Acidentes ocupacionais envolvendo materiais perfurocortantes  entre os profissionais de enfermagem. Revisão de literatura Accidentes laborales vinculados con objetos cortantes en profesionales de enfermería. Revisión de la literatura Occupational accidents involving sharps among nursing professionals. Literature review
	*Enfermeira. Graduada pelas Faculdades de Saúde Santo Agostinho, Montes Claros, MG **Acadêmica do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Estadual de Montes Claros, MG ***Enfermeira. Docente e Coordenadora de Ensino Clínico no Curso de Enfermagem das Faculdades de Saúde Santo Agostinho, Montes Claros, MG ****Enfermeira. Doutora em Ciências pela Universidade Federal de São Paulo. Coordenadora e Docente do Departamento de Enfermagem das Faculdades de Saúde Santo Agostinho, Montes Claros, MG *****Enfermeira. Especialista em Gestão Pública em Serviços de Saúde Docente em Enfermagem das Faculdades Santo Agostinho de Montes Claros, MG ******Enfermeira. Especialista em Gestão e Auditoria em Saúde Graduada pelas Faculdades Santo Agostinho de Montes Claros, MG *******Enfermeira. Pós-Doutora em Nefrologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) Docente em Enfermagem da Escola Paulista de Enfermagem da UNIFESP, SP	Iara Lafetá Gomes* Patrícia Alves Paiva** Joanilva Ribeiro Lopes*** Carla Silvana de Oliveira e Silva**** Adélia Dayane Guimarães Fonseca***** Ingred Gimenes Cassimiro de Freitas****** Dulce Aparecida Barbosa******* patriciaalvespaiva@gmail.com (Brasil)
	Resumo           Objetivo: identificar a ocorrência dos acidentes ocupacionais com materiais perfurocortantes entre os profissionais da equipe de enfermagem caracterizando sua distribuição, os fatores que predispõem e as situações de ocorrência. Metodologia: Realizado levantamento de artigos de 2002 a 2012 na base de dados da Biblioteca Virtual da Saúde – BVS, com a questão de pesquisa: Quais as situações de ocorrência dos acidentes ocupacionais com materiais perfurocortantes entre os profissionais de enfermagem. Foram encontradas 85 publicações, sendo que apenas 16 abordaram o tema em questão. Resultados: após a análise emergiram as seguintes categorias: Distribuição dos acidentes com materiais perfurocortantes entre a equipe de enfermagem; Fatores que predispõem a ocorrência dos acidentes com materiais perfurocortantes entre os profissionais de enfermagem; Situações de ocorrência dos acidentes com materiais perfurocortantes entre os profissionais de enfermagem. Conclusão: o serviço de educação em saúde é indispensável para que o profissional de enfermagem veja a importância das precauções padronizadas, entre as quais está incluída a prevenção de acidentes perfurocortantes e adoção de práticas seguras. Os trabalhadores da enfermagem não devem jamais afastar-se do cumprimento das práticas de biossegurança, as quais oferecem garantias para o desenvolvimento seguro de suas atividades.           Unitermos: Acidentes de trabalho. Ferimentos penetrantes produzidos por agulha. Enfermagem.   Abstract           Objective: To identify the occurrence of occupational accidents with sharp materials among professional nursing team characterizing its distribution, predisposing factors and situations from occurring. Methodology: Conducted survey of articles from 2002 to 2012 in the database of the Virtual Health Library - VHL, with the research question: What are the conditions of occurrence of occupational accidents involving sharps among nursing professionals. 85 publications were found, and only 16 addressed the issue in question. Results: After analyzing the following categories emerged: Distribution of accidents involving sharps among the nursing staff; Factors that predispose the occurrence of accidents involving sharps among nursing professionals; Situations occurrence of sharps injuries among professional materials nursing. Conclusion: the service of health education is essential for nursing professionals see the importance of standard precautions, among which is included the prevention of needlestick injuries and adoption of safe practices. The nursing workers should never depart from compliance with biosecurity practices, which provide guarantees for the safe development of their activities.           Keywords: Accidents at work. Penetrating injuries produced by needle. Nursing.   Recepção: 05/05/2014 - Aceitação: 20/08/2014.
	EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 197, Octubre de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O trabalho é considerado uma atividade social por exercer um papel fundamental nas condições de vida do homem. Surte efeito positivo, quando satisfaz as necessidades básicas de subsistência, criação e colaboração dos trabalhadores. Ao realizá-lo, o homem expõe-se aos riscos presentes no ambiente laboral, os quais podem interferir diretamente em suas condições de saúde (CANINI et al., 2002).

    O hospital é um ambiente repleto de variados e múltiplos riscos para os trabalhadores da saúde. Os riscos compreendem aqueles causados por agentes químicos, físicos, biológicos, psicossociais e ergonômicos, sendo que os riscos biológicos são os principais geradores de insalubridade e periculosidade a estes trabalhadores (CANINI et al., 2002). A partir do início da década de 70, instituições hospitalares brasileiras, especialmente pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), começaram a pesquisar a saúde ocupacional de trabalhadores de hospitais (RIBEIRO; SHIMIZU, 2007).

    O interesse pela questão do acidente de trabalho (AT) nos hospitais aumentou com o surgimento da síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS), no início dos anos 80, com o temor do pessoal da saúde de contrair a doença em acidentes com material potencialmente contaminado (TOMAZIN; BENATTI, 2001).

    Sabe-se que os trabalhadores da saúde, que atuam na área hospitalar, estão expostos a inúmeros acidentes de trabalho, principalmente àqueles causados por materiais perfurocortantes e fluidos biológicos (RIBEIRO; SHIMIZU, 2007).

    A equipe de enfermagem (Enfermeiros, Técnicos e Auxiliares) é a categoria de trabalhadores que está mais exposta aos riscos ocupacionais, pois passa a maior parte do tempo em contato direto com o cliente da instituição, fato este que favorece a sobrecarga de trabalho, levando o profissional a se descuidar em algum momento e possivelmente se acidentar (OLIVEIRA; KLUTHCOVSKY; KLUTHCOVSKY, 2008).

    Os acidentes com materiais perfurocortantes são considerados um problema para os profissionais da área de saúde, pela possibilidade de transmissão ocupacional de patógenos veiculados pelo sangue, como os vírus da imunodeficiência humana (HIV), da hepatite B (HBV) e da hepatite C (HCV) (AMARAL et al., 2005).

    Rudah et al. (2000) definem materiais perfurocortantes como objetos ou instrumentos contendo cantos, bordas, pontos ou protuberâncias rígidas e agudas capazes de cortar ou perfurar. Os resíduos perfurocortantes, segundo as legislações sanitárias e ambientais, são compostos por: lâminas de barbear, bisturis, agulhas, escalpes, ampolas de vidro, vidrarias e outros assemelhados.

    Os acidentes ocasionados por picada de agulhas são responsáveis por 80 a 90% das transmissões de doenças infecciosas entre trabalhadores de saúde. O risco de transmissão de infecção, por meio de uma agulha contaminada, é de um em três para hepatite B, um em trinta para hepatite C e um em trezentos para HIV (GODFRE, 2001).

    Recomenda-se uma série de ações para minimizar os riscos de exposição ocupacional aos acidentes. A principal delas é a adoção das medidas de Precauções Padrão (PP) que incluem a higienização das mãos, uso de barreiras de proteção (luvas, avental, gorro, máscara), cuidado com artigos, equipamentos e roupas utilizados durante a assistência, controle de ambiente (protocolos de processamento de superfícies, manejo dos resíduos de serviço de saúde), descarte adequado de material perfurocortante e acomodação do paciente, conforme nível de exigência, enquanto fonte de transmissão de infecção, sem deixar à margem a imunização dos profissionais, pois é uma garantia de proteção prévia para as doenças imunopreveníveis (MELO et al., 2006).

    A partir da experiência vivenciada em um Estágio Curricular de Enfermagem em um hospital no município de Montes Claros-MG, despertou-se o interesse pela análise da situação de ocorrência de acidentes com materiais perfurocortantes motivando a realização do presente trabalho. Observa-se a importância de estudos aprofundados acerca dos acidentes ocupacionais para se conhecer melhor os fatores de risco frequentemente associados à sua ocorrência e à elaboração de medidas preventivas mais eficazes em seu controle (DAMASCENO et al., 2006).

    Dessa forma, este trabalho teve por objetivo analisar a literatura quanto às publicações que abordem a ocorrência de acidentes com materiais perfurocortantes entre os profissionais de enfermagem, descrevendo os fatores que predispõem a ocorrência dos acidentes ocupacionais, identificando as situações de ocorrência e sua distribuição.

Metodologia

    Para atingir o objetivo proposto, esta pesquisa teve como percurso metodológico uma revisão da literatura, desenvolvida pelas etapas de formulação do problema, coleta de dados, avaliação dos dados, análise e interpretação dos dados coletados e apresentação dos resultados. A revisão da literatura possibilita a divulgação do conhecimento, pois um único estudo disponibiliza ao leitor os resultados de várias pesquisas. Sendo assim, a questão norteadora da realização deste estudo foi a seguinte: Quais as situações de ocorrência dos acidentes ocupacionais com materiais perfurocortantes entre os profissionais de enfermagem?

    A coleta de dados ocorreu em Janeiro de 2014. Foram acessados artigos publicados no período de 2002 a 2012, indexados na base de dados da Biblioteca Virtual em Saúde, por meio dos descritores contidos nos resumos separados pelo operador boleano and: Acidentes de trabalho; Ferimentos Penetrantes Produzidos por Agulha; Enfermagem.

    Apesar de o presente estudo tratar-se de uma pesquisa, este não apresentou a necessidade de aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa, uma vez que manipula com dados de livre acesso. Obteve-se como resultado 85 (oitenta e cinco) publicações disponibilizadas no idioma português. Foi realizada a leitura dos resumos desses artigos, na busca por aproximações com a temática do estudo. Posteriormente à leitura, foi estabelecido como critério de inclusão a presença dos descritores no resumo dos artigos, artigos disponíveis na íntegra, resultando em 16 (dezesseis) publicações para análise.

    O processo de análise dos dados ocorreu através da análise textual, a qual se trata de um modo de aprofundamento e mergulho em processos discursivos. Esse método de análise permite identificar e isolar enunciados dos conteúdos a ele submetidos, categorizar tais enunciados e produzir textos, de maneira a integrar descrição e interpretação.

    Posteriormente, definiu-se nesta investigação, evidenciar os objetivos abordando a problemática: Quais as situações de ocorrência dos acidentes ocupacionais com materiais perfurocortantes entre os profissionais de enfermagem?

Resultados e discussão

Distribuição dos acidentes com materiais perfurocortantes entre os profissionais de enfermagem

    Os avanços tecnológicos relativos aos equipamentos, materiais e procedimentos e o grau de complexidade das atividades realizadas pelos trabalhadores de enfermagem os expõem a vários riscos. A importância desses acidentes extrapola a ocorrência da simples lesão e adquire maior gravidade quando os instrumentos estão contaminados com sangue e secreções. Assim, é reconhecida a possibilidade de transmissão de microrganismos patogênicos, capazes de gerar outros processos de desgaste, geralmente mais graves que o ferimento em si, dentre eles diversas patologias (SARQUIS; FELLI, 2002).

    Moura, Gir e Canini (2006) afirmam que apesar dos acidentes com material infectante acometerem todos os trabalhadores da área da saúde, a equipe de enfermagem está em constante risco de adquirir os patógenos veiculados pelo sangue, uma vez que suas atividades envolvem contato direto com sangue e outros fluidos corpóreos, além de manipulação rotineira de materiais perfurocortantes.

    Em estudos de Canini et al. (2002) apurou-se que dentre 398 acidentes notificados, 125 (31,40%) foram acidentes perfurocortantes e 273 (68,60%) foram correspondentes a outros acidentes ocupacionais. Pelo estudo pôde-se observar que ocorreram predominantemente entre trabalhadores de enfermagem, sendo: enfermeiros 21,26%, técnicos de enfermagem 11,81%, auxiliares de enfermagem 62,99% e atendentes de enfermagem 3,94%. As outras categorias funcionais incluíram pessoal da limpeza, manutenção, técnicos de laboratório, entre outros.

    O estudo de Amaral et al. (2005), em um hospital privado de Vitória da Conquista, evidenciou que 52,3% dos acidentes ocorreram com material perfurocortante e que a categoria com maior incidência foi auxiliares de enfermagem (47,7%), seguidos pelos médicos (18,47%) e pelos auxiliares de higienização (13,85%).

    De acordo com Sarquis e Felli (2002), seus resultados mostram a significativa frequência de acidentes com instrumentos perfurocortantes entre a categoria profissional auxiliares de enfermagem com 70,60%. Verifica-se que, na categoria auxiliar de enfermagem, o coeficiente de risco de acidentes de trabalho foi quase o dobro das demais.

    Moura, Gir e Canini (2006) afirmam que é frequente a ocorrência de acidentes com materiais perfurocortantes no ambiente hospitalar, envolvendo principalmente os trabalhadores de enfermagem. Seu estudo comprova que dos 219 acidentes de trabalho notificados, 139 (63,5%) foram com materiais perfurocortantes, sendo os auxiliares de enfermagem os mais atingidos com 43,9%.

    Alves, Passos e Tocantins (2009) ressaltam que o hospital é um local de trabalho complexo que, além de prover cuidados básicos de saúde, mantém atendimento de pequena a alta complexidade a um grande número de pessoas.

    Um estudo realizado em um hospital do Distrito Federal constatou que os trabalhadores sofreram 76 acidentes de trabalho, dentre os quais, 83,95% foram causados por materiais perfurocortantes, 8,64% por quedas, 6,17% por exposições a fluidos biológicos e 1,24% por contusões. Os resultados obtidos demonstram que trabalhadores de enfermagem apresentaram 76 acidentes e demais trabalhadores de saúde sofreram 197 acidentes; sendo os profissionais mais sujeitos aos acidentes os Técnicos e Auxiliares de enfermagem (RIBEIRO; SHIMIZU, 2007).

    No estudo de Marziale, Rodrigues (2002), foi constatado que a categoria mais acometida por acidentes com perfurocortantes foi a dos auxiliares de enfermagem, sendo esses trabalhadores, na maior parte do tempo, os que estão em contato direto com o cliente administrando medicamentos, realizando curativos e outros procedimentos que os mantêm em constante contato com material perfurocortante.

Fatores que predispõem a ocorrência dos acidentes com materiais perfurocortantes entre os profissionais de enfermagem

    Amaral et al. (2005) apontam uma série de fatores que pode estar associada à ocorrência de acidentes de trabalho, e que existe relação com a periculosidade das atividades laborais da enfermagem, a forma de organização do trabalho, o comportamento dos próprios profissionais e as condições de trabalho oferecidas. Os fatores predisponentes a falta de sensibilização e conscientização, nesse caso, são a inadequada supervisão contínua e sistemática da prática, a não percepção individual do risco e a falta de educação continuada.

    Percebe-se que, na visão dos participantes do estudo de Alves, Passos e Tocantins (2009), existe uma série de fatores que estão interligados e que podem estar associados à ocorrência de acidentes laborais, incluindo a não observância das normas de biossegurança, quer seja pela ausência ou pelo uso inadequado dos EPIs (Equipamentos de Proteção Individual).

    Alves, Passos e Tocantins (2009) destacam ainda que 100% dos entrevistados possuem outro vínculo empregatício. Esse dado permite refletir que o duplo vínculo de trabalho possa estar relacionado aos baixos salários que usualmente se encontram nos trabalhadores de enfermagem. Portanto, esses trabalhadores apresentam mais de uma atividade laboral, fator esse que pode influenciar na exposição aos riscos ocupacionais devido à sobrecarga de trabalho além do número reduzido de profissionais para prestação do cuidado de enfermagem.

    Entre as inúmeras informações relacionadas às situações que levam ao acidente, os acidentados afirmaram que estes ocorrem por falta de atenção no planejamento e na execução das atividades 19 (58%), excesso de confiança 17 (52%) e estresse 15 (21%). Isso pode estar atrelado à forma da organização do trabalho e ao abrandamento do sentimento de pânico gerado pela rotina do dia a dia, tornando banal o acidente, interferindo no comportamento, na falta de sensibilização e a não percepção individual do risco para acidentes (ALVES; PASSOS; TOCANTINS, 2009).

    Paulino, Lopes e Rolim (2008) apresentaram que o funcionário acidentado manuseava o instrumento causador do agravo em 85% dos casos, dessa forma sendo possível que esse percentual elevado pode ter sido causado também por descuido.

    No estudo de Vieira e Padilha (2008), os fatores predisponentes descritos na literatura foram os relacionados as condições de trabalho destacando-se: comportamento agressivos de pacientes, falta de programa de capacitação profissional, sobrecarga de trabalho, falta de recipiente adequado para descarte de perfurocortante, disposição inadequada dos mesmos na unidade, não oferta de materiais e equipamentos de segurança. Os fatores relacionados ao comportamento dos trabalhadores, são estes a saber: desconsideração das precauções-padrão, desconhecimento dos riscos de infecção, falta de atenção e descuido dos profissionais, tensão e estresse, cansaço/fadiga, longo tempo de serviço e a habilidade técnica, reencapamento de agulhas.

Situações de ocorrência dos acidentes com materiais perfurocortantes entre os profissionais de enfermagem

    Alves, Passos e Tocantins (2009) pontuam que o manuseio de material perfurocortante predomina como situação de exposição a acidente ocupacional entre os profissionais da área de saúde. Tais exposições podem oferecer riscos à saúde física e mental dos trabalhadores. Dessa forma, esforços na prevenção de acidentes de trabalho que envolvam sangue e outros fluidos potencialmente contaminados devem ser tratados como casos de emergência, uma vez que, para se obter maior eficácia, as intervenções para profilaxia das infecções pelo HIV e Hepatite B necessitam ser iniciadas logo após a ocorrência do acidente.

    Canini et al. (2002) mostram em seu estudo que a maioria das ocorrências dos acidentes perfurocortantes ocorreu quando os trabalhadores de enfermagem estavam administrando medicamentos 23,82%, seguindo-se pela administração de soroterapia 23,62%, por materiais descartados em local impróprio 7,88%, pelo descarte de materiais perfurocortantes 7,88%, por ser atingido por outro trabalhador 6,30% e ao se reencaparem agulhas 5,51%.

    Amaral et al. (2005) mostram que dentre as situações de ocorrência com material perfurocortante no hospital privado de Vitória da Conquista, os de maior incidência são os que ocorrem durante realização de procedimentos com 36,9%, a saber, administração de medicamentos, punções venosas, realização de glicemia capilar, durante o ato cirúrgico, entre outros. Com 24,6%; estão os acidentes ocorridos com descarte de materiais em local impróprio, 16,9% ao descartar o material perfurocortante e 9,20% auxiliando procedimentos e 8,10% ao realizar a coleta de material após procedimentos.

    No estudo de Moura, Gir e Canini (2006), constatou-se que as causas mais frequentes de ocorrência do acidente é o descarte do perfurocortante no local impróprio 21,6%, ao descartar o material 14,4% e durante o transporte do material 13,7%, tendo como objeto causador principal a agulha 46,8% e o escalpe 34,5%.

    No estudo de Alves, Passos e Tocantins (2009), conforme informações emitidas pelos investigados, destacam-se acidentes ocasionados: 27% pela imprudência, 18% por movimento brusco do paciente e 18% pela existência de agulha em superfícies. Os principais aspectos a serem considerados no descarte do material perfurocortante no desempenho laboral de suas atividades, 28 (84%) destacaram o fato de ter coletor, seguido de 10 (30%) que enfatizaram a ação de não reencapar agulhas e 7 (21%) focalizaram a atenção. Ressalta-se ainda que condições dignas de trabalho 18 (54%), educação permanente/divulgação de acidente 16 (48%), maior quantitativo e qualitativo de material 14 (42%), maior número de profissionais para prestação da assistência 14 (42%) foram situações e/ou condições apontadas pelos entrevistados para evitar o risco de acidentes com material perfurocortante. A partir do seu estudo evidencia que o risco de acidentes com material perfurocortante, na opinião dos entrevistados, associa-se ao outro profissional, ao ambiente, à própria profissão e à própria rotina da unidade, consequentemente, o perigo torna-se na maioria das vezes oculto e inesperado.

    Muitos hospitais utilizam caixas de medicamento ou caixas de papelão para descartar os perfurocortantes e não respeitam o limite, por isso muitas agulhas e outros perfurocortantes ficam expostos, sujeitando trabalhadores ao risco de se acidentarem ao descartar algum objeto. Esse é um problema sério na categoria, porém é preciso lembrar que nem sempre os dispositivos de descarte estão bem distribuídos, na maioria das vezes se concentram no posto de Enfermagem. Portanto, para não expor outros com material contaminado os profissionais preferem reencapar (PAULINO; LOPES; ROLIM, 2008).

    Castro e Farias (2009) evidenciaram, em seu estudo, que acidente com perfurocortantes repercute na subjetividade do trabalhador, tornando necessária a adoção de práticas de segurança ao manipular os perfurocortantes, tendo em vista seu elevado potencial para agravos à saúde tanto no campo físico como emocional do trabalhador de enfermagem.

    Os EPIs, de forma combinada ou não, são touca, óculos, máscara, luvas, capote e o descarte de material perfurocortante nas caixas coletoras em recipientes de tampa rígida. A importância da Biossegurança consiste na adoção de normas e procedimentos seguros e adequados para a manutenção da saúde dos pacientes, dos profissionais e dos visitantes (ALVES; PASSOS; TOCANTINS, 2009).

    Marziale e Rodrigues (2002) afirmam, em seu estudo, que a ocorrência de acidentes com materiais perfurocortantes não está relacionado apenas ao nível de formação, mas também ao treinamento, capacitação, recursos materiais disponíveis e cultura local.

Considerações finais

    É importante que os trabalhadores de saúde saibam que, em caso de acidente com materiais perfurocortantes, é necessário que a ocorrência seja registrada e que seja realizado acompanhamento sorológico (Anti HIV, Ag Hbs, Anti HCV, Anti HBS) de no mínimo 06 meses.

    Os artigos que revisaram a literatura acerca dos acidentes ocupacionais dentre os profissionais de enfermagem proporcionaram evidenciar que a maioria das situações de ocorrência dos acidentes ocorreu com os profissionais da enfermagem durante a realização de procedimentos.

    É evidente não só a necessidade de se realizar periodicamente treinamento em serviço implementando medidas preventivas com o objetivo de diminuir a frequência de acidentes, mas permitir que os trabalhadores consigam decodificar a organização do trabalho em que estão inseridos, principalmente os trabalhadores da enfermagem, para que os acidentes com perfurocortantes sejam evitados e que se busquem alternativas que possam conferir maior segurança aos procedimentos realizados por esses trabalhadores e consequentemente se encontram soluções para a prática diária.

Referências

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