A utilização das regras como componente didático das aulas de Educação Física no ensino médio El uso de las reglas como componente didáctico en las clases de Educación Física en la escuela media |
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*Acadêmica/o de Educação Física – Licenciatura na Universidade Federal de Santa Maria no Centro de Educação Física e Desportos **Professor doutor na Universidade Federal de Santa Maria, RS no Centro de Educação Física e Desportos ***Professora de Educação Física na Rede Estadual de Ensino e da Faculdade Metodista de Santa Maria (FAMES) (Brasil) |
Lidiane Soares Bordinhão* lidianesoaresbordinhao@gmail.com Antonio Guilherme Schmitz Filho** William Daniel Bitencourt* williambitencourt1989@hotmail.com Daniel Hindersmann* Daniella Araujo Ceratti* Ivana Maria Lamberti Miotti*** Jaqueline Backendorf Regert* |
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Resumo O seguinte estudo teve como objetivo discutir com os alunos a respeito das principais regras do futsal, além de proporcionar aos mesmos a vivência de estar na figura do árbitro, bem como analisar de forma coerente suas principais dificuldades em relação ao desenvolvimento do jogo. A referente intervenção do PIBID deu-se nas aulas de Educação Física dos alunos do 1º ano do Ensino Médio, da Escola Estadual de Ensino Médio Professora Naura Teixeira Pinheiro no município de Santa Maria, RS, envolvendo 21 alunos. O processo didático estabelecido para tal intervenção incrementou a formação crítica de todos os envolvidos na ação. Também se ressalte a carência de estudos científicos referentes ao estudo de regras e arbitragem (esporte) nas aulas de Educação Física. Unitermos: Arbitragem. Educação Física. Esportes.
Abstract The following study aims to discuss with the students about the main rules of indoor soccer, as well as to provide the same experience of being in the figure of the arbitrator, as well as analyze consistently its main difficulties in relation to the development of the game. The intervention of PIBID gave in Physical Education classes for students in the 1st year of High School, the State School Middle School Teacher Naura Teixeira Pinheiro in the municipality of Santa Maria, RS, involving 21 students. The didactic process established for such intervention has increased the training critical of all those involved in the action. Also it should be noted the lack of scientific studies related to the study of rules and arbitration (sport) in Physical Education classes.Keywords: Arbitration. Physical Education. Sports.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 196, Septiembre de 2014. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) é uma iniciativa governamental que visa o aperfeiçoamento e a valorização da formação de professores para a educação básica. O programa promove a inserção dos acadêmicos de licenciatura no contexto das escolas públicas, com vistas ao desenvolvimento docente a partir de perspectivas reais relacionadas ao ensino e suas implicações no desenvolvimento da sociedade brasileira. Os principais objetivos deste Programa são: incentivar a formação de docentes em nível superior para a educação básica; valorizar o magistério; elevar a qualidade da formação nos cursos de licenciatura, promover a integração entre ensino superior e educação básica, além de inserir os licenciados no contexto escolar.
O Subprojeto PIBID 2014, do Centro de Educação Física e Desportos na Universidade Federal de Santa Maria, se intitula: “Educação Física na Educação Básica” e é formado a partir de quatro segmentos de atuação. São eles: a Educação Física e a Educação Infantil, a Educação Física nos anos iniciais do Ensino Fundamental - um espaço educativo, a Lógica Interna de Jogos Tradicionais e Esportes para o Ensino Fundamental – anos finais e a Educação Esportiva no Ensino Médio a partir de relações entre a Mídia e os Esportes. Perante a atuação que engloba toda a Educação Básica, o PIBID 2014 conta com sessenta e um (61) bolsistas de iniciação à docência, doze (12) supervisoras e quatro (04) coordenadores de área, além de outros colaboradores que reforçam a estrutura de cada segmento de atuação. Dessa forma, 10 escolas da rede pública de ensino da cidade de Santa Maria, RS, são contempladas pelo mesmo.
A proposta de atuação do PIBID 2014, no Ensino Médio, traz a temática da Educação esportiva a partir de relações entre a mídia e os esportes. Essa proposta tem como objetivo principal problematizar os esportes, tendo em vista que ele é uma manifestação cultural hegemônica nas aulas de Educação Física, e também discutir as influências que a mídia exerce sobre eles, considerando os cenários produzidos pela mesma.
No esporte, os árbitros juntamente com os jogadores e treinadores são imprescindíveis para seu desenvolvimento. Existe, neste contexto, a necessidade de trabalhar o conteúdo arbitragem dentro das aulas de Educação Física, pois a figura do árbitro atua diretamente no andamento de um evento esportivo, assim como o entendimento das regras por parte de todos os envolvidos. Tendo em vista a importância de se trabalhar o conteúdo regras e arbitragem na Educação Física, o objetivo principal foi o de discutir com os alunos a respeito das principais regras do futsal, além de proporcionar aos mesmos a vivência de estar na figura do árbitro em determinadas circunstâncias, bem como analisar de forma coerente suas principais dificuldades em relação ao desenvolvimento do jogo. A referente intervenção deu-se nas aulas de Educação Física dos alunos do 1º ano do Ensino Médio, da Escola Estadual de Ensino Médio Professora Naura Teixeira Pinheiro. Localizada na rua João Franciscato, nº 15, bairro São José, do município de Santa Maria, RS, perfazendo duas (2) intervenções e envolvendo vinte e um (21) alunos.
As aulas de Educação Física no Ensino Médio costumeiramente repetem programas do ensino fundamental, resumindo-as à prática esportiva, porém a mesma não se restringe a apenas isto. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs, 2013) para o Ensino Médio, não se pode desprezar o esporte como conteúdo da Educação Física Escolar, no entanto, é necessário ressignificá-lo, pois há uma enorme variedade de aprendizagens a serem conquistadas. A Educação Física no ensino médio tem características próprias, que devem considerar a fase vivenciada pelos alunos, as novas propostas de educação e, sobretudo, a nova feição que se deseja para a disciplina na fase final da formação básica dos jovens.
Conforme o Projeto PIBID (2014) “Educação Física na Educação Básica”:
“Ao se apropriar das plataformas midiáticas e suas manifestações dentro do contexto esportivo, o ensino da Educação Física adquire a oportunidade de crescer em conformidade com o avanço tecnológico. Não o avanço tecnológico simples – dado na evolução dos equipamentos –, mas o avanço interpenetrado por situações cotidianas de adaptação social. Na medida em que os conteúdos ganham profusão e se organizam em demonstrações midiáticas, os cenários ganham novos contornos, novos esboços que administram sentidos. São esses sentidos que provocam mudanças, que promovem sobreposições e alteram identidades. A alteração traz o novo, que demanda reconhecimento de complexidades e pode contribuir para a melhoria da qualidade do Ensino Básico”.
Tendo em vista que os meios de comunicação exercem um importante papel já que se constituem em poderosas fontes formadoras de opinião, os meios de comunicação criam diversos mecanismos para o estabelecimento de julgamentos e a avaliação de pessoas envolvidas no mundo esportivo.
“[...] a mídia ao veicular discursos a respeito dos esportes, corpo, saúde, entre outros, propicia a constituição de saberes a respeito desses elementos por parte da população. Porém, deve-se ressaltar que nem sempre tais discursos apresentam a totalidade dos fenômenos abordados, reduzindo-os a concepções fragmentadas, de fácil entendimento e por isso mesmo limitadas (MENDES, 2006, s/p)”.
Portanto, o ensino do esporte nas aulas de Educação Física deve sim contemplar o aprendizado das técnicas, táticas e regras básicas das modalidades esportivas, mas não se limitar a isso. É importante que o professor organize, em seu plano de trabalho docente, estratégias que possibilitem a análise crítica das inúmeras modalidades esportivas e do fenômeno esportivo que, sem dúvida, é algo bastante presente na sociedade atual.
Metodologia
Em um primeiro momento foram realizadas visitas à Escola Estadual de Ensino Médio Professora Naura Teixeira Pinheiro como processo de sondagem e diagnóstico. A partir deste processo e, também, em decorrência de episódios recorrentes de erros de arbitragem decisivos no futebol, percebeu-se a necessidade de discutir mais profundamente esta temática com os alunos, nas aulas de Educação Física, principalmente pelo fato dos mesmos estarem neste nível de ensino, ao qual se acredita serem sujeitos mais críticos e formadores de opiniões, além de participarem de competições estudantis. Conforme Rech, Daronco e Paim (2002) o papel da arbitragem deve ser direcionado a quatro responsabilidades fundamentais, são elas: assegurar que o jogo decorra de acordo com suas regras, interferir o menos possível, estabelecer e manter uma boa atmosfera para o jogo, além de mostrar preocupação com os jogadores. Segundo Cruz (1997), a maioria dos livros de arbitragem consideram que para ser um bom árbitro é necessário possuir um bom entendimento das regras, uma boa forma física e um bom posicionamento tático, porém, muitos árbitros ressaltam a importância de uma boa condição psicológica para uma boa atuação.
Após o período de sondagem e diagnóstico, iniciaram-se as intervenções realizadas pelos “pibidianos” nas aulas de Educação Física, do 1º ano do Ensino Médio. Na primeira aula, foi realizado um trabalho informativo e de discussão a respeito das normas e regras do futebol, ou seja, a parte normativa e regulativa. Considerando que, a primeira é um conjunto de regras institucionalizadas do esporte e a segunda significa a ação do árbitro perante as normas do jogo; como as tomadas de decisão, a interpretação e o tempo de reação do árbitro. Para esta aula foram utilizados vídeos e imagens com lances polêmicos, a fim de que os alunos pudessem interpretá-los da forma mais adequadas às regras trabalhadas anteriormente na própria aula.
Em uma segunda aula, os alunos foram à prática. Eles foram divididos em duas equipes que jogaram futsal. No entanto, os próprios alunos ficaram responsáveis por arbitrar o jogo. A dinâmica funcionou da seguinte maneira: a cada oito (8) minutos, dois (2) alunos ficavam responsáveis pela arbitragem do jogo, adquirindo a responsabilidade na tomada das decisões condizentes ao andamento do mesmo. Ao término do tempo estipulado, quem estava arbitrando escolhia os próximos a exercerem a função, e assim sucessivamente, até que o maior número possível de alunos se envolvesse com a atividade de arbitrar.
Resultados e discussões
No final da segunda aula referente à arbitragem e início da terceira os alunos foram questionados a respeito do que sentiram quando estavam com o jogo em suas mãos, ou seja, arbitrando. A maioria deles, em seu tempo de atuação nessa função, passou por lances classificados como “polêmicos”, onde muitos relataram a dificuldade de acompanhar o lance e tomar uma determinada decisão em um curtíssimo espaço de tempo. Outros ressaltaram que os “jogadores” muitas vezes induzem o árbitro ao erro ou vice-versa.
Nas conversas com os alunos também foram citados a necessidade de se ter um bom posicionamento durante o jogo, com a finalidade de diminuir o risco de cometer um erro, além de estar preparado psicologicamente para enfrentar situações adversas de cunho intrínseco ou extrínseco ao campo de jogo.
De acordo com Paraná (2008):
“[...] a partir deste olhar, o professor poderá discutir com seus alunos as contradições presentes nesse processo de esportivização das práticas corporais, visto que no ensino de Educação Física é preciso compreender o processo pelo qual uma prática corporal é institucionalizada internacionalmente com regras próprias e uma estrutura competitiva e comercial. Tal olhar pode ser lançado sobre todos os Conteúdos Estruturantes, percebendo em que condições seus conteúdos específicos tornaram-se esporte institucionalizado e quais os impactos desta transformação”.
Considerações finais
Logo, através do processo de sondagem e diagnóstico realizado na escola, por meio das intervenções do PIBID, trabalhou temáticas como a arbitragem e suas aplicações, agregando considerável crescimento dentro da formação tanto por parte dos “pibidianos” como também dos alunos. O processo didático estabelecido para tal incrementou a formação crítica de todos os envolvidos nas atividades. Um aspecto que reforça as possibilidades de autodeterminação e o estabelecimento de juízos próprios acerca de determinados assuntos esportivos.
O desenvolvimento de uma concepção de didática baseada em situações menos diretivas, propicia trocas significativas que ocorrem no mundo de todos os envolvidos no projeto. Também se ressalte a carência de estudos científicos referentes ao estudo de regras e arbitragem nas aulas de Educação Física, pois o mesmo é de suma importância na estruturação de conteúdos à disciplina (esporte).
Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais + (PCN+) - Área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias. Brasília: MEC, 2013.
CRUZ, J. Psicología del arbitraje y el juicio deportivo. Madrid: Editorial Síntesis. 1997.
MENDES, D. de S. Formação continuada de professores de Educação Física: uma proposta de educação para a mídia e com a mídia. In: III Congresso Sul brasileiro de Ciências do Esporte, Anais eletrônicos... Santa Maria: 20 a 23 set. 2006.
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Educação Básica Educação Física. Paraná, 2008.
RECH, C. R.; DARONCO, A; PAIM, M. C. C. Tipo de temperamento dos árbitros. Revista Digital. 48, ano 8, 2002.
SCHMITZ FILHO, A. G; SAWITZKI, R. L; GÜNTHER, M. C. C; RIBAS, J. F. M. “Educação Física na Educação Básica”. Subprojeto PIDIB institucional UFSM, 2014.
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