efdeportes.com

Efeitos da cinesioterapia na sintomatologia da doença de Parkinson

Efectos de la cinesioterapia en la sintomatología de la enfermedad de Parkinson

 

*Acadêmico do curso de Fisioterapia da Universidade

de Passo Fundo, Bolsista PROBIC/FAPERGS

**Docente do curso de Fisioterapia da Universidade de Passo Fundo

Doutora em Gerontologia Biomédica pela PUC-RS

***Fisioterapeuta graduada pela Universidade de Passo Fundo

****Acadêmica do curso de Fisioterapia da Universidade de Passo Fundo

(Brasil)

Vinícius Dal Molin*

Lia Mara Wibelinger**

Cascieli Miotto***

Bárbara Kayser***

Laura Fior****

Julia Andréia Kummer****

Suélen Roberta Klein****

vini.fisiobr@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Introdução: A doença de Parkinson (DP) é uma doença neurodegenerativa do sistema extrapiramidal e a cinesioterapia tem como objeti­vo minimizar os problemas motores, contribuindo na manutenção da independência para realizar as atividades de vida diária (AVD’s) e melhorar a qualidade de vida (QV) desses pacientes. Objetivo: Realizar uma revisão bibliográfica sobre os efeitos da cinesioterapia na DP. Métodos: Utilizaram-se publicações indexadas nas bases de dados Medline, Scielo, Lilacs, Capes e Cochra­ne, no período de 2007 a 2011, nos idiomas inglês e por­tuguês. Foram usados os descritores: Doença de Parkinson, Parkinson’s Disease, exercício físico, phy­sical exercise, training. Resultados: Foram en­contrados 27 estudos no total. Destes, 4 artigos foram excluídos por não abordar os efeitos da fisioterapia, 3 artigos por não apresentar clareza quanto ao método utilizado e resultados, 5 estudos publicados a mais de sete anos e um por não ter sido encontrado na integra, restando assim, 14 artigos. Conclusão: A cinesioterapia é de extrema importância para manter, melhorar e prolongar a qualidade de vida do indivíduo com DP. Embora existam diversos programas de exercícios disponíveis para tratamento da doença, neste estudo foram destacadas as estratégias sensório-motoras, a reabilitação motora e os exercícios físicos regulares.

          Unitermos: Doença de Parkinson. Fisioterapia. Exercício.

 

Abstract

          Introduction: The Parkinson's disease (PD) is a neurodegenerative disease of extrapyramidal system and the kinesiotherapy has the purpose to minimize movement problems, contributing to the maintenance of independence to perform the activities of daily life and improve the quality of life of these patients. Objective: To perform a review of the literature about the effects of kinesiotherapy in PD. Methods: We used indexed publications in Medline, Scielo, Lilacs, Capes and Cochrane, in the period from 2007 to 2011, in English and Portuguese. The used descriptors were: Parkinson's Disease, physical exercise, training. Results: There were found 27 studies in total. Of these, 4 articles were excluded because they did not deal with the effects of physical therapy, 3 articles by does not provide clarity regarding the method used and results, 5 studies published more than seven years ago and one for not having been found in its entirety, leaving as well, 14 articles. Conclusion: The kinesiotherapy is of extreme importance to preserve, improve and extend the quality of life of individuals with PD. Although there are several exercise programs available for treatment of the disease, in this study were highlighted sensory-motor strategies, movement rehabilitation and regular physical exercises.

          Keywords: Parkinson disease. Physical therapy specialty. Exercise.

Recepção: 20/07/2014 - Aceitação: 25/09/2014.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 197, Octubre de 2014. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

Introdução

    A Doença de Parkinson (DP) é uma das doenças degenerativas mais freqüentes do sistema nervoso central1. A etiopatogenia ocorre devido ao acometimento de neurônios da zona compacta da substância negra com presença dos corpúsculos de Lewy e diminuição da produção de dopamina, resultando em desordens do movimento2.

    Caracterizada por bradicinesia, tremor de repouso, rigidez, instabili­dade postural, distúrbio da marcha, fácies em máscara, micrografia, depressão e demência3. Com a progressão da doença e o agravamento das manifestações motoras as quedas são freqüentes e acompanhadas de dor, redução da mobilidade e estresse4. As condições funcionais debilitantes preocupam devido à dependência funcional que leva à diminuição da qualidade de vida dos indivíduos parkinsonianos5.

    As intervenções através de exercícios terapêuticos devem começar tão cedo quanto o estabelecimento do diagnóstico6. A cinesioterapia tem como objeti­vo minimizar os problemas motores, contribuindo na manutenção da independência para realizar as atividades de vida diária e melhorar a qualidade de vida desses pacientes7. O presente estudo tem como objetivo realizar uma revisão bibliográfica sobre os efeitos da cinesioterapia na DP.

Métodos

    Trata-se de uma revisão de literatura das publicações indexadas nas bases de dados Medline, Scielo, Lilacs, Capes e Cochra­ne, no período de 2007 a 2011, nos idiomas inglês e por­tuguês. Utilizaram-se as seguintes palavras-chave: Doença de Parkinson, Parkinson’s Disease, exercício físico, phy­sical exercise, training. Os critérios de inclusão foram estudos que abordavam a fisiopatologia e a fisiote­rapia e estudos publicados a partir do ano de 2007. Critérios de exclusão foram artigos que não apresentavam clareza quanto ao método utilizado e resultados.

Resultados

    Foram en­contrados 27 estudos, sendo que destes, 4 foram excluídos por não abordar os efeitos da fisioterapia, 3 por não apresentar clareza quanto aos métodos utilizados e resultados, 5 publicados a mais de sete anos e um por não ter sido encontrado na integra, restando assim, 14 artigos. A seguir a lista dos artigos encontrados.

Discussão

    A doença de Parkinson vem aumentando consideravelmente na população idosa, gerando um impacto socioeconômico negativo assim como uma diminuição na qualidade de vida desta população. Um maior conhecimento multidisciplinar e integral das alterações ocasionadas , se faz necessário , para que se possa intervir nas alterações de forma adequada8. A fisioterapia visa reabilitar o paciente no aspecto funcional e introduzir novamente o individuo na sociedade.

    Uma revisão sistemática a qual o objetivo foi de­monstrar o benefício da prática de atividade física regular no paciente com doença de Parkinson, diz que a fisioterapia, tem extrema importância para manter, melhorar e prolongar a qualidade de vida desses indivíduos7,9,10.

    Um estudo epidemiológico de­monstrou que pacientes fisicamente ativos tiveram uma menor taxa de mortalidade e aumento das funções para as atividades de vida diária quando comparados com indivíduos com DP com me­nor atividade11.

    Os exercícios terapêuticos são fundamentais para atenuar os principais sintomas, distúrbios motores e a retardar a demência, porém não impedem a evolução da mesma7,12. Em uma meta-análise comparando achados em 14 estudos, concluiu-se que a realização de exercícios físicos melhora a força muscular, o equilíbrio, a capacidade funcional e a marcha13.

    Ao analisar 23 sujeitos portadores de doença de Parkinson, os autores utilizaram um programa de treinamento fisioterapêutico específico sobre o equilíbrio estático e dinâmico. Os instrumentos utilizados foram bola suíça, bolas esportivas, tábuas de equilíbrio, bastões, fitas adesivas e colchonetes, por 6 meses, 3 vezes por semana durante uma hora. Através da intervenção proposta verificou-se uma melhora significativa no equilíbrio dos sujeitos com Parkinson14.

    A reabilitação fisioterapêutica deve compreender a combinação de estímulos sensoriais externos, explorando os sistemas visual, auditivo e vestibular, com treinamentos motores proprioceptivos. Programas de atividades que exijam agilidade sensório-motora vêm sendo aplicado, destacando-se exercícios que envolvem coordenação, destreza, iniciação da marcha, mudanças rápidas de direção, passos largos superando obstáculos e mobilidade em espaços reduzidos15. A atuação da fisioterapia sobre as dificuldades apresentadas pelos parkinsonianos pode ser o melhor caminho para aumentar a autonomia e a independência destes pacientes16,17,18,19.

    Estudo randomizado com 16 pacientes em dois grupos de oito cada, sendo o primeiro submetido a treino de marcha com estímulos visuais e fisioterapia convencional e o segundo só com fisioterapia. Observaram aumento do comprimento do passo, da velocidade da marcha e melhora da cadência, imediatamente e 30 dias após o treinamento e no grupo controle não houve melhora20.

    A cinesioterapia entra definitivamente como auxiliar no tratamento medicamentoso ou cirúrgico da DP. Com o decorrer dos anos, os exercícios são mais focalizados nos sintomas principais desta doença21,18,22.

    Um estudo comparou o tratamento fisioterapêutico na piscina aquecida e no solo com pacientes com doença de Parkinson, a fim de analisar qual das modalidades traria melhores benefícios no equilíbrio, capacidade pulmonar, capacidade funcional e qualidade de vida. As sessões foram realizadas 3 vezes por semana com duração de 45 minutos totalizando 20 sessões. Notou-se que ambos os treinamentos foram benéficos em todos os aspectos analisados9.

Conclusão

    A cinesioterapia é de extrema importância para manter, melhorar e prolongar a qualidade de vida do indivíduo com DP. Embora existam diversos programas de exercícios disponíveis para tratamento da doença, neste estudo foram destacadas as estratégias sensório-motoras, a reabilitação motora e os exercícios físicos regulares. Os fisioterapeutas devem estar atentos a programas terapêuticos adequados para cada individuo, com a finalidade de prevenir as incapacidades motoras e melhorar a funcionalidade e as AVDs.

Referências

  1. ALVES G; FORSAA EB; PEDERSEN KF; GJERSTAD, MD; LARSEN JP. Epidemiology of Parkinson’s disease. J Neurol, v. 255 n. 5, p 18-32, 2008.

  2. TWELVES D; PERKINS KS; COUNSELL CE. Systematic review of incidence studies of Parkinson’s disease. Mov Disord, v.18, p. 19-31, 2003.

  3. JANKOVIC J. Parkinson’s disease: clinical features and diagnosis. Journal of Neurology, Neurosurgery & Psychiatry, v.79, p. 368-76, 2007.

  4. CANNING CG; SHERRINGTON C; LORD SR; FUNG VSC; CLOSE, JCT; LATT MD; HOWARD K; ALLEN NE; O'ROURKE SD; MURRAY SM. Exercise therapy for prevention of falls in people with Parkinson’s disease: A protocol for a randomised controlled trial and economic evaluation. BMC Neurology, v.9, n.4, 2009.

  5. WICKREMARATCHI MM; PERERA D; O'LOGHLEN C; SASTRY D; MORGAN E; JONES A; EDWARDS P; ROBERTSON NP; BUTLER C; MORRIS HR; BEN-SHLOMO Y. Prevalence and age of onset of Parkinson’s disease in Cardiff: a community based cross sectional study and meta-analysis. J Neurol Neurosurg Psychiatry, v.80, n.7, p. 805-7, 2009.

  6. MANCINI M; ROCCHI L; HORAK FB; CHIARIET L. Effects of Parkinson’s disease and levodopa on functional limits of stability. Clin Biomech, v.23, n.4, p. 450–458, 2008.

  7. SANT CR; OLIVEIRA SG; ROSA EL; SANDRI J; DURANTE M; POSSER SR. Abordagem fisioterapêutica na doença de Parkinson. RBCEH, v.5, n.1, p. 80-89, 2008.

  8. STEIDL EMS; ZIEGLER JR; FERREIRA FV. Doença de Parkinson: Revisão Bibliográfica. Disc. Scientia. Série: Ciências da Saúde, Santa Maria, 2007, 8(1): 115-129.

  9. PALÁCIO SG; BARROCA JB; TOLDO KF; RAMALHO JBL; VANZELA AL; FACCI LM. Estudo Comparativo entre a Hidroterapia e a Cinesioterapia na Doença de Parkinson. Revista Saúde e Pesquisa, 2011, 4(2):191-199.

  10. VARA, CA, MEDEIROS R, STRIEBEL WLV. O Tratamento Fisioterapêutico na Doença de Parkinson, Rev Neurocienc 2011; in press.

  11. JOHNSON AM, ALMEIDA QJ. The impact of exercise rehabilitation and physical activity on the management of Parkinson’s disease. Geriatrics & Aging 2007;10(5):318-21.

  12. GONÇALVES BG, LEITE AAM, PEREIRA SJ. Influência das distintas modalidades de reabilitação sobre as disfunções motoras decorrentes da Doença de Parkinson, Rev Bras Neurol, 47 (2): 22-30, 2011.

  13. GOODWIN VA; RICHARDS SH; TAYLOR RS; TAYLOR AH; CAMPBELL JL. The effectiveness of exercise interventions for people with Parkinson disease: a systematic review and meta-analysis. Mov Disord 2008; 23(5):631-40.

  14. CHRISTOFOLETTI G; FREITAS RT; CÂNDIDO ER; CARDOSO CS. Eficácia de tratamento fisioterapêutico no equilíbrio estático e dinâmico de pacientes com doença de Parkinson. Fisioterapia e Pesquisa, 2010, 17(3): 259-63.

  15. KING LA, HORAK FB. Delaying Mobility Disability in People with Parkinson Disease using a Sensorimotor Agility Exercise Program. Physical Therapy. 2009; 89(4):384-393.

  16. AMBONI M; COZZOLINO A; LONGO K; PICCILO M; BARONE P. Freezing of gait and executive functions in patients with Parkinson’s disease. Mov Disord. 2008; 23(3):395-400.

  17. NIEUWBOER A; GILADI N. The challenge of evaluating freezing of gait in patients with Parkinson’s disease. British Journal of Neurosurgery. 2008; 22(1):16–18.

  18. NIEUWBOER A; KWAKKEL G, ROCHESTER L, JONES D, VAN WEGEN E, WILLEMS AM, CHAVRET F, HETHERINGTON V, BAKER K, LIM I. Cue training in the home improves mobility in Parkinson’s disease: the RESCUE trial. J Neurol Neurosurg Psychiatr 2007, 78(2): 134-40.

  19. KWAKKEL G, GOEDE CJT, VAB WEGEN, EEH. Impact of physical therapy for Parkinson’s disease: a critical review of the literature. Parkin Relat Disord 2007, 13(3): 478-87.

  20. DIAS NP; FRAGA DA; CACHO EWA; OBERG TD. Treino da marcha com pistas visuais no paciente com doença de Parkinson. Fisiot Mov 2005, 18(4): 43-51.

  21. SANTOS VV; LEITE MAA; SILVEIRA R; ANTONIOLLI R; NASCIMENTO OJM; FREITAS MRG. Fisioterapia na Doença de Parkinson: uma Breve Revisão, Rev Bras Neurol, 2010, 46(2):17-25.

  22. GOEDE CJT et al. The effects of Physical Therapy in Parkinson’s disease: a research synthesis. Arch Phys Med Rehab 2001, 82(4):509-14.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 19 · N° 197 | Buenos Aires, Octubre de 2014
© 1997-2014 Derechos reservados