de las clases de Educación Física en escuela media: un relato de la experiencia

 

*Mestranda em Ciências do Movimento Humano, UFRGS

**Pós-doutoranda em Ciência e Comportamento, UCPel

(Brasil)

Mariele Santayana de Souza*

m_santayana@hotmail.com

Barbara Coiro Spessato**

barbaraspessato@gmail.com

 

 

 

 

Resumo: 

          Os Parâmetros Curriculares Nacionais indicam uma variedade de conteúdos a serem trabalhados na Educação Física escolar. No entanto, a variedade de possibilidades de conteúdos a serem abordados, muitas vezes não se refletem nas aulas, onde os conteúdos abordados são restritos. Esse trabalho tem por objetivo relatar as experiências de uma aluna do curso de Educação Física no estágio em uma turma de ensino médio focando no tema conteúdos nas aulas de educação física. Para isso, são relatados as experiências em um estágio docente em relação aos conteúdos trabalhados discutindo discutido a relação dos alunos com os conteúdos e com autores que estudam esse tema.

          Unitermos: Ensino médio. Estágio. Educação física. Conteúdos.

 

Agradecimentos

          Agradecemos ao Conselho Nacional Científico e Tecnológico e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior pelo apoio à pesquisa.

 

Recepção: 27/09/2014 - Aceitação: 09/10/2014.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 197, Octubre de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Os conteúdos trabalhados nas aulas de Educação Física são um tema discutido por diferentes pesquisadores. Há um consenso entre os autores da predominância do tema esportes nas aulas de educação física escolar, com diferentes estudos verificando a maior prática de esportes em detrimento de outros conteúdos (DARIDO, 2004; PEREIRA; SILVA, 2004; ROSÁRIO; DARIDO, 2005; HINO; REIS; AÑEZ, 2007; FORTES et al., 2012). Mesmo havendo a predominância de um conteúdo nas aulas, ainda há uma restrição na abordagem desses conteúdos, uma vez que a prática esportiva fica restrita a conteúdos práticos de somente alguns esportes, como futsal, voleibol e basquetebol (BETTI, 1999).

    Apesar da predominância de alguns conteúdos, os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998) indicam uma série de diferentes conteúdos a serem abordados nas aulas de educação física no ensino médio. Entre os conteúdos sugeridos estão não somente a prática os esportes, mas a compreensão dos fatores relacionados à cultura corporal. Dessa forma, é importante que o aluno tenha conhecimento de aspectos conceituais de atividade física e saúde com o objetivo de que ele tenha conhecimento dos fatores que envolvem a cultura corporal, assim propiciando a autonomia em práticas físicas e aquisição de hábitos de vida saudáveis. Mesmo reconhecendo a predominância de práticas esportivas, os Parâmetros Curriculares Nacionais afirmam que é necessário abordar esse conteúdo de uma outra maneira, não restringindo a prática esportiva às práticas formais do esporte uma vez que os menos habilidosos tem menor participação, tendo em vista que o sucesso está baseado na vitória e na competição.

    O conteúdo esportes é reconhecido como educação física não somente pelos professores que priorizam esse conteúdo nas suas aulas, mas também pelos alunos (ROSÁRIO; DARIDO, 2005). Chicati (2000) em estudo com 240 alunos ressalta que o desporto é o conteúdo preferido da maioria das meninas (45,84%) e dos meninos (65%); entre as outras práticas citadas pelos alunos os jogos recreativos tem a preferência de 23,34% das meninas e 20,84% dos meninos, a dança são tema preferido de 15,85% das meninas e 3,33% dos meninos e a ginástica é preferência de 14,16% das meninas e 9,17% dos meninos. A autora afirma que a preferência por esportes pode ser explicada pelo incentivo da mídia aos esportes, tendo em vista que há poucas transmissões de danças e lutas, por exemplo; também há o incentivo dos pais que desejam que desde pequenos os filhos pratiquem alguma modalidade esportiva, além das aulas de educação física que reforçam o maior gosto por práticas esportivas.

    Betti (1999) afirma que, apesar de haver uma série de conteúdos a serem trabalhados, é impossível não trabalhar esse conteúdo na escola. No entanto, é problemático quando o tema esportes é limitado a um número restrito de esportes e somente a prática deles (BETTI, 1999). Nesse sentido, é importante planejar aulas variadas que possibilitem a compreensão do esporte não apenas como prática, mas como cultura corporal. Portanto, o objetivo desse estudo é relatar as experiências em estágio docente em um primeiro ano do ensino médio de uma escola pública focando na discussão do desenvolvimento dos conteúdos escolhidos para o período do estágio e da aceitação por parte dos alunos.

Contexto do estágio

    O estágio foi realizado em uma escola pública de ensino médio de uma cidade do Sul do Brasil em uma turma de primeiro ano do ensino médio composta somente por meninos. A freqüência das aulas era de uma vez por semana com duração aproximada de 1h e 30 minutos. As aulas eram no turno inverso ao das outras disciplinas curriculares. A disciplina de educação física não era obrigatória para todos os alunos; aqueles que trabalhassem eram dispensados das atividades.

    O espaço físico para as aulas era amplo. Havia um ginásio com uma quadra poliesportiva, uma sala fechada para aulas de ritmos ou teóricas, uma quadra poliesportiva em espaço aberto e um campo de futebol. As condições do ginásio, da sala fechada e da quadra aberta eram boas. As condições do campo de futebol não eram adequadas, não havendo marcações e com a grama alta, no entanto isso não impedia a utilização do espaço embora adaptações tenham sido necessárias. Em relação aos materiais disponíveis, havia muitos materiais e com grande variedade. Eram disponibilizados para as aulas bolas de futebol, futsal, basquete, voleibol, bolas de borracha, raquetes, cones e cordas. Todos em grande quantidade.

Método

    O relato é baseado nas experiências de uma aluna do curso de educação física durante um estágio docente no ensino médio, refletindo sobre os conteúdos abordados e buscando formas de favorecer a vivencia e aprendizado de conteúdos esportivos diversificados. A duração do estágio foi de um semestre universitário, sendo aproximadamente 3 meses de prática na escola. A discussão é baseada nos relatos dos alunos ao longo do estágio, das discussões ao longo do período do estágio com os alunos, nas percepções e sensações da estagiária ao planejar e ministrar as aulas e na literatura nacional existente na área.

Resultados e discussão

    Para planejar os conteúdos do estágio, primeiramente foi analisado o Projeto Político Pedagógico da escola a fim de centrar as aulas em conteúdos que corroborassem com os objetivos estabelecidos pela instituição. O Projeto Político Pedagógico se mostrou bastante generalista, não havendo planejamento de conteúdos específicos para a disciplina de Educação Física. Tendo em vista essa limitação, houve uma conversa com o professor responsável pela turma, o qual reportou que ministrava conteúdos referentes à prática de esportes. Ainda, o professor deu liberdade para que o conteúdo fosse escolhido conforme as crenças do estagiário. Pereira e Silva (2004) afirmam que devido à autonomia das escolas os conteúdos são trabalhados conforme o Projeto Político Pedagógico de cada escola e conforme às experiências práticas do professor da turma. Dessa forma, para cada turma da escola os professores tinham autonomia para determinar os conteúdos a serem trabalhados na turma durante o ano.

    Após o levantamento realizado a partir do Projeto Político Pedagógico da escola e da conversa com o professor responsável pela turma, houve uma conversa com os alunos para identificar os conteúdos que eles conheciam. Os alunos reportaram não conhecer diversas modalidades esportivas, assim como reportaram pouca experiência prática com esportes diferenciados (ex.: handebol, basquete, tênis), ficando restrito somente ao futsal e ao voleibol. Apesar do conteúdo esportes ser mais freqüente do que outros conteúdos na vida dos alunos, eles reportaram pouco conhecimento também dos esportes que relataram ter maior vivência. Por exemplo, eles não sabiam diferenciar regras referentes ao futsal e ao futebol. Tendo em vista o relato do professor responsável pela turma e dos alunos referente ao conteúdo, foi proposto que durante os meses do estágio (cerca de 3 meses) em cada aula seria abordado um esporte diferente. Seria realizada a prática do esporte aliando a conteúdos teóricos incluindo: (1) questões de saúde (ex.: mensuração da freqüência cardíaca, a importância do exercício físico); (2) aspectos históricos da modalidade (ex.: onde, quando, porque surgiu e por quem era praticado); (3) regras e questões referentes à prática, na qual os alunos começavam praticando a partir de jogos adaptados, nos quais conforme a assimilação do conteúdo eram inseridas novas regras até chegar no jogo formal. A fim de promover vivências em diferentes esportes, os conteúdos escolhidos a partir da conversa diagnóstico para o período do estágio docente foram o tênis, judô, atletismo, futebol, futsal, handebol, basquetebol, voleibol e assuntos relacionados à saúde. Os temas das aulas foram estabelecidos conforme o interesse dos alunos.

    A situação vivenciada nas aulas de diagnóstico corrobora com estudos que pesquisaram os conteúdos desenvolvidos nas aulas de Educação Física. Pereira e Silva (2004) investigaram escolas da rede federal, estadual e privada e verificaram que em todas elas o esporte era o conteúdo principal, sendo futsal, voleibol, handebol, basquete, atletismo, futebol e futebol de 7 e ginástica artística a ordem dos esportes mais praticados. Rosário e Darido (2005) analisaram alguns professores e perceberam que todos os professores pesquisados trabalhavam 4 esportes (futsal, basquete, vôlei e handebol) ao longo do ano. Fortes et al. (2012) analisaram escolas de Pelotas/RS e também verificaram o predomínio de práticas esportivas, principalmente voleibol, basquete e futsal. De forma semelhante, Hino, Reis e Añez (2007) verificaram que os conteúdos predominantes em aulas de Maringá/PR eram os esportes (53,5% do tempo das aulas). Darido (2004) ao questionar estudantes do ensino médio a respeito do que aprendiam nas aulas de Educação Física, 57,8% reportaram práticas esportivas, 27,2% a importância e benefícios da Educação Física para a saúde, 16,8% teorias sobre os esportes, 13,7% nada, 7,2% brincadeiras e 4,7% outros conhecimentos.

    A predominância dos esportes como conteúdo principal das aulas de Educação Física, por mais que muitas vezes não estivesse clara em documentos referentes ao planejamento da disciplina, foi uma barreira enfrentada na experiência vivenciada. Por mais que tenha sido dada liberdade aos estagiários para escolherem os conteúdos conforme suas crenças, havia uma pressão dos envolvidos na disciplina para a prática efetiva de esportes no ginásio nos dias em que este espaço estivesse disponível. Essa pressão não era somente dos responsáveis pela disciplina, mas também dos alunos. Além da visão das instituições e dos professores da prática centrada em esportes em aulas de Educação física, Betti (1999) afirma que os alunos identificam a educação física como a disciplina em que são praticados esportes e que é importante conhecer outras práticas, mas não associam a escola. A experiência em docência no ensino médio corrobora parcialmente com as afirmações reportadas na literatura, uma vez que além de a educação física ser reconhecida como a disciplina que são praticados esportes, ela é associada apenas a alguns esportes, uma vez que quando opta-se por esportes diferentes dos coletivos mais tradicionais (ex.: voleibol e futsal) há uma resistência dos alunos. Por exemplo, ao optarmos por incluir o conteúdo de lutas, diversos alunos perguntaram por que não optamos por futsal, vôlei ou basquete que eram mais conhecidos. Outro esporte que inicialmente sofreu resistência foi o tênis, em que vários alunos relataram terem faltado à aula porque não queriam aprender o esporte. Apesar dos alunos terem demonstrado uma resistência inicial a aprender novas modalidades e abordagem de aspectos teóricos com o passar das aulas se tornaram mais receptivos à proposta.

    Apesar dos alunos terem sido ativos na escola dos aprendizados do trimestre, sempre havia questionamentos a respeito do futsal e voleibol. Mesmo abordando o conteúdo considerado pela instituição e pelos alunos como principal das aulas de educação física (o esporte), havia sempre preconcepções a respeito de quais esportes eram mais adequados ou “melhores”, demonstrando uma grande restrição à abordagem desse conteúdo. Nesse sentido, se a educação física fosse associada aos esportes em geral, ainda teríamos uma variedade de conteúdos a serem trabalhados e habilidades a serem desenvolvidas, mesmo que outros conteúdos (ex.: ritmos) estivessem sendo excluídos. No entanto, o que se percebeu na experiência durante o estágio no ensino médio é que cada vez mais a aceitação pelos conteúdos fica mais limitada, mesmo eles fazendo parte do tema “esportes”.

    A resistência a alguns esportes (ex.: tênis e judô) pode estar relacionada à menor popularidade desses esportes em função de terem menos atenção da mídia. Por exemplo, o judô e o tênis são transmitidos por meios de comunicação somente quando há campeonatos muito importantes (ex.: mundiais ou olimpíadas), diferentemente de jogos de futebol que semanalmente são transmitidos, assim como os atletas desse esporte também são maior alvo de propagandas do que atletas de judô, por exemplo. Dessa forma, a maior exposição de alguns esportes e de seus atletas pode influenciar o desejo dos alunos de praticar mais esses esportes em detrimento dos outros. Para reduzir a resistência em relação aos novos conteúdos, a estratégia mis utilizada pelos estagiários foi a de conversar com os alunos tentando mostrar a importância do conhecimento e aprendizado daquele conteúdo. Por exemplo, o fato das aulas contextualizarem questões históricas e sociais dos esportes auxiliou na redução da resistência; a partir disso, os alunos pareciam perceber o sentido e a importância do conteúdo, bem como ter maior interesse e valorizar esse aprendizado.

    Além dos conteúdos abordados nas aulas de educação física, alguns autores tem analisado como eles vem sendo abordados. Rosário e Darido (2005) e Barroso e Darido (2009) afirmam que se as aulas de educação física tem poucos conteúdos é porque eles estão sempre relacionados aos conteúdos procedimentais, não trabalhando conteúdos atitudinais e conceituais. Freire et al. (2010) analisaram 3 professores para investigar se eles trabalhavam a categoria atitudinal em suas aulas e verificaram que os professores trabalhavam normas, atitudes e valores, os quais visavam o comportamento nas aulas; atitudes para a convivência humana, como igualdade, cooperação e respeito; atitudes voltadas para as aulas de educação física, como segurança em práticas motoras, discriminação no esporte, exercício e saúde, estética corporal, entre outros. No entanto, os autores destacam que não havia um planejamento para trabalhar esses conteúdos, muitas vezes eles eram trabalhados acidentalmente, sem que o professor tivesse de fato o objetivo de trabalhá-los.

    Em relação às aulas que planejamos tentamos trabalhar conteúdos que não fossem somente procedimentais. Para isso, sempre discutíamos com os alunos o porquê daquela prática, qual a função dela, os motivos pelos quais foi criada, por quem era praticada no início e por quem é praticada hoje em dia. Para que desenvolvêssemos essas questões foi necessário que estudássemos outros conteúdos além das nossas experiências práticas de vida. Também foi necessário reconhecer que o entendimento dos motivos para praticar é um fator importante para aumentar o interesse dos alunos na prática das atividades propostas. Além disso, outro fator relevante é adaptação da linguagem à faixa etária e experiências dos alunos. Por exemplo, ao trabalhar questões referentes à saúde, tivemos que adaptar a linguagem dos conteúdos para que tivesse significado para os alunos, assim facilitando o entendimento deles, bem como também trabalhamos esse conteúdo em uma aula prática de atletismo para mostrar para eles, por exemplo, as mudanças na freqüência cardíaca durante o exercício.

    Apesar das resistências iniciais aos conteúdos novos e a maneira como eles eram tratados, não ficando restrito somente a prática dos esportes, mas também ao entendimento do contexto em que eles foram criados, com o passar das aulas os conteúdos novos e a forma como eles foram abordados passaram a ser valorizados pelos alunos. Isso foi percebido a partir da menor resistência aos conteúdos, maior participação nas aulas e também porque ao final da aula eles tinham um tempo para reportar o que sentiram durante a aula, aspectos que gostaram ou não gostaram e aspectos que julgavam ser importantes ou não. Além disso, foi realizada uma avaliação teórica, em que fazíamos perguntas a respeito de aspetos teóricos e práticos referentes aos conteúdos trabalhados ao longo do trimestre e a grande maioria dos alunos lembrava das questões. Sendo assim, por mais que a inclusão de conteúdos novos inicialmente tenha sofrido algumas resistências, a partir do momento em que os alunos passaram a perceber significado e importância do aprendizado, a metodologia utilizada passou a ser aceita.

    Além da maior aceitação a partir do reconhecimento da importância de conhecer e entender outros fatores associados ao conteúdo esportes que não estejam somente relacionados à prática, os alunos passaram a ter uma visão mais crítica da prática de atividades físicas. Ainda mais, houve o reconhecimento de que a educação física não era restrita a prática de determinados esportes, o que resultou em maior exigência na abordagem dos conteúdos por parte dos alunos. Por exemplo, ao praticar jogos pré-desportivos eles passaram questionar qual a função e importância de cada atividade. A partir da abordagem diferenciada e variada dos conteúdos percebeu-se o quanto as aulas passaram a incluir um maior número de alunos. Os alunos que não se identificavam com a prática dos dois esportes comumente praticados nas aulas de educação física passaram a gostar e se interessar pelas aulas. Esse é um fato importante, uma vez que permitiu que os alunos entrassem em contato não somente com a prática esportiva, mas com a cultura corporal. Isso é de grande relevância para a manutenção de um estilo de vida ativo ao longo da vida, tendo em vista que a valorização e interesse em atividades físicas aumenta a probabilidade dos alunos procurarem atividades ativas também em ambientes fora da escola.

Considerações finais

    A aceitação dos conteúdos variados seguindo as orientações dos Parâmetros Curriculares Nacionais, do Projeto Político Pedagógico da escola nas aulas de educação física foi a principal dificuldade encontrada no estágio. Nesse sentido, ressaltamos a resistência encontrada quando abordamos conteúdos diferentes dos que os alunos estão acostumados a trabalhar nas aulas de educação física. Essa resistência ocorreu mesmo que inicialmente tenha havido uma conversa em que eles não apenas concordaram com os conteúdos a serem trabalhos, como participaram ativamente da seleção das modalidades que seriam abordadas ao longo dos três meses de aula. A partir dessa dificuldade, percebemos que apesar da resistência, quando os conteúdos passam a ter significado aos alunos e eles percebem a prática como prazerosa, passam a aceitar as novidades.

    Além disso, trabalhar somente a prática dos conteúdos não reduziu a resistência dos alunos, por mais que os temas estivessem relacionados ao esporte. Pelo contrário, a partir da contextualização, quando eles começaram a entender os motivos do surgimento dos esportes abordados, bem como a importância das questões de saúde trabalhadas, eles passaram a valorizar e a se motivar para a prática das aulas. Contextualizar o conteúdo, explicando os motivos do surgimento e as mudanças ao longo do tempo e a importância dele hoje em dia, deu um novo significado aos esportes até então pouco conhecidos pelos alunos. Essa abordagem foi importante para que eles se interessassem pelos novos conteúdos. Além disso, a partir do reconhecimento da importância dos outros conteúdos que não somente a prática do futsal e do voleibol os alunos passaram também valorizar mais a disciplina de educação física escolar, percebendo não somente como a repetição de movimentos, mas como cultura corporal. Dessa forma, os alunos que antes se engajavam pouco nas aulas e eram desinteressados, passaram a se engajar e se interessar pelas aulas. Sendo assim, na experiência relatada foi de grande importância justificar para os alunos os motivos de estudar os temas abordados, não restringindo-os somente a momentos de práticas físicas. A variedade de conteúdos propostos além de aumentar o repertório motor, o que é fundamental para a manutenção de um estilo de vida ativo, também auxiliou os alunos a identificar as modalidades que gostavam mais.

Referências

  • BARROSO, A. L. R.; DARIDO, S. C. A pedagogia do esporte e as dimensões dos conteúdos: conceitual, procedimental e atitudinal. Revista da Educação Física da UEM, v. 15, n. 2, p. 67-77, 2004.

  • BETTI, I. C. R. Esporte na escola: mas é só isso, professor? Motriz, v. 1, n. 1, p. 25-35, 1999.

  • BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Parâmetros Curriculares Nacionais. MEC, 1998.

  • CHICATI, K. C. Motivação nas aulas de educação física no ensino médio. Revista da Educação Física/UEM, v. 11, n. 1, p. 97-105, 2000.

  • DARIDO, S. C. A educação física na escola e o processo de formação dos não praticantes de atividade física. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, v. 18, n. 1, p. 61-80, 2004.

  • FORTES, M. O.; AZEVEDO, M. R.; KREMER, M. M. HALLAL, P. C. A educação física escolar na cidade de Pelotas-RS: contexto das aulas e conteúdos. Revista da Educação Física da UEM, v. 23, n. 1, p. 69-78, 2012.

  • FREIRE, E. S.; VERENGUER, R. C. G.; SORIANO, J. B. SANTOS, E. A.; PINTO, M. R. A. A dimensão atitudinal nas aulas de educação física: conteúdos selecionados pelos professores. Revista da Educação Física da UEM, v. 21, n. 2, p. 23-235, 2010.

  • HINO, A. A. F.; REIS, R. S.; AÑEZ, C. R. R. Observação dos níveis de atividade física, contexto das aulas e comportamento do professor em aulas de educação física do ensino médio da rede pública. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde, v. 12, n.3, 2007.

  • PEREIRA, F. M.; SILVA, A. C. Sobre os conteúdos da educação física no ensino médio em diferentes redes educacionais do Rio Grande do Sul.

  • ROSÁRIO, L. F. R.; DARIDO, S. C. A sistematização dos conteúdos da educação física na escola: a perspectiva dos professores experientes. Motriz, v. 11, n. 3, p. 167-178, 2005.

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