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A lateralidade como ferramenta essencial do desenvolvimento
infantil nos primeiros anos do ensino fundamental

La lateralidad como herramienta esencial para el desarrollo infantil en los primeros años de la enseñanza básica

 

Aluno formando do Curso de Licenciatura em Educação Física

da Universidade Castelo Branco – RJ

(Brasil)

Romulo Gabriel Caccavo Moura

romulocaccavo@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O presente estudo se fez necessário por conta de questões relacionadas à lateralidade nos primeiros anos do ensino fundamental, observadas durante estágio supervisionado na graduação em licenciatura do curso de Educação Física da Universidade Castelo Branco – UCB RJ, tais observações foram levadas em conta para que fosse feito um estudo de revisão bibliográfica, a fim de investigar os benefícios trazidos pelo desenvolvimento da lateralidade nos anos iniciais do ensino fundamental. Diversos autores citam a lateralidade como um fator determinante para o desenvolvimento das crianças. Durante o decorrer do estudo busca-se abordar tais necessidades a fim de levantar um debate sobre o tema proposto, a lateralidade.

          Unitermos: Educação Infantil. Lateralidade. Educação Física.

 

Abstract

          This study was necessary because of issues related to handedness in the early years of elementary school, observed during supervised undergraduate degree course in Physical Education from the University Castelo Branco - UCB RJ such observations were taken into account it was made a bibliographic review in order to investigate the benefits brought by the development of handedness in the early years of elementary school. Several authors have reported laterality as a determinant for development of children factor. During the course of the study we seek to address these needs in order to raise a debate on the proposed topic, laterality.

          Keywords: Childhood Education. Handedness. Physical Education.

 

Recepção: 30/07/2014 – Aceitação: 20/09/2014.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 197, Octubre de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O presente estudo irá abordar a influência da lateralidade nos anos iniciais do ensino fundamental.

    Durante o estágio supervisionado, deparou-se com muitos alunos que apresentavam comprometimento motor com relação à lateralidade. Percebendo essa dificuldade, surge então uma problemática, a realização de um trabalho voltado para a questão da lateralidade, contribuiria para um melhor desenvolvimento motor?

    O objetivo deste estudo é investigar os benefícios trazidos pelo desenvolvimento da lateralidade na Educação Física Escolar, pois propiciam um desenvolvimento físico, intelectual e uma maior compreensão do esquema corporal, elementos essenciais para o desenvolvimento de uma aprendizagem realmente significativa e que torne possível a interação social com o mundo e a cultura vigente.

Metodologia

    De acordo com Gil (1991), as pesquisas classificam-se em: bibliográfica, documental, experimental, de levantamento, estudo de caso, ex post facto, de ação e de participante.

    Esta pesquisa trata-se de um levantamento teórico e bibliográfico, para Barros e Lehfeld (2000), uma pesquisa bibliográfica pode ser desenvolvida como um trabalho em si mesmo ou constituir-se numa etapa de elaboração de monografias, dissertações, etc.

    A amostra foi composta por 9 artigos e 10 livros, totalizando 19 publicações em um período de 1976 até 2010, no presente estudo os termos mais utilizados foram: psicomotricidade, desenvolvimento e movimento, os autores que contribuíram significativamente para o estudo foram: Le Bouch, Ferreira e Fonseca.

    A estruturação da pesquisa foi dividida em: introdução, metodologia, revisão de literatura, considerações finais e referências.

Educação Física Escolar

    Em primeiro lugar, a Educação Física escolar não tem o objetivo de revelar valores para o esporte rendimento, e sim o de desenvolver o lado afetivo, cognitivo, social, além da coordenação dos movimentos básicos através de atividades motoras lúdicas e prazerosas.

    “é de grande importância a educação pelo movimento no processo escolar, uma vez que seu objetivo central é contribuir para o desenvolvimento motor da criança o qual auxiliará na evolução de sua personalidade e no seu sucesso escolar” (Le Boulch, 1987).

    Em segundo lugar, a Educação Física no Ensino Infantil, Fundamental e Médio ainda é obrigatória, de acordo com as Diretrizes do (CNE) Conselho Nacional de Educação, órgão competente para emitir as bases curriculares da Educação. As Diretrizes do CNE e a lei 9394 garantem que as disciplinas de Educação Física, Educação Artística e Educação Religiosa são obrigatórias, assim como as outras matérias de Português, Matemática, língua materna para o caso das populações indígenas e migrantes, história, geografia e etc.

    Outro fato que muita gente boa desconhece, ou finge não saber, é com relação à dispensa de Educação Física. Atestado médico isenta as atividades motoras não a presença do aluno na aula, a menos que o caso seja de doença com afastamento da escola.

    Ainda de acordo com a lei 9394, substituindo a 5692, as escolas não tem amparo legal para dispensar da Educação Física quem freqüenta academia, esporte de rendimento ou até mesmo serviço militar obrigatório por uma questão de lógica: os fundamentos são diferentes.

    Conforme os PCN’s (1998), a Lei de Diretrizes e Bases promulgada em 20 de dezembro de 1996 busca transformar o caráter que a Educação Física assumiu nos últimos anos ao explicitar no art. 26, § 3o, que “a Educação Física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular da Educação Básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições da população escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos”. Dessa forma, a Educação Física deve ser exercida em toda a escolaridade de primeira a nona séries, não somente de quinta a oitava séries, como era anteriormente.

    De acordo com a LDB, a educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais.

    Conforme o artigo 22 da LDB, o principal objetivo da educação é desenvolver os educandos. Para atingir este objetivo, ela busca garantir a formação comum indispensável para o exercício da cidadania, fornecendo meios para eles progredirem no trabalho e nos estudos posteriores.

    Segundo o artigo 32 da LDB, o ensino fundamental é obrigatório, com duração de 9 (nove) anos gratuito na escola pública, iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade, terá por objetivo a formação básica do cidadão, mediante:

  • O desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo;

  • A compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade;

  • O desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores;

  • O fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social.

    A identidade da Educação Física escolar vem sendo moldada por várias décadas, tendo a mesma, passado por diversas fases e desde então essas influências no campo pedagógico e cientifico.

    Sabe-se que atualmente na área da Educação Física escolar existe várias concepções que visam em comum o rompimento com o modelo mecanicista, esportista e tradicional na prática pedagógica. A visão esportiva e de desempenho na pratica de atividades de Educação Física Escolar em que buscava a descoberta de novos talentos e a melhoria da aptidão física e que se excluíam os pouco habilidosos tem ficado para trás.

    "A identidade da Psicomotricidade e a validade dos conceitos que emprega para se legitimar revelam uma síntese inquestionável entre o afetivo e o cognitivo, que se encontram no motor, é a lógica do funcionamento do sistema nervoso, em cuja integração maturativa emerge uma mente que transporta imagens e representações e que resulta duma aprendizagem mediatizada dentro dum contexto sócio-cultural e sócio-histórico" (Fonseca, 1989).

Psicomotricidade na escola

O quê é?

    Le Boulch (1987) define Psicomotricidade como uma ciência que estuda as condutas motoras por expressão do amadurecimento e desenvolvimento da totalidade psicofísica do homem, procurando fazer com que os indivíduos descubram o seu corpo através de uma relação do mundo interno com o externo e a sua capacidade de movimento e ação. E dessa forma, permitir tanto ao adulto como à criança expressar as suas ações e movimentos de forma harmoniosa, utilizando o seu corpo, sendo assim “para que uma pessoa se exprima enquanto corpo que realiza mais livremente seus próprios desejos é necessário que ela cresça não em sua individualidade absoluta, mas em suas relações com os outros e o mundo”. (Medina, 1987)

    Para Fonseca (1983), a psicomotricidade esteve erradamente ligada a antagonismos decorrentes de Educação Física, surgindo freqüentemente como técnica corretiva para crianças “anormais” e sendo confundida com a ginástica corretiva e a cinesioterapia.

    Chazaud (1976) relata que a psicomotricidade é, inicialmente, uma determinada organização funcional da conduta e de ação constituindo correlatamente certo tipo de prática da reabilitação gestual.

Bases Motoras

    Segundo Fonseca (1988), a psicomotricidade atualmente é concebida como a integração superior da motricidade, produto de uma relação entre o individuo e o meio, na qual a consciência se forma e se materializa.

    O poder agir, o poder sobre o próprio corpo, de acordo com Lapierre (1988) e a descoberta deste "poder agir" associado ao "poder sentir" é o que traz uma nova dimensão ao prazer do movimento, é o prazer de ação, de vivenciar as coisas simples e complexas. O qual o prazer de viver o próprio corpo é experimentar o prazer do movimento em si mesmo. O mesmo autor define as bases motoras como:

Coordenação Motora Fina

    Capacidade de controlar pequenos músculos para exercícios refinados. Exemplo recorte, colagem, encaixe, escrita, etc.

Coordenação Motora Global

    Possibilidade do controle e da organização da musculatura ampla para a realização de movimentos complexos. Exemplos: correr, saltar, andar, rastejar, etc.

Estruturação Espacial

    É a orientação e a estrutura do mundo exterior, a partir do Eu e o depois a relação com outros objetos ou pessoas em posição estática ou em movimento, é a consciência da relação do corpo com o meio.

Organização Temporal

    É a capacidade de avaliar tempo dentro da ação, organizar-se a partir do próprio ritmo, situar o presente em relação a um antes e a um depois, é avaliar o movimento no tempo, distinguir o rápido do lento. E saber situar o momento do tempo em relação aos outros.

Estruturação Corporal

    Relacionamento do individuo com o mundo exterior, conhecimento e controle do próprio corpo e de suas partes, adaptação do mesmo ao meio ambiente.

Imagem Corporal: A experiência do individuo em relação ao próprio corpo sujeito, impressão subjetiva.

Conhecimento Corporal: Conhecimento intelectual que se tem do próprio corpo.

Esquema Corporal: Tomada de consciência de cada segmento do corpo (interna e externa) o desenvolvimento do esquema corporal se da a partir da experiência vivida pelo individuo com base na disponibilidade do conhecimento que tem sobre o próprio corpo e de sua relação com o mundo que o cerca.

Lateralidade

    De acordo com Negrine (1986), o aspecto fundamental no desenvolvimento da lateralidade, é que a criança não seja forçada a adotar esta ou aquela postura, mas que se criem situações em que ela possa expressar-se com espontaneidade e, a partir da experiência vivenciada com o próprio corpo, definir o seu lado dominante sem pressões de qualquer ordem do meio exterior.

    Para Galahue e Ozmun (2005), a lateralidade começa a ser desenvolvida nas crianças entre os 6 e 7 anos, idade esta que coincide com a iniciação esportiva, em que a criança começa a ter experiências e vivências de todos os esportes, para que não haja uma especialização precoce em determinada modalidade, obtendo assim uma vivência maior de movimentos adquiridos.

    Magalhães (2001) classifica, em relação à lateralidade, os sujeitos da seguinte forma:

  1. Destros – são aqueles nos quais não existe um predomínio claro estabelecido do lado direito na utilização dos membros e órgãos,

  2. Sinistros ou canhotos – são aqueles nos quais existe um predomínio claro estabelecido do lado esquerdo na utilização dos membros e órgãos e

  3. Ambidestros - são aqueles nos quais não existe predomínio claro estabelecido, ocorrendo o uso indiscriminado dos dois lados.

Fazendo a lateralidade acontecer nas aulas de Educação Física

    Segundo Barreto (2000), o desenvolvimento psicomotor é importante na prevenção de problemas de aprendizagem.

    Portanto, a psicomotricidade nas aulas de Educação Física pode auxiliar na aprendizagem escolar, contribuindo para um fenômeno cultural que consiste de ações psicomotoras exercidas sobre o ser humano de maneira a favorecer comportamentos e transformações.

    “A psicomotricidade não foge a esta regra quando define os padrões considerados normais para o desenvolvimento psicomotor (considerando descrições feitas pela neurologia, fisioterapia, fonoaudiologia e áreas afins), desenvolvendo pontos de referência escalonados a partir dos quais poder-se-ão construir todos os testes infantis e as escalas de quociente de desenvolvimento; e, por conseguinte, avaliar e diagnosticar o atraso atual, assim como o desenvolvimento futuro”. (Coste, 1981).

    De acordo com Ferreira (2006), existem três formas de utilização das abordagens de Educação Física e Psicomotricidade. Há os que acreditam não ser possível diminuir o impacto entre o conflito dessas duas abordagens, pois há uma ligação destas com o modo próprio de ver o mundo de cada abordagem, portanto o educador deve utilizar apenas uma delas. Na segunda postura, a da tolerância ao trabalho com os dois métodos, utilizando-se em uma abordagem Psicomotora recursos da Educação Física ou o inverso. Uma terceira postura é a liberdade de utilização de conceitos, sem a presença de dualismos, articulando as duas abordagens. Desta forma, a utilização destas abordagens dependerá do educador.

    Ferreira (op. cit.) alerta que é preciso desmistificar a não aproximação entre a Psicomotricidade e a Educação Física nos meios acadêmicos, sendo comum observar preconceitos quanto à utilização mútua das abordagens, encontrando defensores ferrenhos, mas também encontrando aqueles que experimentam as duas abordagens, como um método prevalecendo sobre o outro.

    Ferreira (op. cit.) entende que a Psicomotricidade e a Educação Física não são incompatíveis, elas podem ser integradas e que ao invés de serem inimigas podem ser instrumentos auxiliares, a junção de uma metodologia com a outra, não se faz impossível, pois ambas podem se auxiliar e se completar.

Considerações finais

    Sendo a Educação Infantil uma etapa extremamente importante para o desenvolvimento da criança, como já foi citado anteriormente no estudo, acredita-se que é possível a escola construir uma maneira significativa de aproveitar essa etapa da vida com mais prazer, ludicidade e movimento. O desenvolvimento da lateralidade é uma ferramenta fundamental para um bom desenvolvimento motor dos alunos isso mostra-se através dos relatos de diversos autores que estiveram presentes nesse estudo.

    Essa criança atual, fruto das tecnologias, que muitas vezes passa horas em frente ao computador ou em frente a uma televisão, precisa de um "despertar" para o movimento, para as atividades livres, para o brincar como forma de aprendizagem. E cabe também à escola, juntamente com toda sociedade, a responsabilidade para que esse movimento realmente seja concretizado nas escolas e na vida em geral.

    Com isso, através do presente estudo espera-se ter contribuído para um momento de reflexão mesmo que breve, do tema exposto.

Referências

  • BARRETO, Sidirley de Jesús. Psicomotricidade, educação e reeducação. 2ª ed. Blumenau: Livraria Acadêmica, 2000.

  • BARROS, A. J. S. e LEHFELD, N. A. S. Fundamentos de Metodologia: Um Guia para a Iniciação Científica. 2 Ed. São Paulo: Makron Books, 2000.

  • BRASIL, Diretrizes Operacionais para a matrícula no Ensino Fundamental e na Educação Infantil. Conselho Nacional de Educação, 2010.

  • BRASIL. Senado Federal. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: nº 9394/96. Brasília: 1996.

  • BRASIL, Parâmetros Curriculares Nacionais, PCN do Ensino Fundamental. Ministério da educação1998

  • CHAZALD, J. Introdução a Psicomotricidade. São Paulo: Manole. (1976).

  • COSTE, J. C. A psicomotricidade. 2ª ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1981.

  • FERREIRA, Heraldo Simões. Psicomotricidade ou Educação Física? Romeu e Julieta ou Montecchio e Capuleto? EFDeportes.com, Revista Digital - Buenos Aires - Ano 11 - N° 101 Outubro de 2006. http://www.efdeportes.com/efd101/psicom.htm

  • FONSECA, Vitor da. A Psicomotricidade e o desenvolvimento do ser humano. São Paulo. 1983. Disponível em: http://www.leoabreu.psc.br/02.htm, Acesso em: 01 jun. 2014.

  • FONSECA, Vitor da. Psicomotricidade. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1988.

  • GALLAHUE, Ozmun. Compreendendo o desenvolvimento motor de bebês, crianças, adolescentes e adultos. São Paulo: Photer, 2005.

  • GIL, A.C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 1991.

  • LAPIERRE, André e AUCOUTURIER, B. A Simbologia do Movimento: psicomotricidade e educação. 2ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1988.

  • Le BOULCH, Jean. Educação Psicomotora: psicogenética na idade escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987.

  • MAGALHÃES, Hilda Gomes Dutra. A prática docente na era da globalização. Pedagogia em Foco, Rio de Janeiro, 2001.

  • MEDINA, J. P. S. A educação física cuida do corpo... e “mente”: bases para a renovação e transformação da educação física. Campinas: Papirus, 1983.

  • NEGRINE, Airton. Educação psicomotora: a lateralidade e a orientação espacial. Porto Alegre: Palloti, 1986.

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