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Complicações hemodialíticas vivenciadas pelo enfermeiro

no ambiente da unidade de terapia intensiva (UTI)

Complicaciones hemodialíticas experimentado por las enfermeras en el ámbito de la unidad de cuidados intensivos (UCI)

 

*Especialista em Enfermagem

em Unidade de Terapia Intensiva - UniAnhanguera

**Mestre em Política Social – UFF

(Brasil)

Christiane da Silva Souza*

christianesouza65@gmail.com

Claudia Toffano Benevento**

claudiabenevento@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Atualmente no Brasil, existem mais de 60 mil pessoas submetidas a tratamento renal substitutivo e que estão sujeitos a possíveis complicações que podem ser fatais ou causam outros tipos de problemas a saúde dessas pessoas. O objetivo deste estudo foi conhecer e descrever uma série de complicações mais freqüentes vivenciadas pelo enfermeiro intensivista durante o atendimento ao paciente hemodialítico. Trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa, do tipo de investigação ou revisão bibliográfica, e onde os resultados implicam que a freqüência de complicações ocorridas em paciente em tratamento hemodialítico na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) são: problemas com a pressão arterial (hipotensão e hipertensão), problemas musculares (cãibras), náusea e vômito, cefaléia, dor na região torácica e lombar, prurido (coceira), hipertermia (febre) e calafrios. Desta forma, o enfermeiro tem como função relevante tanto monitorar, quanto detectar e criar práticas intervencionistas em tais complicações, sendo considerado um diferencial direcionado à segurança e a garantia da qualidade no procedimento hemodialítico.

          Unitermos: Hemodiálise. Complicações. Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Enfermagem.

 

Abstract

          Currently in Brazil, there are more than 60 thousand people undergoing renal replacement therapy and that are subject to possible complications that can be fatal or cause other health problems such persons. The aim of this study was to discover and describe a number of common complications experienced by intensive care nurses during patient hemodialitic. This is a qualitative research , the type of research or literature review, and where the results imply that the frequency of complications occurred in patients on hemodialysis in the Intensive (ICU) therapy are problems with blood pressure (hypotension and hypertension), muscle (cramps), nausea and vomiting problems, headache, pain in the thoracic and lumbar region, pruritus (itching), hyperthermia (fever) and chills. Thus, the nurse has as much relevance function monitor, how to detect and interventionist practices such complications, considered a differential directed to safety and quality assurance in hemodialysis.

          Keywords: Hemodialysis complications. Intensive Care Unit (ICU). Nursing.

 

Recepção: 14/05/2014 - Aceitação: 10/08/2014.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 197, Octubre de 2014. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    Este estudo justifica-se pelo trabalho do enfermeiro na unidade de terapia intensiva que é considerado árduo e complexo, além de exigir atualização e qualificação técnico-científica para atuar com habilidade e agilidade nas constantes alterações e complicações hemodinâmicas dos pacientes em estado crítico, dependentes de terapia hemodialítica. Sendo o objetivo geral deste artigo é ressaltar acerca das complicações mais freqüentes vivenciadas pelo enfermeiro intensivista durante o atendimento ao paciente hemodialítico, e os específicos são: enfatizar a atuação do enfermeiro intensivista no atendimento ao paciente hemodialítico e descrever as complicações mais freqüentes relacionadas à hemodiálise e que estão presentes na rotina da enfermagem da unidade de terapia intensiva.

    A Insuficiência Renal Crônica (IRC), segundo Bastos et al. (2002), é de evolução lenta e progressiva, ocasionando o agravamento das deficiências que vão se estabelecendo ao longo do tempo, até a condição em que os rins extremamente diminuídos de volume se tornam incapazes do ponto de vista funcional. O número de pacientes com Doença Renal Crônica (DRC) está aumentando em todo o mundo em escala alarmante. No Brasil, as atenções com a DRC se restringem quase que exclusivamente ao seu estágio mais avançado, quando se necessita de terapia renal substitutiva.

    Por ser um paciente grave, o portador de Insuficiência Renal Crônica (IRC) submetido à hemodiálise, necessita de tratamento especializado, com profissionais capacitados, que tenham conhecimentos técnico-científicos suficientes para realizarem uma boa assistência, de forma humanizada.

    Durante a prática profissional em um dos estágios da graduação em enfermagem, a convivência com pacientes em terapia hemodialítica, nos despertou a importância da intervenção da enfermagem em busca de alguma solução ou mesmo paliativos nas limitações provocadas pela Insuficiência Renal Crônica (IRC) e no seu tratamento, sendo necessária uma ação humanística. Assim, percebemos que o enfermeiro intensivista deve atuar visando à melhoria da qualidade de vida do paciente grave, submetido a sessões de hemodiálise dentro da unidade de terapia intensiva (UTI), com predisposição as complicações realizadas durante e após esse processo, com a finalidade de minimizá-las e de prestar a devida assistência.

    Atualmente no Brasil, como informa a Sociedade Brasileira de Nefrologia, existem milhares de pessoas submetidas a tratamento renal substitutivo e que estão sujeitas as diversas complicações que podem causar danos a saúde dessas pessoas ou levar a óbito quando muito graves. Portanto, o objeto desse estudo diz respeito às principais complicações encontradas pelo enfermeiro durante a realização da sessão de hemodiálise em pacientes com insuficiência renal crônica na unidade de terapia intensiva (UTI), que vão de eventuais, a extremamente grave e fatal, e podendo atrapalhar a assistência da equipe de enfermagem e a qualidade de vida do paciente.

    Um portador de problemas renais submetido à hemodiálise necessita de tratamento especializado, com profissionais capacitados, que tenham conhecimentos técnico-científicos suficientes para realizarem uma boa assistência evitando assim complicações durante o procedimento, principalmente quando o paciente é crítico e está na Unidade de Terapia Intensiva. Diante dessas informações foi formulada a seguinte questão que norteou esse estudo: Quais as principais complicações encontradas pelo enfermeiro intensivista e quais os procedimentos para reverter ou minimizar essa situação?

    A hipótese deste trabalho consiste na certeza de que durante a assistência ao paciente com comprometimento renal na unidade de terapia intensiva, o enfermeiro se depara com complicações que acometem principalmente pacientes em estado crítico e que dependem da hemodiálise para a manutenção da sua saúde. Pode-se dizer então que entre as principais complicações descritas na literatura estão: hipotensão, hipertensão, cãibras musculares, náusea e vômito, cefaléia, dor torácica e lombar, prurido, febre, calafrios, deficiência nutricional, anemia e infecção da fístula arteriovenosa. Para reverter esse quadro, é necessário que aja conhecimento técnico-científico por parte do enfermeiro responsável pela assistência, além da monitorização, detecção e intervenção em tais complicações.

    Trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa, descritiva, sendo um estudo exploratório de revisão bibliográfica, utilizando fontes como: revistas científicas, artigos, livros dos mais variados autores e editoras, além de buscas de conteúdos pela internet através das seguintes bases dados: Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), Medline, Scielo e Lilacs, onde foram consultados os seguintes descritores: Hemodiálise, UTI, Doença renal crônica, Enfermagem e Nefrologia. Todo o material foi pesquisado e obtido em instituições públicas e privadas que disponibilizam material voltado para o tema abordado.

    Torna-se relevante pesquisar sobre esse tema pela necessidade dos futuros profissionais de enfermagem, a fim de tomar conhecimento das complicações observadas durante a terapia hemodialítica, evitando outros problemas relacionados à saúde do paciente, adotando ações ou medidas preventivas durante a assistência, contribuído assim, para o bem-estar físico, social e psicológico desse paciente.

2.     A hemodiálise e suas complicações na UTI

    Com o crescimento dos casos de doenças crônico-degenerativas entre a população torna-se relevante o conhecimento de questões relacionadas à atuação do profissional da enfermagem e das complicações que comprometem a saúde do paciente em unidade de terapia intensiva. O cuidado à saúde de pessoas com essas doenças tem sido geralmente um problema na área de saúde, representando um desafio enfrentado no dia-a-dia, principalmente pelo enfermeiro intensivista que têm por objetivo suprir as necessidades dos pacientes submetidos à hemodiálise. Conseqüentemente tudo isso exige um aporte de conhecimento sobre a condição do paciente renal em tratamento hemodialítico e as complicações durante e após terapia.

    Segundo Romão Júnior (2004, p.01), a doença renal crônica consiste em uma lesão renal e perda progressiva e irreversível da função dos rins e quando em sua fase mais avançada, conhecida como fase terminal de insuficiência renal crônica (IRC), os rins apresentam dificuldade em manter a normalidade do meio interno do paciente.

    A insuficiência renal aguda, descrita por Guimarães; Falcão; Orlando (2008) vê-se como um súbito e sustentado declínio da função renal, também é considerada uma complicação freqüente entre os pacientes das unidades terapias intensivas.

    Em estudo recente realizado em pacientes das unidades de vários países, entre eles o Brasil, afirmou Callas (2009, p.4) que “aproximadamente 4,3% desses pacientes necessitaram de terapia de reposição renal (diálise ou hemodiálise), sendo demonstrado que os pacientes que desenvolvem falência renal na UTI têm alta mortalidade”.

    Um dos tratamentos mais utilizados na substituição renal é a hemodiálise, foco deste trabalho. A hemodiálise para Souza; De Martino e Lopes (2007) na maioria das vezes representa uma esperança de vida, já que a doença é um processo irreversível. Contudo, “observa-se que geralmente as dificuldades de adesão ao tratamento estão relacionadas à não aceitação da doença, à percepção de si próprio e ao relacionamento interpessoal com familiares e ao convívio social”. (p.630)

    A hemodiálise consiste no procedimento que deve ser feito em hospitais ou clínicas por profissionais devidamente capacitados, sob coordenação do nefrologista e enfermeiro. “É um procedimento realizado na maioria dos casos três vezes por semana, onde aproximadamente por quatro horas o cliente ficará restrito ao procedimento, tendo seus movimentos limitados” (CANZIANI, 2000 E MANFREDI et al., 1999, p.02).

    Para Terra et al. (2010), nos últimos 50 anos de novos avanços tecnológicos no tratamento hemodialítico tornou esse procedimento seguro e capaz de manter a vida do pacientes por longos períodos.

    O controle da ultrafiltração, o dialisato com bicarbonato, o desenvolvimento de membranas mais biocompatíveis, a sofisticação crescente das máquinas de hemodiálise e aplicação dos modelos de sódio variável e cinética da heparina contribuíram para esse sucesso (CASTRO, 2001, p. 108).

    Os pacientes que apresentam complicações intradialíticas, evidenciam que não existem métodos de diálise livre de complicações, em virtude do estado do paciente internado na unidade de terapia intensiva ser hemodinamicamente instável, observando-se complicações intradialíticas mais prevalentes como: hipotensão arterial seguida pela hipotermia, que estão relacionadas ao controle de líquidos desses pacientes e ao controle da máquina (SILVA; THOMÉ, 2009).

    Algumas intercorrências ou complicações dos clientes durante a sessão de hemodiálise já fazem parte do cotidiano, como: o desequilíbrio eletrolítico, náuseas/vômitos, reações a transfusão, vazamento do líquido dialisador, rompimento do acesso vascular, coagulação, infecção, febre/calafrios, hipertensão/hipotensão, hipertermia, anemia, câimbras e outros. Elas evidenciam o conhecimento técnico-científico da equipe (REZENDE; PORTO, 2009, p. 268).

    Castro (2001) explica que em 30% das sessões de hemodiálise, pode ocorrer algum tipo de complicação. Portanto, a avaliação constante dessas complicações deve estar inserida em qualquer programa de controle da qualidade.

    As complicações mais comuns durante a hemodiálise conforme Rodrigues (2005) são:

    Em ordem decrescente de freqüência são: hipotensão (20%-30% das diálises), cãibras (5%-20%), náuseas e vômitos (5%-15%), cefaléia (5%), dor torácica (2%-5%), dor lombar (2%-5%), prurido (5%), febre e calafrios (< 1%). As complicações menos comuns, mas sérias e que podem levar à morte incluem: a síndrome do desequilíbrio, reações de hipersensibilidade, arritmia, hemorragia intracraniana, convulsões, hemólise e embolia gasosa (p. 138).

    Outro fator que leva ao risco para infecção é quando os pacientes com Insuficiência Renal Crônica (IRC) apresentam a anemia como um diagnóstico de grave conseqüência. A anemia é causada principalmente pela produção renal insuficiente de eritropoetina, provocando incapacidade física e mental, sendo responsável pela redução da sobrevida e da qualidade de vida dos pacientes portadores desta condição clínica (HUDAK; GALLO, 2001).

    Torna-se também importante a utilização de técnica asséptica rigorosa no cuidado geral com o paciente grave na unidade de terapia intensiva, como os cuidados com cateterizações, venopunções, cateteres, curativos de feridas e se for necessário aspiração traqueal, e no próprio tipo de cuidado prestado a manutenção e controle da fístula de acesso evitando infecções, já que a infecção tardia da fístula é uma complicação grave que ocorre, em geral, por má técnica de manipulação e que deve ser de total controle da enfermagem, porque é obrigatório o uso de técnica asséptica para o manuseio de qualquer acesso vascular para hemodiálise, logo, técnicas de punção venosa e instalação de hemodiálise incluindo o curativo são restritos da enfermagem (BRANCO; RANCIARO, 2003).

    Nascimento; Marques (2005) enfatizam que a principal complicação que ocorre durante a hemodiálise envolve as alterações hemodinâmicas decorrentes do processo de circulação extracorpórea e a remoção de um grande volume de líquidos em um espaço de tempo muito curto. A atuação do enfermeiro diante desta complicação, desde a monitorização do paciente, a detecção de anormalidades e a rápida intervenção é essencial para a garantia de um procedimento seguro e eficiente para o paciente.

    Os autores acima afirmam que: É importante ressaltar que como o enfermeiro é o profissional que assiste mais de perto o paciente nas sessões de hemodiálise, ele deve estar apto a prontamente intervir e assim evitar outras potenciais complicações (NASCIMENTO; MARQUES, 2005, p. 722).

    Como explica Fermi (2003): As complicações que ocorrem durante a sessão de hemodiálise podem ser eventuais, mas algumas são extremamente graves e fatais. A equipe de enfermagem tem o papel importante na observação contínua dos pacientes durante a sessão, podendo ajudar a salvar muitas vidas e evitar muitas complicações ao fazer o diagnóstico precoce de tais intercorrências (p. 720).

    Os cuidados ao cliente em hemodiálise devem ser feitos pelo enfermeiro com especialidade nessa área, pois é um cliente debilitado, com baixa resistência imunológica e por isso, susceptível a diversas complicações, como a infecção do acesso venoso para realização da hemodiálise. Portanto, ressaltamos novamente a importância de uma assistência direcionada, para se evitar a propagação de possíveis focos de infecção (BRANCO; RANCIARO, 2003, p. 4).

    Sendo fator relevante o levantamento dos principais problemas que o paciente em hemodiálise apresenta e a atribuição dos diagnósticos de enfermagem torna-se fácil direcionar a assistência e enxergar o paciente de maneira completa (DOMINGOS, 2006).

    Rezende; Porto (2009) afirmam que: Faz praticamente parte do cotidiano de uma sessão de hemodiálise intercorrências ou complicações dos clientes ou dúvidas acerca delas como: desequilíbrio hídrico e eletrolítico (hiponatremia e hipopotassemia), náuseas, vômitos, reações à transfusão, vazamento do líquido dialisador, rompimento do acesso vascular, coagulação, infecção, febre, calafrios, hipertensão, hipertermia, anemia, cãibras e outros (p. 266).

    Torna-se então relevante a atenção e acompanhamento constante do enfermeiro intensivista, como chefe ou coordenador da equipe, durante a assistência prestada ao cliente portador de problemas renais e em terapia hemodialítica, tendo como objetivo principal identificar as suas necessidades, proporcionando um atendimento de qualidade e dentro do sistema de humanização, garantindo assim uma qualidade de vida melhor. Lembrando o que afirma Souza; Martino; Lopes (2007, p. 630): “a prática do cuidar personalizado está diretamente ligada à qualidade da assistência prestada, e uma das formas de alcançar este objetivo é através do processo de enfermagem”.

3.     Conclusão

    Por meio da prática e observando instituições de saúde, percebe-se que tanto a Hemodiálise quanto a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) evoluíram ao longo dos anos com o desenvolvimento e introdução de máquinas com alta tecnologia, diminuindo problemas com relação ao monitoramento do paciente e elevando o nível da assistência de enfermagem.

    Apesar de toda tecnologia, um grande problema ainda é constante na rotina do enfermeiro intensivista: a falta de profissionais capacitados para operar as máquinas sofisticadas, a difícil tarefa de introduzir e fazer permanecer a humanização, e o que levou ao desenvolvimento deste trabalho, os problemas decorrentes de procedimentos como é o caso da Hemodiálise.

    Portanto, diante do que foi exposto neste trabalho, percebe-se a importância da realização de pesquisas sobre as complicações que ocorrem durante a hemodiálise na unidade de terapia intensiva, visto que são escassas as literaturas destinadas ao assunto.

    Seria relevante para os profissionais e pacientes hemodialíticos, contribuindo na melhoria da qualidade da assistência, na rapidez de diagnósticos de enfermagem para tais complicações, além de identificar as intervenções específicas de enfermagem dentro da humanização.

Referências

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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 19 · N° 197 | Buenos Aires, Octubre de 2014
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