Uma visão crítica da formação de atletas. O esporte como formador de pessoas e não só de resultados Una mirada crítica sobre la formación de deportistas. El deporte como formador de personas y no solo de resultados |
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Pós graduado em Treinamento Desportivo Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI (Brasil) |
Jean Ricardo Dagnoni |
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Resumo Cada vez que o atleta chega a um nível internacional, pouco é questionado o quanto de esforço ou quais os caminhos ele teve de percorrer para chegar nesta condição. Fama, glória, triunfo são adjetivos muito usados após a conquista. Mas o objetivo aqui é destacar a formação do atleta principalmente na primeira infância. Quais valores, métodos de treinamento e competições este atleta passou para atingir esta condição. Imaginando que o ser deve ter uma formação integral e não apenas como desportista, mas sim desenvolver seu lado cognitivo-social, motor e de qualidade de vida. Fatores externos também tem interferência naquilo que chamamos de treinamento a longo prazo. O clima, a pressão de técnicos e pais durante a formação deste jovem atleta. Tudo isso interfere de maneira positiva ou negativa na sua formação. Por isso é importante o aluno/atleta ter assegurada a condição de desenvolvimento por inteiro e não apenas pensando no resultado de curto prazo, ou seja, dentro da sua categoria, em seu município ou estado. O treinamento a longo prazo é muito maior do que conquistas pessoais ou referencias de glorificação na infância. Tudo deve ser planejado para que este atleta tenha seu ápice de desenvolvimento na fase adulta. Não tonando-se um adulto frustrado por causa do esporte ou mesmo um esportista de condições de saúde precárias. O desenvolvimento global do ser é o que mais importa nesta fase da vida. Atletas, crianças e adolescentes devem ter o sonho maior que seus pais e treinadores, se quiserem chegar a um nível internacional. Unitermos: Formação de atletas. Treinamento a longo prazo. Crianças. Adolescentes.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 196, Septiembre de 2014. http://www.efdeportes.com/ |
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1. Introdução
As atividades físicas esportivas tem se tornado de suma importância para o desenvolvimento saudável de crianças e adolescentes. Em um mundo cada vez mais digital, com menor interação social e que estimula o sedentarismo, a atividade física pode atuar no combate destas doenças e no desenvolvimento psico-social-cognitivo, contribuindo diretamente no amadurecimento do ser físico e mental. Crianças são submetidos cada vez mais cedo a uma carga de informações e publicidades tentando manipular seu cérebro e incentivando o aumento dos níveis de consumo, de acordo com o que lhes é oferecido e não mais aquilo que as mesmas tem o desejo de fazer ou praticar. A contribuição do esporte e da educação física para o desenvolvimento dos jovens e adolescentes está diretamente ligada na construção de um corpo mais saudável, sendo que desde a mais tenra infância nas aulas de educação física nos primeiros anos de vida escolar, passando por uma iniciação esportiva, dando continuidade ou não na vida de atleta ou na prática de exercícios físicos após o término de sua vida escolar, a criança enfrenta inúmeros desafios, aprende a respeitar regras, a conviver com colegas e adversário. Sempre com o máximo de respeito e integridade moral que o esporte e sua prática diária ajudam no desenvolvimento do ser. Mas nem todo tipo de prática esportiva pode fazer bem ao ser. Temos de ter certo cuidado quando falamos em iniciação esportiva para crianças e adolescentes. Uma especialização prematura, o excesso de treinamento, a cobrança voltada apenas para o rendimento técnico e não pensando na formação integral do ser pode acarretar inúmeros problemas no futuro deste jovem. Que pode buscar ser atleta ou mesmo de alguém que só esta buscando o esporte para seu tempo de lazer ou ocupação do seu tempo livre. Por este motivo a ciência do esporte tem procurado elaborar e determinar programas de treinamentos, faixas etárias e modelos de desenvolvimento para o início do treinamento especializado em determinadas modalidades.
2. Desenvolvimento de atletas
Além da questão científica e metodológica do treinamento, onde existem diversos fatores que influenciam na vida esportiva de crianças e adolescentes. Outros exemplos que são fáceis de ser encontrados como a vontade dos pais em detrimento da necessidade e vontade dos filhos, querendo colocar em seus filhos suas frustrações como um possível atleta. A questão cultural de cada localidade, onde a criança pode ser estimulada desde cedo à prática de determinado esporte. O clima também influencia na prática esportiva, onde cidades com temperaturas mais baixas propiciam a prática em ambientes fechados. Já temperaturas mais elevadas, facilitam a prática esportiva em locais abertos. Todos esses fatores considerados externos têm ligação direta ao desenvolvimento psíquico, físico, social e cognitivo da criança e do adolescente. Além destes fatores, podemos citar mais alguns que serão discutidos e relatados abaixo como: a especialização precoce, a participação em campeonatos e a sobrecarga no treinamento de crianças e adolescentes.
De acordo com Roberts (1980) e Roberts & Treasure (1992) a criança até 12 anos não deve participar de atividades esportivas específicas e de competições formais, por não possuir maturidade suficiente para compreender e assimilar tudo o que está envolvido em um processo competitivo. Sabemos que é muito difícil estabelecer uma idade cronológica para início, meio ou fim da prática esportiva e que devemos dimensionar características psicológicas, físicas e emocionais para situar as crianças dentro daquilo que elas possam corresponder e não levar um trauma para o restante de sua carreira esportiva ou pessoal. Já que o treinamento específico para esta idade não deve ser unilateral, e sim uma vivencia motora e que oportunize a solução de problemas motores complexos. Citando De Rose Jr. (2002) A especialização precoce, trata-se de um grande problema na pedagogia do esporte tanto na educação formal como na não formal. A busca pelo resultado positivo no Brasil tem levado profissionais do esporte a promover a especialização como elemento de constituição de seus elementos pedagógicos. E quando falamos em especialização no esporte devemos cuidar com o desenvolvimento unilateral, onde a criança não tem a possibilidade de praticas variada e apenas se desenvolvem dentro do seu próprio esporte e naquilo que seu treinador ou educador acha correto.
2.1. Especialização precoce
Quando falamos em programas de treinamentos, vale salientar a contribuição de Weineck (1999) que diz que um programa de treinamento representa o direcionamento concreto do mesmo para o seu objetivo. Então antes de iniciar um programa de treinamento com nossas crianças e jovens devemos saber onde vão chegar, ou qual o objetivo do programa. Para a partir daí escolher metodologias e estímulos que melhor se adéquam ao nosso objetivo final. Afinal são inúmeros os fatores que podem influenciar no treinamento, sejam eles psicológicos, biológicos, pedagógicos, etc.
Podemos caracterizar a prática esportiva de crianças e jovens em duas perspectivas. A perspectiva lúdica, sendo essa praticada nas escolas, em casa, nos bairros e clubes. E a perspectiva sistemática, a qual é praticada por clubes e associações que se especializam em determinada modalidade desportiva.
Sabendo que a iniciação é parte fundamental do processo de treinamento esportivo torna-se muito prudente fazer algumas considerações a seu respeito. Podemos citar Arena (2000) quanto às atividades esportivas promovidas para crianças deve se considerar a importância do trabalho multilateral sobre a preparação especializada, nas idades propostas pela literatura (7 a 12 anos). Citando também Bojikian (2000) onde sugere que: possíveis relações entre vivencia motoras variadas na infância, quando utilizadas com a finalidade de formação de uma memória motora ampla e variada, com a capacidade de aperfeiçoamento técnico. Fica claro que o primeiro objetivo da aprendizagem no esporte deve ser a prática geral. Dando oportunidade de desenvolvimento a diversas modalidades e principalmente a ludicidade.
Outra variável que também deve ser controlada pelos treinadores é a individualidade. Pois a velocidade do desenvolvimento de cada indivíduo é extremamente variável, por isso os estágios de treinamento devem ser preparados de forma seqüencial, contemplando o desenvolvimento do indivíduo e não do grupo como um todo. Seus domínios, cognitivo, moral, social, afetivo e motor devem ser considerados desde o planejamento das sessões de treinamento até a fase de competição a qual falaremos mais a seguir.
Sendo que a idade cronológica está diretamente ligada ao desenvolvimento multilateral e não apenas a uma prática sistematizada e focada no rendimento destes adolescentes e jovens. O desenvolvimento do ser integral deve ser primordialmente pensado. Não apenas o ser como objeto de produção de rendimento e resultados, mas sim o ser que precisa do desenvolvimento social e psíquico na sua formação. Assim a prática especializada citada anteriormente influencia na formação do jovem atleta, desgastando físico e psicologicamente a evolução destas crianças e adolescentes.
Diante destas evidencias, um tema muito recorrente quando falamos em iniciação esportiva ou em programas de treinamentos para crianças e jovens é a especialização precoce ou processos de treinamentos sistematizados acompanhados da sobrecarga de treinamento. Ao analisarmos tais fatos é de suma importância ter o olhar da prática feita pela criança e não apenas sob a perspectiva do adulto, sabendo da importância e necessidade da fartura de oportunidades e vivencias motoras que a criança deve passar durante o seu desenvolvimento.
Ferraz (2002) nos diz que valorizar o lúdico no processo de ensino significa considerá-lo na perspectiva dos aprendizes, uma vez que, para eles, apenas o que é lúdico faz sentido, sobretudo se são crianças. Sabendo que devemos analisar o lúdico nem sempre como algo prazeroso ou agradável. Podendo analisar o lúdico nas atividades considerando-se cinco indicadores: prazer funcional, desafio, criação de possibilidades, dimensão simbólica e expressão construtiva ou relacional (Passos, 2005)
Após a analise destas diversas variáveis que norteiam o treinamento em longo prazo (TLP) principalmente na questão de iniciação, chegamos ao ponto onde a detecção do talento. Está é uma questão muito difícil na vida de treinadores, pais e atletas. Pois neste momento começam a ser feitas escolhas. E nem sempre as crianças ou adolescentes estão psicologicamente preparadas para sofrer com desilusões no esporte. Assim também, muitas vezes limitando a geração de futuros atletas. Para isso é preciso uma meticulosa seleção de talentos, paciência e esforço do praticante e também metodologia e treinamento adequado a realidade da modalidade e o nível de seus praticantes. Sendo que nesta idade é bastante remota a chance de predizer o desempenho de um adulto baseado em seus resultados quando crianças.
2.2. Competição
A participação em campeonatos é influenciada principalmente pelo lado psicológico de crianças e adolescentes. Seus resultados podem interferir diretamente no lado social e afetivo destas crianças, tanto para o lado positivo em caso de vitória, como para o lado negativo em casa de derrota. Por isso é de suma importância que para enfrentar uma competição a criança esteja preparada para a disputa do jogo e não apenas para o resultado final. Até por que na visão de muitos pedagogos, a competição é o aspecto mais perverso do esporte por promover valores exacerbados de concorrência e individualismo em prejuízo de valores de igualdade e solidariedade (Marques, 2009) Por isso a competição nunca deve ocorrer acontecer antes de uma preparação adequada, tanto físico, técnico-tático e principalmente psicológico em crianças e adolescentes.
Outro fator que interfere psicologicamente na competição em crianças e adolescentes é o fator de comparação com os demais colegas que estão disputando a mesma competição. A criança deve estar ciente que a comparação deve ser feita com aquilo que ela apresentou nos treinamentos, sua evolução com técnica é mais importante do que a comparação com outros atletas que estão no campeonato.
Novamente fica difícil citar aqui a idade cronológica exata para o início da participação de crianças em campeonatos. Sabendo ainda mais da especificidade de cada modalidade, como casos da ginástica onde há registros de crianças com 3 anos de idade sendo submetidos a competição. A partir do momento em que a criança começa a ter uma compreensão mais madura e ter compreensão do processo competitivo. Por isso alguns autores citam que a melhor idade para este desenvolvimento é a idade de 11 ou 12 anos.
Marques e Oliveira (2002) afirmam que as competições devem ser coerentes com os objetivos de formação esportiva em longo prazo, sendo uma extensão dos treinamentos e mais uma etapa na educação de jovens. A formação técnica e psicológica do jovem atleta deve ser mais importante e não somente o resultado em si nos anos iniciais de treinamento. A participação e a aquisição de experiências podem contribuir muito mais do que o resultado na formação destes jovens atletas.
E por último a expectativa relacionada ao desempenho das crianças, por adultos podem prejudicá-las se não for dosada de maneira correta. Os adultos esperam muito do rendimento das crianças em competições e às vezes esquecem-se de considerar as dificuldades técnicas que esta criança pode apresentar. Todos devem levar em conta que para chegar ao topo da pirâmide no esporte o caminho é muito longo, árduo e de persistência. Mas que a competição deve servir de formação, aprendendo o espírito competitivo, a aceitação e compreensão da derrota e claro a busca constante pela melhoria do rendimento.
3. Material e métodos
A forma de revisão literária a qual foi feito este instrumento de estudo se mostra muito eficaz, pois já existem inúmeros casos dentro da literatura que indicam a eficiência dos métodos citados acima no desenvolvimento cognitivo, social e motor de crianças e adolescentes. Artigos científicos e livros de diversos autores nos ajudam a entender este novo conceito de construção de atletas e acima de tudo a construção do ser integral.
4. Resultados e discussão
É preciso do professor ou treinador entender que sua principal função é a de formação de atletas, não sendo necessário o resultado em si como parte final do processo de aprendizagem nesta idade. Muitas vezes os resultados precoces podem vir acompanhados de abandonos da prática esportiva ou até mesmo de lesões crônicas. Estes mesmos profissionais devem transmitir segurança para que as crianças tenham um gosto pela prática do esporte e não apenas na construção do resultado como parte final do processo.
Outro fator importantíssimo na formação de atletas é a presença dos pais. Estes devem se conscientizados que não devem colocar em seus filhos suas ambições e até mesmo suas frustrações de um passado como atleta. Seus filhos devem gostar sim da prática e os pais incentivá-los na busca pela socialização, saúde e bem estar que o esporte pode trazer. Mas nunca tratar o esporte para uma aquisição de status social.
Sempre que falarmos em treinamento em longo prazo é importante a constatação do desenvolvimento multilateral para a aquisição de novas habilidades motoras. Quanto maior a gama de movimentos realizados durante a janela de aprendizagem, maior será o repertório motor desta criança quando adulto. Por isso faz-se necessário o durante o desenvolvimento motor que a criança aprenda e passe por inúmeros exercícios, jogos e brincadeiras. Este desenvolvimento motor que foi proposto por Gallahue e Ozmun (2001) o qual se revela como a mudança no comportamento motor ao longo das diferentes fases da vida. Por isso o ciclo de desenvolvimento começa desde o começo da vida com os bebês até a fase adulta em constante processo de desenvolvimento. Mas estas mudanças são evidenciadas durante os anos da infância, onde a aprendizagem de novos padrões motores torna-se evidente.
5. Considerações finais
É de suma importância para nós, professores sabermos o valor que o esporte tem para estas crianças. O valor de transformação social que em alguns casos por ocorrer. O valor da educação por meio da moralidade e inserção de novos contextos de vida para o desenvolvimento integral do ser. A aprendizagem do saber vencer e perder e principalmente a socialização em uma era cada vez mais digital e individualista.
O esporte como agente de transformação social e de melhoria da qualidade de vida em jovens e adolescentes. Para depois formar atletas e desportistas. Acredita-se que apenas 7% dos que praticam esportes na adolescência consigam chegar ao alto nível (Añó, 1997). Por isso o esporte não pode ser um fim em si mesmo. Mas sim um aprendizado que o aluno/atleta consiga levar para a vida. Uma forma de fazer novas amizades, elucidar o desenvolvimento motor e claro que não menos importante formar atletas qualificados, com bom preparo tanto técnico, tático e psicológico. Acostumados a suportar pressão por resultados que a carreira de atleta exige.
Mas para que tudo isso aconteça cabe ao treinador acompanhar o desenvolvimento e projetar onde este atleta possa chegar. Não ultrapassar ou queimar etapas de desenvolvimento e utilizar sempre o esporte como uma ferramenta de modificação no modo de agir, pensar e se socializar das crianças e adolescentes. Transmitindo a eles formas de pensar e agira que eles se tornem referências dentro das instituições onde praticam suas determinadas modalidades.
Referências
AÑÓ, V. Planificação do treinamento juvenil. Madrid. Editorial Gymnos, 1997.
ARENA, S.S. & BOHME, M.T.S. Programas de iniciação esportiva na grande São Paulo. Revista Paulista de Educação Física. São Paulo., 2000.
BOJIKAN, J. C. Ensinando voleibol. São Paulo: Phorte Editora, 1999
FERRAZ, Osvaldo Luiz. O esporte, a criança e o adolescente: consensos e divergências. In: ROSE Jr., Dante de (org.). Esporte e atividade física na infância e na adolescência: uma abordagem multidisciplinar. Porto Alegre: Artmed, 2002.
GALLAHUE, D.C.; OZMUN, J.C. Compreendendo o desenvolvimento motor em bebês, crianças, adolescentes e adultos. São Paulo: Phorte, 2001.
MACEDO, L de; PETTY, A L S.; PASSOS, N. C. Os jogos e o lúdico na aprendizagem escolar. Porto Alegre: Artmed, 2005.
MARQUES, A. T.; OLIVEIRA, J. Treino e a Competição dos mais jovens: Rendimento versus Saúde. In: BARBANTI, V. J.: AMADIO, A. C.: BENTO, J. O.: MARQUES, A. T. Esporte e atividade Física: interação entre rendimento e qualidade de vida. São Paulo, Manole, 2002.
MARQUES, M. P.; SAMULSKI, D. M. Análise da carreira esportiva de jovens atletas de futebol na transição da fase amadora para a fase profissional: escolaridade, iniciação, contexto sócio-familiar e planejamento de carreira. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, v. 23, n.2, p. 103-119, abr/ jun, 2009
ROBERTS, C.G., & TREASURE, D.C. Crianças no esporte. Sports Science Review, 1992.
ROSE JUNIOR, D. A competição como fonte de estresse no esporte. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, Brasília, 2002.
WEINECK, J. Treinamento ideal: Instruções técnicas sobre o desempenho fisiológico incluindo considerações específicas d treinamento infantil e juvenil. 9 ͣ Edição. Manole. 1999.
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