Aptidão física de adolescentes praticantes e não praticantes de handebol La aptitud física de adolescentes practicantes y no practicantes de balonmano |
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*Bolsista. Fundação Araucária, Acadêmico do curso de Educação Física da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP), Jacarezinho-PR **Acadêmica. Curso de licenciatura em Educação Física da Faculdade Ingá, Maringá-PR ***Mestre. Professora do curso de Educação Física da Faculdade Ingá, Maringá-PR ****Doutorando, Professor da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP), Jacarezinho-PR (Brasil) |
João Paulo de Farias* Waynne Ferreira de Faria* Larissa Suelen de Brito** Paula Carolina Teixeira Marroni*** Rui Gonçalves Marques Elias**** |
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Resumo O objetivo dessa investigação foi comparar a aptidão física relacionada à saúde e ao desempenho motor entre adolescentes praticantes e não praticantes de handebol. O grupo analisado foi composto por 18 adolescentes de 12 a 15 anos, praticantes (n=8) e não praticantes de handebol (n=10). As capacidades físicas foram avaliadas pela bateria de testes e medidas do PROESP-BR. Utilizou-se o teste de Shapiro Wilk e teste t independente para normalidade da distribuição e comparação entre grupos, respectivamente, nível de significância adotado foi de p<0,05. Os resultados demonstram que as praticantes de handebol apresentam índices superiores em relação às adolescentes não praticantes na flexibilidade, potência aeróbia e resistência muscular de abdômen, porém apenas esta última não alcançou significância estatística. As variáveis antropométricas como IMC e envergadura foram semelhantes entre os grupos. Diante desses achados, sugerimos avaliações e reformulações periódicas nas aulas destas praticantes, a fim de otimizar os níveis de aptidão física relacionada ao desporto e a saúde. Unitermos: Aptidão física. Adolescentes. Handebol.
Recepção: 20/03/2014 - Aceitação: 23/08/2014.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 197, Octubre de 2014. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
A aptidão física é caracterizada como um estado dinâmico que possibilita ao indivíduo realizar de maneira satisfatória as atividades desportivas e cotidianas, além de auxiliar na prevenção de doenças hipocinéticas, esta pode ser considerado como um produto resultante do processo do desenvolvimento motor e da atividade física (FARIA; FARIAS; ELIAS, 2013; BARBANTI, 1990). Nesse sentido, a aptidão física pode ser subdividida em duas, onde se diferem nos seus objetivos, aptidão física relacionada à saúde (AFRS) e a aptidão física relacionada ao desempenho motor (AFDM).
A AFRS é caracterizada como a capacidade de realizar as atividades do dia a dia com vigor e demonstrar traços que estão associados com um baixo risco do desenvolvimento prematuro de doenças crônicas degenerativas não transmissíveis (CASPERSEN; POWEL; CHRISTENSON, 1985). As capacidades funcionais motoras da AFRS são: resistência cardiorrespiratória, composição corporal, flexibilidade, força e resistência muscular localizada (BARBANTI, 1990). Por outro lado, a AFDM, é mais determinada através da genética, a relevância da avaliação destes componentes se deve ao fato da sua importância no desempenho de habilidades esportivas, incluindo força, agilidade, equilíbrio e velocidade (GAYA; SILVA, 2007).
Estudos têm demonstrado que os níveis de aptidão física de adolescentes não atingem níveis satisfatórios para a saúde e desempenho (PELEGRINI et al., 2011; RONQUE et al., 2007; LUGUETTI et al., 2010; LEVANDOSKI et al., 2008).
Logo, a mensuração da aptidão física em jovens consiste em uma importante ferramenta disponível aos professores de educação física para avaliar e monitorar o desempenho dos seus alunos. Além disso, é importante determinar se o nível de aptidão física difere de acordo com determinadas características, tanto do aluno, quanto do contexto.
Nessa perspectiva, esta investigação tem como objetivo de analisar a aptidão física de adolescentes praticantes e não praticantes de handebol da cidade de Sarandi-PR.
Metodologia
A amostra foi composta por 18 adolescentes, sendo dividido em 2 grupos, o primeiro (n=10) se constituiu de adolescentes do gênero feminino de 12 a 15 anos de uma Escola Estadual do Município de Sarandi - Pr. O outro, foi constituído por oito adolescentes praticantes de handebol (Sub-14) de um projeto do Centro de Excelência Regional de Handebol (CER/HAND) na cidade de Sarandi, que estavam treinando a pelo menos três meses.
O instrumento de avaliação foi a bateria de medidas e testes do PROESP-BR, que avalia a aptidão física de crianças e adolescentes de 7 à 17 anos. Para a aplicação desta seguiu-se os protocolos sugeridos por Gaya e Silva (2007).
A avaliação da massa corporal (MC) foi realizada por meio de uma balança digital Welmy, com precisão de 100 gramas e a estatura através de um estadiômetro portátil, com precisão de 0,1cm. O índice de massa corpórea (IMC) foi calculado através da divisão da MC pela estatura elevada ao quadrado. Para a aferição da envergadura adolescente se posicionou em pé, de frente para a parede, com os braços em abdução em 90º em relação ao tronco. O avaliado posiciona a extremidade do dedo médio esquerdo no ponto zero da trena, sendo medida a distância até a extremidade do dedo médio direito. A medida foi registrada em centímetros com uma casa decimal. Os testes neuromotores utilizados foram: teste de flexibilidade, força-resistência abdominal e teste de seis minutos.
Os dados da amostra foram coletados em um Colégio Estadual do Município de Sarandi – Pr. Após serem conscientizados sobre os procedimentos aos quais seriam submetidos, foi solicitado aos responsáveis de todos os adolescentes que assinassem um termo de consentimento livre e esclarecido, autorizando a participação na pesquisa. O estudo foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa com seres humanos da Universidade Estadual de Maringá (UEM). Numero do protocolo – COPEP 365/2009.
Para a análise estatística, inicialmente foi utilizado o teste de Shapiro Wilk para normalidade dos dados e teste t de Student para comparação entre grupos. O nível de significância adotado foi de p < 0,05, sendo realizado no pacote estatístico SPSS, versão 21.0.
Resultados
Na tabela 1, está apresentada a relação entre os testes de aptidão física de adolescentes praticantes e não praticantes de handebol.
Tabela 1. Caracterização da aptidão física dos adolescentes praticantes e não praticantes de handebol
A amostra foi composta por 18 adolescentes do sexo feminino de 12 a 15 anos de idade. Constatou-se que 25% das praticantes de handebol têm baixo peso, enquanto 75% têm o peso normal. No grupo que não praticava 10% tinham baixo peso e 90% peso normal. No teste de flexibilidade 100% das praticantes de handebol tiveram o resultado de desempenho superior contra apenas 60% dos que não praticavam.
Uma maior força abdominal foi detectada também nas praticantes de handebol sendo que 25% apresentam desempenho superior, 25% boa aptidão e 50% das atletas apresentaram baixa aptidão. Na amostra que não pratica handebol o teste de abdominal 10% apresentaram desempenho superior, 20% boa aptidão e 70% baixa aptidão. Porém, no teste de potência aeróbia 100% da amostra praticante ou não de handebol apresentaram baixa aptidão física.
Os resultados de média e desvio padrão dos testes de aptidão física estão apresentados na tabela 2. Apenas os testes de flexibilidade e de 6 minutos apresentaram diferença significativa entre os grupos, sendo esta superior para as praticantes de handebol. Nos outros componentes, apesar do grupo de praticantes de handebol apresentar valores superiores, esta não se mostrou significativa.
Tabela 2. Comparação das variáveis antropométricas e aptidão física entre adolescentes praticantes e não praticantes de handebol
Discussão
A avaliação da aptidão física é uma importante ferramenta para investigar o quadro atual de desempenho e identificar necessidade de programas de promoção de saúde e esporte em populações distintas. Esta investigação teve como objetivo de analisar a aptidão física de adolescentes praticantes e não praticantes de handebol da cidade de Sarandi-PR. Os resultados apontaram que o grupo que praticava handebol apresentou resultados significativamente superior apenas nas capacidades flexibilidades e potência aeróbia.
A flexibilidade é um elemento essencial para a funcionalidade do aparelho locomotor humano, à medida que se considera como uma das variáveis da aptidão física relacionada à saúde e desempenho motor, sendo esta responsável pela realização de movimentos voluntários em uma ou mais articulações, na sua amplitude máxima, sem exposição a lesões do sistema musculoesquelético (ALTER, 1999). Estudos realizados em escolares brasileiros relatam resultados preocupantes referentes aos índices de flexibilidade, onde a maioria desses alunos não atendem os índices mínimos para uma boa saúde com maiores índices para os meninos (PELEGRINI et al., 2011; LUGUETTI et al., 2010). No presente estudo, o teste de flexibilidade mostrou que 100% das atletas de handebol tiveram o resultado de desempenho superior aos critérios estabelecidos pelo PROESP-BR, contra apenas 60% dos que não praticavam atividade física, sendo esses valores significativos. Esses resultados reforçam que a infância e adolescência podem ser períodos ideais para a criação de bons hábitos de vida considerando a prática regular de atividade física e a conscientização destes benefícios, onde a escola, através das aulas de educação física e programas de promoção à atividade física tem essa oportunidade.
No teste de abdominal, apesar da maioria dos avaliados apresentarem valores de baixa aptidão física, o grupo que praticava handebol apresentou resultados superiores em relação ao outro grupo, no entanto, não foram observadas diferenças significativas entre eles. Estes resultados corroboram com diversos estudos na literatura que demonstraram baixa prevalência de adolescentes que atenderam os critérios para este componente (DUMITH et al., 2008; PETROSKI et al., 2011). Uma das principais justificativas para o baixo desempenho neste teste está relacionado à adiposidade corporal (ORSANO et al., 2010). Nesse sentido, a avaliação deste componente em apenas adolescentes do gênero feminino pode contribuir para a alta prevalência de baixa aptidão neste teste no presente estudo, uma vez que biologicamente este gênero tende a apresentar maiores níveis de adiposidade (MALINA; BOUCHARD; BAR-OR, 2009).
A aptidão aeróbia pode ser considerada um dos principais componentes da AFRS, uma vez que esta inversamente relacionada com fatores de risco cardiovascular (JAGO et al., 2010). Não obstante, este componente vem sendo considerado um dos parâmetros de grande importância como preditor de performance, uma vez que a capacidade do ser humano realizar exercícios de longa e média duração depende principalmente do metabolismo aeróbio (BARROS NETO et al., 2001). Entretanto, corroborando com estudos na literatura que demonstraram grande prevalência de baixa aptidão aeróbia (PELEGRINI et al., 2011; VASQUES et al., 2007) no presente estudo todos os avaliados apresentaram resultados de baixa aptidão física para a aptidão cardiorrespiratória.
Pesquisadores de diversas áreas já demonstraram pelos métodos de pesquisa epidemiológica que tanto a inatividade física como a baixa aptidão física são prejudiciais à saúde. Com isso o ato de exercitar-se precisa estar incorporado não somente ao cotidiano das pessoas, mas também à cultura popular, aos tratamentos médicos, ao planejamento da família e à educação infantil. Essa necessidade se dá por diferentes fatores: do fator social, quando se proporciona ao homem o direito de estar ativo fisicamente em grupo, ao fator econômico, quando se constata que os custos com saúde individual e coletiva caem em populações fisicamente ativas.
Conclusão
Concluímos que a aptidão física das praticantes de handebol apresentou diferenças significativas apenas nas capacidades flexibilidade e potência aeróbia em relação aquelas que não praticavam esta modalidade, embora este último componente tenha apresentado resultados baixos quando comparados aos critérios estabelecidos. Diante desses achados, sugerimos avaliações e reformulações periódicas nas aulas destas praticantes, a fim de otimizar os níveis de aptidão física relacionada ao desporto e a saúde.
Referências
ALTER, M. J. Ciência da Flexibilidade. 2ª ed. Porto Alegre: Artmed, 1999.
BARROS NETO, T. L.; TEBEXRENI, A. S.; TAMBEIRO, V. L. Aplicações práticas da ergoespirometria no atleta. Revista da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo. v.11, p. 695-705, 2001.
BARBANTI, V. J. Aptidão física, um convite a saúde. 1. ed. São Paulo: Manole Dois, 1990. v. 1.
CASPERSEN, C. J.; POWELL, K. E.; CHRISTENSON, G. M. Physical Activity, Exercise, and Physical Fitness: Definitions and Distinctions for Health-Related Research. Public Health Reports, Rockville, v. 100, n. 2, p. 126-131, 1985.
DUMITH, S. C. et al. Physical activity change during adolescence: a systematic review and a pooled analysis. International Journal of Epidemiology, London, v. 40, n. 3, p. 685-698, 2011.
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LEVANDOSKI, G.; CIESLAK, F.; BOTELHO, T. B. Composição corporal e aptidão física de atletas de handebol masculino campeões dos XXII jogos estudantis municipais da cidade de ponta grossa. Publicatio UEPG: Ciências Biológicas e da Saúde. v. 14, n. 1, p. 59-65, 2008.
LUGUETTI, C. N.; RÈ, A. H. N.; BOHME, M. T. S. Indicadores de aptidão física de escolares da região centro-oeste da cidade de São Paulo. Revista Brasileira de Cineantropometria e desempenho humano, Florianópolis, v. 12, n. 5, p. 331-337, 2010.
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