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Fatores relacionados à intensidade da luz de 

aparelhos fotopolimerizadores, Montes Claros, MG

Factores relacionados con la intensidad de la luz de los aparatos fotopolimerizadores, Montes Claros, MG

Associated factors of light's intensity of curing units, Montes Claros, MG

 

*Graduando do curso de Odontologia da Universidade

Estadual de Montes Claros, Montes Claros - MG

**Professores do Departamento de Odontologia da Universidade

Estadual de Montes Claros, Montes Claros - MG

***Professora da Faculdade de Odontologia da Universidade

Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte – MG

(Brasil)

Fábio Fernandes Borém Bruzinga*

Profª Dra. Thalita Thyrza de Almeida Santa-Rosa**

Prof. Dr. Neilor Mateus Antunes Braga**

Profª Dra. Daniela Araújo Veloso Popoff**

Profª Ms. Adrianne Calixto Freire de Paula**

Profª Dra. Raquel Conceição Ferreira***

fabiobruzinga@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          Objetivo: Avaliar a intensidade da luz dos aparelhos fotopolimerizadores utilizados em consultórios odontológicos particulares da cidade de Montes Claros/MG identificando os seus fatores relacionados. Métodos: Estudo transversal e descritivo realizado em consultórios odontológicos da cidade de Montes Claros/MG. Procedeu-se com a mensuração da intensidade da luz dos aparelhos fotopolimerizadores através de radiômetros específicos para cada tipo de fonte de luz e entrevista com os cirurgiões-dentistas a qual foram coletadas informações relacionadas ao aparelho e ao entrevistado. Os dados foram tabulados e submetidos à análise estatística. Resultados: Foram avaliados 85 aparelhos fotopolimerizadores. 41,2% dos aparelhos operavam com intensidade inferior ao valor preconizado na literatura. 24,7% sequer atingiram metade deste valor. 75,3% deles eram de aquisição recente, nos últimos 5 anos e 60,0% nunca passaram por manutenção. Em relação à limpeza do aparelho houve predileção à desinfecção com álcool 70 associada a outro método químico e/ou barreira física ou isoladamente (90,4% da amostra) e 77,6% relataram realizar proteção da ponteira e do aparelho com sacos plásticos ou filme PVC, sendo a limpeza realizada a cada troca de paciente por 89,3% dos cirurgiões-dentistas. Conclusão: Aproximadamente 40% dos aparelhos fotopolimerizadores avaliados operam com intensidade insuficiente, observando-se uma degradação relativamente rápida. Há crescente predileção a aparelhos LED em detrimento aos de lâmpada halógena. A manutenção foi negligenciada por grande parcela dos cirurgiões-dentistas e o método de limpeza recomendado na literatura apresentou grande taxa de aceitação.

          Unitermos: Fotopolimerizador. Luz. Biossegurança.

 

Abstract

          Aim: To evaluate the light intensity of light curing units used in dental offices in Montes Claros / MG and associated factors. Methods: Cross-sectional and descriptive study with dentists of Montes Claros / MG. Was realized measure of light intensity of curing units through radiometers for specific source light type and an interview with dentists which gave information related to the device and the interviewee. Data were tabulated and analyzed statistically. Results: A total of 85 light curing units. 41.2% of the devices operated with intensity lower than recommended in the literature. 24.7% reached even half that value. 75.3% of them were recently acquired in the past 5 years and 60.0% had never undergone maintenance. For cleaning methods, predilection was to disinfection with alcohol 70% in combination with another method chemical and / or physical barrier or alone (90.4% of the sample) and 77.6% reported doing protection of the ferrule and apparatus with PVC film. Cleaning performed between patient for 89.3% of the dentists. Conclusion: Approximately half of light curing units evaluated operate with insufficient intensity, we observed fast degradation of the devices. There is growing predilection LED sets over the halogen lamp. Maintenance was neglected for a large proportion of dentists and cleaning method recommended in the literature showed great acceptance rate.

          Keywords: Light curing units. Lights. Biosafety.

 

Recepção: 13/07/2014 – Aceitação: 18/09/2014.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 197, Octubre de 2014. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    O avanço tecnológico na Odontologia, acompanhado pelo aumento da exigência estética, impulsionou a criação de materiais restauradores capazes de reproduzir com grande precisão as características dentárias, tais como cor, forma, textura e função1. A resina composta, material que reúne a maioria dessas propriedades, também sofreu grandes modificações ao longo do tempo, passando de um sistema quimicamente ativado para um de polimerização iniciada pela luz visível, na qual a ativação da canforoquinona produz radicais livres resultantes de sua reação com grupos amina1,2. Os radicais livres liberados são os responsáveis pela formação de monômeros reativos e conseqüente polimerização do material restaurador3.

    Dessa forma, o sucesso clínico, tanto no que diz respeito à estética quanto à longevidade da restauração, depende não somente do clínico e das propriedades físico-químicas das resinas compostas, mas também dos aparelhos emissores de luz responsáveis por sua polimerização4-6.

    Atualmente, os sistemas fotoativadores mais utilizados são os de lâmpada halógena e aqueles com diodos emissores de luz (LED). Os aparelhos halógenos são compostos por uma lâmpada com filamento de quartzo ou tungstênio, um filtro seletor do comprimento de onda e responsável pela formação da luz visível, fibras óticas condutoras de luz e mecanismos de refrigeração7.

    Os aparelhos de LED, mais compactos, convertem a energia elétrica em luz azul de forma direta, dispensam mecanismos de refrigeração e o calor gerado mostra-se inferior àqueles de luz halógena, apresentando uma via útil entre 10.000 e 100.000 horas3,8-9.

    A manutenção periódica dos aparelhos é de extrema importância no sentido de se verificar quaisquer defeitos que venham a comprometer a intensidade da luz e a qualidade das restaurações, uma vez que recidiva de cárie, aumento da solubilidade no meio bucal e da microinfiltração das resinas e irritações pulpares são as principais conseqüências de aparelhos descalibrados10. Não obstante, o aumento da temperatura proveniente de danos no bulbo e sistema de refrigeração dos aparelhos halógenos é responsável por injurias irreversíveis no tecido pulpar, causando lesões oftálmicas quando o comprimento de onda encontra-se abaixo de 200 nm3, 11-12.

    Como forma válida para o acompanhamento da integridade dos aparelhos fotopolimerizadores, a literatura sugere a utilização de radiômetros manuais para a mensuração da intensidade da luz10. Dessa forma, a faixa de intensidade deve variar entre 400 e 600 mW/cm² e que aparelhos operando com intensidades inferiores a esses valores necessitam de avaliação técnica, reparou ou reposição7. O outro extremo também merece atenção uma vez que o calor excessivo gerado durante a emissão da luz apresenta grande potencial de danos pulpares12.

    Levando-se em conta as diversas conseqüências advindas de uma fotoativação inadequada, a investigação dos fatores relacionados à intensidade da luz dos aparelhos fotopolimerizadores direciona a benefícios e ao incremento da satisfação/longevidade das restaurações e promoção à saúde dos indivíduos.

    Este trabalho tem por objetivo avaliar a intensidade da luz de aparelhos fotopolimerizadores utilizados por cirurgiões-dentistas que atuam em consultórios odontológicos particulares da cidade de Montes Claros/MG e identificar os seus fatores associados.

2.     Material e métodos

    O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Estadual de Montes Claros sob parecer 1411/2009, em consonância com o disposto na Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde.

    Trata-se de um estudo transversal e descritivo, cuja população de referência foi constituída por cirurgiões-dentistas que exerciam suas atividades clínicas em consultórios particulares no município de Montes Claros/MG, no ano de 2012 e 2013, e que possuíam aparelho fotopolimerizador para uso individual no turno de trabalho.

    Os participantes foram selecionados por amostragem aleatória simples a partir de listagem de 791 cirurgiões-dentistas inscritos no Conselho Regional de Odontologia e 303 consultórios odontológicos particulares constantes como “em atividade” pela Vigilância Sanitária da Prefeitura Municipal de Montes Claros. O tamanho da amostra foi definido considerando nível de confiança de 95%, erro de 10% e prevalência de 50%.

    Os participantes foram informados sobre a natureza do estudo, tomando conhecimento de todas as etapas e do caráter sigiloso dos resultados, podendo ou não aceitar fazer parte do grupo estudado. Para aqueles que se recusaram a participar ou que não atendiam no local indicado, foi selecionado o consultório mais próximo que não fora classificado na seleção inicial. Os CDs que aceitaram participar do estudo assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Em seguida, a intensidade da luz do aparelho fotopolimerizador foi aferida e o profissional entrevistado.

    Para a mensuração da intensidade de luz, foram empregados radiômetros específicos para fotopolimerizadores com lâmpada halógena ou LED, ambos da marca Gnatus (Gnatus Equip. Med. Odontológicos, Ribeirão Preto, SP, Brasil). A metodologia adotada foi a mesma presente nos trabalhos de Baldi1 (2005), Correia10 (2005), Pereira13 (2003) e Marson14 (2010). Antes da mensuração, o aparelho fotopolimerizador foi acionado três vezes, por 60 segundos, totalizando 180 segundos, com o objetivo de padronizar a temperatura da lâmpada para aparelhos de luz halógena e adequação do tempo para aparelhos LED. Em seguida, a ponta fotopolimerizadora foi posicionada em contato com a célula sensível do radiômetro de modo que se formasse um ângulo reto entre as superfícies, ou seja, em contato perpendicular. O aparelho foi acionado três vezes, durante 10 segundos, com intervalos de 10 segundos entre as medições, totalizando três valores. Chegou-se ao valor da intensidade da luz através da média aritmética das três repetições.

    Foi realizada entrevista com os cirurgiões-dentistas a qual se coletou dados relativos ao gênero, tempo de formação e áreas de especialidades para caraterização da amostra e dados referentes à marca e modelo do aparelho, data de aquisição, método e freqüência de limpeza e periodicidade da realização de manutenções para universo dos fatores associados à intensidade da luz emitida.

    Os dados foram submetidos à análise estatística adotando-se análises descritivas.

3.     Resultados

    Participaram do estudo 85 cirurgiões-dentistas com atividades clínicas em seus respectivos consultórios. 51,8% eram do sexo masculino, com tempo de formação entre 1 e 38 anos (média de 15,64±10,0 anos). Cinqüenta e quatro por cento dos cirurgiões-dentistas apresentaram alguma especialização e os outros 46% relataram ser clínicos gerais. Entre os entrevistados, seis apresentavam mais de uma especialização (Tabela 1).

Tabela 1. Especialidade dos cirurgiões-dentistas entrevistados, Montes Claros/MG – 2012/2013

    Dos aparelhos avaliados, 14,1% (12 aparelhos) eram de lâmpada halógena e 85,9% (73 aparelhos) de LED. No que tange a intensidade de luz, encontrou-se grande variação, conforme pode ser constatado na tabela 2.

Tabela 2. Variação da intensidade da luz registrada pelos aparelhos fotopolimerizadores avaliados, Montes Claros/MG – 2012/2013

    O período de aquisição e utilização dos aparelhos variou entre 1 e 20 anos (média de 4,40±3,34 anos). A maioria dos aparelhos era de aquisição recente, sendo 75,3% com até 5 anos de utilização, 18,8% entre 5 e 10 anos e apenas 5,9% como mais de 10 anos. Quando avaliados os aparelhos halógenos e LED separadamente, tem-se que os primeiros foram adquiridos em um período de 6 a 20 anos (média de 11±3,43 anos) enquanto os segundos entre 1 e 8 anos (média de 3,31±1,89 anos).

    Quanto à manutenção, 60,0% (51 aparelhos) nunca haviam passado por tal procedimento e 22,4% (19 aparelhos) só receberam avaliação do técnico diante de falhas em algum componente. Apenas 17,6% (15 aparelhos) passaram por manutenções periódicas para revisão.

    Em relação à técnica de limpeza e desinfecção, foram adotados variados métodos, observando-se preferência quase unânime à desinfecção com álcool 70% associada a outro método químico e/ou barreira física ou isoladamente (90,4%). 77,6% relataram realizar proteção da ponteira e do aparelho com sacos plásticos ou filme PVC, 13% efetuavam limpeza da ponteira com sabão/degermantes e 2,4% não estavam habituados à realização de limpeza e desinfecção do aparelho (Tabela 3).

Tabela 3. Métodos de desinfecção/limpeza de aparelhos fotopolimerizadores utilizados por cirurgiões-dentistas, em Montes Claros, MG – 2012/2013

    Questionada a freqüência do método de limpeza/desinfecção, 89,3% dos profissionais relataram realizá-la a cada troca de paciente/a cada utilização do aparelho, 7,1% ao final do expediente, 1,2% aos finais de semana e 2,4% relataram nunca aplicar qualquer processo de limpeza/desinfecção em seu aparelho.

4.     Discussão

    A intensidade mínima para a eficaz polimerização da resina composta e de 400mW/cm², sendo que aparelhos com intensidade de luz inferior a 200 mW/cm² são insuficientes para tal fim, necessitando de manutenção1,7,10.

    Quanto maior a distância da ponta ativa do fotopolimerizador até o incremento de resina composta, menor intensidade de luz atuará na conversão dos polímeros e, conseqüentemente, a dureza superficial será reduzida4. Fato confirmado por estudos que concluíram ser a intensidade de luz diretamente proporcional a microdureza promovida nos compósitos3,6,15.

    Mesmo com a especificidade do comprimento de onda e a menor dissipação na forma de calor pelo aparelho de LED, a efetividade destes aparelhos e daqueles com luz halógena situam-se no mesmo padrão16-18. Entretanto, a degradação do filtro, opacificação do bulbo, danos na fibra ótica e trocas freqüentes da lâmpada halógena sugerem uma superioridade dos sistemas de LED no que diz respeito ao custo/benefício12,19. Em contrapartida, Teider7 (2005) concluíram que o aparelho de LED apresentou valores menores de microdureza tanto no topo quanto na base. Quando observado a metodologia do trabalho, tem-se que o aparelho de luz halógena trabalhava com intensidade de luz de 775mW/cm² enquanto que o de LED com um valor de 284mW/cm², intensidade considerada insuficiente pela maioria dos autores.

    No presente estudo foram avaliados 85 aparelhos fotopolimerizadores, sendo 12 de lâmpada halógena e 73 com LED. Embora os referidos estudos não apontem diferenças no desempenho clínico entre os ambos, observa-se uma crescente predileção pelos aparelhos mais atuais. Tal fato pode ser justificado pela maior sensibilidade do fotopolimerizadores halógenos, pela facilidade de locomoção dos fotoativadores de LED e a difusão da prática do clareamento dentário em consultório, possível de ser realizado com os últimos3,7,10.

    A literatura aponta o intervalo entre 400mW/cm² e 600mW/cm² como o mais adequado para a efetiva conversão das resinas compostas sem que se corra os riscos de falhas operatórias na ordem da intensidade da luz1,7,10. Valores inferiores as estes, principalmente aqueles abaixo de 200mW/cm², estão relacionados a cáries secundárias, solubilidade da resina no meio bucal e microinfiltrações, enquanto valores acima do recomendado podem resultar em hiperemia com possível evolução para necrose pulpar e fraturas das margens da restauração caso o tempo de exposição recomendo pelo fabricante seja estendido7,10.

    Pereira13 (2003) e Marson14 (2010) encontraram resultados mais satisfatórios que este estudo com 16% e 30% dos aparelhos com emissão de luz totalmente insuficiente. Ao passo que Correia10 (2005) e Baldi1 (2005) evidenciaram uma taxa de 76,65% e 69,23% de luzes inadequadas, respetivamente.

    A observação desses resultados, somados ao desta pesquisa, indica um dado alarmante, uma vez que pouco menos da metade dos aparelhos fotopolimerizadores utilizados em consultórios odontológicos avaliados operam com intensidade dentro do preconizado na literatura.

    Funayama20 (2008) ao medirem a intensidade da luz de 80 aparelhos fotopolimerizadores na cidade de Umuarama/PR constataram que 55% destes irradiavam luz superior a 400mW/cm² e que apenas 20% com valores menores que 200mW/cm². Os autores apontaram como causa o pequeno tempo de uso (75% dos aparelhos adquiridos em menos de cinco anos) e a realização de mensuração periódica com radiômetro por 57,5% dos profissionais. Em relação ao tempo de aquisição, os dados deste estudo estão em consonância com os autores relacionados acima, uma vez que 75,3% dos aparelhos foram adquiridos nos últimos cinco anos e somente 5,9% eram aquisições mais antigas, com mais de 10 anos de uso.

    A manutenção dos aparelhos fotopolimerizadores é tão importante quanto qualquer outro cuidado para se evitar insucessos em restauração estética com resina composta. Aparelhos que apresentem danos em qualquer parte de sua estrutura podem estar trabalhando com comprimentos de onda superiores ao preconizado o que, além de dificultar a absorção do feixe de luz pela canforoquinona, podem causar danos irreversíveis à polpa devido ao aumento da temperatura, ao passo que, com comprimento de onda deficiente, a luz visível torna-se altamente danosa ao órgão da visão8,12.

    Dos aparelhos avaliados, 60,0% nunca passaram por manutenção e 22,4% só receberam avaliação do técnico quando apresentaram falhas em algum componente. Apenas 17,6% passaram por manutenções periódicas para revisão. Para o estudo de Correia et al.10, 30% dos entrevistados relataram nunca terem feito manutenções e 60% realizando-a quando o aparelho apresentava algum tipo de defeito, enquanto que em Pereira et al.13 50% dos profissionais nunca haviam realizado manutenção em seus aparelhos e 34% só o faziam quando alguma peça quebrava. Os resultados de Funayama20 (2008) foram um pouco mais negativos e consonantes com o presente estudo em que 68% da amostra nunca havia passado por avaliação pelo técnico.

    A revisão periódica torna-se ainda mais importante pelo fato de grande maioria dos problemas resultantes em perda de qualidade do aparelho, tal como diminuição de intensidade de luz, não ser perceptível a olho nu, recomendando um regime de revisões periódicas, incluindo a mensuração da intensidade de luz, a cada seis meses21. É importante destacar que neste trabalho, todos os aparelhos que foram submetidos à avaliação técnica por ordem de algum defeito elétrico ou para troca da lâmpada não foram incluídos em rotinas na revisão, somando uma parcela de 82,4% dos cirurgiões-dentistas negligentes nesse aspecto.

    A limpeza e conservação dos aparelhos também estão diretamente relacionadas à qualidade técnica do equipamento. A negligência deste cuidado, além de representar quebra nos protocolos de biossegurança e auxiliar no processo de infecções cruzadas, resulta em proliferação de micro-organismos pela superfície dos fotopolimerizadores com conseqüente dano a partes sensíveis do aparelho, como o bulbo naqueles com luz halógena e nos circuitos dos diodos emissores de luz nos aparelhos de LED. Em outra via, a utilização incorreta de métodos de limpeza e desinfecção também resulta em perda de qualidade e prováveis insucessos20,22.

    Neste trabalho foram observados variados métodos de limpeza/desinfecção, com grande predileção à desinfecção com álcool 70% e à proteção com microfilme de PVC (Tab.2). Outros produtos tais como hipoclorito de sódio, clorexidina líquida a 2%, sabão e álcool absoluto também foram utilizados, mas em uma freqüência bem menor. Este resultado concorda com trabalhos na literatura em que são observadas taxas de 80% e 78,75% para a aceitação do álcool 70%13,20.

    A desinfecção com álcool 70% é o método mais indicado, uma vez que o produto não causa nenhum tipo de dano ao aparelho1. A prática da esterilização da ponteira leva à diminuição da intensidade da luz, danos estes facilmente reversíveis através do polimento com pasta diamantada. Por sua vez, soluções de glutaraldeído não são indicadas devido danos irreversíveis ocasionados pelo caráter corrosivo do produto20. A limpeza da ponteira com sabão e/ou soluções degermantes também encontra força na literatura, mas deve-se ter cuidado em relação ao tipo de esponja utilizada no processo, descartando aquelas com potencial abrasivo1.

    Cuidados também devem ser tomados na utilização de protetores plásticos, pois caso sejam adicionados camadas grossas do material sobre a extremidade da ponteira, o fluxo da luz pode ser reduzido em até 10%13.

    Quando questionados sobre a freqüência da desinfecção/limpeza, 7,1% e 1,2% dos entrevistados relataram reproduzi-la ao final do expediente e uma vez por semana, respectivamente. Destes, 2,4% não utilizavam qualquer técnica de biossegurança direcionada aos fotopolimerizadores, justificando não estabelecer contato direto entre a ponteira e o meio bucal dos pacientes. Esta conduta, além de ferir os princípios da biossegurança e contribuir fortemente para o incremento dos riscos à infecção cruzada, evidencia total desconhecimento sobre os vários veículos de transmissão de micro-organismos presentes no ambiente odontológico, tais como aerossóis, gotículas e a própria luva em procedimento22-23. Os outros 89,3% mostraram-se de acordo com o preconizado na literatura, reproduzindo a técnica de escolha a cada troca de paciente/a cada uso do aparelho.

5.     Conclusão

    Evidenciou-se que mais da metade dos aparelhos fotopolimerizadores avaliados operam com intensidade insuficiente para a correta polimerização de resinas compostas. Parcela considerável da amostra segue o modelo proposto pelas normas de biossegurança para desinfecção e limpeza dos aparelhos fotopolimerizadores, representando também o cuidado para com os dispositivos emissores de luz. Entretanto, não se pode considerar um resultado satisfatório, uma vez que o ideal é que toda a amostra apresentasse a conduta correta. A manutenção, procedimento de extrema importância, foi negligenciada por grande parte dos cirurgiões-dentistas e a prática de revisões periódicas ainda não se encontra solidificada no meio profissional.

Agradecimentos

    Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e à Fundação de Amparo à Pesquisa do estado de Minas Gerais (FAPEMIG) pela concessão de Bolsas e à Odonto & Service (representante Gnatus) pelo empréstimo dos radiômetros utilizados no estudo.

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